Beyond two Souls escrita por Arizona


Capítulo 20
Morfináceo


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, fiquem um tempão sem postar, né? Eu sei, eu sei. Mil desculpas, mas tempo é uma coisinha preciosa e que acaba logo, e a eu por vez estou sofrendo por falta dele. Então não fique magoados comigo, vou postar sempre que der, e fazer o melhor para vossas senhorias.
Se gostarem o cap. comente, se não também. Duvidas, sugestões, criticas e elogios, manda tudo para mim, que eu respondo.
Beijos! Até.
Flw/Vlw!



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O urso negro se apoia nas patas traseiras, com o nariz empinado para cima, tentando distinguir os odores que sente, entre eles o meu, que estou pendurada em uma árvore a uns bom 6 metros do chão. Quando vi o urso, tomei um susto que nunca mais tinha levado, subi como um raio na árvore.

Não deu tempo do bicho me ver, mas meu cheiro deixou um rastro que ele seguiu. Estamos no outono, em algumas semanas vai ser inverto, os ursos hibernarão, por isso estão caçando como loucos para acumular gordura. Ursos negros vivem muito para dentro da floresta, bem longe da cerca, assim como linces, leões da montanha, e javalis, então fui eu que invadi o território deles.

Ando cada vez mais distraída, dormindo cada vez menos, meus pesadelos atormentando-me mais, e mais, e meu nível de aborrecimento com essa situação, está chegando ao limite. Estou extremamente cansada, minha única salvação são as tardes que passo com Peeta.

Minha amizade com ele cresceu, e cresce gradativamente e naturalmente, Peeta sempre me deixa mexer nas coisas do seu “acervo secreto”, sempre estou lendo algum livro do século passado, ou curiosamente tentado descobrir como funcionam os objetos estranhos – para mim – que ele tem lá.

Ainda é uma pouco complicado olhar em suas olhos, sabendo do que nós aconteceu no Centro de Treinamentos, esses momentos estão tão fortes na minha memória, como o dia que vivo hoje, mas ele não me cobra nada, apenas me abraça quando necessário, e isso me basta, ele.

Finalmente o urso resolve ir embora, e eu aproveito para descer o mais rápido possível. Assim que meus pés tocam o chão, saio correndo para longe dali, de volta para a cerca, devo ter caminhado a manhã inteira para estar tão longe.

Minha corrida é de no mínimo 30 minutos até que eu veja a pedra onde costumo sentar, respiro aliviada ao notar que estou perto da campina. Tiro a alvaja dos ombros, guardando ela e meu arco no tronco oco de sempre, agacho-me, espremendo meu corpo entre o chão e a cerca, para atravessa-la e voltar ao Distrito.

Antes de poder levantar, alguém me estende a mão para me ajudar, olho o rosto do dono da mão que está estendida, me surpreendo até.

Gale.

Faz muito tempo que não nos falamos direito, mal nos vemos, a última vez que tivemos contado realmente, foi na festa de boas-vindas que recebemos no Distrito, e já fazem dois meses que isso aconteceu, desde lá, somos dois estranhos, desde o fim dos Jogos na verdade, quando eu disse que não viveria esse teatro, somos dois estranhos.

– Ah, Gale!

– Oi Catnip. – pego sua mão, aceitando sua ajuda.

Fico um tempo o encarando, sem saber bem o que dizer ou come reagir diante dele. Gale por outro lado parece...feliz ao me ver, já que a pequena forma de um sorriso é traçada no canto da sua boca.

– Eh...Como você vai? – tento quebra o aparente desconforto entre nós.

– Eu? Ah, eu...eu estou bem. – ele parece meio surpreso por lhe perguntar tal coisa. – E você, como está? Faz tempo que a gente não se ver, não é?

– Pois é. Mas eu estou bem, muito bem. – automaticamente meus dedos se entrelaçam em um evidente desconforto e constrangimento, não sei quando foi que comecei a me sentir constrangida em relação a Gale – Bom, você vai para a floresta, certo? Então eu vou indo.

– Claro, claro...

Dou um rápido aceno de cabeça para ele, e viro as costas seguindo de volta para a Vila, mas antes de dar o primeiro passo, Gale me chama novamente.

