Já faz alguns dias que eu e a Lisanna não conversamos, não por ela estar me evitando, na verdade é o contrario, eu é que tenho me desvencilhava dela, eu não odeio ela, mas também não consigo suportar isso, ainda estou meio confusa, não com meus sentimentos, isso pra mim já esta mais do que claro, é mais pela duvida, pensar que a Lisanna, minha amiga gosta da mesma pessoa que eu, considerando que ela deve gostar dele à mais tempo, me deixa um pouco angustiada, não quero perder o Natsu, não vou perder ele, todavia também não quero perder a amizade dela.

Deixei o meu corpo escorregar pela cadeira, Natsu e eu estávamos tomando o cafe pra ir ao colégio, ele olhou pra mim, um pouco confuso.

— O que você tem? — perguntou erguendo uma das sobrancelhas, dei um longo suspiro.

— Não é nada... só estou cheia de coisa pra resolver — disse brincando com o meu suco.

Natsu inclinou a cabeça pro lado e apoiou na mão.

— Eu posso te ajudar em algo? — indagou.

— Você é o problema — sussurrei pra mim mesma, mas ele não escutou — Não precisa, não é nada serio.

Ele me lançou um sorriso encantador.

— Qual quer coisa é só me avisar — disse com a voz suave, mas com uma expressão meio preocupada

Como eu odeio aquela expressão, me encarando com cuidado, me analisando, eu tenho que falar pra ele parar alguma hora, mas acho que agora não seria uma boa.

Levantei junto dele e seguimos pra colégio, no caminho todo, não falamos nada, não tínhamos assunto, e isso estava me incomodando, estava um silencio tenso e pesado entre nós, na realidade, ultimamente tem sido assim, mais precisamente, desde a minha passada no hospital, o Natsu esta estranho, parece que esta escondendo algo de mim, as vezes de noite, ele sai e só volta de manhãzinha, uma noite, quando perguntei onde ele ia, o Natsu deu uma risada reprimida e disse que era uma surpresas, naquela noite eu mal dormir, de tanta desconfiança, todas as vezes ele chegava tão feliz, eu meio que não queria admitir, mas será que ele tem alguém?!

Quando chegamos na frente do portão, olhei pra traz, Natsu tinha parado.

— Natsu...?! — chamei-o — O que foi? Não vai entrar?

Ele sorriu e abanou a cabeça, negativamente.

— Eu tenho que fazer uma coisa hoje — se explicou meio animado.

Senti meu estomago revirar, uma sensação de abandono surgiu em mim e ia subindo até a minha garganta, sutilmente me virei e adentrei a escola, uma pontada de tristeza me abordou, sentia-me como se algo tivesse sido arrancado de mim, e isso era horrível.

Caminhei até a sala, como sempre la estava uma bagunça, mas eu pouco me importei, sinceramente, hoje eu não estava com nenhum pingo de vontade de estar ali, dei um suspiro e caminhei pro meu lugar ao lado da Levy, quando me sentei, ela me olhou e ergueu a sobrancelha.

— O que aconteceu? — perguntou um pouco incomodada com a minha desanimação.

— Acho que o ele ta saindo com alguém — disse direta e a azulada arregalou os olhos com a surpresa.

— O Natsu...?! — assenti — Por que acha isso? — indagou um pouco mais amena.

— Ah... acho que o Natsu ta me escondendo alguma coisa... é que ele anda meio sumido, e ele não é de fazer isso, — disse fazendo um biquinho de indignada, que era o que eu realmente estava.

— Quem anda sumido? — uma voz feminina perguntou atrás de mim, olhei sombre meus ombros e vi os fios grisalhos, Lisanna.

Eu nada disse, desviei o olhar, meio que envergonhada de lembrar da nossa conversa e Levy se encarregou de falar por mim.

— É o Natsu e a Lu–chan acha que é isso porque ele deve ta saindo com alguém — disse meio rindo e Lisanna deu um pequeno riso e se virou pra mim.

— Ah, Lucy, não se preocupe, aquele lá é um tapado e acho difícil que ele esteja saindo com alguém... — riu alto dessa vez.

