Escola, farras e garotos... escrita por Aly Campos, Trufa


Capítulo 27
Amigos são pra essas coisas!


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora amores ^^
espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/561698/chapter/27

Eu não estava mais encharcada. Luís havia arrumado um vestido verde claro da mãe dele para mim, o que, consequentemente, ficou giganorme na anã aqui.

Alem de os dois – Clara e o Luh – terem me ajudado a inventar uma “mentirinha do bem” para explicar minha cara de enterro ao pessoal que estava vindo para a casa do moreno.

Por via das duvidas, eu havia sido assaltada e estava meio “abalada” com isso.

O que não convenceu a Annie e o Lucas!

Droga! Por que eles tinham que me conhecer tão bem? Os dois me conheciam ao ponto de saber que eu teria dado na cara do ladrão e não ficado “abalada”.

E eu tenho que admitir, me sentia péssima – mais do que estava – por mentir assim para meus amigos.

– Vai dar tudo certo! – Clara sorriu tentando parecer convincente, o que não adiantou, só pra constar – eles vão acreditar Jú!

Suspirei passando as mãos pelos cabelos.

– Eu tenho outra escolha?

– Não, eles já chegaram – Luís disse assim que a campainha tocou.

Casa de rico é uma coisa ne? Duas campainhas, D-U-A-S!

Uma no portão e outra na porta da sala. Pra que raios tudo isso? Eu mal usaria uma porque ligaria avisando que estava chegando.

– Comprei M&M Jujubaaa – Annie cantarolou adentrando na sala seguida do pessoal.

Minha cara de enterro foi pra marte e eu comecei a devorar o pacotinho de M&M como se fosse a ultima coisa que eu comia em dias, o que não era verdade, já que eu tinha assaltado a geladeira do moreno depois de almoçar strogonoff.

– E ai? Como você está? Ta passando bem? Jú você ta precisando de alguma coisa? Eles estão te tratando bem?

Revirei os olhos. Lucas sempre foi exagerado.

– Eu to ótima e to precisando que você tire esses seus 200kg de cima de mim, agora.

Meu amigo fingiu uma fungada, mas tirou o rosto afundado no meu pescoço e todo seu corpo de cima de mim.

– Bem melhor – resmunguei.

– Eu trouxe nutella, a Annie disse que você...

– Me dá! – tomei o potinho das mãos do Leo e o abri sem cerimônias, também nem ofereci a ninguém. Joguei o resto do M&M na nutella, pronto, eu estava no céu.

De um em um os meninos me deram beijos e abraços apertados, e logo depois se acomodaram cada um em um canto da sala para decidir sobre a festa, se é que ela ainda fosse acontecer.

Eu não queria ficar em casa, e nem podia. Caso mamãe me visse iria me atolar de perguntas e de broncas feias.

Definitivamente eu não queria isso!

– Eu vou no carro com o Luh! – a ruiva bateu os pés e iniciou outra discussão. Mais uma!

É, ela e a vacaroa da Laura estavam lá, e o que me chocou bastante foi o fato da Samantha não ter dado as caras por aqui.

Bufei.

Caraca, eu já estava ficando cheia de tudo isso. Na cabeça maluca da Clara ficar perto do pessoal era a melhor maneira deu não deprimir, mas nessa etapa do campeonato eu viraria um serial Killer depois de matar todo mundo com a colher da minha nutela. Discutir por causa de carro? Que eu saiba todo mundo ia para o mesmo supermercado, foda-se se ia de jegue, a pé ou de carro.

– A Jú vai no carro comigo – Leo colocou uma de suas mãos no meu ombro e sorriu amavelmente na minha direção.

– Você nem tem carteira – Luís rebateu colocando a mão no meu outro ombro. Era só o que me faltava agora! – e ela não vai a lugar nenhum e mesmo se fosse, iria comigo.

– Tudo bem, não tenho carteira. E ela vai sim! Eu vou no banco de trás junto com a Jú! – o ruivo insistiu.

– Mas não vai mesmo, se ela fosse iria comigo e no banco da frente, porque eu vou dirigir – Clara também entrou no meio, empurrando os dois meninos para longe.

Tentei dar a minha opinião, porque eu acho que eu mandava ou desmandava aonde ia sentar ne? Quando Lucas deu uma escapada da discussão e se jogou ao meu lado no sofá, roubando uma colherada do meu doce.

