Fraterno enquanto Dure escrita por g_abriel


Capítulo 6
Capítulo 06: Desaparecendo -Dissapearing-


Notas iniciais do capítulo

Capítulo seis na área
Este, até agora, foi o capítulo mais difícil que escrevi. Não soube bem como trabalhar em cima e acabou acontecendo bem na época que...
Bem, vamos ler primeiro?
 
Boa leitura!



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Eu estava tão feliz pelo fato de finalmente poder viver algo que eu realmente queria poder viver. Sem muitas dificuldades. Ou até mesmo grandes barreiras. Se bem pensando, contar aos pais que o seu filho mais novo é a ovelha negra da família não soa tão feliz e nem como uma pequena barreira. O pior de tudo é que tudo o que eu mais gostaria no momento pós-término-revelação com Alice, era poder descansar um pouco, se não fosse a festa surpresa que meus irmãos preparavam para meu pai.

      Eu andava tão longe de casa ultimamente, e o pior, longe de meus irmãos. Ainda mais Richard que sofreu tamanho acidente quando ele pegou a mim e Gustavo aos “quase” beijos.

      Yves que sempre fora tão próximo parecia tão distante...

      Pelo menos Sophie ainda está aqui. Bem próxima, por sinal. Irmãos, cunhados e amigos. Quem diria que a única irmã chata, insuportável e arrogante fosse totalmente o contrário?

      Guilherme dirigia o carro, Sophie ao seu lado. No banco de trás de Sophie estava Gustavo, eu no meio e a minha esquerda, Alice. Ela parecia tensa, Gustavo parecia pouco confortável. Pensei em falar primeiro com Alice, mas eu tinha estado o dia todo com ela, discutindo a relação com ela. E o Gustavo? Nada. Tudo bem os beijos durante a madrugada, mas mesmo assim, não tive nem a oportunidade de abraçá-lo, beijá-lo, senti-lo...

      E a casa se aproximava. O carro de papai ainda não estava na garagem, o que era um bom sinal para a surpresa. Aproveitei os últimos minutos para beijar Gustavo e abraçá-lo com todas as minhas forças. Eu tinha que sentir que ele estava mais tranqüilo, afinal, seria a primeira vez que ele visitaria os meus pais como sogros, infelizmente ainda ocultos.

      O carro parou. Descemos e eu ainda segurava com força a mão de Gustavo, mas ele apenas sorriu para mim.

-        Vai ficar tudo bem. – Beijou o topo de minha cabeça delicadamente – Eu te amo.

      E assim ele finalmente me acalmou, me lembrando por que o amo. Mas ainda assim ele parecia distante. Não sei o que seria, e isso me incomodava. Eu podia sentir que ele sentia falta de algo. Dos pais, provavelmente... ou da Faculdade... Melhor eu parar com suposições, pois eu posso perguntar a ele o que ocorre, mas ainda assim eu iria ter que esperar.

 Assim que Sophie abriu a porta, Yves correu para ver se era papai.

-        Ainda bem que são vocês. – Yves estava suando de nervosismo.

-        Papai disse que estava quase chegando quando liguei. – avisou Sophie.

-        Então é melhor vocês subirem... – Yves ainda parecia nervoso – Sophie e Beni?

-        Sim. – respondemos uníssonos.

-        Sejam pacientes e tentem levar numa boa, por favor.

      Eu e Sophie nos olhamos, como vimos que nem um, nem outro tinham entendido, somente concordamos. Subimos as escadas e seguimos pelo corredor. Uma porta grande e maciça de madeira era a entrada para o escritório. A luz estava apagada, mas o local não estava inabitado.

-        Mamãe, Richard? – perguntei com incerteza.

-        Mamãe e Wanessa presentes. – respondeu mamãe.

      A luz se acendeu. Mamãe estava belíssima, com um vestido vermelho, decote e cabelo preso, como papai gostava. Meio que entendemos que ela o levaria para sair depois do jantar, pois no aniversário dela sempre era o contrário. Jantavam fora para comer dentro, se é que dá pra entender.

      Ao lado de mamãe estava uma garota maravilhosa. Seus cabelos eram ondulados e castanhos. Seus olhos eram duas grandes órbitas de cor âmbar e seus lábios eram carnudos e perfeitamente desenhados. Seu corpo era escultural, mas ela estava vestida para ir à faculdade e não para balada. E foi isso que mais me atraiu nela.

