Filhos da Lua escrita por Dan Pinheiro


Capítulo 3
Reencontro




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/560119/chapter/3

                O trem partira, em seu movimento tênue, como se nada no mundo pudesse acabar com aquele resquício de paz, que ali se mantinha em seu movimento. Sirius se encontrava ao meu lado com a cabeça em meu colo, enquanto minhas mãos percorriam seu pelo cinza espesso.
O dia já estava claro e as nuvens brilhavam em sincronia ao Sol. Eu olhava pela janela em busca de respostas, como se o céu pudesse me livrar dos meus anseios. Mas isso, não seria possível, não naquele momento - Sirius levanta a cabeça encostando seu focinho em meu queixo, dando uma leve lufada de ar morno em meu rosto.
                Quando o trem chegou na estação Morumbi, eu me dei conta de quanto o vagão tinha se enchido de pessoas tão distintas, algumas pessoas se perdiam nas telas de seus celulares, tão vazias quanto as almas ali presente, as que tinham companhia conversavam assuntos diversificados, quebrando assim o silencio do local e outras liam livros ou jornais. Pessoas tão diferentes, era isso que me fazia gostar tanto desta cidade, que tinha o poder de atrair características tão diferentes em um mesmo local. E eu? Sou uma incógnita.
                Continuei ali sentado por um bom tempo estudando as pessoas, e tentando encontrar algum sentido para as coisas que aconteceram. E então uma voz me tirou do meu transe, anunciando que em breve eu chegaria ao meu destino - "Próxima parada, Pinheiros, descer ao lado direito do trem" - Me levanto segurando a mochila, com Sirius ao meu lado, abro espaço entre as pessoas. Saindo do vagão, sigo o grande fluxo de pessoas que descem as escadas rolantes. O caminho até a próxima estação é um pouco demorado, são quatro de lances de escada com pessoas desesperadas e muita pressa, algo comum em grandes metrópoles, ainda mais por ser o coração de São Paulo.
O fôlego estava em ótimo estado dessa vez, desci correndo até chegar ao subsolo para linha amarela, e para minha sorte não demorou muito para o metro chegar, já fui adentrando no vagão com Sirius em meu encalço, ficando ao lado da porta – novamente uma voz me tira do meu transe alertando que a próxima estação é a Paulista... - O trem então para suavemente e suas portas se abrem e com ela uma boa parte de pessoas se expele por suas portas, o fluxo me guia até a baldeação para a consolação, me levando por um caminho um pouco extenso. Por sorte o trem está parado na estação, entro e sento em um banco livre próximo a janela, o vagão não está tão cheio, dando espaço para que Sirius sente ao meu lado. Em um curto tempo chego na estação Trianon-Masp, meu destino final.
                “Finalmente ar livre”- Penso vagamente sorrindo ao sair do metrô. Encaminho-me em direção ao Parque, não presto muita atenção ao redor. Ao passar pelo portão de entrada, que se encontra totalmente aberto, suas grades enferrujadas em tonalidades verdes, aonde a ferrugem não chegou mostrando assim sua cor. Sigo pela trilha de paralelepípedos á direita, em direção a ponte que divide o parque, passando por uma Escultura que sinaliza um bebedouro, eu paro um pequeno instante, olhando ao redor. Sigo em direção à escultura e aperto um pequeno botão em suas costas, ativando assim um jato de água. Sirius se coloca a frente para beber água.  Volto a seguir o meu destino. Após 2 minutos caminhando freneticamente, me encontro em um canto um pouco isolado do parque. O lobo caminha ao meu redor, roçando seu corpo em minhas pernas, olho em volta e percebo o quanto o parque mudou, aquele lugar no caso mudou. As folhas secas espalhadas pelo chão, a arvore que antes era tão viva, agora se encontra em tons mortos... Realmente tudo mudou... me sento encostando minhas costas na arvore. O céu está começando a ficar cinza, o vento atravessa as folhas, entoando uma bela canção. O parque está completamente vazio, não vejo ninguém por perto.
                Pego a mochila e a deixo ao meu lado, sobre as folhas secas aglomeradas próximas da arvore. Levo a mão até o meu bolso e trago meu celular. A bateria ainda está em seus 98% - “Ótimo” – abro o aplicativo de mensagens e envio “ Me encontrem no Parque do Masp, naquele local... AGORA”.
                Guardo novamente meu celular no bolso, me afasto da arvore deixando que meu corpo caia sobre as folhas secas que cobrem a grama, o céu está totalmente cinza, meus olhos vão se fechando lentamente...

... Acordo com um chute nas costelas, olho ao redor e me deparo com duas sombras distintas.
— Finalmente acordou Ogro adormecido, seu ronco dava pra ser escutado lá do portão. – Rezende abriu um sorriso estendendo a mão. E o Lelo não perdeu sua vez:
— Caralho Dan, acho que nem o Sirius rosnando faz tanto barulho quanto você!
— Já terminaram com o show de piadas? - Seguro a mão do Rezende me levantando, ao me levantar puxo ambos para um abraço apertado - Senti a falta de vocês.
— Também sentimos a sua – Disseram em uníssono, como se fossem um só.
... Me afastei dos dois, encostei na arvore e percebi como o tempo tinha passado sem nos vermos. Lelo havia crescido alguns centímetros, mas continuava com a cara de criança de sempre, pelo menos agora tinha um cabelinho no queixo, o que me fazia rir por dentro. Rezende estava um pouco mais magro, e uma barba rala cobria seu maxilar.
— Então, como vocês tem passado ? Já fazem pelo menos um ano desde a ultima vez que nos vimos,... - perguntei
— É, faz bastante tempo ... Mas sabe, até que estou bem - Rezende sorriu - E você? Alias, porque a urgência?
 Leonardo (Lelo) estava no canto, acendendo um cigarro enquanto conversávamos, ele sempre foi assim, mais reservado.
—  Um premonição... uma visão ... algo está pra acontecer e eu não sei bem dizer o que, mas precisamos ficar juntos, encontrar nossa família... Acredito que eles saibam o que está pra acontecer - De trás das arvores surgem dois lobos; do lado direito está Ceos, um pouco menor que Sirius, sua pele é de um tom marrom bem escuro, seus olhos são tão negros e brilhosos quanto Ônix. Ao seu lado está Ankou, um lobo esguio do mesmo tamanho de Ceos, sua pelagem era de um vermelho tão escuro que só dava pra perceber sua cor quando o sol iluminava sua pelagem mostrando assim seus tons avermelhados, já seus olhos era de um dourado tão claro quanto o Ouro . Ambos sentaram ao lado de seus parceiros, Ankou ao lado do Leonardo e Ceos ao lado do Rezende.
 
— Com... - antes que Lelo começasse a falar, uma explosão nos interrompeu,toda paz daquele momento virou caos, o céu que antes estava cinza se tornou negro, o silêncio suspenso por gritos e barulhos por toda parte... E nós? Corremos em direção aquele tormento...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Filhos da Lua" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.