A eficiência de Alice foi tanta que fui a primeira a chegar ao aeroporto. E eu já estava apavorada, eu nunca viajei de avião antes, mas antes dessa temível experiência eu teria que esperar mais três Selecionadas. Então tentei controlar meu nervosismo, não queria de forma nenhuma ter um ataque de pânico na frente delas.

Eu já tinha decorado os nomes, rostos e castas de cada Seleciona. No início pra me distrair, mas na verdade o que eu procurava nas Selecionadas era um rosto amigável, alguém que eu pudesse conversar enquanto eu estivesse lá. Eu nunca tive amigas, na minha infância eu sempre brincava com o Léo e a Louise, não frequentei a escola enquanto criança e sempre trabalhamos em família. Quando meus irmão mais velhos foram embora eu me dediquei a cuidar de Hellen e Noan... E Rony, mas eu e Rony nunca fomos só amigos.

Ainda bem que eu estava sozinha, nunca teria conseguido segurar as lágrimas na frente das outras meninas, a imagem de Rony segurando a cintura de outra garota e sorrindo para ela, isso doía, tudo doía. Então me permiti deixar as lágrimas rolarem por um tempo. Eu acho que eu deveria ser a única Selecionada que estava triste, possivelmente todas as outras deveriam estar comemorando, eu deveria estar comemorando também, toda Illéa estaria me olhando, então limpei as lagrimas e me fiz de forte, não iria demonstrar fraqueza na frente de adversárias, muito menos na frente do país.

Eu iria dar o melhor de mim pra permanecer no palácio, um lugar onde Rony não teria permissão de me seguir, onde eu também não me permitiria nem sequer pensar nele. Esse era o fim. Adeus Rony.

Meia hora depois duas meninas vestidas iguais a mim atravessaram a porta. Elas estavam radiantes, comprovando a minha teoria de eu ser a única infeliz com essa situação. Coloquei o meu melhor sorriso e fui cumprimenta-las.

–Oi, eu sou Hermione!

Disse estendendo a mão para cumprimenta-la. Mas ela ignorou completamente a minha mão estendida e me deu um abraço forte.

–Eu seeei! - gritou uma garota de pele clara e cabelos escuros, imediatamente percebi que se tratava de Ginevra Scamander, de Orlando, uma quatro.

Fiquei estática por um momento. Afinal de tanto minha mãe falar das outras Selecionadas como se fossem inimigas que acabei me pensando da mesma forma. Eu não esperava um abraço de uma garota que achasse que eu queria tomar o príncipe da vida delas.

–Oi eu sou a Gina e essa é a Caroline. - Ela disse com um sorriso tão encantador que não consegui não sorri de volta. E eu também reconheci a outra, tinha um cabelo loiro de olhos azuis, Caroline Forbes, Beauxbatons, uma Três. Ela parecia ser uma pessoa gentil, frágil até, mas perto de Gina acho que a maioria seria assim, Gina era como um furacão, e ao mesmo tempo o tipo de alma generosa que não magoaria ninguém, imaginei que se eu fosse ser amiga de alguém no castelo, esse alguém seria ela.

–Seu cabelo é incrível! Eu sempre quis ser ruiva... Você fica tão bem assim. Ouvi dizer que as ruivas são esquentadas. É verdade?

–Nem tanto, minha irmã é ruiva e é um doce, eu sou ruiva e... Deixa pra lá.

Elas começaram a rir, e a próxima meia hora se passou com nós três conversando sobre os mais diferentes assuntos, desde o que a gente está deixando pra trás, até obre garotos, o que eu achei estranho já que elas estavam ali pra se CASAR com Draco. Até que sons de salto reboram pelo saguão. E nós três nos viramos pra ver quem havia chegado.

Uma morena de cabelos perfeitos e tanta maquiagem no rosto que um palhaço teria orgulho, sua flor era uma margarida só que tingida de vermelho pra combinar com a cor do batom. Quando ela chegou não sorriu, ela não queria ser simpática, ela queria chegar pra intimidar as suas adversárias, teria até conseguido se não fosse por um detalhe, não se pode intimidar quem não quer ganhar. Eu não caí no truque dela, e fiquei orgulhosa em saber que Gina também não.

Eu tinha visto ela quando me passaram as fotos das participantes, de longe percebi que ela não valia nada, mas esperei que eu estivesse errada. Pra simplificar... Pansy Parkinson era uma vaca.

–Quando sairemos? -Pansy perguntou.

–Não sabemos, você demorou a chegar. - respondi sem um pingo de medo na voz, mostrando que a mim ela não havia intimidado.

–Havia muitas pessoas querendo se despedir de mim, só lamento se por você não. - Ela disse desdenhosa.

Ela queria me provocar pra que eu perdesse a cabeça e acabasse sendo desclassificada, mas eu não cairia nessa, se esse era o jogo dela, ela já começou perdendo.

Um homem de uniforme apareceu tirando toda a atenção que nós da tínhamos gerado.

–Fiquei sabendo que as quatro Selecionadas já chegaram. Estão prontas?

–Sim, estamos - disse Pansy com doçura... E o homem imediatamente perdeu o compasso, ficou bobo e se perdeu nos pensamentos. Homens!

–É... Bem... Por aqui senhoritas.

Ele ficou envergonhado no início, mas foi impossível não perceber a forma altiva que andou depois de ouvir a voz de Pansy.

Pansy foi à frente pisando firme com sua confiança inabalada, eu Caroline e Gina fomos mais atrás, eu estava super nervosa em voar, nada me tira da cabeça que se fossem pra humanos voarem eles teriam asas.

Depois de voar por algumas horas chegamos finalmente ao solo. Mas devo admitir que não foi tão assustador quanto eu imaginei, só na decolagem... E o pouso. O resto foi bem legal, foi melhor ainda já que a Pansy dormiu toda viagem.

Quando chegamos à porta do aeroporto foi uma surpresa, milhares de pessoas se espremiam pra chegar o mais perto possível de nós, Pansy saiu na frente com o seu andar confiante mandando beijos pras câmeras, pela primeira vez a vida agradeci que ela estava lá eu não saberia como agir se eu tivesse saído na frente.

Quando saí olhei em todas as direções, e percebi que grande maioria estava torcendo por Pansy e Gina... Mas também tinham pessoas torcendo por mim. Um assomo de gratidão e culpa passou por mim, havia pessoas que acreditaram em mim, quando eu não queria estar lá. Emocionei-me com uma garotinha ruiva que trazia um cartaz que dizia “As ruivas dominam” e eu tinha a consciência que eu era a única ruiva da competição.

Eu quis agradecer a todos que estavam ali por mim, passei abraçando, tirando fotos e dando autógrafos, passei umas duas vezes pelo tapete vermelho pra falar com todos, eu queria mostrar que não era porque fui selecionada que eu mudaria. Com certeza minha Família estaria assistindo a tudo isso na TV e eu queria que eles se sentissem orgulhos de mim.

Demorei em torno de 40 minutos me despedindo deles, quando cheguei ao carro percebi que havia dois bancos dois lugares. Um de frente pro outro. Caroline e Gina ocuparam um, e Pansy estava no outro, percebi logo que elas não queriam ficar perto de Pansy, as duas me lançaram um sorrisinho de desculpas, eu dei de ombros e me sentei. Pansy me olhou com profundo nojo e eu me assustei ao perceber que o sentimento era recíproco.