Roses and Demons EX: Crimson Blast escrita por Boneco de Neve


Capítulo 2
A Mão de Pravus




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Naquele mesmo dia, no fim da tarde, Lobs estava cuidando de seus afazeres no balcão. Foi quando ele sente um leve puxão na calça. Era Purkeed.

Purkeed: Senhor Lobs...

Lobs: Que foi, garoto? Estou ocupado.

Purkeed: Desculpe, mas... Você viu a minha irmã Mileena?

Lobs: Não. Ela deve ter saído.

Purkeed: Puxa vida...

Lobs: Qual o problema?

Purkeed: Não estou achando meu estilingue e minhas bolinhas de âmbar.

Lobs: E você acha que ela pegou?

Purkeed: C-Claro que não! Minha irmã não brinca com coisas de menino! E além do mais, ela não é ladra!

Lobs: (Ingênuo...)

Purkeed: Ai, o que eu faço agora? Eu nem me importo tanto com o estilingue, mas as bolinhas de âmbar...

Lobs: Olha, garoto, eu não estou com paciência pra ouvir suas lamentações. Portanto, eu sugiro que você procure outra coisa pra fazer do que ficar aqui reclamando da vida.

Purkeed: Sim, senhor...

Lobs: E não se preocupe com a sua irmã; se ela aparecer aqui, eu te chamo.

Purkeed: Tá bem... Obrigado, senhor Lobs.

Com isso, Purkeed se retirou do espaço comum, indo para o acesso ao subterrâneo, ainda se mostrando triste. Já Lobs continuava a trabalhar. Porém, o sumiço das coisas de Purkeed o deixou intrigado. Não que ele se importasse com as coisas dele, mas algo não estava certo nessa situação. Mileena obviamente não iria usar um estilingue e bolinhas de âmbar para brincar. A menos que a "brincadeira" em si fosse do tipo que nem mesmo os garotos mais velhos teriam coragem de fazer.

Lobs: (Garota encrenqueira... Você não foi fazer o que eu tô pensando, foi?)

A quase uma hora de caminhada dali, em um pequeno bosque nas proximidades da Vila de Rabiphit, havia um acampamento improvisado, onde um grande grupo de homens mal vestidos bebia e conversava alegremente. Todas as barracas ali eram feitas de trapos, folhas e peles velhas, com exceção de uma, que era maior que as outras e feita de tecido fino de cor de sangue. Passos metálicos ecoaram de dentro da barraca, o que fizeram os homens ali presentes dirigirem suas atenções para ela. Saiu de dentro dela uma mulher com um longo e velho vestido de gala branco, com uma couraça prateada com detalhes avermelhados que protegia toda a parte superior do corpo, além de manoplas e botas. A portadora desta exótica vestimenta tinha aparentemente 40 anos, um volumoso cabelo loiro platinado encaracolado e uma máscara com um desenho de chama na área do olho que cobria quase toda a metade esquerda de seu belo rosto, mas deixava totalmente à mostra seus lábios carnudos e fortemente avermelhados, que se desdobravam em um sorriso que dava, junto com seu olho direito de cor de mel, uma expressão que misturava destemor e maldade. Ao verem a mulher, os homens ficaram extasiados e gritaram em coro.

"Salve Lady Fogaréu!"

Lady Fogaréu: Queridos, por favor, façam silêncio, que eu preciso me pronunciar a vocês.

E os homens prontamente obedeceram, se aquietando totalmente em questão de poucos segundos.

Lady Fogaréu: Hoje, meus queridos, será um dia de glória, pois, depois de muito tempo longe dessa minha estúpida terra natal, voltei e quero que comemorar minha volta com estilo. Vocês, meus amores, e eu, a magnânima aqui, vamos para além desse bosque, saquear uma das cidades mais próximas da capital de Sortiny... A cidade de Rabiphit!

Os homens mais uma vez se manifestaram empolvorosos, ansiosos em realizar a ação.

Lady Fogaréu: Queridos, por favor, não se exaltem; alguém pode nos escutar.

Os capangas captaram a mensagem e se aquietaram, dando oportunidade para a mulher prosseguir.

Lady Fogaréu: Nosso único problema por agora é que os guardas reais infelizmente já desconfiam que eu estou nas dependências do reino, portanto precisamos do máximo de discrição possível. Além do mais, discrição é um ponto chave do meu grandioso plano de ataque. Se seguirem tudo exatamente como eu disse, garanto que será fácil como tirar doce da boca de uma criança.