      Claro que Gustavo pode ficar tranqüilo, ela é linda, mas ele é mais ainda e eu o amo. Não o trocaria nem por comida.

      Wanessa se aproximou de nós todos, que já estávamos dentro do escritório totalmente decorado e com um bolo de amendoim no centro da escrivaninha. Wanessa apertou a mão de todos se apresentando.

-        Olá, eu sou a Wanessa, mas acho que já sabem. – disse ela sorridente.

-        Você é namorada do Richard? – perguntou Sophie, inocentemente. Guilherme chegou a segurar um riso, mas Gustavo e eu lançamos um olhar que foi o suficiente para que não risse durante uma semana.

-        Não, sou irmã de vocês. – agora fazia sentido o que Yves falou.

-        Desde quando? – Sophie parecia chocada e agressiva.

-        Sophie, segura a barra, depois vamos ter tempo para falar sobre tudo isso, não é, Wanessa? – ainda olhava a garota em minha frente que pelo o que ela disse, era minha nova irmã.

      Olhei para Mamãe e ela estava rindo. Sophie ainda estava indignada, mas Wanessa começou a rir junto de mamãe. Eu e Sophie nos entreolhamos e antes que Sophie pulasse nas duas, eu tomei frente.

-        Já que hoje é dia de contar coisas novas e chocantes...

      Falei indo em direção das duas, mas uma mão me segurou o braço, quando olhei para trás, vi Gustavo me segurando balançando negativamente a cabeça. Eu estava meio chocado, tanto por Wanessa, quanto por Gustavo me segurar assim do nada. Ele somente soltou o meu braço. Guilherme, Alice e Sophie nos olhavam assustados, mas rapidamente fingiram que nada aconteceu. Gustavo pediu desculpas silenciosamente e eu me virei. Respirei fundo e apenas falei.

-        Mamãe, eu sou gay. – e o circo estava armado.

      Mamãe e Wanessa se olharam, mas voltaram rir, gargalhar até. Mamãe veio até mim e pegou em minhas mãos. Ela beijou minhas bochechas e cumprimentou a todos. Olhei para Gustavo e ele estava chocado, quase rindo com a reação de mamãe. Olhei novamente para Wanessa e ela apenas sorria. Mamãe estava segurando a mão de Sophie.

      Alice, Guilherme e Sophie me olhavam assustados. Sophie olhou para mamãe como se ela estivesse louca, porque seria a única alternativa possível.

      Eu estava sério ainda, olhando fixamente nos olhos de mamãe.

-        Eu entendi a piada, Bernardo.

-        Mas eu não entendi. – olhei para Wanessa. – Nenhuma das duas.

      Foi então que a ficha caiu para mamãe. Ela estava séria.

-        Desculpem-me, mas na verdade eu sou somente a namorada do Yves.

      Eu quis me matar naquele momento. Como pude acreditar em tamanha mentira! Pensar que pelo fato de mamãe estar totalmente na boa com uma filha nova, seria como um sinal de que ela aceitaria provavelmente até mais que isso. Agora tudo estava entregue nas mãos de Deus, se é que ele existe.

      O silêncio tomou conta do escritório. Ele era insuportável e sufocante. Mamãe estava perturbada. Tentava sorrir para Wanessa, se é que esse seria realmente o nome dela.

-        Que besteira...

      Saí do escritório às pressas, Gustavo me seguiu. Acho que nunca achei que aquele corredor fosse tão demorado para se atravessar, mesmo estando no meio de sua extensão. Eu somente queria sair dali. Se minha mãe, que sempre me deu suporte, me amou e tudo mais, simplesmente não pode demonstrar interesse algum em minhas palavras.

      Antes de chegar às escadas, Gustavo me puxou e me prendeu em uma parede. Foi o suficiente para me desesperar e começar a chorar. Eu não queria conversar, eu só queria abraçá-lo. E assim o fiz. Chorei em seu ombro até alguém pigarrear. Tentamos nos recompor, mas eu ainda estava chorando, não conseguia parar. Papai e Yves estavam a nossa frente. Yves estava com uma interrogação na face, já papai estava sério, cuidadoso. Olhei para Gustavo, ele chorava junto a mim. Eu ainda sorri ao ver isso. O quanto ele se importava comigo e, ao que parece, sofria por eu estar nesta situação lamentável.

-        Está tudo bem, filho? O Guilherme está bem? – provavelmente deduziu por ambos eu e Gustavo chorarmos juntos.

