Kenome (HIATUS) escrita por Ayshi


Capítulo 7
Pétalas da Rosa


Notas iniciais do capítulo

Vamos começar a esquentar as coisas aqui...



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POV’S Yūwaku

Eu sonhei com uma menina nova deitada sobre um mar de pétalas vermelhas. Ela usava um vestido branco coberto por pontos vermelhos e seus cabelos ondulavam sobre ombros finos. Já voltei, gatinha. Ela abriu os olhos verdes e os virou para um homem de armadura. Ele usava um peitoral de cota de malha e grevas, o elmo em forma de lobo por baixo do braço. Alto, calvo e bonito.

O sonho mudou de repente e três homens em armadura de ferro o seguravam. Foge gatinha! Foge! A menina assistia a tudo parada. Um deles, o mais baixo, puxou um punhal e cortou a garganta do calvo. Sangue espirrou nas paredes do casebre, no vestido da menina, na armadura luzente. Matem-se. As palavras saíram apertadas da pequena boca da garota, rasgando o ar. Os três homens puxaram as espadas das bainhas. O baixo cortou a garganta do líder em um golpe preciso e forte. Ele caiu com um baque surdo e sobraram dois, o baixo e o que tinha o elmo em forma de águia. As espadas se encontraram e ruídos metálicos encheram o casebre. O baixo caiu e o outro levantou a espada acima da cabeça, como se para decepar o homem. Espere! Tire a armadura dele. Uma sugestão de satisfação passou pelo rosto da garota enquanto o outro tirava parte a parte a armadura do homem caído. Na verdade, toda a roupa. O homem jazia nu à sua frente. Lentamente, tire o couro das costas dele. Os olhos do baixo se encheram de lágrimas enquanto a espada arrancava a pele. Um grito alto e agudo saiu da boca do homem quando lhe foi arrancada a pele. As duas orelhas. Gritos sucederam dois golpes rápidos que tiraram suas orelhas. Os olhos e os beiços. Para que ele se esqueça do que ouviu, viu e falou hoje. Dois globos caíram no chão junto aos lábios do homem. Ele chora. Dê-lhe clemência. Um som agudo precedeu o baque da cabeça no chão. Agora você, tire o elmo. Os dentes da garota se cravaram em seu pescoço. O homem gritava enquanto o sangue escorria a armadura. Ela jogou a cabeça para trás e arrancou a carne do homem. Ele caiu no chão e agonizou até morrer. Pronto papai. Vou te vingar. Ela ajoelhou ao lado do corpo do homem calvo e olhou para a lua. Juro pela lua. Ela levantou o punho cerrado e gargalhou histericamente.

Naquele instante eu me reconheci como a garota.

Sentei na cama suando frio. Olhei pela janela e vi duas luas.

– É hoje papai – um filete de sorriso se acolheu em meus lábios.

Ao longe escutei a voz de Kenome – Ei, Raion! Volte aqui!

– É hoje.

Escutei a voz de meu pai em minha mente. Creio que sim, gatinha.

Vesti minha roupa de sempre. Um macacão, branco com pontos vermelhos, colado ao corpo que descia até a canela, onde uma sandália de madeira protegia a sola do pé. Peguei a ken e sentei na cama admirando-a.

Não era uma espada e sim um punhal. O cabo era desenhado na forma de várias pétalas vermelhas se entrelaçando. A guarda tinha lobos esculpidos na ponta e a lâmina era escura como sangue.

– É a alma da traição – dissera Kokoro quando recebi a ken ao me tornar um Furu.

Lembrei-me de quando meu pai me treinava. Somente as meninas que não nasciam com poderes se tornavam donzelas. Algumas, poucas, seguiam para o caminho dos kiku-mon’s. Pelos deuses, gatinha. Você nunca vai conseguir batalhar com alguém. A voz dele ressoou quando eu caí no chão tentando dar uma estocada. É claro, pai, eu pensei, o veneno é a arma das mulheres. Veneno, sedução e traição. Lágrimas corriam meu rosto quando falei Para, pai! No mesmo instante ele veio até mim e largou a espada. Desculpe-me, gatinha. Vamos parar por hoje.

Desci as escadas até o refeitório da sede.

– Yūwaku – disse Hayai quando passei por ele.

Continuei descendo até chegar ao refeitório. Já tendo chegado lá, virei à esquerda e entrei por uma pequena porta que dava para o lado de fora. Caminhar, pensei, caminhar até Valtoria.

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Caí sobre um homem com o punhal em sua garganta. Alma da traição. Andei até o fim da rua e olhei na esquina. Oito homens guardavam a porta do bordel. Andei até eles.

– Puxem os punhais – eu disse antes mesmo de eles objetarem.

Eles sacaram belos punhais. A maioria era enferrujados e retorcidos onde martelos os modelaram. Um, em especial, chamou minha atenção. Era branco como leite e a guarda era um pomo não maior que uma bola de gude.

– Da esquerda para direita, matem um ao outro.

Em fila eles enfiaram os punhais na garganta do outro. Só sobrou um de pé, o primeiro.

– Obrigada – eu sussurrei no ouvido dele ao colocar o punhal em sua barriga.

Entrei no bordel e localizei meu alvo. O homem mais gordo que já vi. Era careca e usava coletes abertos sobre o peito. Uma espada pendia da sua cintura. Estava bêbado, notei quando derramou cerveja no próprio peito.

