Heimkehr escrita por Rocker


Capítulo 1
Prólogo - Acordando


Notas iniciais do capítulo

Minha segunda fanfic de A Hospedeira, mas deem uma passadinha na primeira ;)http://fanfiction.com.br/historia/363472/Ribelle_Amato/Minhas leitoras mais frequentes sabem o quanto comentários me motivam e deixam a história melhor, então, por favor, comentem!! ♥ *u*



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Prólogo - Acordando

EU CORRIA O MAIS RÁPIDO que conseguia com a fadiga muscular já me tomando quase por inteira. Mas eu precisava continuar correndo. Por mais que eu não aguentasse mais mover um músculo sequer, eu precisava continuar correndo. Ou eu corria, ou eu morria. Precisava sair daquela casa o mais rápido possível.

– Mely, por aqui! - chamou Jamie, correndo à minha frente.

Eu tinha medo da casa desabar. Era uma mansão antiga, abandonada. Estávamos nós dois de incursão, atrás de alimentos, e resolvemos parar ali durante a noite, só para relaxar mesmo. Mas nunca imaginaríamos que os Buscadores nos encontrariam ali. Então agora estávamos correndo contra o tempo num ato de desespero para fugir deles.

– Eu não estou conseguindo, Jamie! - reclamei, sentindo todos os músculos do meu corpo numa reclamação conjunta. Acho que nunca conseguiríamos sair dali assim.

– Consegue sim, não vou te deixar para trás! - ele insistiu, segurando minha mão num aperto forte e me puxando para correr mais rápido.

E corremos. Até a porta dos fundos. Abri-a rapidamente, ouvindo o som de passos sincronizados atrás de nós. Passos de Buscadores atrás de nós, ainda na casa. Corremos para fora e nos jogamos no Troller branco estacionado ali - Jamie no motorista, acelerando segundos depois, e eu no carona, gemendo pela dor nos músculos. Logo estávamos na estrada, nos afastando ao máximo que dava da casa infestada de Almas. Relaxei levemente no banco de couro, ofegante pela corrida em círculos dentro da mansão para despistar os Buscadores.

– Tenta ir para o norte. - sugeri. - Quem sabe próximo a Phoenix não conseguimos nos misturar e fugir deles.

– Tudo bem, você quem manda. - Jamie disse, também ofegante, mas continuava firme no volante. Ele soltou uma das mãos do volante para segurar a minha e entrelaçar nossos dedos. - Não se preocupe, vai dar tudo certo.

– Sempre tão otimista. - revirei os olhos, mas sorri. - É uma das coisas que amo em você.

Jamie soltou uma gargalhada gostosa, fechando momentaneamente os olhos azuis.

– E eu te amo por inteira. - ele disse, desviando rapidamente o olhar para mim e sorrindo com um brilho carinhoso no olhar.

Sorri de volta e fechei os olhos, tentando relaxar mais. Até o momento que uma freada brusca e um palavrão solto dos lábios de Jamie me fez abrir os olhos, assustada. Mais à frente, na estrada, eu consegui distinguir um Sedã negro, o carro típico de Buscadores, e seu dono logo à frente, com sua arma apontada. Para nós.

– Jamie... - choraminguei, nervosa com a possibilidade que passava por minha cabeça.

– Desçam imediatamente! – gritou o Buscador, aproximando-se cautelosamente do nosso Troller.

– Melody, escute. - disse Jamie rapidamente, virando-se para mim com seus olhos azuis em puro terror. - Sabemos o que vai acontecer, mas saiba que em qualquer lugar que estivermos, eu sempre te amarei.

Soltei um soluço involuntário.

– Eu também, meu amor. - eu disse, passando a mão carinhosamente por sua bochecha, como se quisesse decorar seus traços. - Eu também te amarei, é uma promessa.

Jamie se aproximou e atacou meus lábios ferozmente no nosso último beijo. Até que o Buscador gritou novamente e tivemos que nos separar, ofegantes. Jamie abriu o quebra-sol e pegou a pílula que nos comprometemos a tomar caso fôssemos pegos. Ele saiu sem olhar para trás. Abri o porta-luvas, à procura da minha própria pílula, e algo me chamou a atenção. A pistola que foi do meu pai. Peguei discretamente, esquecendo completamente da pílula. Podia ser uma ideia estúpida e insana, mas era uma ideia. Se houvesse uma mínima chance de salvar Jamie, eu a usaria. Era melhor do que ver o garoto que eu amo morrer bem diante dos meus olhos.

Respirei fundo e saí do Troller. Jamie já estava parado em frente ao Buscador, prestes a tomar a pípula. Andei até seu lado, com a arma escondida.

– Quando eu der o sinal, você foge. - sussurrei a Jamie.

