Filhos da Lua escrita por Dan Pinheiro


Capítulo 2
Capitulo 2 - O lobo negro




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... E lá estava eu, subindo a rua íngreme com seus defeitos tão comuns a todos, nas minhas costas eu podia sentir os raios de sol iluminando todo mundo, inundando tudo com aquele calor reconfortante que de certa maneira me preenchia, revitalizando o meu corpo. Passei por ruas antes desconhecidas, com suas construções pobres e mal acabadas. Chegando ao fim da rua eu entro a direita em uma avenida larga que não sei bem o nome. Paro ao lado um comercio que no momento encontra-se fechado. Sirius me olha nos olhos dividindo um breve Déjà vu.

Encontrava-me em uma floresta densa banhada na penumbra da noite, a única luz que guiava o caminho a minha frente era a Lua. Fiquei ali parado olhando em volta, mas nada me parecia familiar, eu nunca tinha estado ali antes... Mas algo inesperado aconteceu... Não sei descrever, era uma espécie de humanoide que mancava e segurava o braço direito, mas a escuridão escondia suas características e vinha em minha direção... Espera, não era um humanoide... e sim... Uma mulher!?

Antes que eu pudesse distinguir suas feições eu despertei com um solavanco do meu corpo, algumas pessoas ali próximas se assustaram, quando dei um pulo ao acordar do Déjà vu, por sorte não cai... Sirius me olhava com certa atenção e dúvida, provavelmente ele tinha estado lá, ao meu lado e visto tudo. Entretanto antes que eu pudesse dizer algo o ônibus que me levaria ao terminal, chegou me tirando do frenesi de minha mente.
Subindo para o ônibus senti uma estranha sensação. Pude sentir que havia algo errado, realmente errado... Mesmo assim passei pela catraca, caminhei até o fim do corredor me sentando no ultimo banco. Na segunda fileira havia dois caras com capuz que é provavelmente de uma blusa de moletom e sobre ela estavam jaqueta de couro preta, não pude ver seus rosto por conta da sombra do capuz que cobriam seus rostos. O ônibus estava realmente vazio, só havia aqueles dois seres além de mim e meu Guardião nele... E ninguém havia entrado além de mim e o totellis, mesmo sendo um horário em que as pessoas normalmente saem pra trabalhar.

O ônibus então arrancou, deixando para trás as pessoas confusas que se encontravam no ponto. Coloquei minha bolsa de lado e decidi abrir minha mente para Sirius:
O que você quis me dizer com aquela mensagem?”- Perguntei ainda apreensivo por conta do que vira.

Ainda não sei Dan, certa coisas andam aparecendo para mim, e que automaticamente são passadas para você pelo nosso elo.” – Ele deu uma breve pausa, suspirando como se algo o incomodasse – “Lembra-se quando entramos em um outro Déjà vu? Aquele que nos mostrou o caçador?

Claro que lembro, e por conta dele pudemos escapar... de certa forma...”– minha mente ainda me faz voltar aquela floresta, como se quisesse me mostrar algo que eu não vi – “Precisamos tentar entender isso, e principalmente encontrar nossos irmãos!

Sirius ficou em silencio, algo realmente o incomodava sobre aquela mensagem. Como não ficar incomodado com isso? Realmente do nada você apaga e começa ver coisas sem sentido... é algo pra se incomodar!

Voltei o meu foco para o caminho que o ônibus fazia, e percebi que já se aproximávamos do terminal, o engraçado é ainda ter apenas aqueles dois ali sentados, como um ônibus em plena manhã não carrega nenhum outro passageiro além de nos? Chega a ser impossível.

Curioso não foi apenas o fato de ter apenas nós ali, mas sim a espessa névoa que se formava e cobria as ruas, bloqueando assim os raios solares que ainda nasciam no horizonte... Finalmente o trajeto havia chegado ao fim, o ônibus entrou no terminal Grajaú, que estava sendo coberto pela mesma nevoa que a pouco eu havia visto. Desci com Sirius em meu encalço e podia sentir a tensão que havia ali no ambiente, de certa forma. Mas não vi os dois seres descendo do ônibus... Algo realmente estranho.