-        Sim, papai, ele está no... – fui cortado por Yves que percebeu que eu quase estragara a festa toda, pela segunda vez.

-        No carro esperando vocês dois que estavam chorando porque... – Gustavo cortou Yves, pois Yves não saberia o que falar.

-        Porque o Bernardo terminou com Alice. – Gustavo sorriu.

      Ele seria um péssimo ator, apesar de estar no ramo da arte. Sorrir daquela maneira sem esconder a felicidade que isso o causava, naquele momento, era a pior coisa que ele poderia fazer. Até papai lançou um olhar intimidador e duro para Gustavo que parou de sorrir e, gaguejante, tentou arrumar.

-        Eu disse para o Bernardo que é só o começo da vida dele, ainda. Que se eles não estavam felizes, eles seriam com outra pessoa, até porque eles são melhores amigos e isso prejudica muito a relação, mas dias melhores virão. – Gustavo olhou nos meus olhos e sorriu. – Não é, Bernardo?

-        E eles começaram hoje. – respondi confiante.

-        Bem, chega dessa lengalenga de vocês três. – Papai nos interrompeu, caminhando sozinho em direção do escritório.

-        Papai espera! – gritou Yves na tentativa de parar papai.

-        Eu quero logo comer o bolo, meninos, portanto, é aqui que eu entro?

-        Ai mesmo, papai.

         Gustavo e Yves me olharam ao mesmo tempo. Yves com o demônio nos olhos, Gustavo apenas ria. Comecei a rir e papai entrou no escritório. Nós três o seguimos. Todos me xingavam, o que já era de se esperar. Ainda era difícil encarar mamãe, logo apenas olhei para papai, fingindo um sorriso. Papai abraçava a todos. Yves apresentou papai a Wanessa e depois papai veio até mim apontando o dedo.

-        Tentando me enganar que tinha terminado com a Alice, safadinho!

-        Papai, eu...

-        Ele é gay, Bartolomeu. – todos olharam para minha mãe. – O Bernardo é GAY!

         Mamãe chorava, ela estava incrédula e tremia da cabeça aos pés. Eu me sentia mal de várias maneiras. Sentia-me traído por mamãe. Sujo por ser observado por meus pais de tal maneira. Papai respirou fundo, olhou em meus olhos. Ele estava nervoso, mas ainda se manteve calmo.

-        Bernardo, meu filho. – Seus olhos começaram a brilhar, mas não de felicidade. Lágrimas começavam a se formar. – Era por isso que vocês choravam no corredor?

Por mais que eu quisesse negar, era a verdade. Eu não me sentia mal por ser quem eu era, por ser quem eu sou. Apenas não sabia como enfrentar a repulsa de minha mãe, que me apoiava numa hora e na outra, me apunhalava pelas costas.

-        Sim, papai. – E novamente as lágrimas caíam por meus olhos. Olhei para Gustavo e com o movimento dos lábios, pedi desculpas. Alice apenas nos observava.

-        E você sabia disso, Alice? – indagou papai, no mesmo tom sério e tenso.

-        Apenas soube hoje, senhor Oliveira.

-        Meu Deus... Você deve ter sido trocado na maternidade! – reclamou Mamãe.

-        Mamãe, por favor! – gritei. Meu peito doía, mas eu tinha que enfrentar isto de uma vez por todas. – Eu não sabia, eu sempre gostei de mulheres, mas eu sinto o mesmo por homens.

-        Você só pode ter sido trocado na maternidade!

-        Cale a boca, Yvone! – gritou papai.

-        Por favor, não briguem! – implorei. – Se eu pudesse, eu apenas gostaria de mulheres, mamãe. – E então, Gustavo saiu do escritório e segurei seu braço. – Espera ai...

-        Me deixe ir, Bernardo...

         Continuei a segurá-lo, mas ele se soltou de mim com violência. Alice, Guilherme e Sophie foram atrás de Gustavo assim que ele saiu. Mas Wanessa e Yves abraçaram e se despediram de meus pais, deixando a mim, mamãe e papai sozinhos.

         Papai veio em minha direção e deu-me uma bofetada. Meu rosto ardia, as lágrimas salgadas somente pioravam tudo. Mamãe sorria e empinava o nariz, como se quisesse demonstrar vitória, onde apenas ela sairia perdendo. Papai ainda esperava que eu o olhasse nos olhos. Ele estava ofegante. Foi em direção a porta e olhou para mim.

