I have fallen for a guy escrita por Morgana


Capítulo 1
Capítulo 1




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POV John Watson

― É hoje, cara? ― Perguntou Moriarty com um sorriso safado. Quando eu sorri, ele voltou a falar ― É hoje. Finalmente, já devia ter acontecido bem antes.

― Cala a boca, Jim. ― Eu disse. Ele continuou me encarando e eu percebi que ele queria mais. ― Vamos esperar a trilha da meia-noite. Vamos começar andando com todos vocês, depois de conferirem todos os alunos, iremos nos esgueirar para trás, de volta ao acampamento, ― mordi os lábios, nervoso, enquanto pensava na situação ― para a barraca dela.

Meia-noite

― Muito bem. Enquanto todos começam a se aprontar para vir começarei com algumas histórias interessantes sobre... ― Podíamos escutar o instrutor ao longe e já me cansava só de pensar que teria de ouvir ele falar, mesmo que fosse por poucos minutos.

― A sua não rapidez me impressiona. ― Disse Jim olhando para mim. Eu vestia uma roupa simples, até porque não tinha muita escolha dentre as roupas escolhidas pessimamente por mim. Botei uma calça jeans, como era comum da minha parte, e minha blusa favorita do “Hobbit”. ― E ainda adora mostrar seu lado menos encantador. ― Disse quando pousou os olhos na minha camisa.

― Eu acho bastante original. ― Disse já de saco cheio daquilo tudo, querendo que a minha hora com a Mary chegasse logo. Também me irritava pensar que eu deveria me vestir de uma maneira mais “normal e estilosa” só para agradar os outros. ― Vamos?

― Até que enfim, princesa. ― Disse Jim enquanto fazia um gesto magistral, zoando da minha cara, indicando a saída da barraca.

Nos juntamos ao pessoal, enquanto os últimos atrasados chegavam, nosso instrutor continuava tagarelando com suas curiosidades sobre a floresta. Mary também não tinha chegado.

― Chimpanzés são bem comuns nesta mata. Este recanto abriga seu habitat natural. ― Começou a falar o homem.

― Ótimo, vamos ouvir sobre macacos agora. ― Disse Jim fazendo careta.

― Os chimpanzés que arremessam suas fezes são mais inteligentes que os que não o fazem, devido a...

― Vou passar a jogar cocô por aí para ver se fico mais esperto também. ― Um dos alunos interrompeu o falante. Todos os outros riram.

― É incrível ― começou o instrutor encarando debochadamente o indivíduo ― como os adolescentes tem a estupidez à flor da pele.

Um “Uou!”, seguido de várias risadas tomaram conta do lugar.

― Ela está ali. ― Apontou Jim e eu me virei para olhar. Sorri. Mary estava linda, usava um belo vestido branco decorado de flores negras e um arco enfeitando seus curtos cabelos loiros. Olhava para ela na tentativa de sentir o que eu deveria sentir, concentrava todas as minhas forças em gerar um sentimento por aquela bela mulher. Até que eu senti. Senti como da primeira vez que tinha sentido aquilo. Mas não com ela. Um frio na barriga surgiu ao ver aquela figura alta e exuberante, duas pessoas após Mary. Sim, era ele. Era o Sherlock.

― Uma primeira transa para se nunca esquecer... ― Disse Moriarty batendo no meu ombro. Me tirando de meu devaneio. ― Aqui, no meio do mato, sozinhos... Ah, só cuidado pra não levar merda de macaco na cabeça. ― Jim riu, relembrando o papo chato do instrutor. No fim, acabei caindo na risada com ele.

― Acredito já estarem todos aqui. ― O instrutor olhou a sua volta e começou a andar para o início da trilha, chamando os alunos. ― Vamos para a lista de chamada enquanto caminhamos.

Aquilo não tinha sido uma boa ideia, já que era uma grande quantidade de alunos e o homem era mais lerdo que uma lesma para falar o nome de cada. Depois de muito tempo, quando falaram o meu e o de Mary, parecia ainda faltar muito para terminar.

Nos esgueiramos para trás, para dentro da floresta, até sairmos de perto da multidão, então entramos já na rota da trilha novamente, de volta para o acampamento.

Fui andando com o braço ao redor de Mary até sua barraca. Ela tinha um sorriso sedutor no rosto, já a minha cara estava mais para “assustado para caralho”. Tinha muito medo de que minhas suspeitas se confirmassem. Tinha verdadeiras dúvidas sobre minha sexualidade e bolei esse rolo todo para descobrir a verdade, mas agora que o momento se aproximava eu tinha medo, porque no fundo eu sabia. Bem, mas essa confusão toda não começou daí, tudo isso se deu quando eu vi aquele sedutor do cacete, pela primeira vez.

