The Lost Books escrita por Ans


Capítulo 6
A primeira reunião; os últimos revolucionários.


Notas iniciais do capítulo

Desculpa pelo atraso, não vai ser assim na próxima.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/560255/chapter/6

Após sair da sala do diretor e esbarrar com Diana, Josh ficou pensando o que ela estaria fazendo lá. Assuntos sobre as provas, com certeza, ele pensou. Porém, sentia um desconforto, como se estivesse deixando alguma coisa passar desapercebida. Um aperto no peito que lhe causou calafrios. Enquanto caminhava pelos corredores, encontrou Alicia, que estava arrumando seu armário. O garoto se aproximou e resolveu contar a novidade de que participaria da patrulha.

– Adivinha só.

– Que susto, Josh! - ela reclamou - Não faz mais isso, seu louco. Adivinhar o quê?

– Eu vou participar da patrulha.

Alicia começou a rir histericamente.

– Que foi? O que tem de tão engraçado?

– Você vive reclamando do sistema, Josh, e agora quer combater os revolucionários?

– Resolvi me conformar. Tudo o que fazem é para o nosso bem, né?

– É, por aí. Teremos reuniões na biblioteca toda quarta-feira após o almoço. - Ela falou secando as lágrimas que caíram enquanto ria do amigo.

– Que dia é hoje?

– Quarta. Não se atrase. Sente com a patrulha hoje no almoço. Eles são bem legais, vai gostar deles.

– Sim, senhora.

Alicia se despediu do amigo e foi embora. Josh teve aquela sensação de dever cumprido. Finalmente, as coisas iam começar a mudar. O sistema iria terminar em breve e todos seriam livres.

Depois de algumas aulas, o horário de almoço iniciou. Josh entrou no refeitório e Alicia foi ao seu encontro.

– Vem, vou te apresentar a patrulha - ela falou, puxando-o pela mão.

Se aproximaram da mesa, onde estavam sentados Tyler e Isabella. Ele era um jogador do time de futebol da escola: era alto e musculoso, tinha cabelos loiros e olhos azuis e costumava ser simpático, ao contrário da maioria dos jogadores do time. Ela, por sua vez, tinha cabelos ruivos, porém escuros e olhos verdes. Participava do jornal da escola na parte da redação, ou seja, ela poderia saber de tudo antes de todos os alunos da instituição.

– Tyler, Isabella. Esse é o Josh. Josh, esse são Tyler e Isabella.

– E aí, Josh? - Tyler o cumprimentou.

– Senta aí com a gente. - disse a menina.

– Oi - Josh disse sentando a mesa.

– Estávamos discutindo quem vai fazer o quê na patrulha durante cada reunião. Pensamos em recrutar mais algumas pessoas, também. O que acha, Alicia? - Isabella sugeriu.

– Boa ideia, Bella. Mas ainda é cedo para recrutarmos pessoas novas. Vamos apenas descobrir quem são os revolucionários na escola e como eles agem. Chega de falar disso, na reunião discutiremos mais sobre isso.

– É, tem razão - Tyler disse - Então, Josh, por que resolveu entrar para a patrulha?

– Bom, com o tempo eu aprendi que tudo o que o presidente Will faz é para o nosso bem, então devemos denunciar quem vai contra a ideologia dele - mentiu.

– Gostei desse garoto - Bella falou.

Josh riu.

– E vocês?

– Eu acredito nesse sistema. Tipo assim, por que precisamos das artes? Isso é coisa de gente idiota. Ninguém sabe o que é poesia, cinema, teatro. Tudo isso só faz as pessoas acreditarem numa realidade que não nos fortalece intelectualmente. Amor verdadeiro? Finais felizes? Pelo amor de Deus! O sistema veio para combater uma geração de ignorantes e impedir para que novos ignorantes tentem trazer à tona a fantasia - Bella argumentou.

Já está cega, Josh pensou.

– Interessante. E você, Tyler?

O jogador fez um gesto para Josh se aproximar, como se fosse contar um segredo.

– Matar - ele sussurrou.

– O quê?! - Josh se assustou.

– Matar esses merdas. Os revolucionários só vieram pra estragar a nossa vida. Merecem morrer.

– Nossa!

– Relaxa, moleque. Não vou te matar. - Tyler riu.

Durante o almoço, a nova patrulha ficou conversando e se conhecendo um pouco mais. O sinal bateu e todos os alunos se retiraram do refeitório. Josh, Alicia, Tyler e Isabella se dirigiram a biblioteca para a primeira reunião. Subiram as escadas do local e sentaram em um canto isolado.

– Bom, vamos começar a reunião da nossa patrulha. O diretor Jackson me entregou um documento que me elege como líder do grupo. A nova patrulha deverá conter um líder, que sou eu, um informante que nos contará tudo o que acontece no grupo de revolucionários quando descobrirmos quem são e como agem, um espião que se infiltrará no corpo docente através do grêmio estudantil, um secretário responsável pelas atas que serão entregues ao diretor e um delator. - Alicia iniciou.

