– Espera vocês se conhecem? – Santana perguntou arqueando uma das suas sobrancelhas.

– S-sim Sant, nos conhecemos no café. – Blaine respondeu ainda olhando para Kurt.

– Exatamente Santana. – Kurt respondeu friamente e com aquele sorriso cínico no rosto. Sant sabia que o Hummel estava se corroendo de ciúmes ainda mais por que Blaine havia lhe chamado de Sant.

– E... Como você está? – O moreno perguntou ao castanho com um sorriso lindo no rosto.

– Bem e você? –Foi tudo o que Kurt disse.

–Estou bem. – O moreno respondeu percebendo que Kurt não queria conversar muito, ele não entendia, no outro dia eles haviam se dado tão bem.

– Que bom. Bem... Vou ajudar Brittany na cozinha. Fiquem a vontade colocando o papo em dia. – O castanho disse e se virou para ir até a cozinha. Santana revirou os olhos. O Hummel realmente era difícil. A latina começou a rir com a cara que Blaine fazia olhando para a bunda do maior enquanto ele se retirava.

– Limpa a boca Blainey. Você está babando. – A latina disse empurrando o moreno.

–E-eu... N-não E-estou... – Ele respondeu vermelho. Ele já havia percebido antes, que a bunda do castanho era perfeita.

– Que bom. Acho ótimo você tirar essa ideia da cabeça. Kurt não é do tipo que se amarra. – Foi o que a latina disse.

– Eu não estou pensando em nada Sant, não imagine besteiras. E como assim, ele não é do tipo que se amarra? – O moreno perguntou curioso sentando-se no sofá. Quando Santana ia dizer algo Brittany e Kurt entraram no local com pratos, talheres e copos.

– O jantar está quase pronto. Kurtie pode ficar com eles, eu dou conta sozinha. – A loira disse sorrindo. Kurt a contragosto sentou-se no sofá ao lado de Blaine, pois Santana estava deitada no outro sofá de propósito.

A latina e o moreno conversavam animadamente. Sant contava sua vida desde que saira do colegial e Blaine fazia o mesmo. Kurt por sua vez, observava Blaine. Via que ele estava vestido casualmente, uma camiseta preta com gola V e uma calça jeans escura com um all star branco. Sem muito luxo, mas não deixava de estar bem vestido. Seus cabelos mais uma vez recém-lavados e perfumados. O perfume que saia deles era muito bom. Mas o castanho, enciumado ficava fazendo algo no seu celular, tentando ignorar a cena patética de amiguinhos que se encontram depois de anos. O castanho sabia que era muito ciumento, mas não podia evitar. Ele só tinha Santana e Brittany. Não deixaria ninguém tomar o seu lugar.

Santana percebia os olhares de canto de olho do moreno sobre o castanho. Ela não estava gostando daquilo. Ela parecia estar sendo precipitada, mas ela tinha algo que chamava de sexto sentido, e sabia quando alguém mesmo que inconsciemente estava gostando de outra pessoa. Ela conhecia o moreno o suficiente pra saber que ele estava fascinado por Kurt. E também conhecia o castanho, sabia que para dar uma chance ao menor, ele ia querer só uma coisa dele: Sexo. A latina começou a ficar preocupada. Não queria nenhum de seus amigos magoados.

– Amor, você pode me ajudar aqui? – A cabeça de Britt apareceu na porta.

– Claro. Eu já volto meninos. Nada de pornografia no meu sofá. – A latina disse com um sorriso malicioso no rosto.

– Santana!! – Kurt exclamou em tom de reprovação. Blaine apenas havia ficado vermelho e baixou a cabeça.

Depois de alguns minutos Blaine resolveu se pronunciar.

– E-então Kurt... Chegou muito atrasado naquele dia?

– Um pouco. – O castanho respondeu sem tirar os olhos do celular.

– E-eu ando passando algumas horas na frente do café, tocando violão durante o dia. É melhor do que ficar La dentro. – Blaine disse sorrindo. – Gosto de ver o movimento, as pessoas caminhando apressadamente. É fascinante.

Kurt tirou os olhos do celular. O moreno comemorou internamente, finalmente tinha conseguido a atenção do castanho.

– Eu concordo. Sabe que a minha sala na Vogue, tem uma parede, digamos assim, toda de vidro, eu passo horas olhando as pessoas pra lá e pra cá. Ao olhá-las da minha janela, elas parecem formigas. – O castanho disse sorrindo um pouco o que fez o moreno sorrir também. Agora ele parecia o Kurt que Blaine conheceu no café. – Que tipo de músicas você toca? – Kurt perguntou curioso.

