Fraterno enquanto Dure escrita por g_abriel


Capítulo 8
Capítulo 08: Terminando -Ending-


Notas iniciais do capítulo

Antes de qualquer coisa, desculpem-me o hiper atraso.
Sei que quem mais perde sou eu, mas não acho digno que esperem tanto pelo final da fic!
Não, não estou terminando ela por causa de atrasos ou algo do tipo.
É o final que eu queria mesmo.

Obrigado a todos que acompanharam Fraterno Enquanto Dure, independente de quando acompanhou.

Bom, chega de Blah, Blah, Blah!

Boa leitura e não me matem!



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Eu ainda estava de costas para Gustavo. Eu pude ouvir os seus passos hesitantes em minha direção, mas não podia deixar que ele chegasse mais perto. Não sabia ao certo se quando ele estava longe era melhor quanto ele estar tão próximo neste momento.

-       – Beni, está tudo bem? – indagou Guilherme com cautela.

-        – Se você chama desaparecer, não retornar ligações, avisar se estava vivo ou se estava tudo bem em nosso relacionamento, de estar “bem” – falei com sarcasmo – pode apostar que não está nada bem...

Eu senti a tensão e a instabilidade motora que meu corpo tentava exercer sobre mim, mas tentei manter-me firme, eu precisava disso.

-       – Temos que conversar sobre isso...

-       – Sim, nós devemos.

Olhei pela porta de vidro e as luzes estavam apagadas, espiei pela janela do quarto de Guilherme e as luzes estavam acesas, o que eu esperava. Fiz sinal com a cabeça para que Gustavo me seguisse.

Quando comecei a caminhar, Gustavo segurou minha mão com firmeza. Seu toque quente, o pulsar rápido e constante do sangue de seus dedos... Tudo conspirava a favor de uma rápida reconciliação, o que era o mais lógico a se fazer, se não fosse por...

-        – Beni, eu to com sede, quer alguma coisa pra beber?

-       – Água seria bom – sorri forçado.

-       – Okay – disse ele abrindo rapidamente a geladeira, retirando duas garrafas de água de dentro dela, entregou uma para mim e bebeu um longo gole da sua.

Assim que chegamos à sala, ele acendeu a luz e nos sentamos de frente para o outro. Ele sorria, eu forçava, porém isto durou pouco tempo, pois o sorriso lindo de sua face tornou-se uma linha dura. Eu olhei para baixo, não pude mais olhar para ele desta maneira.

Antes que o silêncio me torturasse mais ainda, perguntei o que ele teve que fazer na capital. Segundo ele, houveram vândalos na exposição de alguns estudantes e, como era monitor, era dever dele dar assistência aos colegas.

-       – Sei que é uma pergunta egocêntrica, mas... – olhei para minhas mãos cerradas e enquanto tomava coragem para olhar em seus olhos falei tudo de uma vez – nós temos algo aqui, não temos? Um aviso prévio ao menos seria “quase” o suficiente. Eu sei que antes de mim existem outras prioridades, mas precisava fugir assim depois do aniversário de Papai?

-        Eu me senti um estúpido. Fiquei com triste com o que você disse aos seus pais em minha frente, mas depois compreendi que tudo mudou e você tinha que dizer o que julgasse melhor para eles. – ele ainda estava calmo, suspirou antes de continuar. – Quando saí de sua casa, fui até a praia para pensar, até quando me ligaram da Universidade para que eu fosse resolver a questão dos vândalos... – tentei dizer algo, mas ele continuou – E sim, Beni, você tem todo o direito de estar com raiva e com razão! – ele segurou minhas mãos, retirando-as de minhas coxas – Foi tudo tão rápido e o estrago lá foi grande, nenhum trabalho foi poupado e quase todos estão sem chances de restauro...

-     Nós temos algo, Gustavo? – tornei a perguntar.