– Olha Katniss, a minha mãe andou perguntando por você esse dias. Ela está com saudades. – eu sorrio involuntariamente ao pensar Hazelle – Falou até que poderia fazer um chá, sei lá, algo para você e sua família. Ela quer estrear o jogo de lousas de porcelana novo dela, sabe como é...

– Sei sim, minha mãe é do mesmos jeito. – damos um pequena gargalhada – Pode avisar a Hazelle que vamos quando ela quiser, também sinto falta dela, e das crianças.

– Certo. – diz pensativo – Por que não hoje? Um jantar?

– Hoje? Bom não sei...

– Pode ser hoje, eu falo com a mãe, e ela começa a preparar o jantar agora mesmo.

– Gale não... – tento falar mas sou interrompida.

– Vamos voltar para Vila. – ele se empolga me puxando junto com sigo – Você vai para casa, avisar a Snr. Everdeen e a Prim, então nós...

– Gale, para. – puxo o meu braço de volta me soltando dele – Nós não vamos jantar na sua casa hoje, outro dia talvez, mas não hoje.

Ele abaixa a cabeça no lugar onde está, sua boca se abre uma, duas vez, mas nada sai dela. É aí que começo a me arrepender das minhas palavras. Gale sempre foi meu melhor amigo, podemos estar afastados um do outro agora, só que ainda assim somos amigos, eu não tinha o direito de destrata-lo, ele só queria fazer um jantar com nossas famílias e eu neguei grosseiramente o convite.

– Desculpe. – peço num suspiro.

– Tudo bem. – seu tom de voz mudou ligeiramente – Afinal, você já deve ter um compromisso para hoje a noite. Me diz Katniss, vai jantar com o Peeta novamente? Ficar enfurnada na casa de um homem que mora sozinho o dia inteiro? Ou você acha que eu não vejo quando você atravessa a rua todos os dias, e vai ficar com ele?

Seus olhos cabisbaixos agora são puro gelo, assim como sua voz, que entram em meus ouvidos me causando arrepios, o mesmo arrepio que me sobe com a surpresa de saber que ele andou decorando minha rotina, meus passos, minha vida.

No mesmos estante a indignação é substituída pela raiva. Raiva não só por Gale andar cuidando da minha vida do que da dele próprio, mas também por ele novamente insinuar que eu me relaciono com Peeta, eu me relaciono sim com ele, só que não da forma como Gale se refere, Peeta e eu não somos tão íntimos assim.

E novamente Gale tem um ataque de fúria por causa de Peeta, sinceramente eu não sei o que esse garoto fez para deixa-lo tão desequilibrado. Ele sempre vem me confrontar por causa da minha amizade com Peeta, de alguma forma quer me encurralar em relação a isso, me pôr na parede e eu não entendo.

– Eu não te devo nada da minha vida. – praticamente grito na sua cara – Se eu fico na casa do Peeta é porque tenho plena liberdade para isso. E você Gale, ver se cuida da sua vida.

Começo a me afastar dele, enquanto aborrecidamente ouço Gale gargalhando nsa minhas constas.

– Claro que você tem plena liberdade, não é? – diz parando de rir – Você já abriu as pernas para ele?

Não sei se estou com raiva, ou em choque pelo valor dessas palavras, mas tenho toda a certeza de estar profundamente magoada e triste com Gale. O que ele acabou de dizer fez meu coração se apertar, doendo drasticamente em meu peito.

– Nunca mais olhe na minha cara, ou fale comigo.

Apesar de ser firme ao dizer isso, luto para minhas lágrimas não caírem na frente dele. Minha vontade era de voltar até ele, e rodar a mão no seu rosto, para que ele entendesse que eu não sou nem uma vagabunda, entendesse que não teria meu perdão nunca, porém eu não fiz isso, simplesmente corri como uma menina assustada.

Entro em casa batendo a porta, atravesso a ante sala e subindo direto para meu quarto, minha mãe ainda grita por mim, mas não a respondo. Me tranco em meu quarto, sem permitir nem uma brecha que ela vem perguntar algo.

Me meto debaixo das cobertas, arrancando as botas dos meu calcanhares, a angustia que sobe por minha espinha deixando-me impacientemente nervosa. Pressiono meu rosto contra os travesseiros, gritando a plenos pulmões toda minha frustração, xingando Gale de todos os nomes horrendos que conheço, extravasando o rio que se formou no meu estômago.

Soco os lesões, esperneando e me remexendo vigorosamente por tanta raiva de mim mesma dessa vez, por deixar aquele desgraçado me fazer chorar.


