Roses and Demons EX: Crimson Blast escrita por Boneco de Neve


Capítulo 13
Obstinação


Notas iniciais do capítulo

Mais uma vez me enrolo. Nem comento nada. Só peço desculpas.



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Jasmine: GAAAAAAAAAAAAAAH! AAAAAAAAAH!!! AAAAAAAAAAAAAIIII!!!

 

Os gritos desesperados de Jasmine ressoavam por toda a mansão abandonada da família Vermiliel. Marjorie e seus cogumelos haviam interrompido a busca pela cura antiescorpiônica por causa de explosão que antecedeu os gritos. Assustados, eles olhavam para Mileena, que estava na porta, tentando entender o que aconteceu. A moça de manopla, por sua vez, olhava para Jasmine calmamente. Porém, por mais que não lamentasse o que houve, ela sentia pena em ver sua adversária no estado que ficou.

Era de fato uma cena grotesca. A explosão literalmente fulminou a mão de Jasmine; o braço agora terminava em carne dilacerada e osso exposto. A explosão também feriu outras áreas do corpo da mercenária, como o rosto, que ficou com alguns arranhões profundos. Havia marcas de sangue pra todo o lado e a mancha de sangue no chão só aumentava ainda mais à medida que saía mais do braço. A mercenária estava sentada no chão, olhando para o seu braço estourado, desesperada pela perda e pela dor, e suas lágrimas caiam de seu rosto como rios. Depois de muito olhar para o braço, ela finalmente dirigiu seu olhar repleto de ódio para Mileena.

 

Jasmine: Você... VOCÊ É A MÃO DE PRAVUS!!! SEU DEMÔNIO!!! MALDITA!!!

 

Enquanto Jasmine amaldiçoava Mileena, esta apenas a observava, sem fazer mais nada. O estado deplorável em que a mercenária se encontrava agora a deixava compadecida, apesar de por causa dela que a moça de manopla esteja prestes a esticar as canelas naquele momento. Ela então procurou tentar encerrar a luta de forma amistosa.

 

Mileena: Jasmine... Faça um favor a você mesma e vá embora daqui.

Jasmine: Nnnngh...

Mileena: Não precisa ter vergonha de abandonar a luta. Você foi bem, mas você não pode continuar lutando nesse estado. Você precisa procurar logo um médico, senão...

Jasmine: CALA A BOCA!!!

 

O grito de Jasmine deu a entender a moça de manopla que a mercenária não pretendia terminar a luta ali, o que a deixou incomodada. Jasmine se esforçou para se colocar de pé mais uma vez e encarou sua adversária. Ela pegou um pedaço de um tecido pendurado na parede do corredor e o enrolou no braço decepado.

 

Jasmine: Eu não vim aqui pra morrer nas mãos de uma mísera bruxa... Por isso... Ai... Eu vou passar por você... E pegar aquela menina também... E aí... Eu vou me tornar uma Combatente!

Mileena: Não seja teimosa, droga! Se continuar com isso, você vai morrer!

Jasmine: Fale por você mesma, queridinha! Acha que eu não ouvi você mandando aquela fedelha achar uma cura pra você?

Mileena: E daí? Mesmo que eu morra aqui, você ainda vai ter que pegar a Marjorie. E no estado em que está, você não vai conseguir pegá-la.

Jasmine: Não me subestime, bruxa estúpida...

Mileena: E você não seja patética! Você teve todo o tempo do mundo pra batalhar pela posição de Combatente e, agora que fez besteira e perdeu a moral com o rei, vai bancar a determinada justo agora que está toda estropiada?! Acha mesmo que vale a pena arriscar sua vida em nome de uma mísera promoção?!

Jasmine: Isso é também por minha honra!

Mileena: E isso faz lá diferença?!

Jasmine: EU TRABALHO PRA ASPO SHABON! ISSO É DIFERENÇA SUFICIENTE PRA VOCÊ?!