Olhei-o indignada, aumentando ainda mais – se é que era possível – seu sorrisinho idiota.

– Babaca – resmunguei esmurrando seu braço.

– Au... Nem depois de ser assaltada você fica boazinha – meu amigo resmungou – e nem tente me enganar pequena capetinha, você está mentindo pra todo mundo- disse enquanto apertava a pontinha do meu nariz, mas a tirou rapidamente quando eu fiz menção de mordê-lo.

Viu? Eu não disse? Essa historinha fajuta não iria colar com quem me conhecia de verdade.

– Ta me chamando de mentirosa Luquinha? – levei as mãos no peito fingindo indignação.

– Estou falando que você pode ate mentir para os outros, mas pra mim nem sonhe com isso – sorriu me fazendo suspirar derrotada. Não devia nem ter começado tudo isso, só que era meio difícil pegar um avião só de ida pro Alasca para não ter que contar a verdade.

– Não fui assaltada e também não vou te contar o que ouve.

Lucas passou as mãos pelos cabelos e depois me olhou profundamente, com aquelas orbes azul oceano. Seu sorriso sumiu e a expressão descontraída de antes deu lugar a uma bem tensa.

Isso não podia significar coisas boas.

Aliens por que me abandonaram justo agora?

– Eu não sou um Luís da vida Ana Jú, eu sou seu melhor amigo desde que me entendo por gente. Eu que enxuguei varias das suas lagrimas por aquele babaca e eu não vou deixar agora você esconder, seja lá o que for, de mim! – falou irritado sem desviar seu olhar do meu.

Engoli em seco.

Cadê um daqueles enxeridos dos meus amigos pra dar as caras agora? Ah é, eles estão “ocupados demais” em uma discussão ultra secreta para decidirem em qual carro vão ao supermercado – que é a uns 20min a pé daqui.

– Lucas eu...

Ai meu celular tocou.

Salva pelo gongo!

Observei o visor: mamãe.

Oh não!

O loiro me olhou ainda irritado, mas saiu do sofá e foi ate os outros.

– O-oi mãe.

Oi? Não me venha com oi Ana Jú! – mamãe rosnou do outro lado – aonde você se enfiou? Posso saber? A LOJA NÃO VAI ATENDER OS CLIENTES SOZINHOS!

Só me faltava essa mesmo, a dona Anabeth estava com a macaca solta e eu havia esquecido meu castigo.

– Mãe eu...

Você nada! A senhorita vem pra casa agora! – e desligou.

Droga! Mil vezes droga!

– Problemas?

Tomei um susto quando Arthur se projetou sem mais nem menos ao meu lado.

– Ta a fim de me matar?

Ele sorriu.

Meu Deus ele sorriu! Como é que respira mesmo?

– Eu nunca iria fazer uma coisa dessa Jujuba – “mas seu primo babaca sim!” fiquei tentada a comentar, só que isso geraria muitas perguntas e no momento eu precisava me teletransportar para casa.

– É, eu sei. O papo ta ótimo alemão, mas eu meio que estou numa fria.

– Quando você não está pequena – tornou sorrir.

Suspirei internamente.

Bosta de hormônios e de garotos extremamente bonitos.

– Só que agora a coisa é mais seria. Dona Anabeth quer meu couro.

– Quer uma carona?

Neguei.

Mais um segundo com aquele gostoso era bem capaz deu agarra-lo.

Pronto, alem de maluca eu estou me saindo uma completa tarada.

Corri ate Clara e a puxei do meio da muvuca.

– Minha mãe esta uma fera, preciso de carona.

Minha amiga bufou.

– Sorte sua que o Josh esta um tédio – disse enquanto caminhávamos ate a porta sem nem nos despedirmos.

Qual é? Esse povo nem se importaria mesmo.

– Ei! – Annie gritou correndo ate nós – esperem por mim, se eu ficar respirando o mesmo ar que aquela vadia – apontou na direção da Laura pendurada ao pescoço do Caio, mas não foi bem isso que me chamou atenção, e sim o MEU moreno secando descaradamente as pernas da Cala-a-boca – eu mato ela.

Assenti reciprocamente.

– Onde as garotas pensam que vão? – Lucas barrou a gente na porta.