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Bocejo esfregando os olhos que ainda ardem por causa das lágrimas, depois de longos minutos lutando contra minhas cobertas, caí no sono sem perceber. Viro a cabeça olhando para a janela grande do meu quarto. Chove, e os pingos da chuva batem no vidro da janela, fazendo barulhinhos agradáveis, o outono dar seus sinais de que chegou mais claramente agora.

Levanto da cama que está uma bagunça, vou até o banheiro, dou uma boa lavada no meu rosto, mesmo tendo chorado, só meus olhos mesmos que estão um pouco avermelhados, explicando a ardência que sinto.

Me dispo e entro no chuveiro, deixando a água quente correr, esvaziando ao máximo minha mente da manhã de hoje. Estico o braço apanhado a toalha, me enrolando nela.

Quando acendo a luz do closet, dou de cara com um moletom de Peeta, o que ele me emprestou outra tarde por eu estar reclamando de frio. Peeta, se ele soubesse que é o pivô de tantos ciúmes e discordância... Acho que não estaria se importando nem um pouco, ele com certeza sorriria pelo canto debochado.

Visto seu moletom que ainda tem o cheiro dele, olho-me no espelho, vendo que apesar de também estar usando um shorts – que é bem confortável por sinal – parece que não estou com nada mais por baixo.

Desço para a sala, encontrando minha mãe tricotando como ela faz toda tarde. Nossa, devo mesmo ter dormido muito, deve ser perto das três da tarde.

– Tudo bem querida? – ela pergunta quando sento ao seu lado.

– Tá sim, mãe. – dou um longo suspiro – Eu só tô cansada desses últimos dias.

Minha mãe não fala mais nada, apenas me lança olhares furtivos vez ou outra, até que finalmente meu estômago se manifesta. Entro na cozinha procurando o que comer, é aí que lembro dos pãezinhos de queijo que Peeta faz, desde que ele descobriu que eram os meus favoritos, tem deixado um boa remeça deles, que se acabam no mesmo dia.

Mamãe sempre os deixa numa cestinha em cima da mesa, porém hoje não há nem um deles lá.

– Mãe! Cadê os pãezinhos de queijo? – digo emburrada – Quantas vez eu tenho que dizer para não mexer neles, eles são meus.

Minha atitude pode parecer um tanto infantil e egoísta, mas Peeta os trazem por minha causa, e ele sempre diz que ele são especialmente para mim.

– Katniss, o Peeta não trouxe nada hoje. – mamãe me repreende em seu tom de voz – Nem mesmo os meus docinho.

Agora ela pareceu tão chateada quanto eu por causa da falta de seus mimos, no entanto uma coisa me preocupa; desde que ele passou a frequentar minha casa todas as manhas, Peeta nunca deixou de vim, e nem de trazer algo junto para o café, mas não veio hoje, e não avisou nada para nós.

– Mãe, será que aconteceu algo?

– Ah querida, ele deve ter se ocupado com algo. – ele tenta me tranquilizar – Talvez o pai dele tenho pedido sua ajuda na padaria.

– É... – digo desanimada.

Sento-me perto da janela, olhando para a entrada da sua casa, bufando todo tempo. Minha necessidade de ir até ele era incontrolável que mal se continha em mim.Fico vendo as horas passarem, me matando a cada minuto.

Metade do meu dia se passa e eu morrendo de vontade de ir lá, queria vê-lo, saber porque não veio esta manhã. Ia para o quarto, do quarto para a sala, da sala para a cozinha, abria a porta, olhava o quintal vazio, voltava para a cozinha e ia para a sala de novo, sentava, ligava a TV, desligava, mechinha em alguns livros, e meu coração palpitando cada vez mais.

Obviamente minha mãe percebeu minha ansiedade, me reprimindo fazendo barulhos com a garganta quando eu passava por ela. – Páris sempre detestou minha ansiedade junto com a minha ociosidade – Por fim ela resmungou bufando:

– Por que não vai logo ver o que houve com ele?

Foi só o que eu precisava para sair de casa, calcei um par de botas que estava perto da porta e sai correndo debaixo de chuva para a casa do vizinho da frente. Abro a porta dele, sem as cerimônias que nós dois não medimos quando entramos na casa de ambos, porém um arrepio sobe pelos meus braços quando piso na ante sala.