– De tudo um pouco, mas minha inspiração mesmo é Katy Perry. – O moreno disse com um sorriso gigante.

– Isso é bem gay. – Kurt disse sério. Logo os dois caíram na gargalhada. O castanho não entendia como Blaine ainda podia ser simpático com ele, mesmo o ignorando.

Santana apareceu na sala e sentou-se no meio dos dois. Os três começaram a conversar, mas logo a conversa se resumiu em Blaine e Santana, o que fez Kurt levantar irritado e ir até a cozinha.

– Então Kurtie. O que acha de Blaine? – Britt perguntou.

– Ele é legal até. – Kurt disse dando de ombros. Ele não entendia como o moreno podia ser irritantemente simpático.

– Só isso? Vocês já se conheciam. Achou apenas isso dele? Ou isso é ciúme? – A loira disse sorrindo.

– Um pouco. Sim ele é legal. Apenas. E eu não sou ciumento. Talvez por ele ser assim imaturo, que vive a vida intensamente, uma criança, como ele aparenta ser, Santana fique mais animada perto dele do que de mim. – Kurt disse abaixando os olhos. Ele jamais admitiria estar com ciúmes. Mas ele achava Blaine legal, muito legal, bem mais legal do que ele e isso o deixava inseguro.

– Querido, ela não prefere Blaine. Você é o melhor amigo dela. Eles apenas estão matando as saudades. E Blaine não é imaturo. Você está arranjando algo pra poder implicar com o coitado. Isso é feio Kurt Hummel. – A loira disse abraçando o castanho que retribuiu. – Tente conversar mais com ele. Quem sabe vocês se tornam amigos?

– Não força Britt. – Kurt disse arqueando uma sobrancelha.

– Ah... Me desculpe, eu só vim pegar um copo de água. – Blaine apareceu na cozinha.

Kurt revirou os olhos, caminhou até a geladeira, colocou água num copo e alcançou ao menor.

– Aqui. – Ele disse sem emoção.

Blaine pegou o copo, e sua mão tocou a de Kurt. O moreno se arrepiou todo. Ele olhou para o castanho, mas viu que não tinha acontecido nada com ele. Ele estava indiferente.

– Obrigado. – Foi tudo o que o moreno disse e depois saiu da cozinha.

– Muito bom Kurt. – Santana disse aparecendo na cozinha.

– Me erra Santana. – O moreno disse e pegou a travessa de macarronada levando-a para a sala.

– Isso realmente vai ser difícil não? – A loira disse abraçando a esposa.

– Vai. Ainda mais por que Blaine acabou de me contar que conseguiu um apartamento mais barato que o seu atual. Ele recebeu o endereço agora, por e-mail e adivinhe? Ele se muda aqui para o nosso prédio segunda feira. – Santana disse.

– Como será que Kurt vai reagir? – Britt disse sorrindo.

– Ele vai ter que engolir Blaine. – A latina disse dando uma gargalhada.

Kurt arrumava a mesa e percebia o olhar do outro sobre si.

– Quer ajuda? – O moreno se ofereceu.

– Acho que eu consigo arrumar uma mesa sozinho. – Kurt disse frio.

– Ok. – O menor disse. Ele havia cansado de tentar conversar com Kurt. Ele percebia que o garoto estava com ciúmes, mas aquilo não era motivo para tratá-lo mal. Aquilo era extremamente infantil e Blaine resolveu agir da mesma maneira. Agora ele faria o possível para deixar o castanho ainda mais enciumado. Ele havia tentado ser simpático, ser compreensivo. Mas paciência tem limite e a de Blaine tinha terminado.

Brittany entrou na sala e o moreno teve uma ideia. Caminhou até a loira e colocou as duas mãos na barriga Dela.

– Uau... Ela não para de se mexer. – Blaine disse surpreso. Ele achava lindo mulheres grávidas.

– Ela está agitada hoje. É por que a casa está cheia. – A loira respondeu sorrindo.

Kurt observava tudo. Ele não estava gostando daquilo.

– Eu posso? – Blaine perguntou.

– Claro.

O moreno encostou o seu ouvido na barriga da grávida e sorria a cada chute da pequena Valerie.

– Isso é incrível. – Ele dizia.

Santana observava a cena e observava Kurt. Ela achou que o garoto estaria cuspindo fogo mas ele estava com os olhos vidrados em Blaine. Aquela cena era adorável para o castanho. Mas logo o ciúme o corroeu novamente e ele chamou a atenção de todos.

– Não querendo estragar o momento aí, mas o jantar está pronto. – Kurt disse sentando-se à mesa.

