Heimkehr escrita por Rocker


Capítulo 13
Capítulo 12 – Tentando


Notas iniciais do capítulo

Seis meses sem atualizar, não é? Eu sei, muita gente deve ter desistido e eu agradeço àqueles que ainda não. Pensei diversas vezes em excluir minhas fanfics que ainda estavam em andamento, mas algumas, como Heimkehr, estão quase no desfecho, não tem porque desistir agora. Vou tentar usar minhas férias para ir atualizando, mas não garanto que vou finalizar antes do próximo período (vou ver se deixo pelo menos escrito para ir postando). Realmente sinto muito por ter demorado muito e espero que agora que vocês têm a certeza de que não será abandonada sem um sim que vocês também não desistam dela ♥



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Capítulo 12 – Tentando

NO DIA SEGUINTE, EU não tinha o menor ânimo para me levantar da cama. Não queria ter que levantar e encarar a desconfiança estampada no rosto dos residentes, não queria encarar a decepção e raiva no rosto de Jamie. Eu não queria fazer nada e tinha plena consciência de que me entregaria sem lutar. Afinal, luta alguma valia a experiência do dia anterior e a dor que se seguiu à rejeição dele. Então eu procrastinei o máximo que consegui, encarando o teto do hospital sem me importar com nada ao meu redor e com uma expressão vazia em meu.

Pois era assim que eu me sentia – vazia.

Melody... falou Lua em minha mente, seu tom de voz quase doloroso. Reaja, por favor. Não pode se torturar assim.

— Não é como se eu tivesse alguma motivação agora. – respondi em voz, pois não havia qualquer pessoa ali além de mim.

Não diga isso. Coisas boas ainda virão. Tenho fé de que Jamie vai mudar de ideia.

Ouvir o nome dele, mesmo sendo de uma voz na minha cabeça, me fez encolher quase instantaneamente.

— Eu só... – comecei, procurando as palavras exatas que procurava. – Eu não entendo.

O que não entende?

— Como ele pôde ser tão descrente depois de tudo o que já passamos depois da invasão.

Eu sentia Lua tentando procurar as palavras certas para me confortar, mas a verdade é que não havia nenhuma.

— Mely?

Virei o rosto em direção à porta assim que ouvi a voz familiar de Brandt. Ele abriu um meio sorriso forçado e se aproximou até estar ao meu lado na cama.

— É hora de ir trabalhar, sabe que não pode faltar.

Voltei a olhar o teto. – Não é como se eu não tivesse pensado na ideia de sair daqui.

Brandt suspirou, quase como se esperasse por uma resposta daquelas. Ele alcançou minha mão que descansava perto do corpo e acariciou os nós dos meus dedos.

— Por favor, não fique pensando nisso. Ele vai...

Cortei-o imediatamente. – Se alguém me falar mais uma vez que ele vai mudar de ideia, eu juro que vou bater em alguém.

Ele riu. Dessa vez pareceu mais verdadeiro.

— Só vamos até a cozinha então. Você tem bastante pães para preparar.

~*~

Passei quase duas horas batendo massa na cozinha. Sempre tínhamos que acordar antes que todos, então para mim não foi tanto problema conviver apenas com poucas pessoas durante aquele intervalo. Brandt permaneceu ali durante todo o tempo, como que garantindo a cada segundo se eu estava bem – ou ao menos sã o bastante. Juntamente com Trudy, Heidi – uma ainda meio em dúvida sobre mim e a outra acreditando em minha história – e Peg, conseguimos preparar massa para dois dias e ainda adiantamos almoço e jantar.

— Como está indo, Melody? – perguntou Heidi enquanto terminávamos os preparativos.

— Hum? – franzi o cenho à sua pergunta repentina.

— Como está sendo retornar com uma Alma no corpo? – esclareceu.

— Diferente. – limitei-me a responder, mas quando vi o olhar torto que Trudy me lançava, percebi que teria que dar mais respostas que as que vinha dando desde que entrei na cozinha. – Primeiro entrei em desespero quando percebi que não consegui controlar meu corpo, mas então Lua começou a conversar comigo dentro da minha cabeça, prometendo que me traria de volta.

— Ela vinha de outra resistência, não é? – perguntou Brandt, sentado em uma das mesas próximas de nós.

A nordeste, quase perto de Chicago, respondeu Lua em minha cabeça.