 

Mileena ficou estarrecida ao ouvir aquela informação. Não era por menos. Aspo Shabon, o atual chefe da família Shabon, era o sujeito mais infame de Sortiny; um homem que simplesmente não via valor na vida dos outros, nem mesmo dos que integram a sua própria família. Havia até um rumor que dizia que o desaparecimento de sua filha caçula se deu porque, na verdade, ela foi vendida para alguns leviatãs, que é como são popularmente chamados os bandidos que viajam pelos mares. Quanto a Jasmine, esta apenas fechou os olhos em sinal de vergonha. Ela não queria ter falado do seu patrão para Mileena, mas, no calor da discussão, ela simplesmente deixou escapar.

 

Mileena: Aspo Shabon? Como pode trabalhar para alguém como ele?

Jasmine: Tsc...

Mileena: Peraí, não é possível. Aspo está falido; ele não tem como bancar uma mercenária do seu nível... E além do mais, você não tinha dito que estava a serviço da família real?

Jasmine: Ngh... Falido ele não está, mas ainda assim, ele realmente não tem dinheiro para contratar mercenários de elite... Eu não menti quando disse que estava a serviço da família real; é ela quem me banca. Eu só trabalho praquele verme porque esse é o castigo que o rei me impôs...

Mileena: Quer dizer que... O rei te enviou até Aspo pra ele abusar de você?! Só por causa de um furo em um par de calças?!

Jasmine: Puf... O rei deu uma ordem para que nem Aspo nem ninguém próximo dele colocasse um dedo em mim... A menos que eu desobedecesse alguma outra ordem dele ou cometesse alguma falha grave... E eu não poderia fazer nada contra ele, do contrário, o rei pediria a minha cabeça...

 

Mileena finalmente entendeu a posição de Jasmine. Se Jasmine falhasse em matar as duas bruxas, o futuro dela seria terrível. De Aspo, Mileena já tinha nojo, como qualquer outro habitante de Sortiny. Do rei Ritchie, até então ela só guardava mágoa por causa da morte das suas irmãs, mas nunca imaginou que ele pudesse ser tão baixo. Mileena ficou indignada com a situação em que Jasmine se encontrava.

 

Mileena: Então... Por que não tenta começar uma nova vida longe desse reino?

Jasmine: PORQUE EU NÃO QUERO!

Mileena: Mas por quê?!

Jasmine: Eu vim de muito longe! Eu larguei minha família! Tudo pra conseguir uma vida melhor aqui! Não queria vagar pelo deserto por toda a vida! Não quero ter que vagar por Realia por toda a vida pra conseguir outra oportunidade que não vai chegar!

Mileena: Você nunca vai saber se não tentar.

Jasmine: Eu já estou cansada de tentar! Essa é a melhor chance que eu tive até hoje e não vou deixa-la escapar!

 

Apesar de irritada com a teimosia da mercenária, Mileena tentou manter um tom pacífico.

 

Mileena: Olha, eu entendo o que você passou. Também sou de uma tribo do deserto, assim como você.

Jasmine: O quê?

Mileena: Ah... Você não ouviu a minha história, não é?

Jasmine: Uph... Não, cheguei aqui bem depois de você. Eu tive um contratempo... Mas isso é sério mesmo? De que tribo você é?

Mileena: Crymysyn.

Jasmine: Heh... Puf... Não, você só pode estar brincando...

Mileena: Por que eu haveria de brincar com uma coisa dessas?

Jasmine: Há quanto tempo está aqui em Sortiny?

Mileena: Há uns... Doze anos, eu acho.

Jasmine: Então você não sabe mesmo...

Mileena: Do que está falando?

Jasmine: Uph... Sua tribo, Crymysyn, não existe mais. Foi dizimada.

 

Mileena ficou em choque ao ouvir a notícia. Agora era ela que se mostrava incrédula.

