Escola, farras e garotos... escrita por Aly Campos, Trufa


Capítulo 26
Traumas




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/561698/chapter/26

POV Luís Filipe Scofield

– Jujubaaa! – cantarolei apertando compulsivamente a buzina do carro.

Essa Ana Jú deve ter uns parafuzinhos a menos mesmo. A pequena estava deitada em um banco de praça, devia é estar fugindo da tia Annie pra não levar bronca pelo cabelo.

– Ana Jú? – tornei gritar sem obter resposta.

Abri a porta do carro de uma vez, o largando todo aperto e no meio da rua.

– Jú o que... Você ta chorando?

Fiquei desesperado, com os olhos arregalados e a boca meio aberta.

Há minutos atrás minha princesinha saiu toda apressada, na certa porque queria come. E agora ela estava aqui, deitada e chorando descontroladamente abraçada a mochila.

Tentei me aproximar, aquele cheiro...

Meu Deus! O que havia acontecido?

– Vem pequena, vou te levar pra casa...

Seus olhos assustados se encontraram com os meus e instintivamente me abraçou. Um abraço desolado...

– Não posso ir pra casa – choramingou entre soluços altos.

Observei o uniforme todo sujo, o mau cheiro...

Será que... Não, isso não...

– Ana Jú você não...?

– A mamãe já tem problemas demais, não quero fazê-la sofrer mais e... – justificava com a voz embargada pelo choro. Só a situação de encontra-la naquele estado já me desesperava, e o fato de não saber o motivo daquilo tudo estava me deixando louco!

– Me conta Jú.

– Não posso... – respirou fundo afundando a cabeça no meu peito – eu estou bem, é só que...

– É só o que princesa?

– Não me chama assim! – gritou tentando se afastar do meu aperto.

Balancei a cabeça meio confuso. Eu sempre a chamava assim, por que isso agora?

Segurei seus pulsos finos que insistiam em me manter longe, para poder abraça-la ainda mais forte.

Os soluços aumentavam cada vez mais e meu desespero também.

Decidi tomar uma atitude, eu não podia ficar ali em um banco de praça chamando a atenção de todo mundo que passava.

Passei um dos braços pelas pernas da Jú e com o outro apoiei suas costas para pode-la levar ate o carro.

Ela estava tão quieta, o choro tão baixo e uma feição tão assustada que meu coração apertou, apertou tanto que eu também senti vontade de chorar, chorar por ela, pela minha mãe...

– Fica ai pequena – sussurrei fechando a porta de trás do carro e entrando no lado do motorista.

Pronto, eu ia ligar para a Clara!

– Nossa Luís, quanto amor hein! – ouvi uma gargalhada do outro lado da linha – me viu a 5min atrás e já ta com saudades.

Revirei os olhos.

– Sua amiga esta aqui, chorando no banco de trás do meu carro – expliquei mantendo a calma enquanto espiava pelo retrovisor ela toda encolhida no banco de trás – eu não faço ideia do por que.

– A-a Jú?

– É Clara, é a Jú! – confirmei impaciente – ela fica sussurrando desculpa e fala algo sobre uma tatuagem de cobra...

– LEVA ELA PRA SUA CASA AGORA! – cara se a intenção era me deixar surdo quase teve sucesso.

– Conta outra, já to fazendo isso ne!

– Cala a boca Luís, e me conta direitinho o que aconteceu!

Calar a boca e contar o que aconteceu? Eu nem me assustaria se a Clara mandasse uma pedra voar.

– Eu ia passar na casa da Jú pra ver a tia Annie, ai passei perto da pracinha e encontrei ela lá, chorando deitada no banco – senti um aperto só de lembrar de tudo que aconteceu.

– Ela estava sozinha?

Assenti, mas logo bati na minha testa.

– Tava sim. Você não acha que alguém...

– Vira essa boca pra lá! Não foi nada disso, só leva ela pra sua casa e enfia ela debaixo do chuveiro, chego ai em 10min.

Concordei me despedindo da Clara após parar em frente ao portão de casa.

– Luís ainda bem que você... Céus o que aconteceu com ela? – Amélia arregalou os olhos desesperada depois que entrei com tudo pela porta da cozinha.