— Quase perto de Chicago, de acordo com ela.

— E como aconteceu para você voltar? – perguntou Trudy, não com o tom de voz desafiante que eu esperava, mas com sincera curiosidade.

— Não muito depois que Lua despistou a Curandeira, ela me deu o controle do corpo. – respondi, tentando recordar os detalhes de acordar com uma Alma em meu corpo. Apesar de ter sido apenas dias atrás, eu sentia como se tivessem sido anos. – Roubei um carro e cruzamos o caminho até uma loja de conveniências à beira do deserto. Não muito diferente da história de Peg e Melanie. – olhei para Peg e trocamos um meio sorriso cúmplice.

Trabalhamos mais alguns minutos em silêncio, apenas o som das massas sendo batidas preenchendo o ar.

— Eu espero que tudo se encaixe. – murmurou Trudy, tão baixo que quase não consegui ouvir se não fosse pelo silêncio que já estava instalado.

Olhei para o rosto dela, tentando decifrar sua expressão facial. Não vi nada mais do que a tentativa de entender pelo que eu estava passando e o sentimento bom de ser acolhida preencheu meu peito.

— Obrigada. – abri o pareceu ser o primeiro sorriso sincero do dia.

Viu, Melody. Ainda há esperanças, alegrou-se Lua dentro de mim.

Talvez, foi tudo o que disse. Não queria dar o braço a torcer, mas também não queria ser positiva demais.

Não demorou muito para que os primeiros humanos chegassem à cozinha à procura do café da manhã, então apressei-me em sentar na mesa mais distante e comer sozinha o mais rápido que eu conseguia. Não queria qualquer tipo de interação social a mais do que a estritamente necessária.

— Você sabe que não precisa ser assim. – disse Brandt, sentando-se ao meu lado depois de se servir.

Suspirei, sabendo que ele tentaria mexer com meu psicológico mais cedo ou mais tarde.

— Eu sei, mas no momento estou tentando ignorar qualquer coisa.

— Não é porquê Jamie não reagiu bem que todos os outros não irão. Não adianta parar de viver porque levou um fora.

Encarei-o nos olhos, tentando decifrar o que ele pretendia com tudo aquilo e fingi que aquelas palavras não haviam me machucado profundamente.

— Péssima escolha de palavras, irmão. – foi tudo o que respondi antes de me levantar abruptamente e sair dali o mais rápido possível.

Eu ainda podia ouvir sua voz me chamando quando cheguei ao corredor. Andei a passos pesados, decidida a chegar ao hospital e ficar por lá até que eu fosse necessária novamente na cozinha.

Não precisava de tudo isso, Melody, Lua tentou dizer numa voz calma. Ele só quer ajudar.

Jeito bastante torto de tentar me ajudar, respondi, tentando não deixar a amargura tomar conta de mim. Lua não merecia que eu descontasse meus problemas nela.

Ela suspirou, provavelmente percebendo o quanto a rápida conversa com meu irmão mais velho havia me afetado. Continuei a cruzar corredores vazios, até que trombei com a pessoa que menos queria ver naquele instante. Jamie parecia mais encurvado e seus olhos estavam mais vermelhos que no dia anterior. Seu cabelo estava opaco e desarrumado e sua pele parecia ainda mais pálida. Eu tinha certeza que ele não dormiu nada durante a noite e, apesar de meu coração ter se encolhido com aquela visão, forcei-me a lembrar o motivo pelo qual eu não havia dormido nada no dia anterior.

— Será que eu... bem... posso falar com você um instante? – ele perguntou, parecendo nervoso, mas consegui reconhecer uma nota de rancor que havia estado presente em sua voz em sua última conversa.

Foi então que me decidi. Eu não estava emocionalmente preparada para nenhuma conversa com ele depois do baque que recebi ontem. Então mascarei toda a minha dor em uma expressão fria e rancorosa, talvez a mais real que já tinha feito em toda a minha vida.

— Tudo o que tínhamos que conversar, conversamos ontem. – minha voz saiu inexpressiva e eu mal a reconheci como minha. – Não temos mais nada a falar.

Pela segunda vez, saí ouvindo meu nome ser chamado. Dessa vez, a dor era maior, mas eu tinha intenções de manter minha fachada impenetrável até chegar ao hospital – o único refúgio que teria ali.

Eu não ousei olhar para trás.


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