O Inimigo Natural de Piltover escrita por Bardo Maldito


Capítulo 3
Capítulo II


Notas iniciais do capítulo

Novos atritos chegando, e maiores diretrizes da investigação. O que esperar agora?



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– Mais um?

– Mais um.

– Merda.

Vi e Caitlyn suspiraram, contrafeitas. Já se passara uma semana desde que o primeiro criminoso torturado fora deixado na porta da delegacia. E nessa semana, mais outros três criminosos em estado semelhante foram deixados lá: com dedos, orelhas e nariz cortados fora, queimaduras no pescoço, nas axilas e nas genitais. Caitlyn chegou a vomitar quando chegou o terceiro, com os dois braços e as duas pernas em fraturas expostas, e a pele das duas bochechas arrancada à base da faca. O tal psicopata parecia ser muito esperto, e provavelmente tinha contatos na polícia, pois todos os planos armados para pegá-lo resultaram em falha: se um ponto da delegacia possuía mais vigilância para flagrá-lo deixando os criminosos, ele ia para outro. O último foi ainda pior: o psicopata largou o pobre-diabo em um lugar público, ligou para a delegacia de Piltover e deixou o celular amarrado junto ao rosto do bandido, fazendo com que o oficial que atendeu só conseguisse ouvir os delírios loucos até compreender do que se tratava.

Essa dificuldade estava começando a irritar as duas oficiais. O desgraçado era esperto e irritante, e não dava sinais de parar. Tinham que pegá-lo logo.

– E aí? - Vi perguntou, após Caitlyn sair do quarto de hospital aonde tentara interrogar a mais nova vítima

– Nenhuma descrição completa. - bufou Caitlyn, contrafeita

– Maldição! - Vi exclamou, aplicando um soco na parede, que mesmo que não a tenha quebrado por ter sido com as mãos nuas, deixou uma pequena rachadura ali

– Porém, obtive alguns detalhes. - continuou a xerife - Mesmo que vagos, podem me ajudar a conseguir algo.

– Não é o suficiente.

– Não, mas é o que temos. - Caitlyn suspirou – Vá patrulhar, Vi.

– Sem você? - Vi ergueu a sobrancelha, estranhando muito – É raro que você deixe eu fazer isso sozinha.

– Vou ter que confiar em você hoje. E espero que você não me decepcione.

– Claro que não. - Vi garantiu, mas sabendo que era bem possível que se descontrolasse e acabasse surrando alguém – Vai aonde?

– Vou voltar pra delegacia.

– Fazer o quê?

– Pensar, Vi... pensar.

***

Por volta das oito da noite, Vi entrou na delegacia novamente. Caitlyn estava sentada à frente de sua mesa, as pontas dos dedos juntos.

– Voltei, Cupcake. - Vi se sentou em cima da mesa, enquanto se servia de um dos cupcakes da caixa que Caitlyn trouxera

– Como foi a patrulha? Não causou confusão, causou?

– Bom... - Vi hesitou. Realmente, ela havia amassado um carro que se recusou a parar para que os pedestres passassem, e se Ezreal não estivesse passando ali perto e ajudado a apaziguar os ânimos, talvez tivesse feito pior. Mas até que fora pouco, comparado ao seu normal.

Caitlyn, porém, já sabia a resposta e suspirou.

– Você não comeu nada o dia inteiro. - Vi disse, olhando para o rosto pálido de Caitlyn - Vou comprar um cachorro-quente pra você, já venho.

– Eu estou bem. - bufou Caitlyn – Não costumo comer nada enquanto estou me concentrando, você sabe.

– Não pode pegar o tal Inimigo Natural se estiver de estômago vazio. Fique aqui.

Ainda que contrafeita, Caitlyn obedeceu e ficou. Vi em dez minutos, trazendo dois cachorros-quentes generosos.

– E aí? - ela disse, enquanto mordia o seu, mas ergueu a sobrancelha antes de esperar por uma resposta: Caitlyn estava comendo seu cachorro-quente com voracidade. Realmente, Vi acertara em prever que a xerife estava faminta.

– Como eu disse... - Caitlyn conseguiu dizer, entre mordidas enormes – Não consegui nada conclusivo. Mas fui garimpando pequenos detalhes de cada uma das vítimas, e juntando tudo, considerando as semelhanças, e descartando o que era vago, cheguei a um padrão.

– E o que descobriu?

