Destinados - Tomione escrita por Teddie


Capítulo 5
"Não lhe ajudei esperando por alguma coisa, Granger"


Notas iniciais do capítulo

Desculpe a demora gente, sinto muito mesmo. Não vou encher o tempo de vocês perturbando com as desculpas, ou justificativas, mas espero que gostem desse.
Dedicado a LizaChevalier pela primeira recomendação. Obrigada sua linda!



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Tom acordou com muita disposição. Ainda estava amanhecendo e ele deixou sua mãe dormindo na cama ao lado, tomou uma xícara de chá, e vestindo sua roupa de linho e suas botas, saiu para mais um dia de trabalho.

O vento soprava uma brisa fresca e gelada na manhã de verão, e Tom estava pronto para dar um mergulho no mar agitado antes de ter que repassar mensagens. Suspirou, mesmo acordando feliz e bem disposto, estava cansado de tanto trabalho.

A atmosfera das terras Granger era muito marrom. Todas as casas eram marrons, o solo era muito marrom, e por mais que houvesse árvores, o marrom estava por toda parte. Até sua roupa era marrom.

Fora o cheiro de queimado constante que aquelas terras tinham. No último mês, vira três bruxas sendo queimadas, e ele quase não aguentou.

– Caraminholas na cabeça, Sr. Riddle? - ouviu uma voz feminina lhe chamar, e soltou um riso ao reconhecer.

– Atalanta, o que fazes essa hora da manhã aqui pelas ruas?

Atalanta Vanderbilt era a garota dos sonhos das terras Granger. Tinha cabelos negros como a noite e com ondulações perfeitas, a pele bronzeada de passar o dia na venda do pai. Os olhos eram dois orbes azuis cinzentos que pareciam te analisar de cima a baixo, e seu corpo tinha as curvas certas, muito mais voluptuosa do que qualquer garota de dezesseis anos das terras.

Uns diziam que ela tinha descendência cigana, e muitos diziam que ela tinha olhos de bruxa, mas por sempre ir à igreja e ser católica fervorosa, deixavam passar.

Muitos ofereceram riquezas para o Sr. Vanderbilt no intuito de se casar com Atalanta, mas ele recusava todos, e dizia que Atalanta nunca se casaria sem amor. Era quase um revolucionário.

O que ele não sabia era que Atalanta já amava alguém, e que esse alguém estava bem na frente dela. Tom e Atalanta passaram a infância juntos, depois que ela e o Sr. Vanderbilt chegaram às terras Granger. Logo ambos desenvolveram uma amizade grande, Tom havia acabado de perder o pai e Atalanta fora seu porto seguro.

Tom nunca considerou namorar Atalanta, mas sabia que um dia teria que se casar, e gostaria que fosse com alguém como a morena, amiga dele, bonita e fiel. Talvez se casasse com ela no futuro, se ela não conseguisse nenhum pretendente.

– Papai pediu-me para recolher ovos frescos - a morena revirou os olhos - Eu perguntar-lhe-ia o estás fazendo, mas é óbvio. Vais à praia?

Tom sorriu, Atalanta conhecia-o como ninguém, mas ele não podia dizer que era recíproco. Ele sabia pouco sobre a história da amiga antes deles chegarem às terras onde viviam, e sempre que perguntava pela mãe da garota, ela desconversava e dava uma explicação rápida para a morte dela.

– Sim, e depois irei trabalhar. Quer juntar-se a mim?

Ela abriu um sorriso que mostrava todos os dentes brancos, os olhos cinza avaliavam Tom por inteiro.

– Eu adoraria um banho de mar, Tom! Infelizmente tenho que fazer as vontades de papai.

Ela é o oposto da Milady Granger, Tom pensou, embora não soubesse porque estivesse se lembrando de Hermione. Enquanto Atalanta era independente, trabalhadora e pobre como ele, Hermione era a filha do seu patrão, tinha tudo o que queria e ainda estudava em algum lugar desconhecido.

– Falando nisso, Tom, preciso contar-lhe algo.

Pela primeira vez, Tom viu Atalanta hesitando em algo.

– Pois diga, Tally.

– Eu... eu... - antes que pudesse concluir, Tom ficou estático, e uma dor no peito o assolou.

Alguma coisa muito errada estava acontecendo.

– Tom! Tom Riddle, onde pensa que estás indo? Tom, volte aqui! - ela gritou, mas foi inútil, Tom já corria em direção à praia.

Nunca tinha sentido aquela dor no peito na vida, aquele pressentimento de que algo ruim ia acontecer, só sabia que precisava chegar à praia o mais rápido possível.

E quando pôs os pés na areia entendeu o porquê. O grito apavorado que vinha da direção do mar o desconcertou completamente, e só despertou quando a onda que veio submergiu de vez a pessoa que estava lá no fundo.

Tom correu o mais rápido que pode, se livrando do colete de couro marrom que vestia. Pulou na água gelada, não se importando com o frio que fazia. Nadou o mais rápido o possível, até que viu.