"Éééééé!"

"Hahaha!"

"É isso aí!"

Lady Fogaréu: Vamos sair daqui podres de ricos, meus amores! Ou eu não me chamo... Lady Fogaréu!

Mais uma vez os homens se exaltaram, maravilhados com a líder deles e obviamente com a possibilidade iminente de pegar uma mais que generosa quantia de dinheiro.

Lady Fogaréu: Queridos, por favor, eu ainda não terminei. Me escutem, sim? Eu não quero ninguém aqui se esquecendo do que fazer durante a ação, portanto, como ainda temos tempo, permitam-me recapitular rapidamente o plano pra vocês. Prestem atenção na magnânima aqui, por favor.

E assim, a Lady começou a contar seu plano para os seus capangas. Porém, havia um par de ouvidos extras ali que também escutava tudo com muita atenção e que ninguém mais ali notou a sua presença. A dona desses ouvidos estava estática, mesclada nas sombras das árvores, e esboçava um sorriso ousado enquanto ouvia o plano de sua "presa".

Mileena: Heh...

A cidade de Rabiphit não era um lugar grande, sendo porém um lugar compacto, com pouco espaço entre as casas. O que poucos sabiam é que algumas casas naquela cidade na verdade eram postos de vigilância camuflados. Tais postos se concentravam numa linha imaginária que cruzava a cidade, da entrada a saída, que era um acesso à parte central do reino localizado no lado oposto, sendo que alguns desses postos ficavam bem no meio dessa linha, tendo passagens secretas para prosseguir por ela. Essa linha era usada como uma rota para transferir cargas valiosas, e, por vezes, as casas falsas serviam de armazéns para algumas dessas cargas. No centro da cidade, ainda havia uma torre de madeira que, apesar de não ser muito alta, era suficientemente alta para ter uma visão panorâmica de todo o local. Lady Fogaréu sabia disso tudo de antemão, graças aos seus capangas, que fizeram um reconhecimento prévio do local.

Alta madrugada. A grande maioria dos habitantes da cidade já tinha ido dormir, sendo os guardas as únicas exceções. Naquele dia, havia um número maior de guardas circulando a cidade por causa dos rumores, mas alguns deles já estavam se dando por vencidos pelo sono, pois nada acontecia há horas. Enquanto isso, na surdina, um grupo de capangas da Lady terminava de atravessar a densa mata nos arredores da cidade, para contorná-la e assim chegar ao portão de saída dela. Ainda, outros dois capangas conseguiram se infiltrar na cidade e foram para a torre central, indo até o topo, e abateram os vigias que estavam lá, sem despertar suspeitas de mais ninguém. De lá, eles avistaram outro grupo de seus companheiros, este comandado pessoalmente pela Lady, que empunhava uma enorme lança de justa, próximo ao portão de entrada da cidade; então, dirigiram suas atenções para a saída, no outro lado da vila, esperando que o grupo que contornou a vila aparecesse lá.

O plano de Lady Fogaréu não era difícil de entender: Os dois grupos invadiriam lentamente a cidade, neutralizando os guardas que vissem, até tomar toda a rota secreta, roubar tudo o que estivesse escondido nela e, enfim, eles se espalhariam pela cidade para saqueá-la por completo. Como os dois portões da cidade estariam bloqueados, ninguém teria para onde fugir, pois ao redor da cidade havia muros altos e, além deles, a mata densa. Para isso tudo ocorrer, os dois comparsas na torre teriam que primeiramente mandar um sinal luminoso para ambos os grupos. Mas antes que pudessem, um comparsa sentiu uma mão grotesca segurar o lado direito da sua cabeça e o outro sentiu uma mão normal segurar o lado esquerdo da sua cabeça. Então, ambas as mãos empurraram as cabeças dos capangas uma contra a outra com violência, fazendo-os desmaiar. A mulher a quem pertencia as tais mãos ficou a conferir se os dois de fato perderam os sentidos.

Mileena: Bons sonhos, "queridos".