– Tenho um retrato falado do cara. - Caitlyn tirou um desenho de dentro de uma gaveta

Vi olhou, e imediatamente se desapontou. Era, realmente, um desenho bem próximo daquele que ela vira invadindo Summoner's Rift. A máscara tecnológica, o cabelo preto, tudo estava lá. Era óbvio que era ele desde o começo, por que Caitlyn passara o dia inteiro trabalhando nisso?

– Tá. E daí? - Vi não conseguiu conter

– E daí que isso prova duas coisas. - disse Caitlyn – Primeira: dá uma prova concreta e irrefutável que o cara que você encontrou em Summoner's Rift é o Inimigo Natural. Ainda que isso fosse óbvio antes, agora é inegável. E o mais importante: ele age sozinho. Eu estava considerando que fosse uma quadrilha, apesar de assinar com o nome de Inimigo Natural no singular, mas todas as vítimas só viram uma pessoa: essa. Portanto, estamos lidando só com um. E se por um lado isso é bom, pois sabemos exatamente quem é nosso inimigo, por outro lado percebemos que ele é muito esperto, por conseguir fazer tudo isso sozinho.

– Muito esperto por um lado, e muito idiota por outro. - disse Vi – Ele é bem arrogante e estúpido, por nos dar todas essas pistas. E está louco atrás de briga, achando que pode nos encarar de frente. E... - Vi pensa por alguns segundos - Podemos usar isso a nosso favor.

– O que quer dizer?

– E se provocássemos ele? Fizéssemos ele aparecer para que possamos quebrar a fuça dele?

– Ele é arrogante e idiota, mas não tanto assim. Não vai se arriscar a esse ponto.

– Não abertamente... mas ele fez isso em Summoner's Rift. E se fizéssemos isso? Se desafiássemos ele a aparecer em Summoner's Rift? Dentro de uma batalha do Instituto da Guerra, ele não correrá risco real, e nem poderemos prendê-lo... mas ele poderá nos confrontar. E poderemos aprender mais coisas sobre ele.

– Vi, isso é loucura. É arriscado demais.

– Pode dar certo.

– Pode sim, mas não confio nos invocadores do Instituto da Guerra. Se não fossem alguns deles que impedem nossa jurisdição, poderíamos ter capturado Jinx há muito tempo. Só estão interessados no prestígio que um Campeão forte oferece, sem ligar se são criminosos procurados, como Jinx, Graves ou Twisted Fate. Se o colocarmos na Liga, dificultaremos ainda mais nossas chances.

– Mas...

– Nada de “mas”, Vi. Eu sou a xerife aqui. Esse plano está barrado, e ponto final.

Vi amarrou a cara. Era talvez a primeira vez que Caitlyn colocava sua autoridade dessa forma: antes disso, sempre falara a Vi como uma amiga, nunca como sua chefe. E agora, estava estragando uma chance perfeitamente boa por puro medo.

Porém, apenas assentiu.

– Tá bem. Vamos fazer do seu jeito. Meu turno acabou por hoje, vou pra casa.

– Tudo bem. Até amanhã.

– Até amanhã, Caitlyn.

Vi saiu, e Caitlyn anotou mentalmente ela tê-la chamado de “Caitlyn”, e não de “Cupcake”. Sabia que havia irritado Vi, mas não havia outro jeito. O plano dela era arriscado.

Mas ainda assim, pensou se não estaria cometendo um erro.

***

“Uma policial não deveria estar fazendo essas coisas.” pensou Vi “Mas dane-se.”

A lata de spray subia e descia pela parede, formando letras em tinta vermelha bem forte. Não era incomum que sua gangue antiga fizesse pichações pra marcar território, mas isso era diferente: Vi tinha que fazer alguma coisa. E se Caitlyn ficaria passiva, Vi não faria isso.

Se afastou e contemplou sua obra.

“DAQUI A DOIS DIAS, EM SUMMONER'S RIFT. A GUERRA FOI ACEITA, INIMIGO NATURAL.”

Era um canto escondido, um dos poucos cantos que Caitlyn não conhecia, ou ignorava. Mas sabia que o Inimigo Natural encontraria. E ele apareceria lá, aonde seria exposto. E Vi quebraria sua cara.

– Vamos ver quem ri por último. Se é que você consegue rir sem nenhum dente na boca. - disse Vi sombriamente, antes de jogar a lata de spray fora e tomar o caminho para casa


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Notas finais do capítulo

E por enquanto, é isso. Até o próximo capítulo!



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