Roses and Demons EX: Crimson Blast escrita por Boneco de Neve


Capítulo 24
Os Aspirantes - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Alguém aí curte romance?



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Naquele mesmo dia, no começo da noite, Tong-Hu e Rashu aproveitavam a pequena folga que ganharam na sala dos Combatentes, jogando uma partida de um jogo de tabuleiro conhecido como Tabula. Naquele momento, Fileo entrou na sala, visivelmente irritado.

Fileo: Rashu, me responda, você é louco?

Rashu: Modere o teu tom, rapaz.

Fileo: E você veja o que faz. Que história é essa de você ter matado Matita?

Tong-Hu: É o quê?! Isso é sério, Rashu?!

Rashu: Quem te contou isso?

Fileo: Ninguém me contou, oras. Foi só ligar os pontos.

Rashu: Então tu sabes que foi ela que vazou as informações secretas da operação.

Fileo: E como é que você sabe, Rashu? Quem garante que outra pessoa não tenha contado ao rei? Por acaso, você investigou direito sobre o assunto?

Rashu: Para mim, estava óbvio desde o começo. E mesmo que ela não tenha contado de forma direta, ainda assim o vazamento começou a partir dela. Matita era responsável, de qualquer forma.

Fileo: Rashu, Matita era uma moça gentil, uma empregada exemplar; servia a gente por anos com dedicação. Ela nunca fez algo pra nos prejudicar...

Rashu: Mas dessa vez ela prejudicou bastante e teve a punição que merecia. O crime dela é comparável ao de traição e, como o próprio rei disse, qualquer pessoa que atrapalhasse a busca à Mão de Pravus, deveria ser executada. E eu espero que isso seja tudo, pois, se continuares com isso, temo eu que tenhamos que resolver esse assunto à força.

Nesse momento, Tong-Hu levantou-se, alarmado com o rumo da conversa, e procurou acalmar os ânimos.

Tong-Hu: Ei, devagar aí, vocês dois. Não precisamos chegar a tanto. Fileo, eu sei que você tá chateado, mas, por favor, pare com isso. Vá lá fora e esfrie a cabeça.

Fileo sabia que não tinha a menor chance contra Rashu em combate, mas a discussão que ele iniciou tinha como objetivo colocar juízo na cabeça de seu companheiro. Vendo que não conseguiu alcançar tal objetivo, Fileo se dirigiu à porta, transtornado, e, antes de sair, deu um último recado.

Fileo: Está ficando parecido com o filho idiota da rainha Noemi. Realmente lamento.

Furioso com o comentário, Rashu se levantou, quase partindo para a briga, apenas para ser detido por Tong-Hu.

Rashu: Repita isso, seu atrevido!

Tong-Hu: Rashu, não! Deixe ele ir!

Fileo foi embora sem impedimento, graças a Tong-Hu. O guerreiro Tigre tentou acalmar o companheiro, pois era provável que ele fosse retaliar o combatente loiro pelo insulto.

Tong-Hu: Rashu, dá um desconto a ele. Ele tá inconformado com a morte da Matita. E, francamente, eu não tiro a razão dele. Você exagerou no seu julgamento. Acho que seria mais adequado demiti-la...

Rashu: Não quero te ouvir questionando minhas decisões também, Tong-Hu. Paremos por aqui, pois já estou farto disso. E quanto a Fileo, não se preocupe; não o punirei por isso. Mas certamente não esquecerei.

Tong-Hu: Está bem, como quiser...

Os dois se sentaram novamente e continuaram o seu jogo. Após um tempo, eles retomaram a conversa com um novo assunto.

Tong-Hu: Ah, sim. Eu tentei me comunicar com os aspirantes de novo, mas não tive sucesso. Acho que eles bloquearam a Imagem Dupla da armadura.

Rashu: Francamente, não importa mais. Façam eles o que bem entenderem. Mas, garanto-te, se porventura aqueles energúmenos apanharem daquela bruxa maldita, não verão compadecimento de minha parte.

Tong-Hu: Hm... Por que será que não estou surpreso?

A Imagem Dupla era uma magia especial impregnada nas armaduras dos Combatentes e dos aspirantes que reproduzia a imagem e a voz de um deles em tempo real para outro. Haviam outras magias impregnadas nas armaduras, mas elas não eram muito úteis em combate, sendo usadas geralmente por questão de conveniência corriqueira. Os aspirantes, na verdade, eram guerreiros que se excediam dos outros soldados e que, ao ganharem uma armadura, passavam um tempo se adaptando a ela. No término da adaptação, eles seriam finalmente promovidos a Combatentes Reais.

