Beyond two Souls escrita por Arizona


Capítulo 43
Não haverá luta justa


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelos comentários do último capítulo ;D



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/561095/chapter/43

Pedi a arma de Pullox para continuar dando cobertura, mas Peeta já passava para fora. Ele virou-se para ajudar Finnick, porém, antes que conseguisse sair, um dos bestantes o puxa para baixo. Peeta passa a lutar para puxar Finnick de volta. Junto-me a ele segurando pelo camisa. Cressida que está ao lado, vem nos ajudar puxando-o também pela camisa.

Finnick grita de dor enquanto o bestante morde suas pernas. Ajo mais rápido pegando a arma novamente e o Holo. Aproveito o cano cumprido da arma, conseguindo chegar próximo a cabeça do bestante onde atiro. A criatura cai soltando Finnick que é puxado para cima. Digo o comando de alto destruição do Holo, jogando-o na multidão de bestas sob mim.

Fecho a tampa de ferro antes que exploda.

Ao virar-me, vejo que Finnick está deitado no colo de Peeta, suas pernas foram muito feridas com mordidas enormes. Ajoelho ao lado deles no exato momento em que Finnick começa a sangrar pelo nariz.

— Não, não, não! – Peeta clamava desesperado – Ei amigão, não faz isso com a gente. Aquenta firme.

Peeta chora vendo Finnick agonizar em seus braços. Pego-me chorando da mesma forma enquanto seguro sua mão como se isso pudesse faze-lo se sentir melhor.

— Pee... A Anne... – Finnick tenta dizer mas não tem folego o suficiente.

— Não amigão, ela precisa de você!

Finnick pensava na única pessoa que ele amou antes que seus olhos perdessem a luz.

Vi o calor deixar seu corpo, e a cor abandonar seu espírito. Vi ele chorar e sonhar com o que já não podia mais.

Finnick Odair está morto.


O brilho da vida lhe deixou seus olhos. Os que a pouco eram belos verdes vibrantes, como as águas do mar no Distrito 4. O rosto jovem de Finnick será apenas uma lembrança. E a pobre Annie tão dependente dele...

Deus, o que vai ser daquela mulher?

Peeta chora sobre o corpo morto do amigo, tendo a absoluta certeza de que aquela era mais uma morte em vão. Finnick foi sempre quem segurou a barra para ele, mesmo quando Peeta era só um menino. Se não fosse por isso, talvez ele tive se tornado um adolescente doentio. 

Qual a medida que usamos para quando perdemos alguém importante? Quantos dias de luto são necessários? E ainda mais quando esse alguém foi quem te levou para conhecer a esperança?

Olho para o meu esquadrão derrotado, apenas cinco de nós sobreviveu até aqui. Quero dizer para que levantem, no entanto, nem eu tenho forças para ficar de pé. Junto as costas na parede de concreto, escorregando até está sentada no chão.

Enfio o rosto nas mãos chorando desesperada. É tão mais fácil desabar que continuar lutando. Eu queria tanto me entregar a desolação, mais tanto, que se não fosse o comichão no meu ventre eu já estaria lá.   

Só queríamos uma segunda chance para mudar o futuro, e nada de ruim pelo que passamos pudesse existir. Mas quem seriamos nós sem as maldiçoes desse mundo se um bater de asas de uma borboleta provoca um tsunami? A maldade está na essência do homem, e todas as guerras que fizemos foi por ganancia.

O silencio só é interrompido pelo prato entre nós. Além de mim e Peeta, Pollux chora por seu irmão. Castor não foi o único que perdemos. Gale está sentado de cabeça baixa enquanto Cressida sutura um corte na altura do pescoço.

Ela parece ser a única inabalável entre nós.

A dor é evidente em nossos rostos. Meus músculos tremem de tensão de saber que depois de tudo o que passarmos ainda não estamos seguros. Contudo, não podemos ficar aqui esperando que venha nos buscar. Não tenho certeza se ainda estou na liderança do esquadrão, mas preciso agir como se estivesse. 

— Vamos em frete. – anuncio recolhendo as coisas que estavam espalhadas – Temos que sair daqui. Não temos mais o Holo então, Cressida, Pollux, dependemos de vocês agora.

