Finalmente chegou o dia do desfile de Carnaval de Angie. A manhã foi passada numa correria pois, tanto eu como Austin, tivemos que acalmar a menina. Vesti-a com a fantasia de tartaruga e levei-a à pequena escola para o ensaio final. O desfile seria só por volta das 05:00 pm. Até lá, tínhamos que organizar todo o nosso trabalho para podermos sair do emprego mais cedo. Claro que Mrs. Adams não se importou que saíssemos mais cedo, mas não queria que Austin ficasse atrasado na sua escrita. Ele deixa tudo para o fim e depois anda feito maluco a correr.
Nestes últimos dias tenho-o conhecido muito melhor. Descobri que ele gosta de gatos, mas que tem um pavor a guarda - chuva. Não gosta do som dos foguetes mas agora tolera. Queria ser um cantor, mas na adolescência teve alguns problemas com a voz e não pode seguir com a carreira que iniciaria. Nao permitiram. Enfim, um montão de pormenores muito importantes para mim.
Também tenho sentido que estou sendo vigiada, como uma perseguição. Quando chego a casa, sinto que estou a ser vigiada. Já por várias vezes que tive de ligar ao Aus, porque estava apavorada dentro de casa. Isto já me começa a chatear um pouco.

– Trish, eu vou chamar o Aus e vamos ao desfile! Tenho pena que não possas vir ... Tem algo que eu possa fazer ? - perguntei.

– Sim. Tira fotos e depois mostras-me! Promete que tiras fotos!- falou.

– É claro que eu vou tirar fotos, Trish!

– Vá, vai chamar o teu loiro. Até amanhã! - brincou piscou-me o olho.

Soltei uma gargalhada e dirigi-me ao escritório do meu namorado. Bati à porta e tentei imitar a Mrs. Adams. Entrei de repente e ainda apanhei-o a tentar organizar as folhas, com uma cara de assustado, preocupado. Logo me parti a rir com a sua reacção.

– É você ... Me assustou sabia? Pensei que era Mrs. Adams ... - falou nervoso.

– Sou eu meu amor ! - soltei uma gargalhada.- Estás pronto?

– Prontíssimo ! - disse dando-me um suave beijo nos lábios.

Saímos a correr e fomos a casa guarda as nossas coisas. Pegamos nas máquinas fotográficas e dirigimo-nos para o local do desfile. Quando lá chegamos ainda faltava um quarto de hora para começar, então, pudemos escolher um bom lugar e conversar um pouco.

– Já falou com a tua família? - dando a mão ao loiro.

– S-Sim. - sorriu e suspirou.- A minha mãe e a minha irmã gostariam de te conhecer um dia destes ...

– Talvez neste fim-de-semana ... - sorri.

– Uma ótima ideia!

Olhei para a multidão e senti um arrepio quando os meus olhos passaram por uma pessoa que me pareceu conhecida.

– Amor? Estás bem? Estás branca ... - não lhe respondi. - Não é que sejas muito morena mas ... Allycia !

– H-hum?

– O que é que se passa?

– Pode achar isto estúpido mas ... - sussurrando ao seu ouvido.- Eu acho que vi o pai da Angie.

Aus agarrou a minha mão com força e cerrou o maxilar. Pareceu chateado e um pouco preocupado. Eu tenho quase a certeza que era ele. Mas eu não quero que ele apareça, não agora! Agora que a minha vida está a melhorar e que eu estou feliz com o melhor homem que me podia ter aparecido. Encostei-me ao ombro de Austin tentando, de alguma forma, acalmá-lo.

– Austin ? Promete que não vai me deixar. Por favor.- pedi.

– Never in a million years! (Nunca por mil anos ) - sussurando em meu ouvido e beijando-me de seguida.

Sorri e pus-me a frente dele, de maneira que me pudesse abraçar por de trás.

– Vai começar, Amor.

Assistimos ao desfile com um sorriso estampado na cara. Angie passou por nós toda contente e conseguimos tirar umas lindas fotos. Austin prometera-lhe que, quando chegasse a casa, o SpongeBob iria aparecer. Sei que pareceu difícil, mas lá arranjamos uma fantasia que lhe servisse.
Rapidamente encontrámos a nossa menina e fomos para casa. Harry correu para o quarto e desapareceu durante uns minutos. Angie ficou impaciente e queria ir procurá-lo, a ele e ao SpongeBob.

– Aqui estás tu, SpongeBob -abraçando-o.- Por acaso viste o papá?

– Estava morrendo de fome ... eu o comi !.- soltando umas gargalhadas.

– Oh meu Deus, Angie! O SpongeBob comeu o papá! Por causa disso é que está tão gordo! - falei .

– HEY! Não estou assim tão gordo! - falou o SpongeBob.

– SpongeBob? Tiras uma foto comigo? - perguntou minha filha.

– Claro!

Tirei-lhes uma foto e depois conseguimos tirar uma foto os três. Distrai Angie e o SpongeBob desapareceu. Passados uns minutos apareceu o Austin, todo despenteado e com a respiração acelerada. Tentei disfarçar as gargalhadas ,mas foi quase impossível.

Angie correu para os braços do Austin.

– Está vivo, papá ! - falou minha menina . Austin pegou ela no ar .

– Consegui escapar da barriga gigante do SpongeBob. Foi difícil, mas consegui! - sorriu, vitorioso.

– Oh, graças a Deus! Estava a ficar preocupada! - falei brincalhona.

– Estou vivinho . - disse dando-me um beijo nos lábios.- Estou vivinho!

– Então vais fazer o jantar, não é?

O som da campainha ecoou por toda a casa.

– Vou! Depois de ir abrir a porta! -sorriu.

Peguei em Angie e fui para o quarto dela. O meu corpo estremeceu quando ouvi duas vozes a discutirem. Austin elevou o seu tom de voz de uma maneira assustadora. A outra voz não me era estranha. De certeza que quem tocou à campainha tinha intenção de falar comigo.
Deixei Angie no seu quarto e dirigi-me ao hall de entrada onde ainda estavam o loiro e o outro homem.

– Disse que ela não estava aqui ... - empurrando o loiro e dirigindo-se a mim. - Lembra de mim, Allycia ?