Três dias depois, na Casa de Prata, Mileena observava um belo crepúsculo enquanto permanecia estirada dentro de um espelho d’água, o qual usava para tomar banho. O espelho d’água ficava no interior do jardim, que ficava ao lado do campo de treinamento e, obviamente, já não tinha a beleza dos tempos em que a casa ainda era habitada, estando repleto de plantas enormes, que cresciam por cima de alguns móveis externos e outras estruturas decorativas. A moça de manopla ainda se incomodava com suas preocupações, das quais sua nudez a céu aberto não fazia parte. Primeiro: Não havia nenhuma notícia concreta do Purkeed. A falta de reação da luva dava a entender que ele não corria perigo, mas, como ela não conseguia usar a luva para localizar o complemento do Cadeado Mágico de Midea, ela se questionava se sua luva estava parando de funcionar. Segundo: Ela não sabia como e quando seria a ação dos soldados de Gricai, apesar de ter notado pequenas movimentações nas redondezas. Terceiro: Ela não tinha uma plena ideia de como seria seu futuro, sendo sua única pista a previsão de Larkia, que dizia respeito sobre uma dantesca e gigante criatura. Não bastasse tudo isso, as memórias tristes e a saudade de Midea faziam seu coração doer. Por todo o tempo que permaneceu na Casa de Prata, ela fez diversas atividades para passar o tempo e para colocar a cabeça em ordem, como treinar, se exercitar, limpar uma coisa ou outra. Mas não estava adiantando muito. Ficar ali, na Casa de Prata, era algo incômodo.

Quando o sol já estava quase totalmente posto, Mileena terminou de se banhar e pôs sua roupa, voltando em seguida ao seu quartinho. As haripis estavam quietas nas árvores, se preparando para dormir. Quando Mileena chegou à porta do quartinho, uma haripi pousou atrás dela. A haripi carregava um pato morto com a boca, mas depois o segurou com as garras das asas e o ofereceu à Mileena.

????: Quaaaa...

Mileena: Ah... Obrigada, Pata; não precisava.

Pata: Kyuhum...

Pata era o nome carinhoso que Mileena deu para aquela haripi em particular. Ela tinha cabelo curto, volumoso, cuja cor parecia de mar cristalino e era disposto para cima e um pouco para trás. Ela foi a que mais se afeiçoou a Mileena e de vez em quando trazia algum animal morto para a moça comer. Como a maioria dos animais eram patos e a haripi fazia às vezes sons parecidos com o grasnar deles, Mileena lhe deu o nome de Pata. A moça de manopla ficou contente com a atitude de Pata, pois agora ela não precisaria sair pra conseguir comida.

Mileena: Já que você trouxe essa belezinha aqui, eu vou até jantar agora. E de quebra, eu te dou um pedaço.

Pata: Hmhm... Hm?

Mileena: Que houve?

Pata começou a agir de forma desconfiada. Ela virou pra trás, tentando prestar atenção a alguma coisa. Logo depois, começou a rosnar ferozmente e seu cabelo e suas penas ficaram ouriçados. Mileena logo entendeu o motivo da reação da haripi.

Pata: Grrrrrrrrr! Grrrrrrrrrr!

Mileena: Intrusos... Tava demorando...

Mileena logo percebeu alguns sons fracos vindo da Casa de Prata. Curiosa sobre os visitantes, Mileena pôs a mão no ombro de Pata e puxou-a suavemente, para que ela viesse consigo para dentro do quarto. Obedecendo ao comando, Pata a seguiu e, depois que entrou, Mileena pediu para que ela parasse de rosnar; a haripi obedeceu mais uma vez. A moça de manopla ainda pediu mais uma coisa.

Mileena: Faça o sinal de emboscada pras suas amigas, depressa. 

Pata foi até a entrada do quartinho e bateu fortemente os dentes. Quando as haripis ouviam o som dessa batida, elas repetiam o gesto para as outras, mas com menos força, e depois paravam. Esse gesto significava que todas deveriam fazer silêncio, esperar a presa chegar e atacar mediante ordem. Aproveitando esse silêncio, Mileena procurou atentamente ouvir o que os intrusos faziam, além de observar o campo de treinamento discretamente.