Gustavo largou minhas mãos. O seu silêncio de reflexão, foi o meu de decepção. Eu queria uma resposta rápida, sem rodeios, mas ele estava no direito dele de pensar... Então ele finalmente ousou falar algo, que não saiu na primeira tentativa, mas conseguiu na segunda.

-      – Beni, eu gosto muito de você, mas... – disse com cautela.

-        Mas o quê? – pressionei.

-        Eu tenho algumas prioridades na minha vida antes de poder me envolver com alguém...

-        Quando você chegou aqui, você tinha acabado de terminar com o seu namorado! – gritei.

-        Que droga, me deixe terminar uma frase, Bernardo! – exaltou-se pela primeira vez. – Sim, eu tinha terminado com um namorado eu “gostava” – fez as aspas com os dedos – e, praticamente, fugi de lá e me enfiei novamente em um relacionamento, mas desta vez, Bernardo, eu amo o meu parceiro e ele é você! – eu estava quase chorando, mas segurei firme e esperei ele terminar. – Quando eu vim para o litoral, eu queria ter um tempo só pra mim, pra pensar. Felizmente você entrou novamente na minha vida e, no mínimo, gosta de mim. – encolhi entre meus braços. – Porém eu ainda tenho que cumprir com as minhas obrigações na capital e eu gostaria que você viesse comigo, viver comigo, Bernardo! – Ele sorria intensamente, estava mais que empolgado com a ideia.

E eu?

Eu me senti um lixo. Eu queria poder ir com ele pra capital, viver com ele, construir algo com ele. Eu o amava, mas agora não conseguia dizer em alto e bom som, pois julgava parecer mentira, que estava traindo a confiança que me encarregava. Por fim, chorei. Gustavo me abraçou forte, eu não sabia se gritava, se o empurrava ou se correspondia.

Depois de algum tempo, ele foi ao banheiro e eu já havia parado de chorar. Ele voltou rápido, seus olhos estavam vermelhos, supus que ele entendeu a minha resposta e chorou comigo, mas eu apenas confirmei a segunda, já que ele assou o nariz enquanto estava no banheiro.

Eu não poderia ir com ele. Eu tenho muitas coisas para resolver por aqui.

Conseguir o afeto de minha mãe, me acertar com papai e teria que conversar com Richard. Mas acima de tudo, eu teria que ter um plano de vida. Não poderia sobreviver em plenos dezoito anos à custa de meus pais. Queria voltar a estudar, fazer música, viajar... Mas, no fundo, eu sabia que não era desculpa suficiente.

-        Gustavo...

-        Bernardo?

-        Eu quero um tempo...

-      – Todo o que você precisar.

Nos abraçamos e choramos.

Gustavo voltou para a capital no dia seguinte e eu chorei durante dois dias. Quando me lembrei que eu tinha coisas para resolver, tive que sair do meu quarto e continuar a vida.

A primeira pessoa que eu vi quando saí do quarto foi Yves, que me avisou que todos estavam fora, mas que Richard logo chegaria do hospital. Tomamos café em silêncio.

Yves além de ser meu irmão, era meu amigo e durante todo o tempo esteve me apoiando, mesmo que eu ainda não soubesse, e não me interessasse, em sua opinião sobre minha sexualidade. Acho que pra ele o importante fosse meu bem-estar, e isso era o que mais me fazia amá-lo.

Enquanto lavava as louças, Richard chegou e logo subiu e depois de um tempo voltou com o cabelo molhado, provavelmente tomara uma ducha. Quando terminei, fui até ele. Ele sorriu, porém contraiu seu cenho.

-        Que tal um passeio no píer? – sugeri.

Só se você tomar um banho! Estava um dia ensolarado. A maré estava calma e as ondas quebravam gentilmente. Muitas pessoas aproveitavam a temporada de verão. O engraçado é que eu não toquei direito em minha prancha desde que Gustavo voltou ao litoral, apesar disto, não queria surfar e pensar mais do que já pensava. Conversei bastante com Richard sobre coisas aleatórias, até que o assunto foi o Gustavo.