Era Hermione.

Ela o olhou uma vez antes de fechar os olhos e dar um suspiro. Alarmado, puxou-a pelo braço, e meio que a carregando, meio que a abraçando, nadou de volta para a areia. Foi difícil, a correnteza estava forte e Hermione por mais que fosse pequena e magra, era um pouco pesada.

Respirando com dificuldade ele colocou o corpo inerte e frio de Hermione na areia. Ela estava pálida como morta e com os lábios roxo escarlate. Mas respirava com dificuldade.

Ele fez como ele vira uma vez, apertou o nariz dela e colocou seus lábios nos dela, tentando expelir a água que a menina tinha ingerido, e ao mesmo tempo, pressionou a palma da mão livre contra o peito dela repetidas vezes.

Ele se separou dela, olhando o corpo inerte. Nada. O desespero o abateu, ele não podia deixá-la morrer.

Colocou os lábios contra o dela novamente, e aumentou o ritmo das pressionadas.

Sentiu o corpo da menina tremer e se separou dela.

Hermione arregalou os olhos, vomitando com violência a água que estava em seu corpo, tossiu até ficar sem forças e tremia compulsivamente.

Quando ela parou de tossir, Tom esperou vários tipos de reação da parte dela, imaginou que ela fosse agradecer, que fosse tentar se levantar, qualquer coisa.

Menos pular em seus braços em um abraço e começar a chorar compulsivamente.

Tom ficou sem reação, não estava acostumado com choro, muito menos com abraços, principalmente vindo de uma menina bonita como Hermione.

Sem jeito, ele passou os braços em torno do tronco da castanha, e esperou até que ela se acalmasse, o que parecia que ia levar tempo, já que ela soluçava como criança. Passou as mãos delicadamente pelo corpo dela, numa tentativa falha de carinho.

Sentiu algo estranho quando fez isso, um choque percorreu seu corpo, quase quando eles se tocaram pela primeira vez. mas não era tão estranho quanto o fato de parecer que os corpos dos dois se encaixavam perfeitamente.

Pare de pensamentos bobos, ordenou a sua mente.

Quando Hermione parou de chorar e se soltou dele, ele pôde avaliar o estado da menina. Os cabelos castanhos estavam armados e bagunçados, os olhos vermelhos e inchados e os lábios roxos, fora que estava toda suja de areia e ainda tremia de frio.

Mas ele não devia estar muito melhor.

– Sinto muito - fungou, tentando secar as lágrimas, mas se sujando ainda mais de areia.

Tom franziu o cenho, será que a água tinha mexido com o cérebro dela?

– Pelo que exatamente, Milady?

– Por fazê-lo se cansar e ficar todo molhado, por minha culpa você está todo sujo.

Incrivelmente, Tom riu. Hermione o fitou confusa.

– Olhe para você, Milady Granger, acabou de passar por um trauma gigantesco e pede desculpas? - ela pareceu entender e se permitiu rir.

– Então quero agradecê-lo por me salvar, eu não suportaria morrer agora, e você trouxe-me a vida de volta. Serei eternamente grata, Sr. Riddle - ela tremeu e esfregou os braços contra o corpo.

– Milady, eu não aguentaria saber que por minha culpa alguém não conseguiu sobreviver, não me agradeça.

Ela sorriu com os lábios roxos, e Tom viu tudo em sua volta mudar.

Ele sempre acreditara que Hermione Granger fosse uma menina fútil e inútil, como o pai dela, alguém que não se preocupava com a vida dos funcionários, e que só se importasse com seu próprio umbigo. Mas a castanha era diferente de tudo que ele estereotipou, ela era frágil, engraçada, e por mais que estivesse mal, se preocupava verdadeiramente com ele.

Ele pediu para ela esperar e correu até seu colete jogado, trazendo para perto dela.

– Tire seu espartilho, Milady - ele disse, e Hermione ruborizou na hora. Quando Tom entendeu o significado, ficou ainda mais vermelho que ela - Quero dizer, sinto muito, é... Coloque meu colete, irá aquecê-la.

A menina agradeceu, e pôs o colete de couro marrom por cima do vestido molhado e sem tirar o espartilho preto. Tom reparou que ela ficava ainda mais bonita de verde.

– Precisa voltar para sua casa, Milady - falou, constatando que o Sol já estava brilhando e Lorde Granger poderia ficar preocupado.

– Não posso voltar para casa assim - exclamou, alarmada - E por favor, pare de chamar-me de Milady, meu nome é Hermione.

– Desculpe, Mi... Hermione - se corrigiu e a ideia foi se formando na cabeça dele - Se não puder ir para casa, sei de um lugar que posso te levar.

(...)

Atalanta estava muito irritada.

Ela não conseguia parar de fuzilar Tom com os olhos enquanto Hermione se lavava e trocava de roupa nos seus aposentos.