– Peeta?

O chamo, não tenho resposta. A casa ainda estar com as cortinas da sala serradas, Peeta nunca as deixa assim. Continuo chamando-o, vou até o pé da escada de grito mais doas vezes pelo seu nome, mas nada.

Respiro compassada por causa do nervoso de me domina, começo a me desesperar chamando por Peeta e ele não me responde. E esse desespero se amplia totalmente quando vejo a perna dele esticada atrás do balcão da cozinha.

Corre até onde está já ofegante e chorando. Não posso evitar que um grito me escape quando chego em Peeta, e o vejo com o braço esquerdo amarrado com um elástico, e diversos pontos vermelhos nas veias da articulação, uma seringa em sua mão direita, e um frasco vazio ao seu lado, junto com um garrafa de rum que estava na metade, e o pior ainda estava no seu rosto.

Peeta tinha os olhos entreabertos, revirados para trás, deixando assustadoramente os globos oculares a mostra. Ele não parece respirar, ele não parece se mexer, ele não parece o Peeta.

Toco sua pele que estar gélida como nunca a senti antes. Eu o sacudo, clamando para que acorde, mas ele continua estático. Preciso ajuda-lo, então em um pulo levanto-me e vou a minha casa, mal chego a soleira e já estou gritado por minha mãe, quando ela me ver aos prantos, não é necessário que eu explique algo e ela corre para o outro lado da rua.

A sigo de volta, rezando para meus joelhos que se tremem permitam-me que eu ande mais um pouca antes de ceder. Mamãe estar parada no meio da sala, meio que atordoada.

– Onde ele estar? – pergunta-me alarmada.

Eu apenas aponto para o corpo estendido no outro cômodo, ela vai até ele, se agachando ao seu lado, põe a mão em seu pescoço, e depois desce para seu punho. Repreendo-me mentalmente por não fazer nada por ele além de chorar.

– Mãe, ele...ele tá morto?

– Shh, shh. Querida, olha para mim. – ele larga Peeta por um estante e segura meu rosto – Ele vai ficar bem, tá? Confia em mim, ele vai ficar bem. Agora eu preciso de você para me ajudar com ele, tá? Se acalma meu bem, vai ficar tudo bem.

Eu assinto para ela, que me diz para passar um dos braços dele pele meu pescoço para levanta-lo. Peeta deve ser 30kg mais pesado que eu, mesmo tendo o auxílio da minha mãe do outro lado, ainda assim, temos dificuldades para leva-lo ao quarto.

O deitamos na cama da maneira mais conforme possível, mamãe vai até nossa casa buscar seu quite medico, enquanto eu a espero junto a Peeta. Ele parece mais sereno e digno agora que está deitado em uma cama.

Minha mãe volta e começa a examinar Peeta. Ela corta a camisa dele para verificar se ele tem alguma lesão no tórax, deixando os torneados músculos do seus braços e do peito a mostra – o que não pude deixar de olhar – o que é constrangedor para mim, geralmente quem estar ao lado dela quando faz isso é Prim, e ao contrário de mim, ela não tem a menor vergonha de ver pessoas sem roupas.

Páris rir da minha cara vermelha de vergonha, quando repara que fiquei arredia. Por fim, ela limpa as veias do braço direito – o que não estar furado – e põe uma agulha que levar o soro ao seu corpo, mamãe improvisa pendurando o soro no abajur, que ela me proíbe de ligar, mas ainda quero entender o que aconteceu com Peeta.

– Ele...táva usando droga, não era? – ela apenas confirma com a cabeça – O que ele usou?

–O nome é morfináceo, filha. – dessa vez ela me olhou nos olhos – É um remédio muito forte, usado por muitos médicos para amenizar dores crônicas de pacientes. Bom, é um remédio não muito acessível, pelo menos não para as pessoas aqui do 12.

– Mãe, ele é viciado em morfináceo?

Minha mãe dar um longo e pesado suspiro, quase que respondendo minha pergunta.

– Eu não acho isso. – sei que ela não quis dizer isso – Talvez ele só use para dormi, e exagerou na doze dessa vez, e como combinou com bebida então...

Passamos um tempo sentadas ao lado de um Peeta adormecido, observando seu rosto. Minha mãe parece um tanto entristecida por vê-lo assim. Nós não levamos uma relação de amigas, mas nos entendemos do nosso jeito, eu parei de culpa-la, e ela parou de pôr sobre mim suas responsabilidades, o fato de eu ir para os Jogos fez ela mudar, mas sei que ela ainda é muito quebrada na alma.

