As Múltiplas Faces do Amor escrita por Levine, Nina


Capítulo 2
Temporariamente hipnotizada por sentimentos incompreendidos


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores fantasmas! Estamos de volta e com mais um capitulo saído quentinho do forno. Esperamos que gostem e adoraríamos opiniões sobre o que estão achando.
Bom, sejam bem-vindos e boa leitura!



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“O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente.”

Fernando Pessoa

– Mas onde é que foi parar... – Sussurrei pra mim mesma enquanto procurava o livro de Estatísticas. Havia feito de tudo para não perder a primeira aula aquele dia, mas pelo que parecia era o que ia acontecer. Minha mãe nunca mais iria me devolver minha moto.

– Posso te ajudar em alguma coisa? – Charlotte me perguntou enquanto eu revirava o quarto.

– Não, não pode. – Respondi mais rude do que deveria. Olhei o relógio faltavam apenas dez minutos para minha aula. Droga! – Pensando bem Charlotte... Você viu um livro de Estatísticas por aí?

– Ahn... Um da capa azul? – Eu assenti. Ela coçou a cabeça e percorreu os olhos pelo quarto. – Onde foi que eu vi... Ah! – Então se dirigiu até a estante de livros que existia no quarto, passou os olhos pelas cinco prateleiras, para em seguida se abaixar e passar a mão por debaixo da mesma. Sorriu satisfeita quando encontrou algo. – Esse aqui?

– Sim, muito obrigada! – Suspirei aliviada.

– Que curso você faz? – Ela me perguntou com uma expressão curiosa e divertida. – Você não tem cara de quem faz Matemática.

– E não faço mesmo. Faço Ciências Gerais. – Ela me olhou com uma cara mais curiosa ainda.

– E o que Estatísticas têm a ver com Ciências?

– Na verdade, nada. – Eu odiava ter que ficar respondendo aquilo a todo mundo. – Eu faço Estatísticas como atividade extracurricular. Assim como faço Neurociências e Literatura. Meu curso é bem básico só envolve Química, Física e Biologia, então, como me sobrava muito tempo eu resolvi me matricular em três aulas extras.

– Nossa, que legal! – Ela falou surpresa. – Não sabia que você fazia a linha dos estudiosos. Achei que você gastasse todo seu tempo com festas. – Eu sorri.

– Apesar das minhas aulas extras eu também me divirto, e sim, gasto o resto do meu tempo livre com festas. Agora se você me der licença eu tenho uma aula de Estatísticas. Até mais. – Dizendo isso sai a todo vapor torcendo para chegar a tempo na aula.

***

– Senhorita Adams, você está atrasada. – O professor Peacock falou assim que eu entrei.

– Foi mal James, prometo que vai ser a última vez. – Disse enquanto me dirigia a um assento.

– Adams! – Ele chamou, me virei imediatamente. – Já que a senhorita chegou atrasada, que tal, ser a primeira a apresentar o trabalho? – Merda! Sabia que havia algo que eu tinha deixado passar. O trabalho que eu deixei de fazer para poder sair com a Ray. Respirei fundo.

– Logico James, seria uma honra! – Falei tirando meu livro da mochila tentando lembrar o meu tema. Joguei minha mochila em algum canto. – Vejam só! Eu fiquei com “Modas”! – Suspirei aliviada por ser um assunto tão fácil que chegava até a ser bobo.

– Então Adams, você tem cinco minutos. Boa sorte. – James Peacock era o professor mais legal daquela faculdade, apesar, de sempre ser fazer de durão. Ele era jovem e tinha uma pinta de intelectual, sem falar que era um gato. Era o delírio das mocinhas. Pisquei para ele.

