A Inútil Capacidade de Ser Indiferente escrita por Fabrício Fonseca


Capítulo 15
Quatorze




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A primeira coisa que penso ao acordar é que alguém jogou um balde de água sobre mim enquanto eu dormia. Me sento na cama e então percebo que na verdade estou toda suada. Como pode ter feito tanto calor durante a noite e eu não acordei me sentindo incomodada?

Olho as horas no telefone: 08:53. Eu devia estar muito cansada pra dormir tanto nesse calor. Me levanto e vou direto para a cozinha, para tomar um copo d'água.

–Estou ensopada - digo para Eliza que está na cozinha sentada á mesa.

–Você vai sair com o Thomás hoje? - Ela pergunta calmamente, eu balanço a cabeça dizendo que sim. - Por quê não leva ele naquele rio que seu pai nos levou no inicio do ano?

–Ótima ideia, Eliza. Vou ligar pra ele agora.

Antes de ir para o quarto vou para o banheiro e escovo os dentes e faço xixi - não nessa ordem.

Ligo para Thomás assim que entro no quarto.

–Sentiu saudade? - Ele diz assim que atende, apenas ignoro.

–Quer ir nadar?

–Ah, eu quero sim, por favor!

–Me encontra em 10 minutos na praça.

–No lugar de sempre - ele diz antes de desligar.

Arrumo minha cama e então vou me trocar; visto a calca que usei ontem a noite, pego uma camisa branca com a imagem do Mickey na frente e calço os tênis. Faço um coque no cobelo e saio logo depois de me despedir de Eliza.

Caminho devagar para não suar e mesmo assim acabo chegando antes de Thomás, me sento no banco de sempre e espero.

Uns três minutos depois ele chega. Sorriso ao perceber que ele está com o mesmo casaco do dia em que me beijou.

–Onde nós vamos? - Pergunta se sentando ao meu lado.

–Á um rio que meu pai me levou uma vez.

–Então vamos logo - ele se levanta e me puxa para ir com ele.

Andamos na direção da saída e viramos em uma estrada de terra pouco antes de sair da cidade, e vamos andando em frente.

Faz uns quinze minutos que estamos andando e até agora a única coisa coisa que nós vemos é a estrada de terra á frente, a fazenda de plantação de banana á direita, e as árvores á esquerda.

–Você realmente sabe onde nós estamos indo? - Thomás diz uns oito minutos depois.

–Claro que sei, é só ir andando direto.

Ele olha para mim como se eu tivesse dito uma mentira e ele soubesse que é mentira.

De repente ele para de andar e se senta no chão, do lado esquerdo da estrada.

–Você devia ter me dito que íamos andar tanto - ele diz subindo as mangas do casaco. - Se soubesse eu não teria usado essa calça, e nem teria vestido esse casaco.

–Você não deveria ter vestido o casaco de forma alguma - digo me sentando ao seu lado. - Não percebeu o calor que está fazendo?

–Claro que percebi, mas esse casaco combina com minha calça. - Acabo rindo.

Solto um suspiro longo e encosto a cabeça no ombro dele.

–Essa é mais uma daquelas coisas que você sempre quis fazer? - Ele pergunta com a boca sobre minha cabeça, como se estivesse me beijando. Eu sorriso por causa da pergunta.

–Na verdade eu sempre quis sair por aí andando sem destino. - Brinco.

–Espero que não estejamos fazendo isso agora - ele diz rindo.

Quando abro a boca para dizer algo paro ao escutar um barulho que vem da direção que viemos. Não demora muito para ver um carroça sendo puxada por um cavalo marrom. Nos levantamos e Thomás começa a fazer o "símbolo universal do pedido de carona".

–Onde vocês estão indo? - Pergunta o homem de cabelo grisalho que segura as rédeas do cavalo.

–A gente tava procurando por rio que tinha por aqui - eu falo.

–Não é muito longe daqui. Sobe aí que eu levo vocês. - O homem diz de forma simpática.

Thomás me ajuda á subir na carroça e eu me sento no banquinho ao lado do homem, em seguida ele sobe e se senta ao meu lado. O homem faz a carroça andar. Olho para trás e vejo alguns galões de leite amarrados na parte de trás.

–Vocês vão ficar muito tempo no rio? - O homem pergunta de repente.

–Não, a gente só vai nadar um pouco - Thomás responde.

–Eu vou levar esse leite e volto em mais ou menos uma hora - ele diz indicando para os galões atrás. - Se ainda estiverem aqui quando voltar eu posso dar uma carona.

–Seria bom - falo sorrindo.

–Seria ótimo. - Thomás fala.

Mais ou menos um minuto depois a carroça para.

–Agora é só vocês andarem um pouco e chegarão ao rio - ele diz indicando para a direita, a plantação de bananas ficou para trás á algum tempo. - Daqui á pouco estou de volta.

Descemos da carroça.

–Obrigado pela carona - digo enquanto ele continua indo em frente.

Thomás vai andando na direção que o homem indicou e eu vou logo atrás, entramos na mata e em poucos minutos achamos o rio.

–Uau! Esse lugar é lindo! - Thomás diz chegando para perto da margem e olhando para as rochas em volta do rio. Ele tira o casaco e logo depois os tênis.

–Acabei de me lembrar que eu não trouxe roupa de banho - digo quando ele joga a camiseta no chão.

–Nem eu - ele tira a calça e fica só com a cueca azul escura. - Espero por você na água. - E então sai correndo e pula na água esverdeada.

Agradeço aos céus por ter vestido roupa de baixo preta e tiro a "roupa de cima". Deixo tudo em uma pilha e corro para a água.

–Bola de canhão! - Digo pulando na água.

Graças a Deus a água está suficientemente gelada, fico alguns segundos debaixo d'água á sentindo e então subo para respirar.

–Eu com toda certeza estava precisando disso. - Digo nadando na direção de Thomás.

–E disso também - ele diz jogando água em mim e então, de repente, a gente começa a fazer uma Guerrinha de água.


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