Sebastian observava Alice enquanto, como líder pensava no que fazer com o futuro de Esther.

O novo líder podia sentir o suor escorrer do canto de sua testa, pela tensão de sua escolha. Ao mesmo tempo que um estranho calor crescia dentro de seu peito, provavelmente por observar Alice.

Alice estava sentada conversando com Jasper sobre o labirinto, seus cabelos loiros balançavam de um lado para o outro conforme a menina gesticulava com a cabeça. Os olhos de Sebastian fixavam nos olhos de Alice que se mexiam enquanto a menina pensava no que tinha visto naquele dia dentro do labirinto.

Aquele provavelmente teria sido o dia mais cansativo para os corredores. Jasper e Natalie haviam avistado três verdugos enquanto corriam e Alice, dois. Sebastian não conseguia entender como Alice conseguia conviver diariamente fugindo daquelas coisas grotescas. Os verdugos eram como bolas com garras e serras que raspavam no chão e tinham mais de 3 metros de diâmetro.

–Eles possuem agulhas pelo corpo todo. Não podemos nem encostar neles! –Jasper gritava em uma tentativa falha de convencer Alice de desistir do seu plano de seguir um verdugo a noite.

–Mas não precisamos. O que precisamos é de armas. –respondeu Alice sem perder seu entusiasmo de sempre, de fazer o que acha ser certo.

Sebastian já estava decidido de oque iria fazer com Esther, porem queria continuar observando Alice por algum tempo. Eles haviam decidido esquecer o que havia ocorrido na torre principal, mas Sebastian nunca conseguiria.

–Já chega! –gritou Sebastian simulando uma irritação. –Esther não será morta.

Um som de conversas e reclamações se iniciou com o que Sebastian falara, porém não demorou muito até Sebastian continuar sua fala.

–Mas também não ficará entre nos. Ela passará a noite no labirinto para o plano de Alice poder ser executado sem baixas internas. Se Esther sobreviver e trouxer informações que precisamos para dar o fora daqui ela estará automaticamente aceita de volta. –falou o menino gerando espanto entre os clareanos presentes.

–Deixa comigo! –pediu Natalie se direcionando ao quarto onde Esther havia sido trancada.

Alguns minutos se passaram em silencio até que gritos de terror começaram a sair do quarto de Esther.

–Vocês não podem fazer algo assim! –os gritos continuavam até Esther aparecer na porta da torre principal sendo arrastada por Natalie em direção ao portão oeste.

–Daremos armas para ela Seb? –Alice quase sussurrou no ouvido de Sebastian.

–O que for necessário para sairmos daqui. –respondeu o menino.

Alice não pode deixar de magoar-se com o comentário de Sebastian. Afinal, por que era tão ruim ficar na clareira com ela?

Esther e Natalie já estavam de pé em frente ao portão oeste.

Durante todo o seu percurso até o portão, Sebastian lembrou-se de todos os seus momentos com Esther, desde que se conheceram. Aquilo o deixava triste de certa maneira. Tudo passava por sua cabeça muito rápido, Sebastian podia até ouvir uma música triste por trás de suas lembranças. Até Alice, que morria de ciúmes de Esther, podia sentir o clima realmente triste ao ver Sebastian marchando em direção a sua amiga pela qual ele havia arriscado a própria vida no primeiro dia na clareira.

Conforme Sebastian se aproximava, seu rosto se comprimia em uma expressão de sofrimento. Ele não aguentaria matar aquela pessoa. Sebastian estava quase parando no meio do caminho quando lembrou de tudo que Esther havia feito de errado para a Clareira, e então chacoalhou a cabeça e seguiu em frente marchando cada vez com mais raiva e velocidade.

–Esther! –gritou Sebastian antes mesmo de chegar perto da menina. –Você está sendo condenada a passar noites no labirinto até que volte com informações, por traição, tentativa de homicídio e chantagem!

Estava quase escurecendo, o céu já estava quase negro e o vento frio batia na cara de Sebastian.

–Empurre-a! –gritou o menino com raiva.

Natalie e Alice, as duas pessoas de mais confiança de Sebastian, deram para Esther duas lanças, um arco e algumas flechas, e então começaram a empurrar a menina para dentro.

Sebastian achou que Esther lutaria contra aquilo, aliás, todos acharam aquilo, porém, Esther simplesmente havia aceitado o fato de que só voltaria com informações e então começou a correr para dentro do labirinto.

Ainda faltavam alguns minutos para os portões se fecharem.

–Foi mais fácil do que imaginei. –falou Natalie.

–Que seja. –respondeu Sebastian arrogante.

–Eu vou com ela! –Sebastian ouviu uma voz masculina se manifestar.

Era Jasper. O menino que estava morrendo de medo de enfrentar os verdugos, agora se encontrava de pé se voluntariando para fazer algo que jamais alguém havia feito.

–Jasper! –gritou Alice. –Você não queria aceitar o meu plano.

–Eu não aceitei o seu plano ainda. –falou o menino. –Apenas não posso deixar alguém ir sozinho.

Jasper caminhava em direção ao portão que já havia começado a se fechar.

–Você tem certeza? –perguntou Natalie.

Jasper assentiu com a cabeça e entrou correndo no labirinto.

–Ótimo. –falou Sebastian. –Menos um corredor.

Sebastian apesar de ser um bom amigo e ter um bom coração, era um menino muito arrogante, e por isso alguns optavam por se afastar dele.

–Ele não é só um corredor! –gritou Julian irritado. –Ele é meu amigo e sobreviverá!

Sebastian apenas enviou um olhar reprovador ao menino e seguiu a caminho do abatedouro.

Ele sempre deixava dois machos e duas femeas de cada espécie de animal, no mínimo, para garantir que nenhuma entraria em extinção. Mesmo sendo o novo líder, Sebastian ainda trabalhava para manter as pessoas da Clareira bem alimentadas.

Ao chegar no abatedouro, Sebastian lembrou que Kate ainda estava internada sob os cuidados de Carly, então matou um porco que havia selecionado de manhã e partiu em direção ao hospital na torre principal.

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No quarto em que Carly cuidava de Kate, Sebastian avistou Alice sentada ao lado de Katherine já acordada.

–Olá meninas. Vim presenciar a morte de Kate. –zombou Sebastian.

Desde que Katherine salvou a vida de Alice, a ex-líder passou a confiar na menina e visita-la todos os dias.

–Sebastian! –Alice falou pálida e, aparentemente, em desespero. –Katherine sabe de tudo sobre Esther.

Sebastian olhou para Alice provavelmente com uma cara de dúvida.

–É verdade. –Falou Katherine. –Na verdade, Esther não fez nada disso por mal.

–Como assim? –perguntou Sebastian assustado.

Sebastian adorava brincadeiras e era muito arrogante as vezes, mas sabia falar sério quando preciso.

–Will, quando enlouqueceu, ameaçou ela com argumentos do tipo “o vigia matará todos nós”, e “faça o que eu te mando, ou morrerá”. –Explicou Katherine. –Então Esther tentou me convencer a obedece-la também. Para o “vigia” não nos matar, mas eu não concordei e não consegui convence-la de que tudo aquilo era mentira.

Katherine começou a chorar enquanto se de ter quase matado Esther a facadas, mesmo a menina sendo inocente.

–Então a única saída que encontrei era matá-la. Acordei tarde demais... –Katherine falou entre soluços.

–Como assim tarde demais? –perguntou Sebastian.

–Para salvar Esther Seb. –Explicou Alice ainda apavorada e aparentemente sem forças. –Mandamos uma de nós para morrer... o meu plano terá baixas internas.