Eles assentem recolhendo suas coisas para podermos ir. Gale me ajuda separando as armas e contando a munição, agradeço por isso. Peeta ainda está ao lado de Finnick, suas mãos estão sujas de sangue. As lágrimas ainda escorrem molhando seu rosto. Os olhos tão tristes, tão amargurados como brechas presentes na alma.

— Peeta. – agacho-me ao seu lado – Tememos que sair daqui. Anda não estamos seguros.

Apesar do meu pedido ele não reage, continua olhando para o nada. Chama-o mais uma vez e agora ele se abre em choro. Esmurra a cabeça com violência sacudindo-se por inteiro. Tento segura-lo para que não se machuque, só que Peeta é bem maior que eu, por isso mais forte.

— Peeta, para por favor. – involuntariamente começo a chorar – Para de se agredir, para!

Ele continua se batendo dessa vez com mais força abrindo os pequenos cortes no rostos que já tinha. Aflita, junto as forças que tenho para fazer com que pare, mas Peeta parece trancado em seu mundo introspectivo.

Gale vendo meu desespero, esforça-se para algema-lo novamente. Todavia sua ação provoca agressividade em Peeta. E além do mais, não quero que seja trato como o bicho que vinha sendo, por isso peço que Gale se afaste.

— Peeta, olha para mim!

— Vá embora, me deixe aqui. – diz perturbado por seu ataque de nervos – É melhor eu ficar aqui. Vá embora. Me deixe, me deixe.

— Não, por favor. – seguro seu rosto em minhas mãos para que me mire – Eu não consigo sem você. Eu não consigo prosseguir sem você. Peeta, eu preciso de você, nossa filha precisa de você. – os olhos de Peeta ficção nos meus concentrado no que digo – Você é pai dela, e não haverá nem um outro que substitua isso. Fica comigo.

Eu o peço.

Peço lutando contra a desesperança que insiste em dizer que ele não tem mais jeito de voltar para mim. Porém, meu amor por ele é incansável. Meu coração se nega a deixa-lo para trás. Eu fiz a promessa que seria dele, que que cuidaria dele hoje e sempre.

— Fica comigo, Peeta? – refaço a suplica conectada em seus olhos.

— Sempre.

Sempre.

Esta é a promessa.

E é onde devemos está.

Peeta inclina-se sobre meus lábios necessário em seu beijo. Agarro-me a ele pressionando ainda mais sua boca na minha. Sei que ele precisa disso para entender que é real, e eu faço questão que ele saiba disso. Peeta nunca estará sozinho. Por mais que se sinta abandonado, o calor dos meus braços sempre será a verdade que ele procura.

Depois do nosso beijo, o ajudo a ficar de pé. Lavo seu rosto e suas mãos com o sangue de Finnick usando o pouco de água que tinha na garrafa, limpando com algodão os cortes que se abriram.

— Vamos deixa-lo aqui? – ele pergunta olhando em direção ao corpo de Finnick.     

Sinceramente eu não sei o que fazer. Finnick merece um lapide com seu nome, e flores em sua memória. Mas como poderemos leva-lo daqui? Não sei exatamente em que parte da cidade estamos, muito menos se os Rebeldes de fato avançaram como esperado.   

Quando estou prestes a dizer que não há como fazermos para levá-lo, Gale toma a frente. Ele tira sua jaqueta cobrindo Finnick enquanto tranquiliza Peeta ao dizer que assim que conseguirmos ter apoio novamente da base, pediria para que viessem o buscar.

Gale por fim se transforma no líder que não consigo ser.

Esperamos algumas horas até que anoiteça para podermos andar com segurança pela cidade. Cressida avisa que estamos bem no centro da Capital, onde há muitos prédios comerciais, quase todos ligados uns aos outros por um único corredor de segurança para caso de incêndio, o que facilitará nossa transição.

Os flocos de neve já se alojaram no asfalto e nos cantos das grandes vitrines das lojas de luxo. Não é o frio o que me preocupa, mais sim quanto tempo levaremos para atravessa-lo. Existem casulos espalhados por ai onde não podemos vacilar, e não temos mais o Holo para identificá-los.

— Evacuação – observa Gale apontando para uma placa que flutua no meio da rua.   

Há cartazes ordenando que todos os cidadãos da Capital se dirijam para a Mansão Presidencial, onde terão comida e abrigo. Fico pensando que se a força Rebelde atacar, todos estarão encurralados contra as colinas que deveriam funcionar como uma fortaleza, como foi nos Dias Escuros.

