Heimkehr escrita por Rocker


Capítulo 2
Capítulo 1 - Recuperando


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, demorei bastante pra continuar, mas acabou que eu estava muito envolvida tanto com outras fanfics quanto com outros assuntos, ainda mais que esse capítulo (ou melhor, esse início) é bastante de descrever. Mas vou tentar estar mais presente! ;) Para quem não acompanha, deem uma olhadinha em Ribelle Amato, minha primeira fanfic de A Hospedeira. Já está quase finalizada, mas de qualquer jeito estou colocando o link nas finais!



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Capítulo 1 - Recuperando

DESSA VEZ, ABRIMOS OS olhos juntas. O ambiente em que nos encontrávamos era completamente branco. Móveis brancos, paredes brancas e decoração branca. Acho que nunca havia enjoado tanto de branco em toda a minha vida. Lua virou nossa cabeça para a esquerda, e vimos um Curandeiro se aproximando da cama, que eu nem havia percebido pela leveza dos passos. Ele era alto, como qualquer outra pessoa se comparada à mim, e me parecia com Jared, exceto pelos cabelos ruivos.

— Olá, querida, sou Sons Livres da Melodia. Qual seu nome? – perguntou o Curandeiro.

Minha primeira reação clara seria dar um pulo da maca em que estava e procurar a primeira arma que pudesse encontrar para poder matá-lo. Mas, contra a minha vontade, meus lábios se esticaram para cima em um sorriso.

Acalme-se, Melody, lembre-se que violência não é com Almas, sussurrou Lua em minha mente, e eu fiz o necessário para acalmar minha mente.

— Brilho Prateado do Luar, mas pode me chamar de Lua. – ouvi-me dizendo, a voz mais simpática do que eu ousaria usar com uma Alma que não fosse as das cavernas de Jeb.

Aquela não era eu. Podia ter meu rosto, meus olhos, minha boca, meu corpo, minha voz. Mas aquela que estava sendo simpática com uma Alma que ajudava a massacrar a raça humana não era eu. Jamais seria eu.

— Lua, eu soube que já fez uma outra passagem pela Terra. – disse o Curandeiro. – Esta é uma hospedeira resistente? Ela fazia parte da resistência.

Respiramos fundo.

— Não a sinto em lugar algum. - Lua nos fez responder.

— Posso comunicar o Buscador que te encontrou então? Precisarão trabalhar juntos para encontrar os outros humanos.

Eu quase senti meu coração parar. Lua também ficou apreensiva, mas nada alarmante e eu fiquei confusa.

— Não será necessário. - ela respondeu, com um sorriso pequeno no rosto, e seu tom era claramente de mentira, como Peg usava para tentar convencer Almas de algo. - Eu já tenho contato com um Buscador e ele prometeu me ajudar.

— Muito bem então. - O Curandeiro disse por fim. Ele parecia convencido, mas não é como se ele estivesse procurando por mentiras. Almas nunca estavam procurando por mentiras, mesmo que ela estivesse clara no tom de voz dela. Minha? Nossa. - Consegue se virar a partir daqui?

— Consigo sim, obrigada! – Lua disse em minha voz e a próxima coisa na qual me dei conta foi de meus pés sendo jogados um pouco infantilmente para fora da maca e meu corpo descendo para o chão.

— Então qualquer coisa que for necessária, pode me procurar.

— Obrigada, mas acho que consigo ir até o hotel mais próximo. – Lua disse usando a minha voz e eu quase implorei para sair correndo dali.

Saí – ou saímos – dali pelo prédio, ou hospital, não sabia ao exato. Eu mal vi o caminho que percorremos para for dali, mal via Lua cumprimentando as Almas que passavam por nós com um sorriso delicado que eu imaginava jamais poder ver em meus lábios. Tudo o que eu pensava, tudo o que ocupava a minha metade da mente, era que eu queria meu corpo de volta. Eu queria o controle dele, eu queria o controle da minha vida. Talvez agora eu entendesse sobre o que Melanie passara todo o tempo que ficara presa com Peg. Sinto-me presa numa jaula. Sinto-me uma marionete. E eu queria ser liberta. Eu queria cortar os fios.

Calma, Mely, estamos quase chegando, sussurrou Lua novamente.

Se eu pudesse, respirava fundo, porque meu coração estaria acelerado ao lembrar do apelido que Jamie havia me dado.

Tudo bem, mas não demore, está meio desconfortável aqui, sabe?, ironizei, e me arrependi quase instantaneamente, receosa de que a magoasse.

Mas apenas ouvi uma risada mental enquanto ela continuava a guiar meu corpo pelas ruas de Phoenix.

O que devemos fazer agora?, perguntei, mentalmente, usando a visão que ela me proporcionava para procurar alguma ideia de como sair dali.

