Klaus POV

Eu estava em uma floresta, densa e úmida, corria sem razão alguma, observava tudo a minha volta: árvores grandes que impossibilitavam a entrada dos raios solares, pássaro que cantavam, cheiro de flores, a pulsação dos animais, eu sentia tudo. De repente eu sinto um cheiro especial, uma essência única para mim, sigo o seu rastro.

Chego em uma pequena campina, no meio havia uma grande árvore, debaixo desta árvore estava ela, linda como sempre, com um vestido florido e uma jaqueta preta, seus pés estavam descalços, seu cabelo dourado encontrava-se preso em um coque despojado, ela lia um livro volumoso, uma maçã estava ao seu lado. Sem notar minha presença, ela levou a maçã a boca levemente rosada e deu uma mordida sem tirar os olhos do livro, deu um leve sorriso que me fez soltar o ar que eu não tinha percebido que estava segurando. Ela levantou o rosto, dessa vez ciente de que alguém a observava, soltou a maçã que rolou pelas folhas secas, colocou o livro em cima de uma toalha de piquenique e se levantou:

– Quem está ai? – sua voz soou desafiadora.

Com um suspiro profundo saí de trás de uma árvore.

– Olá sweetheart! – disse com um sorriso bobo.

– Klaus – ela disse baixinho. Sua voz saiu assustada.

– Não precisa ter medo amor, você sabe que eu nunca te machucaria.

– O que faz aqui? Você prometeu que nunca mais voltaria.

– Eu apenas…

– Você prometeu! E além do mais, o que você viria fazer aqui? Aqui não tem nada para você!

– Eu queria te ver – falei em um sussurro.

– HÁ! – riu de forma teatral. – Você não lembra do que eu te disse?! Klaus, eu tenho muitos planos, mas nenhum deles envolve você! Nenhum! – ela começou a me afastar lentamente.

– Caroline espera! – corri para alcançá–la, e quando cheguei perto, tentei tocar sua face, mas minha mão passou por ela. Ela apenas ria de toda a cena e do meu desespero.

***

Fui despertando aos poucos pela pouca claridade, estava tateando os lençóis, abri os olhos rapidamente a procura dela, e no seu lugar encontrei a mesma paisagem de sempre: o meu quarto. Lentamente fui me levantando e me dirigi ao banheiro, lavei meu rosto e olhei-me no espelho. Nada tinha mudado em dez anos, e mesmo que se passassem 1000, nada mudaria mesmo. Pensei em tudo o que aconteceu nesses dez anos, que se resumiu ao meu reinado, fui tirado dos meus devaneios pela voz de Rebekah:
– Você sonhou com ela de novo, não é Nik?
– Bom dia para você também, Bekah. Qual a causa da princesinha não estar em seu sono de beleza?
– Ahh, não sei, talvez seja porque VOCÊ FICA MURMURANDO O NOME DA CAROLINE A NOITE TODA! – a última parte Rebekah gritou.
– Não seja tão exagerada Rebekah!
– Não estou sendo Nik! Eu realmente quero dormir, então se possível, você pode parar de murmurar o nome dela?! Sério, isso me assusta! E poucas coisas me assustam! – ela foi até a porta, mas antes de sair disse em um tom calmo – Nik, ela ainda é presente em você, você sabe disso, apenas vá atrás dela…E DEIXE AS PESSOAS DESSA CASA DORMIR SEM TER PESADELOS OU ÂNSIAS DE VÔMITO! – e a Rebekah escandalosa ataca novamente…

Me deitei e tentei voltar a dormir, mas algo que Rebekah me disse ainda rondava por minha cabeça. Sim. Era verdade. Ela ainda estava presente em mim. E sempre estaria, passasse o tempo que fosse.
E eu não desistiria dela.

"Cansado de deitar sob o sol
ficando em casa para ver a chuva
Você é jovem e a vida é longa
E há tempo para matar hoje
E então um dia, você descobre
Dez anos ficaram para trás
Ninguém te disse quando correr
Você perdeu o tiro de partida..."