Questiono-me se Snow não entendeu o primeiro plano dos Rebeldes, e se entendeu, fez a evacuação de propósito. Ou melhor, com um propósito maligno.

A outros cartazes têm os rostos dos Vitoriosos aliados a causa Rebelde. Eu mesmo morta, ainda apareço entre os tais.  

Gale força uma das portas de vidro para entrarmos, no entanto, pela fonte elétrica está corada as travas estão selada totalmente, por isso ele tem que usar a coronha da sua arma para quebrar a vidraça. Gale vai a frente para verificar se há casulos dentro da loja. Ele some na escuridão voltando poucos segundos depois avisando que a área está limpo.

Mesmo incerta, dou minha pistola a Peeta para que se proteja caso nos deparemos com algum casulo. Seguimos Gale silenciosamente por entre os  manequins com roupas extravagantes. A única luz que temos é a do bastão que Gale carrega. A porta que dar acesso ao corredor fica nos fundos da loja, há uma placa indicando que é a saída de emergência, então certamente não estará trancada.

— Preciso conferir se tem casulo. – Gale diz antes entrar.

— Eu faço isso. -  Peeta o interrompe pondo a mão na maçaneta.

Meu coração se aperta em agonia. Não quero que ele faça isso. E se houver casulo? Vai estourar em cima dele assim como foi com Boggs. Eu lutei muito para manter a sanidade dele nesse inferno, não vou deixar que morra de um hora para outra.

— Você não vai. – pego-o pela mão, puxando-o de volta.

— E quem vai então?! – retruca irritado por eu não deixa-lo ir.

Fico pensativa por um estante, não tinha me dado conta disso. Olha para Peeta analisando seu rosto, apesar de irritado ele não parece a ponte de mais uma crise nervosa, portanto, isso me abre espaço para dizer que irei sem tira-lo do sério. 

— Eu. – respondo simplesmente arrumando o arco na mão.

— Está brincando comigo? – Peeta dar um sorriso irônico levemente debochado, eu conheço esse tom – Com todo respeito, Pollux é mudo. Cressida embora seja uma mulher muito corajosa ainda é uma repórter. E você está gravida. Eu não vou deixar que você gravida do meu bebê passar por essa porta sem estar em segurança.

Merda!

Por que Peeta tem que destruir todos os meus argumentos?

Deve ser porque eu sou ingênua demais para competir com ele. É a primeira vez que fala abertamente sobre minha gravides na frente de terceiros e eu estou vermelha de vergonha, enquanto ele quer só me proteger.

— Katniss, - Peeta segura meus ombros para que eu o olhe – Gale precisa estar aqui para proteger vocês se algo aconteça, ele pode fazer isso melhor do que eu. E além do mais, também fui treinado para combate. Posso fazer isso.

Eu sei que ele pode, eu só não quero que faça. Infelizmente, não há nada mais que eu diga ou faça que o fará voltar atrás.

Suspiro pesaroso lamentando-me quando sinto seus braços rodearem meu corpo. O abraço que poderá ser o último, mas que eu apelo para que não. Peeta deixa um beijo na minha testa e acaricia o ventre com nossa filha, então vai para porta engatilhando a arma.

— Tem certeza? – Gale o questiona mais uma vez.

— Absoluta.

— Não foi isso o que eu quis dizer.

— Gale, não vou sair do controle. – Peeta enfatiza – Vou está morto.

Ele enfim gira a maçaneta abrindo a porta. Dá o primeiro passo contra o breu sem sofre nem um risco. Gale entrega o bastão de luz para que ele siga a diante dando seguidos passos cautelosos. Meu coração dispara a cada metro inseguro que ele avança. Mas que inferno.

— Está totalmente escuro, não dá para ver. – ele diz no meio do corredor – Acho melhor não irmos por aqui.

Assim que Peeta termina de falar, o casulo dispara. Mas não é realmente “um casulo”, e sim o alarme de segurança que é acionado. Os sinalizadores vermelhos clareiam todo o corredor ao mesmo tempo que o som agudo do alerta ecoa gritante.

— Corram! – Gale exclama empurrando todos nós para dentro do corredor.

