Pureblood escrita por MaryCherry


Capítulo 3
Três — O primeiro dia de trabalho concluído.


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Como vão? : ) Como vocês podem ver, eu fiz um banner ((é banner que fala? não sei skjdjksd)) para colocar nos capítulos a partir de agora. Fica tão bonitinho! KJSDJKDSJKF



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Com os cabelos bagunçados no rosto, Natsu se sentou na cadeira ao lado de Lucy e ela sentiu o rosto esquentar. Observou atentamente ao momento em que ele pegou um sushi com o talher japonês e colocou-o na boca. Ansiosa, torcia com todas as suas forças para que agradasse seu paladar tanto quanto o da sra. Dragneel.

— É alguma coisa. — disse por fim, friamente pisando em todas as expectativas da jovem criada. Com o rosto vermelho, ela fitou suas mãos pousadas em seu colo.

— Filho! — repreendeu Olívia, tão desconcertada quanto Lucy. — Isso é jeito de falar com alguém que cozinhou para você?

O rosado continuou a comer de cara fechada, sem se dar ao trabalho de virar o rosto para olhá-la. A sra. Dragneel forçou um riso, constrangida.

— Não se importe, querida. — ela deu tapinhas nas costas de Lucy, que acanhadamente mastigava um pedaço de salmão com molho shoyu. — Natsu só está com um pouquinho de mau humor, mas estou certa de que ele está achando a comida deliciosa.

A loira tornou a sorrir e agiu como se nada tivesse acontecido. Ficou um pouquinho esperançosa quando notou que ele – tomando o cuidado para ter a mais discrição do mundo – comera boa parte do prato de sushis.

Na mesma tarde, a jovem criada dirigiu-se ao quarto de Natsu carregando os materiais de limpeza. Soltou o aspirador de pó no chão para bater na porta e aguardou permissão para entrar.

— Entra. — rosnou ele, fazendo-a engolir em seco. Aparentemente, seu humor não havia melhorado em nada...

Lucy pediu licença e adentrou o cômodo. Assim que o fez, pôde jurar que se engasgara com a própria saliva.

Boquiaberta, seus olhos moviam-se com uma rapidez impressionante em todo o grande cômodo; os armários estavam todos abertos, CD's, roupas e outros pertences pessoais espalhados em todo o lugar. Os lençóis estavam atirados no chão, como se um verdadeiro tornado tivesse passado por ali. Mas afinal, o que havia acontecido? O quarto não estava daquela maneira há poucas horas atrás.

O rapaz abriu uma gaveta até então intacta e começou a desesperadamente jogar as roupas para o alto, franzindo a testa.

— Sr. Natsu? — perguntou a loira após uma mínima recomposição. — O que há de errado?

Ele a encarou como se fosse algo óbvio.

— Meus fones, eu não consigo achar meus fones!

Lucy fitou os próprios pés ao ouvi-lo gritar e em seguida enxergou um fio preto. Em silêncio, apanhou-o e constatou que o fio era parte de fones de ouvido, similar ao que Erza possuía; eram fones da Apple, aquela famosa marca de eletrônicos dos quais jamais poderia comprar.

Natsu arrebatou o objeto de suas mãos sem fazer questão de agradecer. Olhando nos serenos olhos castanhos, perguntou rudemente:

— O que você quer aqui?

A loira demorou um pouco para responder, não sabendo como reagir diante de tanta indelicadeza. Não era algo que estivesse acostumada a lidar, mas sabia que tal coisa lhe apareceria mais cedo ou mais tarde.

— E-Eu gostaria de pedir licença para limpar o quarto do senhor. — disse, educadamente.

— Ah, tá. — ele conectou os fones de ouvido no iPhone, já caminhando em direção à porta. — Divirta-se.

Lucy nunca havia sentido tanto nervosismo com um cômodo desarrumado na vida e naquele momento, seu único desejo era deixar o quarto brilhante como antes naquela manhã. Respirando fundo, resolveu começar a realizar sua tarefa nada fácil de reorganizar o quarto de Natsu Dragneel.

Sem dúvidas, a parte mais complicada fora guardar os CD's no armário especialmente feito para isso. A maioria eram de bandas das quais ela nunca ouvira falar – não que ela realmente buscasse ficar informada sobre bandas daquele tipo–, com capas incrivelmente sombrias.