– Por que ele faria isso? – ela quebra o silencio – Sempre me pareceu de tão boa índole, e faz uma coisas dessas.

Entendo o que ela quer dizer, Peeta por mais que não pareça frágil, com a necessidade de entupir suas veias com um remédio viciante, eu sei bem o motivo dele ter se drogado.

– Pelo mesmo motivo que eu vou para a floresta todas as manhãs. – passo a mão no rosto de Peeta – Ele tenta esquecer...Sabe mãe, ninguém passar por uma arena e sai dela totalmente intacto.

O morfináceo é a terapia dele, é onde ele esquece da dor, onde Peeta permite que seu espírito seja livre pelo menos uma vez.

– Eu já vou indo meu bem. – minha mão se levanta e me dar um beijo na testa – Cuide bem dele, e não hesite em me chamar se algo acontecer. Ele vai gostar de ver seu rosto quando acordar.

Dou um sorriso tímido pelo que ela falou, não sei bem como minha mãe ver minha relação com Peeta, mas acho que ela fantasia sobre algo a mais.

– Mãe, você vai mesmo me deixar aqui com um cara potencialmente viciado em morfináceo? – pergunto divertida e ele rir.

– Ninguém passa por uma arena e sai totalmente intacto, não é mesmo?

Ela me deixa só com ele, e vai. Deito-me ao seu lado na cama, toco novamente a sua pele, que agora transmite calor, é incrível como me sinto um boba perto dele, parece até que Peeta tem o poder de fazer isso, me deixar boba para ele.

Mesmo com os olhos fechados, poderia ver a paz nos intensos olhos azuis que ele é dono, olhos que eu não deixaria de admirar nem que mesmo pelas eras que essa Terra envelheça.

Minhas mãos chegam ao seu cabelos loiros e macios, como os pelos das ovelhas, desenho o contorno dos seus lábios, pensando quantas noite eu não os desejei, vendo seu peito desnudo, purgando meu eu por cobiçar seu corpo envolvendo o meu, o que me é tão errado quando o calor que me atrai a ele, os dias que passo com ele têm me deixado assim.

Meu garoto com o pão, sempre tão forte, em sua altivez, esteve lá quando eu precisava, na chuva, na fome, na dor, na desesperança, agora sou eu quem tem que ajuda-lo, sei que ele sofre o que eu sofro, e talvez até mais que eu.


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P.O.V Peeta

Ela dorme ao meu lado, sua mão parou em minha bochecha quando ela caiu no sono, a boca entre aberta, os cabelos soltos em ondas, como eu prefiro que ela fique, sempre a achei mais bonita quando usa os cabelos soltos. E que engraçado, ela usava meu moletom que fica na metade de suas pernas. Ele esqueceu de pôr as calças hoje.

Estico minha mão direita para acaricia-la, mas sinto um puxão bem na articulação, há uma agulha no meu braço com uma mangueira fininha ligado a ela, viro a cabeça para trás achando o saco de soro, já na metade, pendurado no abajur.

Páris.

Uma vergonha enorme me toma. Droga! Como pude deixar que Katniss me visse naquele estado? Com certeza eu não acordei a tempo de ir a sua casa, e deve ter estranhado, então ela veio me procurar, e foi ela quem me achou.

Se eu sentia vergonha, não sei o que sinto agora que vejo um par de olhos de tempestade me olhando.

– Oi. – digo e ela sorrir.

– Oi.

Não sei se devo falar, nem como começar me desculpando com ela, quando não me importo mais com nada a não ser ela mesma na minha vida. Mesmo me entregando ao esquecimento, Katniss é o meu amanhecer na primavera.

Estar ali, ver que ela cuida de mim, e nada poderá me faltar. Nunca pensei que uma dia poderia tê-la tão perto de mim, como tenho hoje, isso faz minha alma enobrecer por ela, e sentir um único e verdadeiro sentido; amor.

– Acho que eu vou te beijar agora.

Eu precisava beija-la, e ela não me impediu de tomar seus lábios para mim.


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Notas finais do capítulo

O nome do Peeta apareceu 32 vezes nesse capitulo, recorde!
Me superei dessa vez.