Não esperei muito para saber o que havia de tão estranho. O terminal encontrava-se vazio, ônibus e lotações paradas, mas sem ninguém por perto, não havia pessoas ali presente, apenas o silêncio reinava naquele lugar. O barulho dos meus passos ecoava pelo terminal, o que me incomodava cada vez mais, já que o terminal é um lugar completamente cheio a essa hora da manhã. O local se encontrava bastante desgastado, algo que até então eu não havia percebido, os ladrilhos das paredes estavam rachados, das fissuras no chão surgiam algumas plantas pequenas e invisíveis em meio a tudo. Ainda olhando ao redor pude avistar algumas formas se mexendo na entrada do terminal, vindo em minha direção, entretanto a nevoa me impedia de ver com detalhes. Sirius já se preparava para o pior, pois o ambiente estava cada vez mais pesado, e claro, não era nada bom.

Fiquei ali parado, olhando aquelas silhuetas se aproximarem cada vez mais. Sirius já estava em posição para atacar, mas relaxou ao percebermos que eram apenas crianças... Olhei para ele rindo:
– Você está parecendo àqueles cachorrinhos com medo de tudo! - Falei ainda rindo.

Acho que você devia prestar mais atenção Dan, não estamos aqui sozinho...” – A voz de Sirius ecoava na minha mente com um tom preocupante, me deixando preocupado.

Coloquei minha bolsa no chão, puxei o zíper e busquei minha faca militar, que tinha lá seus 30 cm de aço inoxidável negro, o cabo também era preto, entretanto em seu punho continha uma caveira branca que dava equilíbrio entre a lamina e o cabo. Empunhei a faca na mão direita encostando o lado cego no antebraço, com a mão esquerda peguei a mochila do chão e joguei novamente nas costas. Já que não podia ficar muito tempo ali, fui em direção às escadas rolantes que se encontravam a minha frente... Então senti meu corpo sento jogado ao chão muito forte, antes de cair vi Sirius rosnando e pulando em algo... Devo ter apagado por uns cinco segundos, pois quando me dei por si, lá estavam três seres parados na minha frente me olhando de cima, estavam um pouco mais de 2 metros de distância de onde eu estava. Sacudi a cabeça e me levantei olhando para Sirius, tempo suficiente para ver algo explodir em uma espécie de pó negro, a pequena explosão desse pó fez que um cheiro de enxofre pairasse pelo ar.

Ao estar novamente em pé, três caras me olhavam com desprezo... O ser da esquerda tinha um pouco mais de 1,80 de altura, e em seus ombros carregava um taco de beisebol, usava uma jaqueta de couro sobre uma camiseta branca, sua calça tinha uma estampa militar e usava coturnos, seu rosto estava repleto de cicatrizes, não pude ver os olhos, pois estava escondido atrás de um óculos escuro, seu sorriso era perverso enquanto me analisava de cima abaixo. Ao seu lado direito encontrava um brutamonte bem mais largo que ele, mas apenas em questão de largura, pois em altura ele tinha lá seus 1,65. Mesmo assim era bem assustador, pois portava em suas mãos um porrete revestido de pregos, ele vestia uma camiseta preta com as mangas rasgadas, usava uma calça caqui escura, e também calçava um par de coturnos pretos, seu rosto assim como o cara da jaqueta estava repleto de cicatrizes, e por conta de der a cor de pele clara, as cicatrizes ficavam mais evidentes. O cara da direita já era mais engraçado, carregava em sua mão um porrete um pouco menor do que o brutamonte, o porte físico dele era bem diferente dos outros dois, ele era magricela, usava uma camiseta cinza surrada, com uma estampa dizendo “O inferno é aqui“ e um short jeans, mas ao contrário dos outros não possuía cicatrizes no rosto e muito menos usava coturno, em seus pés estava um par de tênis azuis. Não esperava que ele fosse o primeiro a falar;


– Olha só o que encontramos aqui pessoal, um cachorro perdido! Pena que o outro não pôde viver tempo o suficiente para ver a gente acabar com esse aqui! – Sua risada ecoou por todo o terminal e eu realmente não gostava daquilo, a voz dele ecoava como um trovão em meio ao outros dois, que apenas sorriram e balançaram as armas.