– Não sei, vamos Amélia não é hora de entrar em choque, abre a porta do quarto pra mim, com ela no colo não dá!

– Grosso! – resmungou subindo as escadas e escancarando a porta do quarto. Mulheres! – ai de você se tiver magoado a pobrezinha.

Revirei os olhos.

– Se a Clara aparecer aqui manda ela subir – fechei a porta com o pé e corri para o chuveiro.

Mas essas meninas teriam que me explicar direitinho tudo isso aqui.

– Jú eu juro que não queria, só que você vai ter que entrar nessa água gelada – conclui sem receber nenhuma resposta nem sussurro da Jú.

Apertei seu corpo contra o meu e entrei com ela debaixo da água gelada. Isso são coisas que fazemos por amor...

POV Ana Jú Cliar

Pisquei uma, duas, três vezes seguidas ate finalmente reconhecer que aquele não era o meu banheiro e que aquilo que me abraçava tão forte e sua respiração um pouco descompensada batia na minha testa era nada mais nada menos que o LUÍS!

O QUE RAIOS ESTAVA ACONTECENDO AQUI?

– Luh o que...?

O moreno separou nossos corpos e me segurou firme pelos ombros, seus olhos estavam mais escuros que o normal e seus lábios formularam um breve sorriso antes de me beijar.

ELE ESTAVA ME BEIJANDO DEBAIXO DA AGUA FRIA!

Foda-se se a água estava fria, foda-se se eu não fazia ideia do que estava acontecendo. No momento minha única preocupação era retribuir com a mesma intensidade o beijo do moreno.

Falem o que quiser, eu era sim apaixonada por um beijo, principalmente o dele!

– Cof cof!

Nos separamos ofegantes observando Clara sorrindo abobada para nossa cena.

– Acho que já resolveu direitinho o problema dessa daí – apontou sapeca na minha direção.

Que. Vergonha!

Minhas bochechas queimavam tanto, mas tanto que deve ter saído faisquinhas delas.

– Bom é que... Eu... – Luís tentava se justificar todo envergonhado assim como eu.

– Ah esquece, pelo menos ela acordou – minha amiga sorriu nos estendendo duas toalhas.

Eu acordei? Desde quando eu andei dormindo?

Dei para trás quando as lembranças do que tinha acontecido voltaram de uma vez e toda aquela felicidade se esvaiu.

Eu tinha lembrado dele!

– Você nos deve uma explicação mocinha.

Fiz uma careta para o moreno. Se devia ia ficar devendo.

– Não estou a fim de tocar nesse assunto – expliquei enquanto me secava – e que eu saiba temos compras de uma festa pra fazer.

– Mas ai que está, a senhorita não sai daqui sem explicar direitinho o que aconteceu.

Bufei contrariada.

– Eu lembrei do Pietro, só isso.

– Aquele seu irmão que morreu num acidente de carro? – Luís perguntou.

Neguei.

– Não foi bem um acidente de carro – Clara explicou me abraçando de lado – é melhor a gente não tocar nesse assunto, depois a Jú te explica tudo.

– Clara será que eu podia falar com ela a sós?

Minha amiga concordou piscando para mim e batendo a porta ao sair.

Eu fiquei meio sem jeito, aquele olhar desconfiado do moreno queimava sobre mim e eu simplesmente não podia encara-lo ou contar toda a verdade.

– Jú...

– Eu juro que conto depois – sussurrei.

– Eu te encontrei chorando desesperada no banco daquela praça, seja lá o que ouve eu não me importo, só quero que confie em mim...

Engoli as lagrimas que queriam voltar a rolar soltas no meu rosto. É engraçado que mesmo eu me matando de chorar ainda restam essas malditas lagrimas. O estoque não acaba não? Daqui a pouco morro desidratada.

– Eu não consigo contar. O Pietro não morreu em um acidente de carro, meus pais inventaram isso para as pessoas pararem de me atormentar com perguntas... E-eu vi ele morrer...

– Não precisa contar Jú, não precisa falar se te machuca, você esperou meu tempo com relação a minha mãe, agora eu espero o seu.

Levantei o olhar ate encontrar os seus e então o abracei forte.

Talvez ele conseguisse ser um pouquinho menos insuportável quando estava preocupado comigo!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então gente? o que acharam?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Escola, farras e garotos..." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.