-        Se meu filho não se aceita como ele é, seja gostando de homens ou de mulheres, como irei aceitar que ele seja quem ele é?

         Abriu a porta e saiu. Mamãe saiu correndo atrás dele, mas quando ela passou por minha frente disse, pausadamente, as quatro palavras que mais valiam uma estaca fincada em meu peito.

-        Você me dá nojo!

E correu atrás de papai. Eu não sentia nada. Apenas chorava. Saí do escritório, desci as escadas e na sala, vi apenas Alice e Sophie. Sophie correu até mim, mas não me abraçou. Eu apenas agradeci, mentalmente, por ela não ter o feito. Sentei-me no sofá de couro e olhando pela janela pude ver que papai saiu com o seu carro. Encolhi-me sobre o sofá. Meus olhos apenas escorriam as lágrimas de algum sentimento. Alice e Sophie se sentam ao meu lado. Elas estavam quietas, me observando.

-        Gustavo foi embora com Guilherme. O Gustavo estava chorando quando saiu... – avisou Sophie, mas não ajudou em nada.

-        Beni, você quer dar uma volta? Vamos à praia, lá você pode tomar um ar fresco e se pode se acalmar um pouco.

Apenas concordei com a cabeça e elas me tiraram do sofá. Ao passar pela sala para ir para a porta, mamãe entrou em casa e apenas deu boa noite a Alice e Sophie.

Sophie me levou até o carro e Alice sentou no banco traseiro. Durante toda a viagem, apenas olhei para meus pés. Era tudo o que eu podia fazer. Pensar era algo que eu evitava tentar fazer. Quando chegamos à praia sentamos na areia e ficamos olhando o céu. Era algo que eu gostava de fazer quando precisava pensar na vida, e elas sabiam disso.

-        Mamãe me disse que ela sente nojo de mim... – já não chorava mais, apenas olhava as ondas.

-        Ela estava chocada, nervosa... – Alice me abraçou, tentando me consolar.

-        Mas isso não dá motivos para que ela diga que ela não deu a luz a mim.

-        Você sabe como a mamãe é nessas horas, Beni. – Sophie acariciou minha cabeça. – Ela diz coisas que depois se arrepende. Tudo sobe a cabeça dela. E eu sei que ela não pode descontar todo o stress em você... Dê um tempo a ela.

-        Porque, no momento, é tudo o que você pode fazer por ela e ela por você. – completou Alice.

-        Mas e o papai? Como ele reagiu?

-        Com ele foi, de certa forma, mais fácil...

-        Como assim, mais fácil, mano?

-        Ele falou que se eu não me aceito como sou, como ele iria me aceitar? – Sophie e Alice fizeram como se não entendessem. – Eu disse a eles, na tentativa de amenizar a reação da mamãe, que se eu pudesse, eu apenas gostaria de mulheres. Foi nessa hora que...

-        Que o Gustavo saiu correndo. – Concluiu Sophie.

-        Mas eu não entendo ainda a reação dele, Bernardo. – Alice arrumou o cabelo atrás de suas orelhas. – Ele não deveria tentar te entender?

-        Alice pense bem: como você se sentiria se alguém que te ama, e você também a ama, dissesse em sua frente que se pudesse não te amaria?

-        Eu iria ficar desapontada, provavelmente.

-        Então é mais ou menos assim como Gustavo deve estar se sentindo agora. – Alice se levantou.

-        Mas então vamos lá agora para que vocês possam se entender. Assim você explica pra ele o que aconteceu e tudo mais.

-        Não é bem assim que funciona, Alice. Eu tenho vontade sim de ir lá, conversar com ele e poder abraçá-lo. – E tudo o que eu realmente queria agora, era Gustavo comigo. – Mas ele precisa de um tempo pra entender o que eu quis dizer hoje. Amanhã eu vou encontrá-lo no Banana Pancakes. – Sorri por um instante. – É o lugar favorito dele...

-        Não querendo cortar todo o seu embalo, maninho, mas como você fará com os nossos pais?

-        Ainda não sei com mamãe, mas eu pretendo apresentar Gustavo ao papai.

-        Mas papai já não conhece o Gustavo, Beni? – perguntou Sophie ironicamente.

Rimos e ficamos mais um tempo na areia que ainda não havia sido tomada pela maré alta. Eu sabia que não seria fácil fazer mamãe voltar a falar comigo se ela não quisesse afinal ela é daquelas que nunca irá pedir perdão se não sentir e souber que está errada, e isso é quase raro de acontecer.

