Heimkehr escrita por Rocker


Capítulo 20
Epílogo




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Epílogo

EU ENTREI EM UMA PEQUENA cafeteria em Tucson. Não era algo que eu costumava fazer muito, mas eu queria fazer amizade com a menina que conheci. Ela era linda, com cabelos negros e um nome que combinava com sua simpatia. Eu não tinha amigos ainda, já que eu tinha acabado de mudar, então quando ela esbarrou em mim na rua, quase me derrubando no chão e oferecendo um café para me recompensar, eu aceitei na mesma hora. Ela disse que conhecia uma cafeteria há alguns quarteirões dali e, enquanto íamos até lá, tivemos tempo de nos conhecer melhor. Ela - Melody, o nome de sua hospedeira - perguntou há quanto tempo eu vivia na Terra, como foi quando minha hospedeira foi suprimida e me contou como para ela foi difícil conviver com a dela alguns meses antes de suprimi-la totalmente.

— Por quê não senta naquela mesa enquanto eu pego nossos cafés? - ela sugeriu, apontando para uma das muitas mesas vazias no canto mais afastado.

— Claro.

Fui até onde ela indicou e me sentei de costas para a parede e olhei em volta, percebendo que além de nós duas tinham apenas o atendente no balcão e um dois homens afastados demais para que eu pudesse reparar neles. Depois de alguns minutos Melody retornou com duas xícaras de café e o óculos escuros ainda no rosto.

— Aqui está. - ela disse em uma voz suave, colocando uma das xícaras na minha frente e se sentando na minha frente e de costas para as outras mesas.

— Obrigada, Melody.

— Por nada. - ela abriu um sorriso largo. Bebericou um pouco do café e eu fiz o mesmo, lambendo os beiços quando o senti meio azedo. Mas tinha muitos anos que eu não bebia café, acho meu paladar ficou desacostumado. - Me conte mais sobre o que veio fazer em Tucson. - ela perguntou e eu abri um sorriso.

— Eu fiquei um pouco em dúvida sobre o que deveria fazer. - contei em meio a pausas para tomar meu café. - Pensei por uns anos em fazer a faculdade dos humanos e ajudar em algumas pesquisas enquanto meus pais, na verdade os pais da minha hospedeira, queriam que eu fosse Buscadora, mas esse nunca foi meu Chamado. - eu bocejei, sentindo meus olhos ficando cansados. - Sinto muito. Bem, onde eu estava? Ah, sim, meu Chamado. - bocejei novamente. - Eu queria uma aventura, então conversei com meus pais e me mudei para aqui. Eu quero escrever minhas experiências ou então a partir delas imaginar novas e documentar. Quero viver aventuras e compartilhar elas para outras Almas.

— Isso é tudo tão interessante. - ela disse, abrindo um sorriso simpático depois que bocejei outra vez. - Estou confiante que você terá sua aventura em breve.

Fechei os olhos por alguns segundos e respirei fundo antes de abri-los novamente, o que pareceu ainda mais difícil.

— Não vai tirar os óculos escuros aqui dentro? - perguntei e o sorriso dela se tornou meio diferente.

— Bem... É meio que um segredo, mas já que você está quase apagando, acho que posso te contar.

— O quê? - foi o que consegui pensar em meio à minha mente nublada.

Ela só abriu mais o sorriso e abaixou um pouco os óculos enquanto colocava o dedo indicador sob os lábios para indicar silêncio. Arfei quando vi seus olhos foscos, sem o típico círculo prateado que a identificava como uma Alma. A última coisa que vi antes de dormir foi a piscadela que ela me lançou com aqueles olhos humanos e os dois homens na mesa afastada se levantando e vindo em nossa direção. Ambos tinham óculos escuros.