Fiquei encarando a face risonha dela, me perguntando como ela conseguia ser tão natural comigo, nessa hora me senti uma idiota por estar evitando ela, dei um sorriso meio acanhado pra ela que alargou ainda mais o seu.

— É... vocês devem estar certas — comentei com um sorriso fraco.

Mesmo com as palavras da Lisanna, eu ainda não tinha me convencido de todo, o Natsu é tão imprevisível que eu nem sei mais o que pensar.

[...]

Sai da sala e fui caminhando pelo corredor sozinha, as aulas já tinham terminado e nem sinal do Natsu, ele não tinha vindo e nem mesmo ligou pra mim, suspirei, Lisanna era outra que não tinha aparecido na ultima aula, nem fui capaz de falar com ela.

Andei mais um pouco e encontrei o Gray encostado num armário conversando com a Juvia, Gray me viu e acenou me chamando, apertei mais o passo e parei bem a sua frente, tanto ele quanto a Juvia estavam sorrindo muito, estranho, mas deve ser o comum entre eles.

— Lucy...?! O que ainda esta fazendo aqui? Por que não esta com o Natsu? — perguntou o Gray, me deixando confusa, ele não sabia que o Natsu não estava na escola hoje?!

— Gray–sama... — chamou a Juvia — Juvia acha que a Lucy–san não sabe que o Natsu esta ai — comentou ela fazendo ele se tocar e me deixando um pouco ansiosa, do nada me bateu uma vontade de ver ele.

— Verdade, verdade, Lucy, você não sabe onde ele ta, né? — me perguntou e eu assenti, ele deu um sorriso — Ele ta na sala 18.

Sorri, agradeci e não perdi tempo em sair correndo para aquela sala, passei um tempo procurando ela, já que não a conhecia ainda, subi as escadas e final achei a sala, mas antes que eu pudesse abri-la, ouvi vozes de la de dentro.

[— É... é lindo...?! —] exclamou a primeira voz, comecei a prestar mais atenção [— Minha nossa, deve ter sido muito cara.]

Congelei, era a voz da Lisanna, me encostei mais na porta e pude ouvir mais claramente o que conversava.

[— Bonita, não é...?! —] dessa vez foi uma voz mais grave, masculina, mais precisamente, foi o Natsu [— Você gostou? —] perguntou, senti certo ciúmes, pensar que ele esta mostrando algo à ela e não à mim, me deixa um pouco insegura, me apoiei um pouco mais na porta.

[— Amei, sem duvida, é lindo de mais —] disse ela tão animada, suspirei desolada e me apoiei mais ainda na porta, que erro enorme eu cometi neste feito.

A porta não aguentou o meu peso e abriu, caiu dentro da sala de joelhos e a porta fez um enorme barulho quando bateu na parede, Natsu e Lisanna desviaram o olhar pra mim, um pouco em choque ainda olhei pra eles, o que eu vi fez meus olhos lacrimejarem, Natsu estava a frente da Lisanna, muito perto, e na sua mão estava uma caixinha com uma aliança e ela segurava a outra com delicadeza, engoli em seco e me levantei, limpando a minha roupa com a cabeça abaixada, não queria que eles vissem que eu tinha me magoado.

— M-me d-desculpa por interromper... — minha voz tremeu um pouco, mas não esperei uma resposta deles, sai correndo da sala, apenas podendo ouvir o Natsu gritar o meu nome.

"Pov’s Autora On"

Natsu entrou na escola correndo, ele sabia que a aquela hora já estava prestes a acabar a aula, ele tinha acabado de voltar da joalheria e estava ansioso pra fazer a tão esperada surpresa.

Correu pelos corredores e encontro Gray conversando com a Juvia.

— Ei...?! — chamou os dois — Você sabem onde a Luce ta? — perguntou visivelmente animado, os dois sorriram.

— Calma Natsu, Juvia acha que Lucy-san ainda não saiu da sala — comento Juvia rindo um pouco da indignação do rosado.

— Ainda não acabou?! — bufou — Bom, que seja, quero fazer uma surpresa pra Lucy, quando ela passar aqui, diga que eu estou na sala 18 esperando ela — o casal assentiu e ele saiu correndo mais uma vez.

Quando subiu as escadas, Lisanna esta para descer mas parou quando o viu.