– Eu posso ser o delator - Tyler se ofereceu.

– Eu posso ser a informante já que participo do jornal da escola.

– Sobrou o secretário e o espião. Você topa ocupar os dois cargos, Josh? É provisório, prometo.

– Não, tudo bem. Eu faço os dois sem problemas - ele concordou - Aliás, já iniciarei a ata de hoje.

– Ótimo. Ah, devemos assinar o documento do diretor Jackson. - Alicia lembrou - "Caso um dos integrantes da patrulha se torne um traidor ou espião infiltrado dos revolucionários, medidas drásticas serão tomadas. O traidor poderá ser condenado a prisão perpétua, tortura ou morte dependendo da decisão do júri, sem direito a defesa". É isso. Vou passar a folha e vocês assinam. Perguntas?

Josh levantou a mão.

– Sim?

– Posso tirar uma cópia do documento antes de assinarmos? Para as atas...

– Claro!

– Ok, já volto.

Josh tirou duas cópias da folha e guardou uma delas no bolso de sua calça. Voltou para reunião e todos assinaram. Após 15 minutos, Tyler e Bella foram embora. Josh aproveitou para investigar um pouco a vida dos integrantes da patrulha.

– Alicia...

– Sim, Josh?

– Por que ele é assim?

– Quem é o quê?

– Você sabe. O Tyler é meio sanguinário, não acha?

– Os revolucionários mataram o pai dele. Desde então nunca mais foi o mesmo - Alicia respondeu enquanto mexia em alguns papéis.

– Nossa! E a Isabella? Ela é meio estranha.

– Ninguém sabe a história dela. Uma pena, mas acho que ela vai se abrir aos poucos com a gente.

– É... - Josh falou - Eu preciso ir, amanhã falo com você. Tchau.

– Tchau.

Josh saiu da biblioteca correndo a procura de Diana. Ela precisava saber o que aconteceu: a reunião, os integrantes, tudo! Procurou pela professora por toda a escola, mas não a encontrou. Resolveu olhar na sala dos professores. Viu Diana atravessando o pátio, indo para o mesmo lugar que ele.

– Diana! - ele gritou.

A professora olhou para trás, mas continuou andando. Josh correu até ela e a segurou pelo braço.

– Ei! Você precisa saber o que aconteceu.

Diana se soltou das mãos do aluno e secou algumas lágrimas.

– O-o que aconteceu? - ele perguntou assustado.

– Me deixe em paz.

Ela atravessou todo o pátio até chegar ao outro prédio. Subiu as escadas e entrou na sala dos professores. Josh chegou a tempo da professora não fechar a porta na sua cara. Ele forçou com os braços, tentando abrir.

– O que aconteceu, Diana?! Eu descobri novas informações sobre a patrulha!

– Não, Josh! - ela gritou, enquanto tentava fechar a porta.

– Olha aqui! - ele tirou a cópia do documento e mostrou para a professora.

– Eu estou fora!

Josh não aguentou mais e empurrou a porta com força. Diana andou para trás e ele fechou a sala. A professora sentou-se no chão e chorou mais.

– O que aconteceu? - Josh perguntou pela milésima vez e sentou-se ao lado dela - Me conta, por favor! Eu quero te ajudar.

– Jackson. Jackson aconteceu.

Josh entendeu tudo. Não tinha como ajudá-la. Ficou assustado com a notícia. Como ele pôde? Além de assustado, sentiu-se culpado por não perceber. Seu aperto no peito tentou lhe avisar, mas ele ignorou.

– Eu sinto muito. De verdade - Josh abraçou a professora, que chorou em seus braços.

Eles ficaram alguns minutos em silêncio. Diana não precisava de palavras, precisava de um abraço. Josh não sabia o que dizer, apenas se sentia mais culpado a cada minuto que passava.

– Josh, você precisa ir embora.

– Mas...

– Nada de mas. Vai embora. Outra hora conversamos. Daqui a pouco teremos reunião de professores aqui.

Josh levantou e Diana também. Ela foi empurrando o aluno até ele sair da sala e quando ela ia fechar a porta, o garoto a impediu. Tirou do bolso a cópia do documento e entregou.

– Desculpe, Josh. Não posso mais fazer isso.

– O quê? Não pode desistir assim da nossa liberdade.

– Tanto posso, como vou. Sinto muito - ela devolveu o papel dobrado e fechou a porta.

Josh começou a bater à porta desesperadamente.

– Abra essa porta! Não pode fazer isso com o país!

Começou a socar e chutar a porta com ódio.

– Diana! - ele gritava.

Do outro lado, a professora estava sentada no chão novamente, encostada na porta. As lágrimas voltaram a cair ao ouvir o desespero na voz do aluno que queria mudar o mundo.

– Sinto muito, Josh - ela sussurrou como se o garoto pudesse ouvi-la.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Lost Books" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.