LEIAM AS NOTAS INICIAIS!!!

O Jornal Oficial de Illéa começava as oito, não era obrigatório, mas ninguém era idiota de perder. E agora com a Seleção ocorrendo todo mundo queria saber das novidades. Até a casta Oito arrumava um jeito de assistir.

–Você acha que vão anunciar as ganhadoras hoje?-perguntou Hellen quase pulando no sofá.

–Duvido muito, as moças tem nove dias pra entregar o formulário. - disse a minha mãe muito relaxada. Afinal ela tinha conseguido o que queria.

–Não sei por que esperar nove dias, garanto que todas as garotas da província estavam lá. - Eu disse.

–Então, deu uma boa olhada nas concorrentes? - Meu pai entrando na conversa.

–Deixei esse trabalho pra mamãe, ela estava mais interessada que eu.

–E eu olhei mesmo. Mas acho que a Hermione estava bem, natural. Se for pela aparência mesmo e não sorteio, acho que ela vai ter ainda mais chances.

–Sei não... tinha uma garota que tinha tanto batom vermelho que parecia sangrar... vai ver ela faz mais o estilo do príncipe. - Todos riram desse comentário.

Às oito horas todos nós estávamos sentados em frente a TV ara assistir o jornal, passava no canal da rede pública, o único que não precisava pagar para assistir. O Hino Nacional tocou e era uma das minhas musicas favoritas, em seguida mostrou a família real em seu costumeiro palanque, Bem no alto estava o rei Lucius e bem atrás os seus conselheiros.

Ao seu lado estava a rainha, esta tão diferente do marido. Enquanto o rei se mostrava duro e mal-humorado, a rainha parecia a mais frágil da criaturas, doce e gentil. Ao lado dela estava o príncipe com ar nobre e imponente.

–Olha o seu Namorado Mione! - Hellen Gritou e toda a sala riu.

Eu observei Draco por um tempo, ele parecia elegante e pomposo, ele até parecia bonito, mas totalmente diferente do Rony, seu cabelo loiro quase branco e seus olhos de um azul acinzentado, seu cabelo em perfeita ordem e suas roupas totalmente ajustadas em seu corpo. Mas ele era travado demais, tenso demais, certinho demais. O típico caso de pessoa que jamais sobreviveria no mundo real, eu tinha pena da garota que fosse se casar com ele, viver de aparências.

A rainha por outro lado não nasce no palácio, era uma verdadeira filha de Illéa, talvez até alguém como eu.

–Mãe? De que casta era a rainha?

Minha mãe viu meu interesse e sorriu.

–Uma Quatro.

Quatro, quer dizer que ela trabalhava em uma fabrica ou uma loja... sua família possivelmente era grande e ela não passava fome. Deixei-me imaginar como seria a vida da rainha antes da Seleção perdendo assim os primeiros anúncios do jornal. Quando percebi que falavam da guerra eu percebi que não perdi nada demais, eu odiava a guerra. Mas nosso país era jovem e tínhamos que nos defender. Falou-se um pouco sobre a economia e algumas obras que estavam sendo feitas e finalmente A Seleção.

–Boa noite, senhoras e senhores de Illéa. Como sabem, enviamos pelo correio os formulários para a Seleção. Acabo de receber o primeiro lote de inscrições e tenho o prazer de anunciar que milhares de lindas illeanas já deixaram seu nome nas urnas para a Seleção! Em nome da família real, quero agradecer-lhes por seu entusiasmo e patriotismo. Com um pouco de sorte, comemoraremos no Ano-Novo o noivado de nosso amado príncipe Draco com uma encantadora, talentosa e inteligente filha de Illéa!

Os conselheiros bateram palmas e Draco sorriu, mas parecia pouco a vontade com o assunto. Quando as palmas cessaram o mestre de cerimônia prosseguiu.

–É claro que teremos muitas horas de programação televisiva para conhecer as jovens da Seleção, incluindo especiais sobre a vida no palácio. Não podemos imaginar ninguém melhor que nosso Sirius Black para nos guiar durante esses dias tão emocionantes!

Uma salva de palmas muito maior que a primeira até minha família participou, afinal Sirius Black era uma lenda. Fazia vinte anos que ele cobria todos os eventos realizados no castelo, inclusive entrevistas com a família real.

–Hermione talvez você conheça o Sirius - minha mãe comentou excitada coma ideia.

Sirius estava entrando em cena com seu terno azul engomado. Ele devia ter quase cinquenta anos, mas continuava afiado. Conforme caminhava pelo palco, a luz refletia no broche da lapela, produzindo um brilho dourado semelhante ao das notas fortes nas minhas partituras de piano.

–Boooooooa noiteeeee, Illéa! Quero dizer que é uma grande honra participar da Seleção. Que sorte a minha: vou conhecer trinta e cinco belas mulheres! Qualquer idiota gostaria de ter meu emprego! - disse, piscando para câmera. - Mas antes de conhecer essas adoráveis damas, lembrando que uma delas será nossa nova princesa, tenho o prazer de conversar com o homem do momentoo príncipe Draco.