– Vejamos, por onde eu começo... – Percorri os olhos pelas páginas do livro, a fim de que uma ideia genial brotasse do nada. Foi aí que um relampejo veio a minha mente: unir o útil ao agradável. – Comecemos. – Lancei um olhar atento pela sala de aula, todos com cara de tedio. – Uma garota foi a uma festa, lá ela conheceu vários garotos, mas ficou com os seguintes: um ruivo, um moreno, um alto, um loiro, um baixinho, outro ruivo e outro loiro. Alguém pode me dizer qual a moda? – Silêncio. – Qual é pessoal! Respondam! – Jack Hendler o nerd da turma levantou a mão. Eu sorri e assenti.

– Seriam o ruivo e o loiro? – Eu assenti, apesar de que, com certeza, ele já sabia que a resposta estava certa.

– Agora, alguém pode me responder qual a classificação da moda desse problema? – Jack levantou a mão novamente. Revirei os olhos. – Vai em frente Jack.

– Bimodal. – Ele respondeu e assenti novamente.

– Ou seja, moda nada mais é, do que uma coisa que se repete várias vezes em um mesmo problema, situação, etc. – Me virei para James. – Posso me sentar agora, gatão? – Ele sorriu.

– Claro. – E continuou a dar sua aula normalmente.

***

Minhas aulas, graças aos céus, correram bem e rapidamente. Na aula de literatura, a Sra. Linther passou um trabalho para casa mandando-nos escrever um poema com tema livre. Fácil, fácil, pensei. Logo era hora do almoço e eu teria duas horas de folga, pois minha próxima aula seria apenas as cinco.

A caminho do refeitório parei para cumprimentar alguns conhecidos e checar algumas mensagens que chegaram no meu celular. Quando adentrei no recinto avistei o de sempre: alunos e seus grupinhos de amigos sentados nas mesas gritando e falando coisas desnecessárias. Bufei. Reparei que haviam alguns rostos dos quais eu não reconhecia, novatos talvez.

Em meio a algazarra de alunos acabei topando com alguém, tal que não prestei a atenção, até que a mesma disse:

– Vê se olha por onde anda, vadia. – Fiz questão de olha-la de cima a baixo, o que me fez soltar um risinho cínico. Na minha frente estava Alicia Kendrick, a maior vadia do ensino médio, a qual eu sempre odiei e que sempre me odiou também. Por ironia do destino ela estava ali na minha frente e dessa vez ela que era carne nova no pedaço.

– Me perdoe perguntar, mas, você sabe o significado de “vadia”? – Ela me olhou nos olhos, como nos velhos tempos, mas agora seus lindos olhos castanhos não eram mais amedrontadores e desafiadores. – Bom, se for o sentido do verbo “vadear”, significa: aquele que não tem ocupação ou que não faz nada. – Ela me observou com cara de tedio.

– Não vadiazinha, é no sentido popular mesmo. – Sorriu. Eu devolvi o sorriso.

– Ah, mas ainda tenho que te corrigir numa coisinha. Vadia é quem dá para todo mundo, no caso você. Eu dou para quem sabe receber. – Nesse momento percebi que algumas pessoas se juntaram ao redor para ver a confusão melhor.

– Você está me chamando de mal comida? – Ela deu uma gargalhada irônica.

– Exatamente.

– Quem é você para me chamar de alguma coisa?

– E você quem é? A garota que foi pra cama com o Jonny gordo, na festa de aniversário da amiga, para ganhar um baseado? – Ela arregalou os olhos.

– Não sei do que você está falando. – Disse engolindo seco. Foi então que uma ideia louca passou pela minha cabeça.

– Atenção, atenção estudantes! – Eu gritei subindo na mesa mais próxima. Logo todos se voltaram para mim. – Gostaria de apresentar a vocês a nova vadia do pedaço! Alicia Kendrick! – Disse apontando pra ela e várias pessoas se viraram para ver. – Vamos Alicia dê um “oi” para seus novos coleguinhas! Ah, uma coisa, garotos ela gosta de dar a bunda em troca de baseados! – Dizendo isso todo mundo gritou no refeitório. Eu desci da mesa e a encarei, depois sussurrei só para ela ouvir. – Seja bem-vinda ao meu território.