Desculpe decepciona-los meus caros, mas sabe... Estou um pouco apressado e não to afim de confusão, caso ainda queiram permanecer inteiros. – Segurei a lamina mais forte e abri um sorriso sarcástico, sentia Sirius ao meu lado se preparando para atacar também.

Antes que outras palavras fossem trocadas o brutamonte veio pra cima, erguendo seu porrete acima da cabeça... Lento demais ... Rolei para a direita e e dei um corte baixo com a faca, atingindo a panturrilha, ele grunhiu de dor, mas continuo de pé, quando seu porrete veio de encontro ao chão ele arrastou para o meu lado quase me pegando de surpresa se não fosse pelo milésimo segundo em que pulei para trás, evitando que aqueles pregos fizessem um belo estrago no meu corpo. Recobrei o equilíbrio e pulei sobre o porrete que se encontrava no chão ainda, o ser me olhou surpreso a tempo de ver minha faca entrando entre os seus olhos, e então seu corpo se desfez em pó de enxofre. Em frente estava Sirius pulando sobre a cara do cara de Jaqueta preta, devorando todo seu rosto... devia ter sido uma luta em tanto mas estava ocupado tentando evitar o porrete para vê-lo.

O magricela olhou para mim com um sorriso insano no rosto, e então ele veio em minha direção rindo, ele era mais rápido que os outros, isso eu pude perceber, o que realmente dificultava as coisas. E outra, eu só tinha uma faca de 30cm e o porrete dele tinha lá seus 1,20m. Então com uma velocidade fora do comum, ele girou o porrete sobre a cabeça, me dando um curto espaço de tempo para desviar jogando meu corpo para trás, e antes que o porrete fizesse um giro completo ele forçou para frente, me obrigando a usar a faca para defender a estocada... Com a faca em punho girei ela sobre o porrete e me joguei no chão, puxando ele para frente e o acertando meus pé em sua barriga, com a força do movimento ele foi lançado ao ar, indo de encontro a parede. Sirius não perdeu tempo, pulou sobre o cara que não durou lá seus 20 segundos, explodindo em pó de enxofre assim como os outros.

Limpei-me daquele pó imundo passando a mão sobre o corpo, meu lobo fez o mesmo e se sacudiu. Sorri para ele e guardei a faca novamente na bolsa, só que dessa vez coloquei no bolso lateral, caso eu volte a precisar. Voltei a subir a escada rolante, mas dessa vez corri escada acima para chegar o mais rápido possível até o trem que havia chegado a poucos instantes, não havia guardas por perto e ninguém, então decidi pular a catraca e seguir em direção ao trem, voltei a descer outro lance de escadas e entrei no primeiro vagão que encontrei, me sentando na janela. Sirius sentou-se ao meu lado, enquanto esperávamos o trem partir, pude perceber que já não havia névoa rondando o terminal, já estava tudo claro novamente, e o sol já tinha nascido no horizonte, trazendo ainda consigo tons de laranja ao céu.

No Terminal, o tráfego de pessoas voltava ao normal, e começavam a chegar ônibus e pessoas de todos os lados. Então o alarme das portas ecoou, anunciando que logo fechariam...

Voltei a pensar no déjà vu que me atingiu hoje cedo, tentando encaixar as peças, mas como posso encaixar peças se não tenho nenhuma? Quem era aquela mulher? Que lugar era aquele? E de certa forma, ela me conhecia... O seu olhar, o seu jeito não saia da minha cabeça... Então, algo me tirou de lá... avistei um lobo totalmente negro, com os olhos vermelho sangue na porta do trem... Ele me olhava nos olhos, e sua presença deixou o ambiente mais gelado que o comum... e havia alguém atrás desse lobo... Entretanto, as portas se fecharam e qualquer ação que eu poderia fazer naquele instante se foi... Fiquei ali sentado vendo o trem se afastar daquela silhueta tão escura... E mais duvidas me atormentaram naquele momento...


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Notas finais do capítulo

Quem é esta mulher que aparece atraves de um Deja vu tão rápido? Quem será o portador do Lobo negro ? Tantas perguntas... tantas historias... muita coisa ainda será explicada, e como foi dito " A história só está começando"



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