Ele estava prestes a retrucar, quando eu simplesmente levantei a pistola e atirei no Buscador. Eu não era assassina, e minha mira estava embaçada pelas lágrimas - acertei-lhe apenas na lateral do abdômen. Ele gritou e atirou de volta. Empurrei Jamie para trás bem a tempo, sentindo uma perfuração, seguida de uma queimação e um banho de dor me atingindo na barriga.

– Mely! - gritou Jamie, tentando me acudir.

– Vai... - murmurei, cuspindo sangue e sentindo a visão escurecida pela dor que agora tomava todo o meu corpo. - Agora...

Ouvi o ressoar de rodas no asfalto e identifiquei o olhar aflito de Jamie sobre mim.

– Vai logo, amor. - consegui sussurrar.

– E-eu... - ele começou a dizer, mas o Buscador conseguia se arrastar até nós.

– Eu não vou... Me perdoar... Se você não for.

Jamie tinha o olhar aflito e angustiado sobre mim. Até tomou uma decisão.

– Eu te amo, Mely, não se esqueça disso. - e sumiu da pouca visão que eu ainda tinha.

A dor começou a me consumir por inteira. Flashs apareciam atrás das minhas pálpebras e eu tinha dificuldade de distinguir o que era real ou não. Minha consciência estava escapando, mas ainda consegui ver o momento que cinco Buscadores se inclinaram sobre mim. Tudo o que eu queria naquele momento era morrer. E parece que não demoraria muito para isso acontecer.

Mas eu tinha a consciência limpa.

Eu salvara Jamie.

Abri os olhos, ofegante. Eu não queria abrir, mas abri. Tentei me movimentar para ver onde estava, como meu ato reflexo que já estava entranhado em mim, mas meus olhos permaneceram fixos no teto branco. Tentei piscar os olhos, mas eles não se moveram. Minha respiração estava ofegante e levemente ruidosa, mesmo que não estando com falta de ar. Tentei controlá-la, mas nada que eu tentasse fazia efeito. Tentei levantar a mão, mas ela não me obedeceu. Tentei virar a cabeça, mas continuei imóvel. Tentei, com uma força descomunal, me sentar, mas para meu desespero meus músculos não fizeram nada.

E então, com o pânico me consumindo, percebi que meu corpo não me respondia mais.

Porque tinha uma Alma dentro de mim que fazia isso.

Tentei gritar, tentei resistir, espernear, permanecer, impedir de ser suprimida. Mas, com certo terror e surpresa, percebi que Alma não tentava me reprimir. Tentei visualizar minha mente como uma caixa, como Peg me falara para fazer. Meio a meio. Eu e a Alma dividíamos o espaço do corpo a meio a meio. Isso não era comum.

Hey, acalma-se– ouvi uma voz na minha mente. Era aveludada e parecia com a minha, mas não era exatamente igual. Tinha um tom doce e meigo que nunca me foi comum.

Quem... Quem é você?, perguntei de volta, com receio de não conseguir me comunicar.

Brilho Prateado do Luar, mas pode me chamar de Lua. Seu nome é Melody, não é?

Melody Harris, mas pode ser só Mely.– respondi de volta, ainda receosa.

Não fique com medo, não farei mal. Vou te levar de volta para esse garoto. Jamie, não é?

O-o quê?!, perguntei, confusa e surpresa.

Sou uma Alma rebelde. Faço parte de uma célula de humanos resistentes e meu trabalho é viajar de corpo em corpo, com novas inserções, e levá-los de volta para nosso esconderijo. Estamos com cada vez mais humanos. Mas você também faz parte de uma célula e vou te levar de volta.

Está falando sério?, perguntei, sentindo um misto de alegria e ansiedade me tomando e, se eu pudesse, estaria sorrindo.

Eu não estava morta, afinal.

Estou, ouvi uma risada mental. Foi uma despedida e tanto, fiquei realmente comovida. Nunca senti tanto uma despedida antes. E nada mais justo do que te levar de volta.

Você parece até minha amiga Peg falando, comentei.

Peregrina?!, ela perguntou, parecendo assustada.

Sim, confirmei.

Ouvi muito sobre a história dela! Ela é famosa no grupo de onde vim.

Eu ri, ou ao menos o mais perto disso, mentalmente. Bom saber. Mas como fará para me levar de volta? Não pretendo liberar qualquer memória a mais que seja.

Não será preciso, ela disse, e senti um sorriso confiante. Liberarei seu corpo para você assim que sairmos daqui. Nunca fiz isso, mas acho que consigo.

Posso confiar em você?, perguntei, ainda receosa.

Claro que sim! Somos uma equipe agora!

Obrigada, agradeci, minha voz mental parecendo embargada por choro.

Não há de quê. Agora, prepare-se.– ela avisou. - Vou te levar de volta para aquele garoto.


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