Depois de um tempo, três sujeitos entraram no campo de treinamento, todos jovens. Um deles era grande e musculoso; tinha cabelos curtos e descoloridos; trajava uma armadura negra maciça com protrusões longas e pontudas, semelhantes a chifres, saindo das ombreiras. O segundo tinha estatura relativamente baixa, mas possuía um corpo bem trabalhado; tinha cabelo curtíssimo, com a metade de baixo raspada; possuía uma armadura negra esguia, com emblemas de falcões desenhados em cada ombreira. A terceira pessoa era uma mulher de beleza extrema, com sedosos cabelos loiros que desciam até um pouco depois dos ombros; sua armadura, feminina e também negra, possuía emblemas de flores com contornos brancos nas ombreiras e carregava ainda um cinto cheio de bolsos. O formato familiar das armaduras deixou Mileena apreensiva, pois pareciam armaduras de Combatentes Reais, mas até onde ela sabia, só havia três Combatentes no reino. Foi então que ela se lembrou de um detalhe que Fileo.

Mileena: (Hm... Acho que Fileo tinha comentado sobre esses caras antes. Devem ser os amiguinhos da Jasmine... Os aspirantes a Combatentes.)

Os três aspirantes olhavam ao seu redor, fazendo uma averiguação rápida do local. Eles procuravam ter cautela máxima, porque Alea já era um local esquisito, então eles não sabiam o que esperar da Casa de Prata. A garota aspirante era a que mais parecia estar apreensiva.

??????: Olha, vou falar a verdade, esse lugar tá me dando arrepios. Acho que teria sido mais prudente se tivéssemos chegado de manhã. Agora, esse lugar tá parecendo uma mansão mal-assombrada.

!!!: Que foi, Blodia? Tá com medinho, é? Seja homem, mulher!

Blodia: Ah, vá tomar banho, Rex...

######: Eu tô mesmo é cansado de tanto andar e não fazer nada. Eu quero pegar logo esse safado do Mão de Pravus e quebrar os ossos dele, um por um!

Rex: Nessa eu tô contigo, Agouro. Só espero que essa última pista que a gente conseguiu seja mesmo boa.

Blodia: Esse lugar é muito amplo; o ideal seria a gente se espalhar, mas... Esse lugar parece muito perigoso. Ainda mais com esse cheiro nojento...

Rex: E o que o cheiro tem a ver, garota? Você é quase uma Combatente; não devia ficar se incomodando com qualquer bodum...

Blodia: E se eu dissesse que isso é cheiro de cocô de haripi?

Rex: Sério? Caramba, parada dura, heim?

Agouro: Qualé, Rex; não me diga que tá com medo das “suas amiguinhas”.

Rex: As “minhas amiguinhas” são capazes de comer ogros com o dobro do seu tamanho, parceiro.

Agouro: É, e vocês dois serviriam de petisco. Hehehehe...

Blodia: Isso não é hora de fazer piada. Isso aqui é um ninho de haripi; e se não houve reação até agora, então devem estar dormindo. Se fizermos barulho, elas vão fazer a gente de banquete.

Rex: Falou. Então, o que faremos?

Olhando para frente, Blodia enxergava vagamente o quartinho onde Mileena estava, o que despertou sua curiosidade.

Blodia: Vamos começar indo por aqui, pelo meio.

Agouro: Por que por aqui?

Blodia: Acho que vi uma coisa logo à frente. Quero ver o que é. E não quero ir sozinha pra lá.

Rex: Sem problemas, vamos juntos.

Agouro: Hmph... Tá certo.

Os três se dirigiram ao quartinho de Mileena. Ela e Pata perceberam a aproximação dos três guerreiros. A moça de manopla abraçou a haripi e a puxou para o canto mais afastado da porta, sussurrando em seu ouvido em seguida.

Mileena: Fique quieta e não mexa um músculo, tá bom?

Pata: Hmhm...

Mileena: Beleza. Sexta Bênção.

Aproveitando a escuridão do quartinho ocasionado pela chegada da noite, Mileena ocultou a ela mesma e a haripi usando sua magia. Quando os aspirantes chegaram ali, eles não perceberam a presença das duas. Tudo o que viram ali foram uma cama, uma mesinha com um incensário e outros objetos sem importância e um alforje. Blodia abriu o alforje e encontrou bolinhas de âmbar, um estilingue e um livro, que era o diário de Midea. Mileena ficou temerosa, pois se esquecera de pegá-lo consigo antes dos aspirantes chegarem.

Blodia: Rapazes, olhem aqui. Tem um livro aqui com um emblema do clã Darphai.

Rex: Sério?

Agouro: O que tem nele?

Blodia: Não sei, não abri ainda...

Blodia abriu o livro e começou a dar uma folheada. Ela leu alguns trechos do livro.

