The Selection escrita por Tati Rodrigues


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Hey pessoal, boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/560213/chapter/10

Permaneci quieta por todo jantar, no Salão das mulheres, sentei entre duas garotas que, se o olhar matasse, eu estaria morta. Queria ter ficado perto da Gina, pelo menos ela não me odeia, ou então trancada no meu quarto, seria um excelente refúgio.

O jantar estava maravilhoso, não que a comida da minha mãe fosse ruim, mas nada se comparava àquilo, já fazia alguns anos que eu comi um bife, mas não sei se chamarei de bife depois do que eu comi hoje, estava suculento, tenro, saboroso. Batatas coradas e um molho bem temperado. Cada garfada se derretia a boca, eu poderia estar odiando aquele lugar, mas finalmente achei algo pelo que valesse a pena ficar. Comida.

A sobremesa foi pudim, eu nunca tinha comido antes e fiquei um pouco receosa, mas depois de ver o olhar que Luna deu em direção ao dela, fiquei tentada a provar. Era delicioso! Desmanchava na boca, tão doce! Então me lembrei de Hellen, e do quanto ela adora doces, ela se daria bem melhor aqui do que eu.

Depois que todas terminamos o jantar recebemos ordens expressas de permanecer no quarto o resto da noite, a desculpa era que iriamos conhecer o príncipe pela manhã. Todas as outras garotas ficaram excitadas, algumas deram gritinhos ou até suspiraram. E assim fomos em direção ao quarto, me aproximei de Gina pra conversarmos durante o percurso.

–Você está bem? - ela perguntou.

–Não é nada, só uns olhares feios durante o jantar. - tentei não demonstrar o quanto isso me afetou.

–Eu percebi, é porque as pessoas gostam de você, não se importe com isso.

–As pessoas também gostam de você, eu vi os cartazes. - retruquei.

–Você nunca passou muito tempo com garotas né?

– Na verdade não...

–Eu já, as conheço, algumas são verdadeiras cobras, rastejam envolta a você na espera do momento perfeito de dar o bote. Quanto mais você se abala por elas mais elas pisam. Se encararem você, encare de volta. Se lhe tratarem mal, revide, por que se você ficar como está agora, se escondendo, vai ser um alvo fácil.

Cocei a cabeça. Então elas faziam de propósito?

–E ainda mais você, uma pessoa quieta e misteriosa...

–Não sou misteriosa - cortei.

–É um pouco. E às vezes as pessoas não sabem se interpretam o silêncio como confiança ou medo. Elas olham como se você fosse um inseto para que você talvez se sinta como se fosse.

O que você faz? Quero dizer, como você tira o melhor delas? — perguntei a Gina.

Ela sorriu.

–Eu ignoro, elas ficam frustradas quando não se consegue o que quer, é tão divertido ver a cara que elas fazem. - ela disse sorrindo mais um pouco e eu não consegui não sorrir de volta. - Você acha que realmente vamos ver o príncipe amanhã?

–Na verdade, não.

Draco parecia um fantasma assombrando o palácio. Fazia parte dele, mas não estava lá de fato. E enquanto eu pensasse dessa forma eu estaria bem. Chegamos ao nosso quarto, a única a me deseja boa noite foi Gina, e depois da nossa conversa eu não me importei com isso.

Minhas criadas estavam no quarto, claro, esperando para me despir e me lavar. Minha camisola, uma coisinha verde e frágil, já tinha sido estendida na cama. Elas tiveram a delicadeza de não tocar na minha mala. Elas eram dedicadas e sabiam exatamente o que fazer, mas não faziam as pressas, e mesmo eu querendo que elas fossem embora eu não queria ser grossa. Durante todo o processo em que tiravam os grampos do cabelo, desamarraram meu vestido, elas me bombardearam com perguntas, que eu respondi de forma quase que mecânica. Sim, eu tinha visto as outras meninas; não, elas não falavam muito; sim, tinha sido um jantar fantástico; não, eu só ia conhecer o príncipe no dia seguinte; sim, eu estava muito cansada.

–Na verdade eu adoraria que vocês saíssem pra que eu pudesse dormir.

–Mas uma de nós tem que ficar no quarto caso a senhora precise de algo. - respondeu Parvati, a quem parecia ser a líder das três.

–Não será necessário, eu realmente quero dormir, e saber que tem alguém me olhando não me deixaria.

–Mas senhorita...

–Se eu precisar de algo toco a campainha. Vai ficar tudo bem. Além disso, eu não ia conseguir dormir sabendo que alguém está me vigiando. - Vi que elas ainda procuravam o que reclamar então acrescentei - Vocês tem que me obedecer lembram? E no momento eu ordeno que me deixem sozinha.

E dessa forma consegui que elas saíssem, depois de uma longa reverência. Já vi que vou ter que as mandar pararem com isso também.