Não tenho a menor ideia, ela assumiu e eu segurei o impulso de bufar mentalmente. Até porque a única coisa que eu poderia fazer era pensar. Geralmente, eu envio algum tipo de sinal para meus companheiros me buscarem, mas não vamos voltar para meu esconderijo. Isso é com você.

Pensei e pensei, sem saber o que poderíamos fazer.

Gire 360°, quero saber o que poderemos fazer, pedi gentilmente e ela o fez.

Estacionamento de supermercado à esquerda, casas à direita e uma fileira de carros estacionados. Nada de realmente útil naquele momento. Até que algo me chamou a atenção ao rever a cena comigo mesma. Uma Hilux prateada e um Porsche Cayenne da mesma cor. Pedi à Lua que focasse nesses dois esportivos e eu senti nossos olhos se arregalando com sua confusão.

Qual prefere?, perguntei ironicamente.

Você quer roubar?!, ela perguntou, sua voz mental aumentando uma oitava.

Como espera que chegaremos ao deserto perto de Tucson? Se eu pudesse, estaria revirando os olhos.

Droga!, ela praguejou.

Uau! Não sabia que Almas usavam esse palavreado! Estou impressionada, Lua!, caçoei. Não poderia perder essa oportunidade. Mas é sério, precisaremos roubar.

Não podemos simplesmente pedir emprestado?!, ela choramingou e, mesmo sabendo o quão bondosas eram as Almas, não era hora para isso. Não achava que eles emprestariam.

Me devolva o corpo e eu mesma faço isso. O mais discretamente possível!, implorei, ficando cada vez mais ansiosa para ter meu corpo de volta.

Promete que irá ser discreta?, ela implorou, quase se dando por vencida. Não quero ninguém nos seguindo.

Prometo, Lua.

Tudo bem, então. Vamos ver se consigo.

Ela estava insegura. Isso eu podia perceber não apenas com seus pensamentos, mas nos dedos das nossas mãos que tremiam devido à reação e nervosismo dela. Eu também estava nervosa. Não passei tanto tempo sem o controle do meu corpo como Melanie, mas quando ela o recuperou, estava inconsciente. Eu não tinha a menor ideia de como seria recuperar meu corpo, então também estava apreensiva. Algo quente se ascendeu em meu peito e se espalhou pelo corpo. Percebi que isso não era apenas em mim, mas no corpo que eu dividia com Lua. Nosso corpo tremeu e senti-me como se os fios da marionete fossem cortados. E então novamente reconectados, mas da maneira certa. A maneira certa, tendo eu no controle sobre o corpo. E apenas eu.

Ordeno que meus olhos pisquem repetidamente e minhas pálpebras obedecem. Ordeno que meus lábios se inclinem para cima e um leve sorriso abre em meus rosto. Levanto minha mão e mexo meus dedos. Eu estava de volta. Eu estava finalmente de volta.

Tente falar alguma coisa!, sugeriu Lua, e eu percebi que, mesmo estando presa onde eu estava, ela parecia eufórica.

Falar o quê sem parecer idiota?! Tentamos isso mais tarde, não quero parecer ridícula e atrair suspeitas.

Okay!, ela se deu por vencida. Agora que fazer o favor de roubar o carro antes que eu me arrependa?!

Não imaginava um dia que uma Alma falaria isso, brinquei, mas fiz o que pediu.

Andei normalmente até a Hilux, como se aquele fosse realmente meu carro. Não havia muitas pessoas ali, mas havia o suficiente para que desconfiassem caso eu fizesse um errinho sequer. Enquanto andava, eu amarrei meu cabelo num coque frouxo apenas para checar meus fios em busca de algum grampo. E havia um, estrategicamente escondido antes da última camada de mechas. Peguei-o com cuidado para não levantar suspeitas e o dobrei discretamente antes de passá-lo na abertura da porta do motorista, olhando para os dois lados antes de abrir, como se vendo se não vinha algum carro quando na verdade eu apenas vigiava alguma Alma curiosa.

Entrei no carro sem diminuir a pose confiante e me inclinei sobre o painel. Abri o porta-luvas e sorri ao ver ali uma tesoura sem ponta. Abri o compartimento e puxei os dois fios certos e os desencapei com a tesoura. Juntei os dois fios e os enrolei para ficarem bem unidos. Tentei a marcha e comecei a andar com o carro, sorrindo ao ver que funcionara.

Você é boa nisso!, Lua parecia impressionada.

Eu sorri. Você não viu nada ainda.

Pronta para voltar para Jamie?

Dessa vez, porém respondi em voz alta para nós duas.

— Muito mais do que pronta.


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Notas finais do capítulo

http://fanfiction.com.br/historia/363472/Ribelle_Amato



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