Discretamente, ela se pôs a observar a entrada e a saída da cidade, vendo os dois grupos já posicionados, apenas esperando o sinal dos colegas que ela acabara de abater. Então, ela abriu o alforje que carregava e tirou de dentro o estilingue do seu irmão e uma de várias esferas pequenas, alaranjadas e semitransparentes. Mantidas na mão direita, a que estava com a manopla, a esfera começou a brilhar num medonho tom rubro e logo em seguida foi posta na banda central do estilingue. Mileena retesou o elástico e mirou no acesso à parte central do reino. Ela tinha consciência de que seria difícil acertar o local que ela queria daquela distância, portanto, para se garantir, ela recorreu a uma ajudinha.

Mileena: Eu convoco a primeira bênção.

Ao recitar essas palavras, a manopla dela emitiu um brilho amarelado a partir das saliências. Mileena se sentiu mais relaxada e concentrada, definindo a força e a mira de vez. Enfim, ela soltou o elástico, que lançou a pequena esfera para bem longe. Os capangas que estavam no acesso à parte central viram um pontinho vermelho escuro voando na direção deles e ficaram confusos. O pontinho foi perdendo velocidade e altura, até que caiu bem diante dos pés deles. Estava inteira e ainda emitindo brilho.

Capanga: Esse é o sinal?

Os capangas ficaram se olhando, confusos. E antes que outro deles se pronunciasse, a pequena bolinha de brilho estranho que estava diante deles se explodiu. E não foi uma explosão pequena, mas criou uma grande e destruidora onda carmesim que consumiu tudo o que havia num raio de 20 metros, incluindo os portões, parte dos muros e, claro, os pobres capangas.

A cidade inteira acordou assustada com o forte estrondo. Os guardas, alarmados, começaram a se movimentar, sendo que vários deles partiram correndo em direção ao local da explosão. Perto da entrada da vila, Lady Fogaréu e seus capangas estavam escondidos, pasmos, observando a confusão que se formara. Ao ver a reação dos guardas, a mulher deduziu que, seja lá o que aconteceu, eles não eram os responsáveis, o que a deixou ainda mais perturbada. Foi então que ela ouviu um leve ruído vindo logo a frente do grupo. Era outra pequena esfera brilhante, como aquela que caiu no outro lado da vila; esta caiu a pouco menos de 1 metro do grupo. A mulher obviamente não sabia do detalhe anterior, mas os instintos dela se aguçaram subitamente ao ver o brilho estranho daquela esfera, o que a fez dar um brado de desespero no ato e dar meia volta para correr.

Lady Fogaréu: Corram!!!

Não adiantou muito. A Lady e seus capangas até conseguiram se afastar da esfera por alguns metros, mas assim que ela explodiu, todos foram atingidos pela onda de impacto e lançados para longe. Alguns capangas morreram e os que sobreviveram ficaram feridos demais para se levantar. Lady Fogaréu não sofreu grandes danos, pois além da couraça tê-la protegido, ela foi a pessoa que mais se afastou da esfera. Ela não demorou a se levantar, mas o estrondo a deixou tonta. Se esforçando pra se recobrar totalmente, ela olhou para seus capangas e, depois, para o local da explosão e rilhou os dentes. Estava furiosa em extremo, pois estava mais do que claro de que foi vítima de uma emboscada; mais, estava frustrada, pois seu plano foi desfeito como um pedaço de cinzas ao ser tocado, seus capangas foram ao chão como moscas, e, a seu ver, não havia nada a fazer que pudesse remediar a situação. Tudo o que ela se limitou a fazer então foi juntar seu fôlego e jorrar tudo o que sentia em um único grito.

Lady Fogaréu: MALDIÇÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOO!!!

De repente, assim que ela terminou de gritar, uma pessoa, vinda de cima, aterrissou diante dela, surpreendendo-a. Ao se colocar de pé, ela olhou para a Lady e sorriu para ela, como se estivesse de deboche com o seu alvo.

Mileena: Relaxa aí, Fogaréu...

Ela levantou e cerrou o punho direito e a manga da jaqueta que o cobria caiu, revelando a esquisita manopla escarlate que o revestia.

Mileena: A diversão só está começando.

Lady Fogaréu nada disse de imediato ao ver a moça diante dela. E, ao olhar para aquele punho e cravando aquela visão em sua memória, uma coisa passou por sua mente. Uma coisa que, por um breve momento, espantou a mulher encouraçada.

Lady Fogaréu: (Essa é... A Mão de Pravus?)


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Notas finais do capítulo

Não é qualquer um que cutuca onça com vara curta.

Próximo capítulo: Fera Ferida.

Confira!



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