— Natsu...?! — a albina desviou o olhar pra mão dele e pode ver uma caixinha vermelha de veludo na mão dele, ela comprimiu os lábios e forçou um sorriso — Natsu, posso falar com você um pouco?

O rosado achou estranho o jeito que ela tinha falado, mas acenou positivamente e a guiou até a sala 18.

Lisanna caminhou até uma das mesas e se sentou, Natsu fechou a porta e se aproximou da albina, um ar meio tenso se formou na sala, uma tesão que só foi quebrada quando Lisanna começou a falar.

— Natsu... o que... o que vai fazer com isso? — apontou pra caixinha.

— Isto?! — levantou o pequeno objeto e sorriu — Vou dar à Luce.

Lisanna engoliu em seco e reuniu um pouco de coragem.

— Você vai... pedi-la em namoro? — perguntou temerosa e Natsu corou um pouco, desviou o olhar e coçou a bochecha um pouco sem jeito.

— V-vou... realmente gosto muito dela.

Uma dor perfurou o corpo de Lisanna, mas ela não demonstrou, não queria demonstrar, não pra ele, forçou um sorriso, pelo menos ela queria apoia-los.

— Eu posso ver? — indagou com a voz um pouco fraca e Natsu assentiu.

Ele se aproximou e abriu a caixinha deixando que ela veja o conteúdo, eram duas alianças pratas, a menor tinha três pedinhas no meio e por dentro tinha algo escrito, provavelmente uma homenagem, a outra, a maior, não tinha muito detalhes, era contornada com a marca de três círculos em torno da aliança e dentro também tinha algo escrito, Lisanna se atreveu a pegar a aliança que era a de Lucy e a rodou, visando toda a extensão.

— É... é lindo...?! — exclamou nostálgica e logo depois arregalou os olhos — Minha nossa, deve ter sido muito caro.

Natsu riu do pequeno drama dela.

— Bonita, não é...?! — disse também um pouco nostálgico, de fato era muito bela, quase tão bonita quanto Lucy — Você gostou? — perguntou curiosamente com o brilho nos olhos dela.

— Amei, sem duvida, é lindo de mais — sorriu largamente.

Antes que pudessem continuar a conversar, ouviram um estrondo perto da porta, os dois desviaram o olhar meio assustados pra porta e viram Lucy ajoelhada no chão.

Quando Natsu viu os rosto dela, seu coração se apertou, ele pode ver o resquício das lagrimas, ele queria ter falado algo naquela hora, mas não conseguiu, Lucy se levantou um pouco desajeitada e começou a limpar a sua roupa impossibilitando de Natsu ver seu rosto.

— M-me d-desculpa por interromper... — a voz tremulou e Lucy saiu correndo.

— Lucy... — chamou mais ela já tinha saido correndo.

Ele ficou olhando a porta pela qual Lucy tinha passado, Lisanna tentou visar os olhos dele, mas quando o fez, se arrependeu, o olhar dele estava tão perdido, tão distante, ele estava pensando nela, Lisanna sabia que desde que ela entrou na vida dele, ela tinha entrado no coração dele, mas a albina não culpava ela, não culpava ninguém, porque não há uma pessoa neste mundo que escolhia quem amar, e ela não era uma exceção, mas, se Lisanna pudesse escolher, ela preferiria não ama-lo.

— Natsu — chamou, ele demorou um pouco para poder olha-la — Natsu, vai atras dela — sorriu de canto, um sorriso fraco e abatido.

Natsu ainda fez que falaria algo, mas não falou, ele levantou o rosto para poder olhar direto nos olhos dela e sorriu.

— Obrigado — e saiu correndo da sala.

Quando o rosado estava saindo esbarrou em Mira, mas não paro, ele tinha algo muito mais do que importante pra fazer naquele momento.

Mira olhou o garoto apressado e depois desviou a atenção para a sala, e entrou, avistando Lisanna sentada olhando pra janela.

— Lissana? — chamou com a costumeira voz suave — O que aconteceu?

A albina menor olhou a irmã e sorriu de canto.

— O Natsu vai falar pra ela, Mira — disse com a voz meio chorosa, Mira se surpreendeu.