Como os organizaria? Pensou em fazer algo criativo como por cor. Não daria certo pois a maioria das capas possuíam fundo preto. Então... do mais leve ao mais ensurdecedor? Por Deus, não! Iria ter de escutar a um.

Certo, o melhor jeito era organizar por ordem alfabética.

Um fato curioso era que a única parte do cômodo aparentemente era a mesa da televisão. Ao abrir a extensa gaveta do móvel, encontrava-se uma infinidade de jogos de videogame que pareciam reluzir. A loira achava engraçado como desde crianças até adultos viam graça em joguinhos, especialmente os violentos como os que Natsu possuía.

Finalmente finalizando o serviço, sentia-se ofegante e gotículas de suor escorriam por sua testa. Mas no fim, valera a pena; além de deixar o quarto tão limpo e organizado, descobrira algumas coisas sobre o filho do casal Dragneel: ele gostava de CD's de bandas sinistras, jogos de violência e... de seus fones. Não eram lá muito úteis e muito menos o tornavam menos... assustador.

Para Lucy, sua parte favorita do quarto do sr. e da sra. Dragneel definitivamente era a cômoda próxima à cama de lençóis estampados com rosas vermelhas. Sobre a cômoda, havia um vaso de flores, um aparelho de som moderno, uma bandeja dourada com os caros perfumes de Olívia e principalmente, muitos porta-retratos.

A maior fotografia era a cerimônia matrimonial do casal; Olívia usava um vestido longo e branco, brilhante com uma cheia saia de babados. Os cabelos negros lhe batiam na cintura e a franja estava presa para trás com uma fivela dourada juntamente com o véu cheio de bordados em meio ao monte de flores. Se fosse nascida naquela época, daria tudo para estar naquela festa. A decoração era absurdamente maravilhosa!

Mas nenhuma outra foto atraíra tanto sua atenção quanto a foto em que Natsu era criança. Com um sorriso esquisito, ele estava entre os pais, segurando cada um com uma mão debaixo de uma grande árvore aonde parecia ser um parque. Aparentava não estar gostando muito de tirar a foto, porém talvez fosse apenas seu jeito estranho de sorrir.

Por um momento, Lucy suspirou com tristeza. Também gostaria de ter uma, mesmo que única, fotografia com sua mãe... e um pai.

Heartfilia estava envergonhada por pedir para utilizar o telefone da casa ao final de seu primeiro dia de trabalho. Por mais que implorasse, o celular terrivelmente ultrapassado que trazia consigo decidira parar de funcionar sem motivo aparente. Nada revertia a situação da tela negra do aparelho e Lucy planejou começar uma caixinha de economias para comprar um novo celular de qualidade razoável. Seria muitíssimo complicado viver sem um aparelho de comunicação próprio.

— O carro da sua amiga está ali na frente, querida. — Olívia apontou no vidro da janela aproxidamente quarenta minutos depois e apanhou o controle do portão no porta-chaves. A mulher levou a criada segurando sua mão como a mão de uma criança. Antes de deixá-la ir, lhe deu um abraço e agradeceu mais uma vez pelo ótimo serviço. A loira sempre se acanhava diante de elogios e nunca sabia o que dizer. Sorrindo, acenou e entrou no carro de Erza.

— Como foi? Como foi? — a ruiva pisou no acelerador, mal conseguindo ficar sentada no banco de tamanha excitação. Estava curiosa para saber como era a mansão de um dos empresários mais famosos do Japão, tio de sua amiga Levy. — Como é a casa? O tio da Levy estava lá? E a tal de Olívia? E o Natsu, o que achou dele?

Lucy sentiu-se tonta com a rapidez em que recebia perguntas.

— A casa é realmente muito bonita. — não havia muito o que se dizer a respeito da Mansão Dragneel, fora o óbvio: era cansativamente grande e bem decorada. — Não, ele não estava... a sra. Dragneel é uma pessoa muito gentil. E o sr. Natsu, bem...

— É um cuzão, né? — Scarlet riu, esquecendo-se de sua promessa.

— N-Não é isso. — Lucy esfregou as mãos uma na outra. — Estou certa de que o sr. Natsu é um bom rapaz. Ele é apenas... fechado.

— Todo mundo fala que ele é um abostado mesmo. — a ruiva passou um sinal vermelho sem querer. — Mas até que é bonitinho. Você não achou?