Draco caminhou despreocupadamente até duas cadeiras preparadas pra ele e Sirius. Saiu arrumando a gravata e ajeitando o terno, como se precisasse estar ainda mais arrumado. Apertou a mão de Sirius e se sentou a sua frente, parecia muito mais informal assim.

–É um prazer revê-lo, Alteza.

–Obrigado, Sirius. O prazer é todo meu.

A voz de Draco era tão empolada como o resto. Ele emitia ondas de formalismo. Eu torcia o nariz só de pensar em ficar na mesma sala que ele. Ele dever chato e incrivelmente irritante.

–Em menos de um mês, trinta e cinco mulheres vão se mudar para a sua casa. Como você se sente?

Draco riu:

–Para ser honesto, é um pouco estressante. Imagino que haja muito mais barulho em casa com tantas convidadas, trinta e cinco mulheres estressadas não deve ser muito divertido. Mas, mesmo assim, estou ansioso para que esse dia chegue.

–O senhor perguntou a seu querido pai como ele conseguiu laçar uma esposa tão linda em sua época?

–Na verdade, não. Como você sabe, a situação na Nova Ásia é cada vez mais preocupante. Nosso trabalho juntos é mais militar. Não sobra tempo para falar de mulheres.

Minha mãe e Hellen deram uma gargalhada. Talvez a situação fosse um tanto cômica.

–Nosso tempo está acabando. Gostaria de lhe fazer uma última pergunta. Como seria a mulher perfeita para você?

–Para ser franco, não sei. Acho que essa é a melhor parte da Seleção. Não haverá duas mulheres iguais no concurso, nem em beleza nem em personalidade. Ao longo do processo, conhecendo todas e conversando com elas, espero descobrir o que quero -disse o príncipe sorrindo um tanto envergonhado.

–Belíssimas palavras príncipe Draco. Boa sorte em encontrar a sua amada. E receio que tenhamos chegado ao fim da transmissão de hoje. Obrigado por assistir ao Jornal Oficial de Illéa. Até a semana que vem.

–Hermione e Draco estão namoraaaaaando... -cantou Hellen. Joguei uma almofada nela, mas não pude conter o riso. O príncipe era todo duro e caladão. Era difícil imaginar alguém feliz ao lado de um cara tão sem graça.

Decidi ir pro meu quarto descansar, e estava quase dormindo quando ouço um barulho na janela - Toc Toc Toc - voltei lentamente a cabeça nessa direção e lá estava Rony sorrindo pra mim. Fui até a janela na ponta dos pés e abri para deixa-lo entrar.

Um calor que nada tinha a ver com o verão subiu por meu corpo assim que vi Ron pular a janela e cair na minha cama.

–O que você veio fazer aqui? -sussurrei, sorrindo na escuridão.

–Eu precisava ver você -ele disse com os lábios próximos do meu rosto, enquanto me envolvia em seus braços e me fazia deitar ao seu lado na cama.

–Tenho tanta coisa para dizer, Ron.

–Shhhhhhh, não diga nada. Se alguém ouvir, estamos perdidos. Quero só olhar para você.

Obedeci. Fiquei lá, quieta, imóvel, enquanto Ron me olhava nos olhos. Uma vez satisfeito, ele começou a roçar o nariz no meu pescoço e nos meus cabelos. Suas mãos subiam e desciam pelas curvas da minha cintura. Senti sua respiração cada vez mais ofegante, e algo nisso me atraía.

Seus lábios, próximos do meu pescoço, começaram a me beijar. Minha respiração acelerou. Não pude evitar. Subiram pelo meu queixo até a minha boca, o único jeito de silenciar meus suspiros. Enrosquei-me no corpo dele, e a umidade da noite e nossos abraços apressados nos cobriram de suor.

Por fim, os lábios de Ron diminuíram o ritmo, embora eu não tivesse a mínima vontade de parar. Mas tínhamos de ser espertos. Se aquilo fosse mais longe -e deixasse para trás qualquer prova —, acabaríamos na cadeia.

Era outra razão porque todos se casavam jovens: era uma tortura esperar.

–Tenho que ir -ele sussurrou.

–Mas eu quero que você fique. - choraminguei. -Mas agora preciso ir. Estamos abusando da sorte.

Suspirei e afrouxei os braços. Ele tinha razão.

–Eu te amo, Hermione.

–Eu te amo, Ron.

Esses momentos secretos bastavam para me dar forças para enfrentar tudo o que estava por vir: a decepção da minha mãe por eu não ter sido escolhida, o esforço para ajudar Rony a juntar dinheiro, a confusão que explodiria quando ele pedisse minha mão ao meu pai, e todas as outras batalhas que enfrentaríamos depois de casados. Nada disso importava, desde que eu tivesse Rony.