Desatamos a correr pelo estreito espaço procurando uma escapatória. Corremos, corremos, corremos. Viramos a esquerda. Viramos a direita. Porém não há uma saída que nos tire daqui. Peeta verbaliza um palavrão furioso por haver apenas paredes cinzas e nem uma porta. A luz vermelha continua girando em cima de nós assim com o alarme irritante.

Gale de repente para diante de uma porta que nos levaria novamente para dentro uma outra loja. Ele tenta abri-la, no entanto, esta parece trancado pelo outro lado.

— Pollux, me ajude aqui!

Ele se aproxima para ajudar Gale a arrombar a porta. Peeta logo se junta a eles para ajudar também. Os três tentam forçar a tranca de todo jeito, e quando não conseguem, se revisão para derruba-la. Estou quase pedindo que desistam quando Pollux alcança empenar um pouco a porta. Então novamente os três a forçam até que as trancas são afrouxadas e se abrem.

No momento em que passo pela porta, um tiro vindo do lado de fora atravessa o vidro da loja, passando próximo ao meu rosto. Jogo-me no chão para me proteger, tentando enxergar quem estar do lado de fora, mas logo depois só consigo ouvir centenas de tiros sendo disparados em nossa direção.

— Katniss, vá para trás do balcão. – Gale grita por cima dos tiros.

Olho para onde ele está indicando, encontrando o balcão feito de pedra polida só a alguns metros. Respiro fundo, iniciando uma breve contagem regressiva. Assim que tomo coragem, impulsiono meu corpo correndo o mais rápido que posso até o balcão. Todavia, antes que eu consiga chegar, sou atingida por um tiro, pegando no colete, mas no mesmo lugar onde havia sido baleada no 2.   

A dor me deixa sem ar. Rolo sobre meu próprio corpo desorientada, tentando vem em que direção fica o balcão. O local do tiro começa a arder sobre minha pele mesmo que o colete tenha segurado a bala. Tento desesperadamente arrancar o colete de mim quando minha pele parece queimar.

Alguém me puxa para detrás do balcão de pedra, ajudando-me a tirar fora o colete que está sendo corroído, por isso queimou minha pele. Cressida olha para o calibre preso ao colete com curiosidade, mas não parece ser uma munição qualquer, é grande demais e brilha. É ai que percebo que aquilo não é uma bala.

— É uma bomba! - grito.

Tomo o colete das mãos de Cressida, jogando para longe de onde estamos. A bomba explode em seguida enchendo a loja de fumaça e fogo. A explosão assustou quem está do lado de fora, pois a enxurrada de tiros cessam, mas logo tornam só que dessa vez os tiros vem do lado de onde estamos.

São Peeta e Gale revidando.

Os tiros de fora recomeçam com Peeta de Gale disparando de volta. Perdi meu arco na queda. Peço a Pollux sua arma para tentar ajuda-los, mas ele se nega me dar. Logo ele que já viveu tanto terror.

Como posso ficar aqui esperando que eles morram?

Ouso gritos e tiros, e não sei se é Peeta quem foi ferido, ou Gale, ou os dois, e não posso fazer nada. Cressida me abraça tentando me acalmar do desespero que faz-me tremer e chorar.

Estamos mortos. Seremos todos fuzilados sem dó nem piedade. Só um milagre agora. Porém milagres não são concedidos para qualquer um.

— Katniss...

Ouço me chamarem com uma voz fala. Certamente um dos garotos pedindo ajuda, mas de onde estou não posso vê-los.

 - Kat...niss... Está me ouvido?

Chamam-me mais uma vez, até que percebo que a voz vem de dentro da minha cabeça.

A escuta auricular!

...tniss, é a Salt. – sim, é a tendente Salt – Está na escuta?

— Estou aqui Salt. – responde extremamente feliz em ouvi-la.

A tenente Salt e a irmã, a doutora Salt, eram nosso apoio aéreo – e medico – quando saímos da base para gravar o protopop. Perdemos o contato depois que o primeiro casulo estourou, e aí fomos para os tuneis. Elas deviam estar nos procurando durante esses dias e só agora os localizadores voltaram a funcionar.

Não poderia ser em hora mais oportuna.

— Ótimo! Agora preste atenção...

[...]

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que será que vai acontecer????????

:D

Espero os comentários, me diga o que está achando da fic.

Beijos ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Beyond two Souls" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.