Aqueles que têm coragem para amar deveriam ter coragem para sofrer.

Anthony Trollope

17º Capitulo

Ia a entrar no ginásio quando esbarrei contra uma parede de músculos.

– Bolas.- Resmunguei.

– Eu não tenho culpa. Devias ver por onde andas Bell.

Suspirei e olhei-o.

– O que queres?

– Ouvi dizer que vais entrar no combate amanhã.– Pela primeira vez, na minha curta vida, a expressão no rosto de Liam era séria.

– Assim como a Academia inteira e então?

– Então ouvi dizer que vais treinar.

Cruzei os braços sobre o peito.

"Mas será que ele sabe tudo?"

– Será que podes ser mais intrometido?

Um breve sorriso lhe apareceu.

– Provavelmente não.

– Como queiras.

Tentei passar por ele, mas ele mexeu-se ficando á minha frente.

– Posso ver o treino?

"Claro que ele também ouviu isso."

– Tá. Como queiras.

Empurrei-o e entrei no ginásio.

Connor, Emma e Bia já lá estavam. Connor estava á frente delas com uma estaca em cada mão.

– Não as mates Connor, ainda preciso delas.- Brinquei pegando na minha espada.

Connor sorriu e depois voltou-se para um ponto atrás de mim.

– Ele está comigo.- Expliquei deixando cair a mochila ao lado da dele.

– Liam Drake. – Apresentou-se.

– Connor Holter.

Liam, olhou de mim e depois de novo para Connor.

– Não sabia que eram da mesma família.

– Não somos.

– Mas tendes o mesmo sobrenome.

Revirei os olhos.

– Fiquei com ele depois que minha mãe morreu, ó génio. Ele ficou meu tutor legalmente porque sou menor e era mais fácil… Porque diabos eu te estou a explicar seja lá o que for? Vamos mas é começar.

"Não é ele o senhor das fontes? Então que descubra sozinho."

– E o teu pai?

Apontei-lhe a espada, irritada.

– Já chega. Ou te calas ou sais porta fora.

– Porque ele está aqui de qualquer maneira?- Perguntou Emma.

Afastei-me de Liam.

– Porque também o estou a ensinar.

– O QUÊ?!

Olhei para Emma assustada.

– Porquê? Porque logo ele?

Dei de ombros e suspirei.

"Também me estou a fazer a mesma pergunta."

– Fiquem quietos. Vamos Con.

Quando chegamos ao meio do ginásio Connor falou.

– Foi ele que te viu quando fugiste?

– Sim.

– E mesmo assim estás a dar-lhe aulas. Muito interessante.– Disse esfregando o queixo e sorrindo.

Apontei-lhe a espada.

– Tu não me julgues. Sabes perfeitamente que eu ajudo se me pedirem.

– Eu sei.– Connor ficou pronto.- Dá-lhe miúda.

Assim que começamos os sons das duas espadas soaram pelo ginásio. Connor atacou-me vezes e vezes sem conta mas eu rebati sempre.

Quando conseguimos uma pausa, Connor levou uma mão ao coração.

– Assim magoas o meu ego ferido. Deixa-me acertar-te uma vez.

Olhei-o, incrédula.

– Estou a limpar um vagão nojento e a ajudar no sítio mais aborrecido do planeta, vais pagá-las bem.

Ataquei-o e ele defendeu-se. Gotas de suor caiam-lhe pelo rosto e ele enxugou-as.

– Para a próxima não fujas.

Parei e olhei-o cansada desta história.

– Eu não fugi. Eu ia voltar.

– Quando?

– Um dia destes.

Voltamos ao ataque.

– E um dia desses podia ser o fim.

Revirei os olhos e fi-lo cair de costas.

– Fala o homem caído no chão.

– E fui eu quem te ensinou a lutar.

Fiz uma vénia e sorri.

– O aluno tornasse mestre.

Connor sorriu e levantou-se.

– E salva a vida do seu aluno vezes e vezes sem conta e qual é o presente de agradecimento? Pô-la de castigo. – Continuei.

Connor revirou os olhos.

–Mereces-te.

–Mentira!

–Porque fugiste, Christy?

–Mas será que tu nunca te cansas de fazer sempre a mesma pergunta?- Perguntei defendendo-me.

–Não quando é a vida da minha criança que está em jogo.

Parei com a espada atravessada entre nós e olhei-o nos olhos.

–Eu sei me defender, Connor.

–Eu não duvido disso.– Afastá-mo-nos e prepará-mo-nos de novo.- Apenas tenho medo. Também és humana, princesa. Nem mesmo tu ultrapassas tudo.

Eu sabia ao que ele se referia.

–Ela era minha mãe Connor. Foi normal ter-me ido abaixo. Esquece isso.

Quando minha mãe morreu eu fugi. Corri e desci a montanha onde vivíamos com muita velocidade para uma criança de 9 anos. Quando parei chovia e as lágrimas não me permitiam ver quase nada. fui surpreendida por 2 Sombras e teria sido o meu fim, se Connor não tivesse aparecido na hora e me salvo.

–Nunca o poderei fazer, Christy. Eu perdi minha melhor amiga e quase que perdi a menina que criei. Isso nunca esquecerei.

–Já se passaram anos, Connor. Para além disso eu já te retribui. Já te salvei a vida umas… 99 vezes?

Ele olhou-me tentando não sorrir.

– Cala-te e luta.

– Eu gosto de lutar e falar ao mesmo tempo. Dá-me gozo.- Disse cruzando os braços.

– Eu acho que falas de mais.

–Que grande disparate! Eu gosto é de te provocar.

Eu ri enquanto que ele tentou acertar-me de novo sem resultados.

–Oh, Conny, Conny, eu adoro lutar contigo.

–É. Espero que amanhã não vás falar com os Strigois, é que eles não gostam de dizer muito.

"Eu posso os por a falar."

– É…Eu sei. Vamos continuar.

"Amanhã promete."

Nos próximo capitulo de Monsul Academy....

–Tem cuidado, ok? Vê se voltas inteira.

–Eu tenho sempre cuidado. Ninguém me vence.

–Ainda não vou ter um desses fatos?

– Holter, sabes o que fazer.

–Alguém ferido?

– Michael Towner, onde ele está?

– Porque contaria?

– Michael Towner está com "Ele".

– O pai de todos nós é o mais velho de nós. Ele diz que ninguém o transformou. Que o fizeram com magia.

–Estás a blefar comigo!

– Criaturas nojentas.