 

Mileena: Como assim, dizimada?! O que aconteceu com a minha tribo?!

Jasmine: Os idiotas da sua tribo... Construíram uma torre no meio do deserto em cima de ruínas antigas... Mas nem se tocaram que aquelas ruínas eram amaldiçoadas... Não sei o que saiu de dentro delas, mas, seja lá o que for, acabou com todo mundo sem dó nem piedade... Ai... Quando patriarca da sua tribo não apareceu na reunião dos patriarcas tribais, eles mandaram alguns homens para investigar... Mas quando perceberam a maldição nas ruínas, os patriarcas selaram a torre imediatamente. Ninguém mais entrou ou saiu de lá desde então.

Mileena: (Papai...)

Jasmine: Uph... Heh... Que barra, heim? Perdeu o clã Darphai, a tribo Crymysyn... Perder não uma, mas duas famílias assim... É, eu realmente não queria estar sua pele, queridinha... Puf...

 

Mileena fazia um enorme esforço mental para não se descontrolar naquele momento. Apesar da sua tribo quase tê-la matado, ela não guardava ódio dela. Porém, o que mais martelava a cabeça da moça de manopla naquele momento era a imagem de seu pai, e a vontade de chorar naquele momento era exorbitante. Mileena não queria mais prosseguir com aquela conversa; queria tirar Jasmine do caminho o quanto antes, pois sabia que não tinha muito tempo. Coincidentemente, Jasmine também não queria prolongar o papo. Esta tirou o diadema de sua cabeça e, ao dobrá-lo, passou a segurá-lo como um grande chicote.

 

Jasmine: Olha, eu realmente sinto muito por você, mas eu não tenho tempo... É já que você tá teimando pra morrer, vou resolver isso logo de uma vez...

Mileena: Pela última vez... Suma da minha frente.

Jasmine: Hmph... Você, sendo uma Darphai, também está com a corda no pescoço. Se você não caiu fora de Sortuny até agora, que moral você tem pra me mandar ir embora daqui? Me poupe, Darphai. Me faça um favor e morra de uma vez!

Mileena: Não diga que eu não avisei...

 

E ambas reassumiram postura de combate, vindo logo depois a lutarem sangrentamente. Enquanto isso, Marjorie e seus cogumelos procuravam desesperadamente por algum livro que pudesse ajudar a moça explosiva.

 

Mushozen: Cura pra artrite!

Mushospanto: Cura pra hepatite!

Musholoco: Cura pra coelhite!

Marjorie: Não é nada disso! Continuem procurando, rápido!

Mushofofa: Cura pra veneno!

Marjorie: Sério?!

Mushirambo: Não, Mushofofa, veja o título inteiro. "Cura para o veneno do amor". Isso é um romance, não um livro de poção.

Mushofofa: Ah, é verdade... Que droga...

Marjorie: Ei, não enrolem! Continuem procurando! A Irmã Mili tá morrendo!

 

Os reflexos de Mileena estavam ficando piores. A Terceira Bênção já não estava mais conseguindo segurar os sintomas adequadamente. Pior, o telson que havia no chicote também tinha veneno, coisa que a moça de manopla já imaginava. Jasmine, porém, estava em uma situação pior. A enorme dor no braço decepado e a perda de sangue prejudicavam demais os seus ataques. A cada chicotada, o chicote bulboso se distendia, ampliando a margem de ataque, mas a mercenária simplesmente não conseguia atingir Mileena. No último ataque, porém, o telson fez um rasgo na camiseta de Mileena, na altura do abdômen.

 

Mileena: Ah, sua vaca...

 

Para a sorte dela, o telson não atingiu sua pele; o dano ficou apenas na camiseta. Mas Jasmine não parou por aí. Ela continuou atacando repetidamente e Mileena se esquivava como podia, até que, em um ataque, o telson ficou encravado no piso. Mileena não perdeu tempo e, carregando a mão revestida com energia explosiva, aplicou um golpe de mão aberta no chicote, que se partiu. Jasmine quase caiu no chão por causa do recuo do chicote partido.