Aquilo havia sido extremante grosseiro da parte dele, e as anfitriãs da casa estavam envergonhadas. Kurt fuzilava o moreno com o olhar e ele percebia, mas fingia não notar. Era isso o que ele queria agora.

O jantar correu agradavelmente para todos, menos para Kurt. Ele via Blaine pegando as mãos e Britt e de Sant o tempo todo. O castanho sabia que estava sendo provocado.

Quando terminaram o jantar, Santana empurrou Kurt e Blaine para a cozinha, para lavarem a louça. Blaine lavava, Kurt secava e guardava. O moreno estava com fones de ouvido e Part Of Me começou a tocar. Kurt se surpreendeu quando o moreno começou a cantar. Mesmo já tendo ouvido a sua voz antes, ele tinha que admitir que o moreno tinha uma voz linda. O outro nem se importava se Kurt estava ali ou não. No momento era Katy Perry quem importava. Quando ele terminou de cantar, ouviu palmas. Achou que fosse Kurt, mas o castanho nem estava mais ali. Sant e Britt batiam palmas na porta.

– Isso foi lindo B. – A latina disse.

– Obrigado... – O garoto respondeu olhando rapidamente por toda a cozinha procurando Kurt.

– Kurt foi ao banheiro. – A loira respondeu percebendo que o menor procurava alguém com o olhar.

Quando os três chegaram à sala, Kurt assistia televisão. Eles passaram horas conversando e Kurt mal havia dito algumas palavras.

– Kurt você levaria Blaine para casa? – Santana perguntou. – Está tarde, ele mora um pouco longe e é perigoso sair na rua nesse horário.

– Não precisa Sant, tudo bem, eu me viro. – Blaine disse.

– Eu levo. – Kurt respondeu e todos o olharam curiosos. Aquilo havia sido estranho.

Depois de se despedir e prometer voltar mais vezes, Blaine seguiu Kurt e entraram no elevador sem trocar nenhuma palavra. Kurt não estava a fim de conversar. Apenas aceitou levar o outro por que ele queria sair um pouco daquele apartamento. Estava se sentindo sufocado.

Durante todo o caminho eles não trocaram uma palavra, apenas Blaine ensinava o caminho.

– É aqui. – Blaine disse apontando o prédio. – Obrigado pela carona Kurt. – o moreno disse sincero olhando nos olhos de Kurt.

– De nada. – O castanho disse dando um sorriso fraco.

– É... K-kurt... Você gostaria de tomar um café comigo amanhã? – O moreno perguntou.

– Eu não posso, tenho compromisso. – Kurt respondeu sem emoção aparente.

– Não precisa inventar um compromisso. É só dizer não. – Blaine disse frio saindo do carro. Por algum motivo, Kurt surpreso com a reação do outro, saiu do carro e o seguiu.

– Espera. Eu to falando sério. Olha. – Ele mostrou uma passagem de avião para Ohio que tirou do bolso. – Vou passar o final de semana com meu pai. – O castanho disse sorrindo ao lembrar que logo estaria com a sua família.

– Ah... M-me desculpe... E-eu... – Blaine não sabia o que dizer.

– Tudo bem. Esquece. Enfim, boa noite, entra lá, eu fico olhando. – Kurt disse naturalmente. Ele não queria ser responsabilizado caso Blaine fosse assaltado ou algo assim.

– Boa noite. Até a próxima. – Blaine disse sorrindo estendendo a mão, que Kurt apertou sorrindo igualmente.

– Até.

Kurt esperou Blaine entrar no prédio escorado no seu carro com as mãos nos bolsos. Blaine era um cara legal, até que não seria tão difícil assim ser amigo dele. Ele ainda não tinha entendido por que fora atrás de Blaine, bom na verdade ele sabia sim, ele odiava ser tratado como um mentiroso. Afinal ele odiava mentiras. Mas o castanho continuaria com o pé atrás com o outro. Afinal eles estavam disputando as melhores amigas.

Blaine entrou no prédio e deu uma última olhada para trás e sim, Kurt ainda estava lá. O moreno tinha um sorriso enorme no rosto. Ele gostaria de ser amigo de Kurt, de verdade. Ele era uma pessoa tão legal, tirando a parte do ciúme exagerado. Blaine gostaria de ajudá-lo com isso. E quem Sabe agora o moreno não conseguiria um novo melhor amigo em NY? Afinal ele não tinha amigos homens, nem héteros e nem gays. Ele tinha apenas Sebastian e Sam, mas em Ohio. Seria legal ter algum em NY só pra variar um pouco.