Ela queria matar Tom Riddle.

– Não acredito que a trouxeste aqui, Tom Riddle. Passaste a vida falando das injustiças que o pai dela comete e da indiferença dela e o que tu fazes? Tu a trazes aqui! - sussurrou furiosa, enquanto o menino se limpava com uma toalha.

– Sinto muito, Tally. A salvei do afogamento e ela não podia ir para a casa - sussurrou de volta.

Tally bufou irritada e jogou os cabelos negros para trás. Não conseguia ficar com raiva de Tom, não quando ele fazia aquela cara de cão arrependido.

Atalanta abriu a boca para ofender Riddle, mas antes que pudesse o fazer, Hermione saiu dos aposentos da morena, e o queixo de Tom caiu.

Ela usava um vestido antigo de Atalanta, de quando a morena ainda tinha uns treze anos, mas serviu perfeitamente em Hermione, que já tinha quinze. Era azul celeste com bordados em preto, marcava o busto dela perfeitamente e ia até os pés dela, com uma anágua discreta. Os cabelos foram penteados e estavam presos em um coque com umas mechas soltas.

Tom nunca viu nada tão divino quanto Hermione naquele momento. Atalanta também percebeu, e não gostara nem um pouco.

– Fico imensamente agradecida com sua ajuda, Srta. Vanderbilt - sorriu delicadamente e esticou a mão na direção de Atalanta. - Falarei com meu pai e uma recompensa será entregue.

O sorriso de Tom diminuiu com a careta de raiva que Atalanta fez. A menina estapeou a mão de Hermione, que recolheu a dela com um susto.

– Não lhe ajudei esperando por alguma coisa, Granger. Fiz por causa de Tom. Por que no lugar de me oferecer falsas recompensas não pensas nas pessoas que realmente precisam nessas terras? Pessoas que vosso pai não olha, e que realmente sofrem - cada palavra parecia uma faca no peito de Hermione, e ela queria chorar - Se eu pudesse eu a deixaria morrer nas águas da Inglaterra, e não me importaria. Agora, por favor, retire-se de minha casa, antes que eu o faça a força. E espero não vê-la nunca mais.

Estarrecida, Hermione saiu, olhando uma última vez para Tom, que observava tudo de queixo caído. Atalanta possuía o queixo empinado, numa tentativa de superioridade.

– E você? - perguntou, apesar da postura firme, a voz da morena estava embargada. - Aposto que irá atrás dela.

Tom assentiu, claro que iria. Hermione não merecia as palavras duras de Atalanta.

– Se passar por essa porta, não lhe perdoarei, Tom. Quer dizer, sempre criticamos a postura dessa menina, e sua família, não pode querer segui-la depois da ofensa que ela me fez, quando me ofereceu dinheiro.

– Mas também sempre falamos de mudanças, Tally. Eu sei que Hermione é diferente do que achas.

– Se passar por esta porta, pode esquecer-se de minha amizade. Não lhe perdoarei nunca.

Tom suspirou, abrindo a porta.

– Tenho certeza que irá.

E bateu, deixando Atalanta chocada do lado de dentro.

Procurou Hermione com olhar, e por algumas ruas e não foi encontrá-la em uma fonte, sentada e chorando discretamente. Poucas pessoas passavam por aquelas ruas e a maioria a ignorava, não reconhecendo a menina.

Tom sentou-se do lado dela, passando a mão, retesante, pelo rosto delicado. A menina o olhou, e seu olhar era tão dolorido que Tom queria abraçá-la e nunca mais soltar.

– Eu sinto tanto pelo que Tally disse. Ela não costuma ser assim, geralmente ela é uma boa pessoa - tentou se desculpar, mas a Granger negou veemente.

– Tom, a srta. Vanderbilt está certa, eu passo muito tempo longe, e meu pai não pode olhar e cuidar de todos. Ele sempre garatiu-me que o fazia, mas pode estar mentindo - falou mais par ela, como se estivesse acostumada com mentiras do pai. - Sei que quando eu tiver a posse das terras, comandarei melhor, e quero começar de agora. Por favor, Leve-me aos mais carentes, e para conhecer toda a propriedade.

Tom franziu o cenho, nunca tinha visto ninguém falar com tanta determinação.

– Tem certeza, Hermione?

A menina assentiu, e para assustar Tom novamente, pulou em seus braços para outro abraço.

Tom poderia abraçá-la para sempre.

– O que está havendo aqui?

O sangue de Tom gelou e Hermione pulou para longe dele, parecendo tão pálida quanto ele. A resposta para isso estava no homem com vestes negras em cima do cavalo, acompanhado por um ruivo alto e estranho.

O homem tinha cabelos castanhos e uma barba espessa com fios grisalhos. Parecia furioso. Tom nunca o viu pessoalmente, mas sabia quem era. Todos sabiam.

Era o Senhor Granger.




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Notas finais do capítulo

O que acharam?