Deixamos Alice em casa e voltamos para casa. Papai ainda não havia voltado. Wanessa e Yves estavam na sala assistindo televisão, perguntaram como e onde estávamos, mas Sophie falou que pela manhã conversaríamos e ela me levou até o meu quarto.

Ela perguntou se eu precisava de alguma coisa, mas eu somente precisava de um banho e de um bom descanso. Sorrindo para mim, Sophie me abraçou e disse que tudo ficaria bem.

Era o que todos esperamos que acontecesse.

 

 

 

-        O que ele foi fazer ai depois disso tudo?

         Era impossível não acordar com tamanho horror vindo do quarto ao lado, cujo qual pertence à Sophie.

-        E o que ele disse a ele?

Ainda não conseguia ouvir muito bem o que ela falava, mas eu tinha um mau pressentimento. Levantei-me e fui até a porta do quarto de Sophie e tentei ouvir o que ela estava conversando, afinal, parecia que algo estava acontecendo e eu adoro uma fofoca...

-        Eu devo contar agora pro Bernardo que o Gustavo sumiu?

         Entrei com tudo pela porta, Sophie se assustou e deixou o celular escorregar pelas mãos, mas conseguiu o segurar.

-        Vamos pra lá agora!

Sophie apenas concordou, mas pediu para que eu vestisse alguma roupa mais decente. Corri para o meu quarto e ela continuou falando no telefone, mas logo desligou. Tirei os meus pijamas e coloquei uma calça jeans, um tênis e um moletom vermelho. Sophie dirigiu, pois eu estava muito nervoso. Eu ainda tentava me convencer que ele tinha saído para algum lugar para encher a cara ou pensar, assim como eu tinha feito.

Chegamos à casa de Gustavo e Guilherme. Guilherme nos esperava na porta, mas pediu para que entrássemos. Guilherme estava nervoso, agitado e me olhava estranho.

-        Eu acho que ele voltou pra capital, Beni.

-        Mas isso não faz sentido! Vamos pro aeroporto agora. – Falei indo em direção da porta. – Provavelmente ele ainda deve estar lá.

-        Beni, eu liguei pro aeroporto e um voo partiu faz quinze minutos.

-        Mas que horas ele saiu? – Perguntei desesperado.

-        Eram quase três da madrugada, eu somente ouvi o som do carro saindo. Quando fui ver no quarto dele, ele não estava mais lá...

-        E que horas são agora?

-        Quase quatro... – falou Sophie enquanto bocejava.

-        Já tentaram ligar pra ele? – Procurei meu celular nos meus bolsos, mas eu tinha esquecido em casa. – Droga, esqueci o celular!

-        Não adianta, Beni, ele não está atendendo nem a Sophie. Deixei recados na caixa postal, mas ele não respondeu ainda.

-        Beni, nos resta apenas esperar que ele entre em contato... – disse Sophie, enquanto ligava a televisão e se sentava no sofá.

-        Como você pode ficar calma com o Gustavo desaparecendo do nada, Sophie? Ele pode ter se envolvido em algum acidente ou coisa pior... – Somente em tentar pensar, comecei a chorar.

-        Calma, Beni. – Guilherme me abraçou. – Notícia ruim chega rápido. E o Guga é velho, ele sabe o que faz.

-        Não é bem o que parece agora...

Esperamos por mais algumas horas e acabamos adormecendo. Gustavo iria ligar para avisar que está bem, pelo menos para não preocupar Guilherme por fugir de madrugada. Afinal, Gustavo era adulto e deveria saber o que está fazendo... Mesmo que pelo momento não pareça.

Em minha cabeça apenas permanecia o momento em que minha mãe me rejeitara e que meu pai vomitava verdades em minha cara. E o pior de tudo, era não ter quem eu amo junto a mim neste momento tão difícil e duro que eu me encontrava.

Cadê você, Gustavo?


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Notas finais do capítulo

Então, como eu estava falando, escrevi este capítulo bem na época que eu me assumi homossexual para minha mãe.
A aceitação dela foi boa. Mas não boa boa.
E acabei transmitindo aos pais de Beni como, de certa forma, eu esperaria a reação de minha mãe.
Foi um processo difícil. Está sendo ainda, mas vamos sobreviver
 
Próóóóximo capítulo!



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