Já vertida com a camisola deitei na cama, mas não consegui ficar deitada, então fui desfazer minhas malas. Tirei tudo de dentro dela e guardei-a no armário, e este tinha uma boa quantidade de vestidos, acho que o suficiente pra uma semana, o que faz sentido, pra que fazer vestidos pra uma garota que poderá sair amanhã.

Peguei as poucas fotos da minha família que eu tinha, não havia porta retratos ali, então encaixei na moldura do espelho. Trouxe também alguns livros, ao sabia se seria permitido ir à biblioteca do palácio, sem sabia se haveria uma. E também minhas partituras, apesar de não achar que eu teria tempo pra tocar enquanto estivesse aqui.

E então meu olhar se decaiu sobre o último objeto da minha mala, meu pequeno jarro com a moedinha dançante. Rolei-o nas mãos algumas vezes, escutando-a deslizar pelos cantos do vidro. Por que eu tinha levado aquilo? Para me lembrar de algo que não podia ter?

E então as imagens dessa tarde caíram em meus ombros, Rony abraçando outra, Rony sorrido pra outra. Há quanto tempo será que ele me enganava? Anos? Meses? Seria tudo uma mentira. Eu estava desolada, e de repente me senti presa, como se esse quarto fosse uma gaiola. Eu precisava de ar. Abri a janela já com as lágrimas correndo soltas em minha face. Como eu aguentaria ficar aqui? Como eu conseguiria aguentar estar presa? E mais uma vez o sorriso de Rony preencheu minhas lembranças, e eu desabei na minha varanda olhando para o vazio, imaginando que seria muito pior se eu ainda estivesse lá, ele continuaria me enganando.

Então finalmente percebi a vista da minha varanda, era o jardim, com labirintos de arbustos de diferentes flores, e sob o luar a relva parecia brilhar, sem pensar no que estava fazendo saí do quarto as pressas, eu precisava me sentir livre, eu precisava tocar em algo que não estivesse coberto de mármore ou ouro. Precisava me sentir livre.

Corri pelo castelo com os meus pés tocando o mármore frio, descendo as escadas, dois degraus de cada vez. Quando finalmente cheguei à entrada do jardim encontrei dois guardas que barraram minha entrada.

–Perdoe-me, mas a senhorita deve voltar para o quarto - ele falou com autoridade.

–Não! Por favor, eu preciso sair!

–Temos ordens de não deixar ninguém sair pros jardins senhorita, volte para o seu quarto!

– Por favor - e eu comecei a arfar, eu já estava me sentindo que iria desmaiar.

–Sinto muito... Senhorita Hermione, certo? - ele achou meu broche. - A senhorita deve voltar para o quarto.

–Não consigo respirar - disse caindo em seus braços.

O bastão dele caiu no chão. Agarrei-me a ele já sem forças. O esforço me deixou tonta.

–Deixem-na sair!

P.O.V. Draco

Não conseguia dormir, na manhã seguinte eu irei conhecer Trinta e Cinco mulheres, e uma delas será minha futura esposa. E se nenhuma delas for o que eu quero? Mas afinal, o que eu quero? Será que elas vieram aqui por mim o pela coroa? Argh! Eu preciso parar de pensar, preciso respirar.

O jardim do palácio é um dos melhores lugares do castelo pra isso. E era pra lá eu estava indo quando ouvi os gritos.

–Por favor!

–A senhorita deve voltar para o seu quarto.

Senhorita? Uma Selecionada? O que ela tá fazendo fora do quarto?

Virando o corredor vi de quem se tratava, a Selecionada ruiva, e ela estava nos braços do meu guarda?

–Não consigo respirar...

Então entendi a situação ela queria sair, queria respirar assim como eu. Pelo visto eu não sou o único com pensamentos demais essa noite.

– Deixem-na sair! - falei com toda a autoridade que pude.

Vi os guardas tentarem balbuciar uma resposta, mas eu estava mais preocupada com a garota, ela realmente estava preste a desmaiar.

–Abram as portas!

–Mas...

–Abram as portas agora!

Finalmente me obedeceram e assim que as portas foram abertas e uma lufada de ar a atingiu ela parecia reviver, como uma fênix. Ela meio que correu totalmente desajeitada, e não sei porque ela parecia linda assim, não penso que seria digna de uma dama sair vestida daquela forma, mas ela certamente seria lida de toda forma.

Observei ela cair na grama e depositar a sua cabeça em meio aos prantos em cima do banco. Fui caminhando calmamente, não queria assusta-la.

–Está tudo bem, querida? - perguntei.

–Não sou sua querida!

Senti o nojo em cada palavra, e me senti mal por isso, eu não sabia o que tinha feito pra que ela me tratasse dessa forma.

–O que eu fiz para ofender a senhorita? Por acaso não lhe dei exatamente o que queria?

–Não me chame assim! Não sou mais querida pra você do que as outras que você mantem presa aqui nessa jaula!