Arfei quando abri os olhos porque percebi que eu reconhecia aqueles três rostos da última visão da minha hospedeira. Ou devo dizer da última Alma que habitava esse corpo? Olhei ao redor, percebendo que eu conhecia aquele teto baixo e esburacado e a sensação de estar deitada em uma maca. Ouvi uma comoção à minha volta enquanto eu tentava me reajustar. Consegui ouvir pelo menos cinco vozes distintas, mas quem primeiro se juntou aos lados da minha maca foram os três rostos que apareceram na última lembrança deste corpo.

— Melody? Brandt? Jamie? - perguntei e quase me assustei quando a voz da lembrança saiu por meus lábios.

— Lua, você finalmente acordou! - a garota disse, abrindo um enorme sorriso que alcançava seus olhos claros. Era um pouco estranho ouvir a voz dela saindo de uma boca que não fosse a minha, assim como ver aquele rosto sem ser pelo espelho. Estranho, mas reconfortante.

— Oi, Mely. - eu também sorri e ela me abraçou, ajudando-me a me sentar na maca logo em seguida. Vi os rostos de Peg e Doc logo mais ao fundo antes de me voltar novamente para minha amiga. Minha irmã. - Pensei ter deixado claro que queria voltar à minha célula.

Jamie bufou e eu voltei minha atenção para ele.

— Falando assim faz até parecer que não sabemos que gosta das cavernas.

Eu ri, porque sabia que era verdade. Vi como ele estava próximo de Melody, com o braço ao redor da cintura dela de modo carinhoso e eu não consegui impedir que meu sorriso se abrisse ainda mais.

— Mas estou feliz que tem a Melody de volta.

Ele sorriu para mim e era um sorriso tão sincero e bondoso que eu quase podia sentir as lágrimas se formando em meus olhos.

— E eu devo isso a você. - ele disse, segurando minha mão com a sua livre. - Eu acho que nunca te agradeci devidamente, mas quero fazer isso da maneira certa. Muito obrigado mesmo por trazê-la de volta a mim.

Eu apenas assenti, pois sabia que choraria de emoção caso eu tentasse falar alguma coisa. Eu estava muito feliz em vê-los juntos, da maneira como deveriam estar desde o início.

Olhei para Peg e Doc, que sorriram de maneira reconfortante para mim e então olhei para Brandt, que estava do outro lado da maca. Ver ser olhos azuis por fora do corpo que pertencia à irmã dele era renovador. Meu coração acelerou e eu sentia meus nervos à flor da pele quando ele se aproximou mais um pouco e segurou minha mão. Ele a levou até os lábios e depositou um beijo ali, sem tirar os olhos do meu. Meu pulsação se acelerou ainda mais.

— A decisão final é sua. - ele disse. - Recolhemos um corpo que tenha mais tempo de Alma do que de humana, assim como fizemos com Peg, para garantir que a hospedeira já estivesse suprimida. Mas a decisão ainda é sua. Todos nós ficaremos felizes caso decida ficar.

Mordi meu lábio inferior e engoli em seco, ficando cada vez mais nervosa. Abaixei o olhar, me sentindo tímida. É sempre um desafio se acostumar a novos corpos, mas Melody nunca havia sido tão... sensível a emoções.

— Eu imagino que Melody tenha contado sobre...

Eu não precisei dizer mais nada para que ele entendesse.

— Sim, ela me disse. - contra todas as minhas expectativas, o sorriso dele se abriu ainda mais. - E como eu tinha dito quando ela nos disse sobre a ideia de você ficar, eu adoraria ter a oportunidade de te conhecer mais.

Olhei em volta, para meus amigos ali me observando enquanto eu decidia o meu futuro. Sorri e assenti.

— Eu quero ficar aqui com vocês.

Melody pulou em meus braços, abraçando-me forte contra si, e foi quando eu não consegui mais segurar as lágrimas, que agora caíam livremente pelas minhas bochechas.

— Bem vinda de volta ao lar, minha irmã. - ela sussurrou em meu ouvido, fazendo minha emoção aumentar ainda mais.

— É bom estar de volta.


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