 

Jasmine: Desgraçada...

 

A mercenária não se deu por vencida. Largou o chicote inutilizado e sacou um facão guardado atrás do vestido.

 

Mileena: (Tá de brincadeira! Outra arma?!)

Jasmine: Grrraaaah!

 

Numa atitude inflamada e impensada, Jasmine avançou contra Mileena, que não perdeu a chance. Assim que a mercenária tentou esfaquear a adversária, esta logo a desarmou e rapidamente se pôs atrás dela, agarrando seu tronco. Num grande esforço, a moça de manopla puxou a mercenária por cima e para trás.

 

Mileena: ORYAAAAH!

Jasmine: KYAAAAH!

 

Mileena fez com que Jasmine batesse com a nuca no chão com tamanha violência que o chão chegou a quebrar. Passados poucos segundos, percebendo que a mercenária não se mexia mais, a moça de manopla a largou e a deixou no chão. Jasmine estava inerte, com os olhos vidrados. Apenas por precaução, Mileena foi medir a pulsação dela pelo seu pescoço, mas não sentiu nada. Jasmine havia quebrado o pescoço com o impacto. Constatando a morte da adversária, a moça de manopla fechou os olhos dela.

 

Marjorie e os cogumelos olhavam assustados para a porta. Eles não viram o último ato da luta e, com o enorme ruído mais o seguinte silêncio, ficaram apreensivos, querendo saber o que aconteceu. Para o alívio deles, Mileena apareceu pela porta.

 

Mileena: Puf... Essa não incomoda mais.

IEEEEEEEEIIIIII!!!

 

Os cogumelos vibraram com a vitória da moça de manopla, e Marjorie deu um suspiro de alívio. Mileena foi até a bruxinha sorridente, que se levantou e foi ao seu encontro.

 

Marjorie: Você conseguiu! Conseguiu!

Mileena: É...

Marjorie: A-Ah, eu ainda não encontrei o livro, mas aguente só mais um pouco; eu vou...

 

Nesse instante, Mileena pôs a mão na cabeça de Marjorie. Foi então que a pequena, ao olhar bem para a moça, percebeu que, apesar do sorriso terno, estava muito mal; suava muito e seu rosto inteiro estava ruborizado. Marjorie olhou fixamente para Mileena, sem dizer nada, até que esta caiu de joelhos ao seu lado. A Terceira Bênção já não surtia mais efeito.

 

Marjorie: I-Irmã Mili?

Mileena: Marjorie... Obrigada... Mas acho que esse é o meu fim...

Marjorie: N-Não... Não diga isso, Irmã Mili! Aguenta só mais um pouquinho, por favor! Eu vou achar uma cura pra você!

Mileena: Mesmo que ache uma agora... Não dá mais tempo... Eu tô... No meu limite...

 

Desesperada, Marjorie chegava a implorar por mais tempo e chorava muito. Mileena respirava pesadamente.

 

Mileena: Eu deixo... Os diários das minhas irmãs... Sob os seus cuidados... Não sei se... Você vai... Conseguir abrí-los... Mas... Cuide bem deles...

Marjorie: Não... Não me deixe! Fica comigo!

Mileena: Marge... Mamãe... Me perdoem...

 

Sem forças, Mileena se deixou cair, levando a pequena bruxa a acudí-la desesperadas e a chorar sem cessar. Contudo, Mileena não se mexia mais.

 

Marjorie: NÃO! NÃO! IRMÃ MILI! ACORDA! ACORDA! ACORDAAAAA! IRMÃ MILIIIII! WAAAAAAAAH!!! WAAAAAAAAAH!!!


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Notas finais do capítulo

O que resta agora?

Próximo Capítulo: Vazio

Confira!



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