Heartfilia corou. Sem dúvidas, ele possuía uma ótima aparência. Os cabelos bagunçados e de cor exótica lhe davam um ar especial, porém seus olhos eram o ponto principal: verde-escuros, misteriosos, intimidadores e... assustadoramente fascinantes. Sua voz rouca dava-lhe arrepios, assim como aquela elegância natural. Quando ficava em pé, podia ser facilmente comparado com um lorde inglês como o de um livro que Lucy lera certa vez; alto, de bom porte.

Mas é claro que não diria nada disso para Erza. Confiava nela, tinham uma amizade forte, porém... era assim até com a própria mãe. Sentia-se pouco confortável para falar de garotos.

Scarlet riu ao ver o rosto vermelho dela e mudou de assunto, começando a falar sobre o recém-falecido celular da garota. A loira suspirou e pegou-o com cuidado do bolso. Era engraçado como até sentia tristeza pelo celularzinho; ele havia tido uma vida até longa para a má qualidade que possuía. Lucy sentiria falta dele.

As duas amigas conversaram até chegarem no estacionamento do prédio, e a ruiva lhe contou uma história com Jellal que acontecera na hora em que estava saindo de carro para buscá-la. Uma história um tanto quanto estressante, mas que no fim rendeu boas risadas.

Ao chegar no apartamento, a primeira coisa que a jovem fez foi pedir autorização para utilizar o telefone, por mais que Erza tivesse dito que ela poderia usá-lo quando quisesse. Lucy contaria com detalhes à Layla sobre suas impressões no primeiro dia de trabalho, como prometera.

— Ainda não os conheço muito bem, mas sinto que são uma família de bem. — disse a respeito da família Dragneel ingenuamente.

Layla murmurou algo antes de voltar ao volume de voz normal.

— Querida, vou passar para a Juvia. Ela quer muito falar com você.

Juvia Lockser era a tia adotiva de Lucy. Desde que se lembrava, a tia sempre estivera em quase todos os momentos de sua vida juntamente com Layla. A loira amava-lhe muito embora Juvia a cansasse às vezes com tanta energia que possuía! Tinha a idade de sua mãe, mas ainda era hiperativa como uma criança agitada e fazia loucuras de uma típica adolescente. Ela era muito, muito divertida.

— Menina! — escandalizou Juvia do outro lado da linha. — Eu estava mandando mensagens para o seu celular há horas e você não respondeu nenhuma, eu já pensei que você tinha tido um troço aí.

Heartfilia traçou o sinal da cruz em si mesma, costume herdado da mãe. Acreditava assim como Layla que as palavras possuíam poder!

— Desculpa, tia. — a jovem mordeu o lábio, lembrando-se de como Juvia detestava ser chamada de tia. Isso a fazia se sentir velha. — Eu passei a maior parte do dia no trabalho e meu celular parou de funcionar... preciso comprar um novo logo.

— Precisa mesmo. A próxima vez que eu te mandar mensagem e você não responder, eu juro que vou aí te estapear. — disse Lockser em tom repreensivo e ao mesmo tempo brincalhão, o que a fez rir e sentir vontade de chorar ao mesmo tempo. Já estava com saudades de vê-la, de suas broncas, suas loucurinhas. — Não me preocupe assim. Você entendeu, Lucy Michelle Heartfilia?

— Entendi... — Lucy mal conseguiu rir por ela ter dito seu nome completo pelo nó formado na garganta. Às vezes, esquecia-se de que havia um Michelle no meio deste. Parecia tão... esquisito.

— E para de chorar. — proferiu Juvia assim que a ouviu fungar.

— N-Não estou chorando! — a loira fungou mais uma vez. — T-Talvez...

Lucy recebeu uma bronca via telefone por estar choramingando como uma criancinha e logo em seguida, ouviu a voz gentil da mãe com uma frase que sugeria que Juvia também estava a chorar!

Seja mais honesta sobre seus sentimentos. — falou Layla sem um pingo de emoção na voz embora estivesse aparentemente tentando fazer uma brincadeirinha.

A loira percebeu que havia algo de estranho com a mãe, porém não faria perguntas. Provavelmente, só estava cansada do trabalho, assim como ela.

E ah... queria deitar em seu novo colchão macio e dormir, dormir, e dormir...


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Notas finais do capítulo

O que acharam? ; )