Me dirigi a uma mesa vazia, rindo vitoriosa com a minha própria cena. Assim que me sentei, alguém me acompanhou.

– Vejo que não perdeu o mesmo humor do ensino médio.

Subo os olhos e dou de cara com nada mais, nada menos que Andrew. A princípio, pensei que estava sendo enganada pela minha própria visão. Mas não dava para se confundir quando se tratava do Sr. Andrew Royal.

– Andrew? O que faz aqui?

– Resolvi ouvir os sermões do meu pai e finalmente cursar direito. E você? Qual o seu curso?

– Ciências Gerais.

– Nossa, nunca achei que você gostava dessas coisas.

"Como se você me conhecesse..."

– Pois é...

– Preciso ir, vou procurar a sala da minha próxima aula. Até mais.

Acenei e o observei se afastar.

Seyfied número 530, me recordei.

Em meu horário livre, fui direto à biblioteca pegar alguns livros de biologia. Já que não posso sair do campus, talvez ler sobre como animais mortos se decompõem me distraísse. Sentei em uma mesa vazia e comecei a leitura.

Cinco páginas mais tarde, senti a estranha sensação se estar sendo observada. Levantei meus olhos do livro e me deparei com dois olhos azuis brilhantes e cheios de segundas intenções me encarando. Um cara, bem bonitinho, devo dizer, estava à uma mesa de distância da minha. Ignorei. Isso sempre acontece.

Assim que terminei o capítulo, resolvi ir esperar a próxima aula em meu quarto. Passei pelo garoto dos olhos azuis e lancei-lhe um olhar divertido. Ele sorriu.

– Eu estou lhe falando; ela fez aquilo de propósito. Ela sabia.

A voz de Charlotte invadiram meus ouvidos assim que eu abri a porta. Ela falava com um garoto que se encontrava sentado em sua cama, ajudando-a a desempacotar alguns livros de dentro de caixas.

– Ah, oi! – Charlotte anunciou assim que me viu. O garoto levantou os olhos pra mim e pude perceber que era o mesmo garoto com quem me bati no corredor. Revirei os olhos. Preciso parar de me esbarrar nas pessoas. – Esse aqui é o...

– Já conheço. – Apressei em dizer. Fui para minha parte do quarto, sentei na cama e tentei retomar a leitura.

– Dificuldade em Biologia? – O garoto, cujo nome eu havia esquecido, me perguntou apontando para o livro em minhas mãos.

– Não, só não tenho nada para fazer.

Ele pronunciou um "Ah" e voltou a desempacotar coisas das caixas.

***

Saí mais cedo da aula de Física, pois a minha respiração acelerada estava me distraindo. Evitei de passar na enfermaria e fui direto para o quarto, que, por sorte, estava vazio. Eu não parava de estralar os dedos e bater os pés. Não conseguia ficar quieta. Estava sentindo como se me faltasse algo.

Infelizmente, eu já havia sentido isso antes. Não era nada bom.

Dei voltas, e voltas, e voltas pelo quarto, diversas vezes. Abri as janelas. Tranquei a porta. Deitei e coloquei o travesseiro no meu rosto.

Se eu fizesse isso de novo, poderia ser descoberta, e então era adeus à moto.

Se eu não fizesse isso...

Tentei controlar minhas mãos inquietas; em vão.

Decidi sair do quarto. Andei por corredores, quartos, mais quartos. Evitei sair do prédio, então dei meia volta de fui para outro corredor. Parei assim que avistei um garoto em pé em frente à porta, verificando os bolsos.

Não dava pra evitar. Era um alvo fácil.

Passei a mão no cabelo e segui em frente.

– Ei! – chamei-o

Ele levantou os olhos e pude ver os mesmos olhos azuis da biblioteca. Sorri e não pensei duas vezes ao colocar a mão em seu ombro e chegar perto de seu ouvido.

– Precisamos conversar.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam? Adoraríamos sua opinião!
Obrigada por lerem e até o próximo =)



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