Fui até o balcão e peguei a bandeja com a caneca de cerveja. Coloquei meu melhor sorriso no rosto e andei até ele. Vários olhos se viraram para mim e eu os ignorei. Sedução. Coloquei a cerveja na mesa me curvando ao máximo. Ele me puxou pela cintura antes mesmo que eu fosse embora.

– O nome de minha senhora? – ele despejou o hálito horrível no meu rosto.

– Ayss – respondi timidamente.

– Espero que minha senhora tenha aposentos – ele sorriu amarelo.

Guiei-o até um quarto no fim do bordel, onde um colchão sujo ficava no chão e em um criado-mudo duas taças de vinho repousavam. Puxei um frasco e derramei seu conteúdo, um líquido azul, numa das taças até que ele me deitou na cama. Suas mãos acariciaram meus seios até as costas, onde encontraram um zíper.

Os seios pularam para fora da roupa e ele se pôs a chupar os mamilos. Antes que ele retirasse o resto da minha roupa, peguei as taças e ofereci uma a ele. Veneno.

– A essa noite!

Ele bebeu em dois goles e caiu na cama agonizando até ficar imóvel. Lambi o resto do vinho que escorria dos seus lábios.

– Pena que não seja imune ao veneno, assim como eu – falei para o cadáver enquanto subia o zíper – O homem que assassinou tinha filhas perigosas, senhor comandante.

Pulei a janela pensando no rosto de meu pai. Está feito.

Obrigado! Obrigado gatinha! Imaginei ter escutado a voz do meu pai ao meu lado e quando me virei, deparei-me com uma forma tremeluzente. Era branca e parecia uma chama. A alma. Um poder mais forte que o mana. O que daria Kokoro para estar aqui.

Obrigado gatinha. A voz foi um sussurro enquanto a alma de papai sumia.

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POV’S Junsui Sutairisuto

Eu estava deitada com Shisubeki sobre mim. Estávamos as duas nuas. A luz das duas luas iluminava fortemente o quarto e qualquer um que estivesse sobre a amurada tinha uma visão completa do que acontecia dentro do quarto. Mas hoje sabíamos que ninguém ficaria sob a luz das luas gêmeas, somente os mais ousados.

– Dois dragões em um dia – ela falou enquanto beijava meu corpo.

Encontrei dois montes onde enterrei as mãos.

– Que belo dia – eu apertei ainda mais forte seus seios – Uma coroação, dois dragões e essa noite.

– Realmente não podia ser melhor – ela disse quando enfiou dois dedos entre minhas pernas.

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POV’S Raion

– Pelos deuses Raion! – Mondai tentou socar meu rosto, porém eu segurei e os nós dos meus dedos ficaram brancos.

– Bata mais fraco Mondai – rosnei.

– Arranco-lhe os olhos se for preciso! – ela sentou na sua cadeira no conselho.

– Ela não deve ter ido longe – abaixei os olhos – Vou procura-la.

– Não! – o copo quebrou entre seus dedos – Mande Hayai. Fiquei sabendo que ele ganhou pistolas novas e vai ser mais rápido.

– Mas... – eu espumei – Não é a líder do conselho, Mondai! Também faço parte dos nove!

– Cale a boca! – ela me deu um soco e eu caí – Estou acima de você!

– Chame – falei para os guardas que estavam na porta – Hayai.

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POV’S Hayai

– Estava louco para testar essas pistolas mesmo – falei para os guardas.

– Ótimo! Mondai falou para ir ao bosque sagrado e chamar Kokoro também!

Apoiei-me em uma perna e girei as pistolas na mão – Capturaram Kenome. Frekknak tem de ter belas armas para pegar aquela menina. Mobilize todos. A sorte está lançada.

– Certo – ele correu.

Precisava achar Buki e agradecer pelas pistolas. Convocar Mondai. Procurar Kenome pela Floresta...

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POV’S Kokoro

Coloquei a mão no chão e senti vibrações intensas – Um dragão – continuei escutando – Rainhas de Frekknak.

– Como pode ter Frekknak rainhas? – perguntou Hayai.

– Uma coroação é mais intensa do que pensa. Eu posso saber tudo sobre uma pessoa apenas lendo sua alma. Rainhas Lunares de Frekknak. Junsui Sutairisuto e Shisubeki. O dragão – as palavras engasgaram na minha boca.

– É Kenome – todos olharam surpresos para Mondai – Sabíamos que tinha de ser.

– Olho da Alma – minha visão ignorou os obstáculos e enxergou apenas almas. Do outro lado da Aldeia da Madeira três almas estavam paradas. A primeira era volumosa e maior que a maior arvore de Toritora. A outra era de uma mulher e se dividiu em milhares de outras mulheres. Ao olhar para a última não senti minhas pernas e cai no chão.

– Kokoro! – Mondai me ajudou a levantar.

– Milhares de seres! Eu vi o dragão! Mas... A outra...

– Vamos destrona-las! – Hayai sacou as pistolas e os outros se apresentaram. Buki, volumoso e com um enorme rifle nas costas. Suimin carregava apenas uma flauta e tinha o peito nu. Yūwaku parecia cansada, mas carregava o punhal na mão. Mondai estava ajoelhada ao meu lado e com um gesto sua katana apareceu. Masayoshi, por menor que fosse, carregava um martelo de madeira que daria duas de mim. Raion estava como uma leoa pronta para atacar. Pus-me de pé, fiz minha ken aparecer e um pequeno sorriso surgiu em meus lábios. Ainda temos chance.


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Notas finais do capítulo

Que acharam? O segredinho



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