Blodia: “Oh, Ludovico, tenho uma grande notícia para te contar!” “O que é, minha querida?” “Estou esperando um filho teu!” “Por Adriel! Tu também esperas um filho?” “’Também’? Não me diga que...” “Micha, minha mulher, espera um filho meu! Que farei agora?!” “Como podes fazer isso comigo? Tinhas me dito que largaria a sua mulher para viver comigo!” “E eu faria isso! Eu estava para pedir o divórcio a ela, mas ela me deu essa notícia!” “O que será de mim, agora? Irás me abandonar, Ludovico?” “Não, de maneira alguma te abandonarei!” “Mas... Eu também não quero que tenhas outra mulher em tua vida além de mim.” “Querida...” “Terás de escolher entre eu e ela, Ludovico! Diga agora! Viverás com ela ou viverás comigo” “Eu...”

Rex: Ô Blodia... Vai ficar mesmo lendo isso aí?

Blodia: Oh... Desculpa. Tava tão bom que até perdi a noção das coisas...

Agouro: Mas que coisa... Essas bruxas retardadas não tinham coisa melhor pra fazer além de escrever romances?

Mileena: (A “retardada” em questão era minha mãe, seu filho de uma vaca louca!)

Blodia: Bom, eu adoro romances. Vou até levar o livro comigo. Quero só ver o dono ou a dona dele vir atrás da gente pra pegar.

Agouro: Hehehehe... Blodia é mesmo uma das nossas.

Rex: É, essa é a garota que manja das malandragens.

Blodia: Parem, seus bobos... Não é só por isso que estou levando esse livro.

Agouro: Ué, por que mais então?

Blodia: Esse livro é de uma Darphai. E além do mais, esse quarto tá muito bem arrumado. O incenso que tá aqui foi usado muito recentemente; ele neutralizou o cheiro ruim e o lugar agora não fede como lá fora. Alguém tem morado aqui e não faz muito tempo que ele saiu.

Rex: Ei, é verdade. Nem me liguei no cheiro aqui.

Agouro: Mas então, isso significa que...

Blodia: É muito provável que esse local ainda esteja sendo habitado por uma Darphai.

Agouro: Será? Elas não foram todas executadas depois da rebelião?

Blodia: Vai saber... Ninguém sabe se todas as Darphai participaram da rebelião. Pode ser que uma ou mais tenham ficado de fora.

Rex: Seja Darphai ou não, pra viver no meio de um bando de haripis... Tem que ser fera braba.

Blodia: É, mas temos que assumir que há mesmo uma Darphai aqui. Sendo assim, isso aqui agora terá que ser nossa prioridade. Pode não ser o alvo que estávamos procurando a princípio, mas também de suma importância. Seja lá quem esteve aqui, precisamos pegá-la.

Rex: Pode crer. Qual o próximo passo?

Blodia: Vamos ficar de tocaia aqui por aqui. Eu vou instalar umas armadilhas pela mansão e vocês vigiam o local. Tomem cuidado para não despertar as haripis.

Rex: Já é. Vamos lá.

Agouro: Isso aí, agora sim tô gostando.

Assim, Blodia colocou o diário de Midea dentro do alforje e o levou consigo, e os três aspirantes saíram do quartinho e foram em direção ao edifício principal. Logo depois, Mileena desfez a Sexta Bênção e olhou os três se afastando. Irritada, ela viu que teria que dar um jeito neles permanentemente.

Mileena: “Nhé, quero só ver a dona vir atrás da gente”... Pft... Se é isso que essa vaca quer, é o que ela terá. Pata, chame todo mundo. Tá na hora do lanche.

Pata: Kyum!

Pata foi até a entrada e observou os aspirantes. Quando já estavam próximos do edifício principal, ela deu seu grito que guerra.

Pata: KYYYAAAAAAAAAAAAAHHH! QUAAAQUAAAAAAAAAH!

Alarmados, os três aspirantes olharam pra trás e viram Pata gritando. Logo depois, ouviram ruídos vindos das árvores. Eram as outras haripis, que imediatamente iniciaram o ataque contra os três aspirantes. Surgindo de todos os lados, as haripis não deram chance para os três guerreiros escaparem.

GRRAAAAAAAH!!! KAAAAAAAAAH!!!

Agouro: É uma cilada!!!

Blodia: Protejam-se!!!


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Notas finais do capítulo

A-A-A! Vai fazer DNA!

Er... Bom, a treta continua!

Próximo Capítulo: Os Aspirantes - Parte 2

Confira!



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