Presas? Era assim que ela via o castelo? uma forma interessante de se pensar, apesar de que eu já pesei dessa forma algumas vezes. Caminhei calmamente em torno dela, observando-a. Ela era linda, ainda na escuridão fui capaz de ver as curvas do seu corpo mal cobertas pela camisola, me reprendi mentalmente, ela era uma dama, não devia me portar dessa forma.

–Sua afirmação é falsa. Todas vocês são queridas por mim. Trata-se simplesmente de descobrir quem há de ser a mais querida.

–Você disse mesmo “há de ser”?

Segurei minha vontade de rir, ela era diferente, não se intimidava pela minha coroa.

–Desculpe, fruto da minha educação. - eu disse sentando no banco.

–Educação? Ridículo! Isso tudo é ridículo! É dessa forma que você quer conquistar uma esposa, mantendo-a presa em um reality show, você é tão baixo assim?

Não posso dizer que não me senti magoado com as coisas que ela me disse, mas como um príncipe, somos treinado para nunca demonstrar emoções.

–Entendo que possa dar essa impressão, que tudo possa ser visto como entretenimento barato. Mas meu mundo é muito fechado. Não conheço tantas mulheres. As poucas que conheço são filhas de diplomatas, e geralmente temos pouquíssimos assuntos em comum. Isso quando falamos a mesma língua, então dessa forma, nunca me apaixonei. E você?

–Sim!

Quando ela disse isso, meu chão se abriu, finalmente encontrei uma garota que não se importasse com a coroa, que gritara comigo como se eu fosse o mais comuns dos homens, e ela já havia se apaixonado por outro.

–Então você teve muita sorte. Minha mãe e meu pai se casaram assim e são muito felizes. Tenho esperança de alcançar a felicidade, de encontrar uma mulher que toda a Illéa possa amar, alguém que possa ser minha companheira e me ajude a receber os líderes de outras nações. Alguém que seja amiga dos meus amigos e minha confidente. Estou pronto para encontrar minha esposa.

Falei com sinceridade, eu esperava que ela percebesse que isso pra mim não era um jogo, era minha vida.

–Mas pra mim não é tão simples, trinta e quatro garotas brigando por um único objetivo. É esmagador!

–já aconteceram brigas por mim? Será que vocês não percebem que a decisão é minha?

–Na verdade elas brigam por duas coisas, algumas por você, outras pela coroa.

–O homem e a coroa, algumas não percebem a diferença.

–Boa sorte pra você.

Passei um tempo pensando nas garotas que estariam lá em cima, qual delas queria simplesmente a coroa, e não a mim. Será que eu seria sempre fadado a estar sempre subjugado pelo meu poder?

–E você? Pelo que luta?

–Na verdade, estou aqui por engano, só planejo aproveitar a comida enquanto você não me der um pé na bunda.

Eu não consegui não rir, acho que eu perdi a disputa por um prato de comida boa... Espere... De que casta ela era pra se importar com isso, imaginar essa garota com fome me fez ficar com raiva.

–De que Casta você é?

–Cinco.

–Sinto muito, não consigo ler seu broche no escuro.

–Meu nome é Hermione

Porque não me espanto em saber que era ela? A única que eu escolhi a primeira que conheci, e não se importa nem com regras nem com a coroa. Hermione...

–Muito bem. Perfeito.

Permanecemos em um silêncio incomodo, percebi que não havia mais nada a ser dito. Levantei-me pra ir embora.

–Hermione minha querida, espero muito que encontre algo nesta jaula por que valha a pena lutar. Depois de tudo isso, não posso deixar de imaginar como seriam as coisas se você realmente se esforçasse Se isso a deixar feliz, posso informar aos funcionários que você prefere ficar no jardim. Assim, você pode vir aqui à noite sem ser incomodada pelos guardas. No entanto, acho que seria bom se houvesse sempre um deles por perto.

Disse segurando levemente sua mão. Eu estava nervoso, eu realmente gostei dela, talvez por não ter conhecido as outras ainda, ou porque ela foi a única que escolhi, mas ela realmente me deixava nervoso.

–Não sei se quero algo que venha de você. - disse puxando a mão de volta.

Isso me magoou, tudo que eu queria era cobrir essa garota de cuidados, mas ela recuava ao menor toque, como se tivesse nojo de quem eu sou.

–Como quiser. Vai voltar pra dentro daqui a pouco?

Senti seus olhos se amenizarem, como se não tivessem a intenção de me magoar, e isso me alegrou um pouco.

–Sim. -Ela respondeu um pouco envergonhada, talvez com vergonha do próprio comportamento, talvez eu não fosse uma pobre alma perdida no fim.

–Então pedirei pra um guarda ficar na porta, por segurança. E querida, pode me fazer um favor? - Eu disse tomando a sua mão de volta.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, se gostou comenta! se não gostou... cometa também.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Selection" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.