– Vaza Lucas, vamos na tia Annie – Clara resmungou girando as chaves do carro no ar.

– Pois eu vou também! – e me lançou um olhar “hoje você não me escapa” o que me fez estremecer a alma.

Ninguém tinha penhinha de mim não?

[...]

– É o que eu estou falando – Clara começou enquanto estávamos parados no sinal. Desse jeito eu chegaria ano que vem para o natal em casa. O que eu não sei se é bom ou ruim – essa festa agora é nossa chance de nos tornarmos populares e sermos indicadas a rainha do baile!

Annie parecia interessada no papo e eu só não dava um basta naquela ladainha toda, porque o garoto ao meu lado só estava esperando uma brecha para me atolar de perguntas.

– Não existe essa coisa de popularidade – resmunguei.

– É exatamente isso que uma popular falaria – Annie rebateu me lançando um sorrisinho pelo retrovisor.

– Popularidade? Meninas vocês não estão assistindo muito filmes da Disney não? Não existe essa coisa, pelo amor! Cara, esse negocio de rainha do baile também é uma palhaçada, ta na cara que a minha Sasah vai ganhar.

Todas nós olhamos indignadas na direção do Lucas.

– Fica na sua ou sua próxima parada vai ser debaixo dos pneus do meu carro – Clara rosnou, fazendo eu e Annie rirmos da cara de assustado do loiro.

– Eu só quis dizer – brincou ele imitando o Cirilo.

– Aham, eu vou querer dizer bem feito depois de sambar no seu enterro.

Acho que o papo com o Josh deixou a Claritinha com os nervos a flor da pele.

Parece que os dois haviam discutido por causa do Ethan e minha amiga não sabia se ficava feliz pelo namorado estar se roendo de ciúmes ou pê da vida por ele não confiar nela.

O problema é que às vezes nem eu confio nela, quem dirá meu cunhado?

– Nós tínhamos que ir ao shopping comprar um vestido novo – Annie comentou.

– Ao que tudo indica depois do meu “papo” com a mamãe o próximo lugar que eu vou ir é para a cama de um hospital – falei arrancando sorrisinhos de todos.

– Também ne? Você devia falar pra ela do Pie... – arregalei os olhos dando um puxão de cabelo na Clara - ... Au! Ta maluca?

Nem me dei ao trabalho de responder, ela já sabia que eu era mesmo.

Lucas me lançou um olhar significativo. Merda!

– Você se lembrou do Pietro? – perguntou ele meio chocado.

– Eu... Viu sua jumenta? – bufei irritada vendo Clara sibilar um desculpa.

– Lembrou ou não lembrou Ana Jú? – insistiu Annie ficando ajoelhada no banco da frente para me encarar.

Assenti meio envergonhada. Não queria que eles descobrissem assim que eu estava mentindo.

– Eu... Eu...

– Não fale que sente muito – cortei Lucas de cabeça baixa enquanto sentia pontadas atrás dos olhos.

Viu? Era por esse motivo que ninguém precisava saber, e eu nem conseguia ficar furiosa com a Clara por ser tão boca escancarada.

– Não ia falar isso – ele se defendeu – ia falar aqui que eu sempre vou estar aqui para o que você precisar pequena.

Sorri fracamente.

– E eu sempre estou aqui mesmo – Annie brincou bagunçando meus cabelos.

– E eu...

Me inclinei para frente e beijei a bochecha da Clar antes dela começar a pedir desculpas, não tinha motivo deu ficar brava com ela, nós todos éramos amigos e todos eles sabia da historia mesmo.

– Então vamos falar de coisa boa – Annie cortou o climão.

Lucas sorriu galanteador, estufando o peito.

– Então falem de mim garotas.

[...]

– Boa sorte – os meninos falaram assim que Clara estacionou o carro em frente a minha casa.

Engoli em seco.

– Eu vou precisar é de um milagre – e sai do carro a passos largos.

Mamãe estava sentada no sofá ainda com a roupa social, mas sem os sapatos, enquanto assistia a um programa de culinária na TV.

– Bom dia mãe! – falei.

Ela não respondeu, apenas fez um gesto para eu me sentar no sofá a sua frente.

Já vi que a conversa seria séria.