— Oh, querida, esta tudo bem pra você? — interrogou com certa preocupação, Lissana assentiu.

— Esta, não há nada que eu possa fazer mesmo, não é?!

Mira caminhou até ficar de frente pra irmã e envolveu ela em um abraço gentil.

— Lisanna, não precisa segurar a magoa — disse acolhedora como sempre.

A menor, um pouco tremula, retribuiu ao abraço, os olhos umedeceram e as lagrimas que antes ela esteve segurando, aos poucos foram se libertando.

— Por que Mira?! Por que tem que ser ela, por que ela conseguiu e eu não, não entendo, não consigo suportar isso — despejou sobre a irmã ao choro, Mira dava tapinhas de consolação nas casta dela.

— Ah, querida, não tem o que explicar, é apenas o que tinha que ser.

Naquele dia, ela chorou tudo que havia guardado por anos, ela chorou tanto que parecia uma criança machucada no colo da mãe.

[...]

Natsu estava ofegante e parou na frente de uma porta, tinha rodado a escola toda e não a tinha achado, agora só restava um lugar, a biblioteca, ele respirou fundo e abriu a porta, se sentiu mais aliviado e meio angustiado, a loira estava la, mas não do jeito que ele esperava, ela estava sentada no chão, o rosto estava encostado nos joelhos e as mãos rodeavam as coxas por baixo, um choro fino fazia ruídos junto de pequenos soluços.

O de cabelos róseos fechou a porta e caminhou até ela, Lucy em nenhum momento ousou levantar o rosto, Natsu suspirou e tocou o topo da cabeça dela.

— Luce... — chamou, porem ela não o olhou — Luce olha pra mim — pediu e dessa vez ela levantou o rosto revelando as marcas das lagrimas, Natsu correu o dedo pela pela úmida e a secou — Por que estava chorando?

— E-eu... p-porque você e... a Lisanna estavam... — não terminou, a voz falhou no final, Natsu deu uma risada meio distraída.

— Luce, eu e a Lisanna não temos nada — sorriu e Lucy olhou fundo os olhos dele.

— Ve-verdade? — perguntou um pouco desconfiada, feito uma criança.

— Verdade, sim, e sabe porque não temos nada? — perguntou e ela negou, mais uma vez ele riu — Porque eu gosto de outra pessoa.

— Outra? — a voz voltava a ficar chorosa.

— Sim, outra, e quer saber quem é a outra? — Lucy assentiu, mais um riso da parte dele.

Ele pegou a caixinha vermelha no bolso e deu à ela, Lucy abriu e visualizou a mesma aliança que antes, ela pegou a menor e olhou dentro, na gravura, seus olhos lacrimejaram mais uma vez, só que dessa vez de felicidade.

"Você é a mulher da minha vida, Lucy"

Era o que estava escrito, ela levantou o olhar e pode ver o sorriso largo que ele dava, Natsu não disse nada apenas pegou o anel e colocou no dedo dela, fazendo o mesmo com o outro anel na sua mão, ele entrelaçou as mãos com as alianças e com a outra mão pegou uma mecha de seu cabelo loiro e enrolou nos seus dedos.

— Lucy, eu... eu gosto de você... eu amo você — corango minimamente, reunia toda a coragem que precisava — Então... quer... quer namorar comigo? — peguntou um pouco corado.

Lucy apertou a mão dele e mal conseguia falar.

— Eu... eu... você... sim, claro, quero... — disse meio embolada e sorrindo.

Natsu engoliu em seco e aproximou os rostos um pouco, poucos centímetros dos lábios dela e respirou o perfume dela, o cheiro dela, tomou um pouco mais de coragem e aos poucos pode sentir o atrito entre as duas bocas, a suavidade dos lábios dela iam passando pros seus, doçura que ele provou o levava a insanidade, aos poucos eles separaram o contato e ficaram perto do rosto um do outro, e um pensamento de felicidade e realização passou pela cabeça dele.

"Agora ela é minha, e eu sou dela"

Era um momento feliz pra eles, um momento que eles estavam aproveitando ao máximo que podem, eles se tornariam um até que o fim do mundo chegasse. Infelizmente, o fim do mundo deles não estava longe.