-        Você realmente quer saber, Beni? – perguntou pela segunda vez.

Richard não parecia tenso, muito menos preocupado com isso, e eu não sabia se era bom ou ruim. Apenas acenei positivamente para que continuasse.

Ele sorriu e coçou a costeleta de seu cabelo que... moicano?

-        Ficamos uma vez só, não foi nada de tããããão importante assim.

-      – Mas e aquela sua reação no dia da... – apontei para sua cabeça.

-        Eu vi o clima rolando ali, apesar de estar chocado que você estava quase beijando o irmão de seu melhor amigo ao ar livre em plena luz do dia! – impossível não rir com a resposta um pouco exagerada de Richard:

-        Mas, Beni, me conte como andam as coisas com o Gustavo? – limpei a garganta e sorri, sem forçar.

-        Vão ficar bem...

-        Você realmente precisa ir? – perguntou a insistente Alice. – Quem vai me chamar de macaquinha?

-        Pergunta pro Lionel. – rimos.

-        Nem me fale! – ficou vermelha.

Depois de alguns dias sem falar com ninguém, descobri que Alice e Lion estavam namorando. Ela deu uma bela surra nele por chama-la de “broto”, que ela entendeu totalmente errado.

-        Bruta! Imagine! – rimos – E ele aprendeu a usar roupas, pelo menos fora de casa. – amém!

-        Papai?

-        Sim, Bernardo? – papai colocou as folhas do jornal sobre a sua escrivaninha. Aproveitei e sentei-me a sua frente.

-        Antes de ir, eu gostaria de ter uma conversa contigo sobre uma coisa.

-        Hum... – acho que significava “prossiga”.

-        Eu estou em busca de quem sou, o que quero e como quero. Sei que a vida é curta e temos que aproveitar o que ela nos propõe. Eu amo, amei e amarei enquanto puder. Serei feliz, triste e feliz novamente, mas isto só o tempo, e eu, determinará. – segurei sua mão – Pai. Eu me aceito, sempre me aceitei. Sou humano, não serei rotulado mais que já somos. Não quero que você e mamãe aceitem de bom grado, mas que entendam que somente assim poderei ser feliz. – chorei novamente e papai me acompanhou.

-        Vocês dois são loucos. – apontou Guilherme.

-        Apenas colocamos as nossas necessidades em primeiro lugar. – respondi olhando o horizonte e as estrelas com a lua refletidas no imenso espelho d’água.

-        Você acha que vocês vão voltar algum dia? – perguntou quase num sussurro.

-        Não faça pergunta difícil pra ele, Gui! – censurou Sophie. Rimos.

-        Eu gostaria de rever seu irmão um dia. Eu o amei. E isso nunca vai mudar.

-        Porque não faz Direito, meu filho? – indagou papai, chorando e me abraçando no aeroporto.

-        Papai, pelo menos deixe-me tentar fazer algo que eu realmente goste... – o apertei em meus braços.

-        Você não gostava de natação, não é? – riu envergonhado.

-      – Filho de peixe...

-        Peixinho é...

-        Bernardo? – ao ouvir sua voz, fiquei tenso, mas logo senti uma vontade louca de correr para os seus braços e pedir desculpas.

-        Mamãe... – tentei ser o mais calmo possível.

-        Sinto muito por ter agido daquela maneira com você. Eu amo você, mas jamais aceitarei seu estilo de vida. Mesmo assim, espero ainda poder ver você novamente, meu filho... – lágrimas caíram de seus olhos. Eu compreendi o quanto difícil era para ela, mas é a minha vida, não depende dos outros aceitarem ou não.

-        Nos veremos sim, mamãe. Prometo deixar a senhora orgulhosa de mim. – a abracei contra sua vontade.

-        Eu sempre serei, meu anjo, sempre...


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Notas finais do capítulo

Dica?
Não é o final da Fic, ainda...
Beijos!



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