Me acomodei no sofá vendo Anabeth passar o olho em minha roupa – que agora não era o uniforme escolar – e depois suspirar.

Nesse momento observei que mamãe estava cansada, com algumas olheiras abaixo dos olhos e aquela sua expressão sempre viva, que emitia calor para todos que ficavam próximos a ela estava apagada.

Comecei a cutucar a unha, de cabeça baixa enquanto ela me observava, e aqueles minutos para mim, pareciam horas incontáveis.

Ela não podia simplesmente me dar uma bronca e me colocar de castigo? Porque, sinceramente, eu preferia isso a ser analisada por uma espécie de agente da CIA.

– Mãe eu...

– Você? – mamãe gritou transtornada – você o que? O que pensa que está fazendo com a sua vida Ana Jú?

Eu queria me justificar, contar do Pietro e tudo, mas ela não merecia sofrer de novo. Não queria vê-la se lembrar, se era ruim para mim, para minha mãe devia ser terrível, era o filho dela.

Preferia levar uma bronca e pegar um castigo daqueles do que contar a verdade.

Anabeth se levantou e começou a andar para lá e para cá na sala, vez ou outra me olhando estressada.

– Primeiro Caio e Annie aparecem quase pelados – voltou a falar, dessa vez mais baixo – eu tentei deixar passar, sua avó sempre foi despreocupada e eu faço o Maximo para ser assim! Deixo você fazer o que bem entender e não imponho regras! Depois coloca fogo na cozinha – comentou ela meio transtornada, indicando com os dedos as duas coisas erradas que eu havia feito – ai do nada a porta de vidro do seu quarto aparece quebrada! – indicou com outro dedo.

Será que adiantaria muita coisa eu falar que foi culpa do psicopata do Thomas?

– Me diz Ana Jú? Aonde eu errei com você? – tornou gritar me fazendo encolher no sofá. Quem queria gritar era eu, não com ela. Eu queria contar a verdade, mas não podia e isso me deixava furiosa comigo mesma e com a minha capacidade de só dar desgosto a minha mãe – Ande! Me responda! – berrou ainda mais alto, parando bem na minha frente e com uma cara bem estressada devido ao meu silencio. Não consegui falar nada, apenas abaixei o olhar – Não me diga que você...

A encarei de olhos arregalados.

– É claro que não! – falei exasperada.

– Então me explique Ana Jú! Seu irmão começou a usar drogas muito cedo, você pode muito bem ter decidido seguir o mesmo caminho.

Olhei para mamãe assustada e a vi chorando.

Pronto sua pateta, viu só como eu sou uma topeira?

Envolvi mamãe em um abraço e ambas sentamos agarradas no sofá.

Não era só difícil para eu ter lembranças daquela noite, mas também para mamãe saber que perdeu o filho e me encontrar do jeito que eu estava.

– Mãe me escuta – pedi depois de um tempo, sequei minhas lagrimas e as dela e a fiz me olhar nos olhos – eu nunca faria isso com a senhora, mas você tem que entender que também não é fácil para eu lidar com a perda dele, às vezes faço coisas sem pensar para apagar as lembranças, para me fazer sentir melhor, só que não adianta, não posso simplesmente passar uma borracha por cima de tudo.

– Eu sei minha filha – concordou ela sorrindo para mim – não quero que apague, mas preciso que confie em mim, não posso jogar meus medos no seu pai, mas também não aguento tudo sozinha.

Beijei sua testa.

– Vamos esquecer o quanto eu sou pateta, e quem quebrou o vidro do meu quarto foram nossos novos vizinhos do lado.

Anabeth me olhou curiosa.

– Sabe o Thomas? Sobrinho do Otaviano? Aquele babaca queria conversar comigo a noite e quebrou a porta com uma pedra.

Mamãe gargalhou de repente e depois ficou seria.

– Não fiquei perto do Thomas, ele não é uma boa pessoa.

Assenti. Ela falando isso ou não, eu é que não ficaria perto daquele maluco.

Peguei o controle da TV e comecei a procurar um filme interessante enquanto mamãe correu para a cozinha para fazer pipoca.

– Acho que as meninas dão conta da loja sozinhas hoje – comentou ela.

Nada melhor do que passar a tarde agarradinha com a mãe.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Acho que mereço comentários ne? kkk



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Escola, farras e garotos..." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.