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Flashback

Eu e Jim estávamos na biblioteca fazendo um trabalho de biologia, mas ele tinha me abandonado quando algum cara misterioso o telefonou e ele saiu saltitante, para atender, e falou para mim antes de desaparecer:

― Vida amorosa me chama, baby.

Eu ri daquilo. Jimmy era meu melhor amigo, com quem eu adorava passar o tempo. Passava todos os meus dias do ano com ele, tirando feriados ou outras datas festivas. Meus pais não podiam nem sonhar que eu tinha um melhor amigo gay. E se ele fosse em algum evento familiar comigo, ele tinha que ser alguém que não era, e isso me chateava muito. E pensar que se eu fosse gay o que aconteceria... Já havia tido algumas namoradas, gostava delas, mas nada muito importante, era sempre um sentimento comum e vago. Muitas vezes preferia sair com Jim como amigo, do que com elas e era aí que eu percebia que não era como um namoro deveria ser e então terminava, mas continuei tentando.

Voltei a focar minha cabeça no trabalho de biologia. Passei o olho no conteúdo a ser trabalhado e percebi que os livros que tínhamos pegado, nenhum falava de genética. Me levantei e fui até as estantes em busca do livro certo. Fui passando a mão por cada um enquanto lia seus títulos, até que eu achei o “Heranças Biológicas - Genética”. Puxei o livro, mas quase ao mesmo tempo senti o mesmo sendo puxado para o outro lado. Devia ser alguém da minha turma que decidira fazer o trabalho mais cedo também, mas eu tinha visto aquele danadinho primeiro. Fiz pressão com o livro na minha direção, senti que o mesmo acontecia para o outro lado. Sorri maliciosamente, comecei a puxar mais forte, para o outro me imitar e no momento certo soltaria o livro para a outra pessoa ca...

Meus pensamentos foram interrompidos quando fui jogado pela minha própria força para trás, esbarrando na outra estante, que bambeou junto comigo. Me endireitei meio desconcertado e olhei pelo buraco do livro e vi uma figura alta e de sobretudo gargalhando da minha cara.

― Droga. ― Resmunguei de cara fechada, mas também querendo rir da cena, porém não querendo perder a pose.

― Era tão óbvio o que você iria fazer... Eu só adiantei as coisas e a meu favor. ― Disse o garoto parando de rir.

― Muito engraçado... Mas eu fiquei com o livro. ― Dei um sorriso debochado.

― Não tem problema, biologia genética é um tema simples que retrata o mecanismo de transferência das informações contidas nos genes compartilhados de geração em geração, analisando isso um pouco mais afundo podemos falar sobre como a genética tem atuação em relação à cor da pele, aconselhamento genético, células-tronco, clonagem, daltonismo, heterocromia, hemofilia, cromatina sexual, epistasia, código genético e etc. Apenas consultando meu palácio mental e um pouco de pesquisa no Google, o trabalho estará feito.

Fiquei paralisado com o tanto de informações que recebi de uma vez só e a única coisa que consegui falar foi:

― Uau.

― O quê? ― Ele perguntou confuso.

― Incrível.

― Oi? ― Ele parecia ainda não entender.

― Isso tudo que você falou... foi sensacional. ― Ele parou sem graça com as bochechas coradas. ― Hmm... E se você não precisa de livros porque veio atrás desse? E palácio mental?

― É... ― Ele continuava corado, mas então pigarreou e voltou a ficar sério. ― Informações adicionais, talvez eu encontraria aí, algo não retido na internet ou aqui. ― Ele disse apontando para a própria cabeça. ― E palácio mental é um lugar da minha mente em que eu posso acessar informações relevantes adquiridas anteriormente por mim.

― Toma. ― Sorri e estiquei a mão com o livro para ele. ― Qual é o seu grupo?

― Ninguém. ― Ele pegou o livro. ― Trabalho sozinho... Sempre.

― Não quer se juntar a mim e ao Jim?

― Não, obrigado. ― Disse ele acenando com a cabeça e se afastando.

Corri até ele, podendo vê-lo agora por completo e não apenas por uma fresta por entre os livros na estante.

― Espera. ― Chamei. ― Qual é o seu nome?

― Sherlock. ― Ele se virou e falou. Deu um sorriso de canto de boca e foi andando.

― Eu sou o John. ― Gritei antes que ele sumisse. ― Até mais. ― Sorri sozinho. Já tinha perdido Sherlock de vista, mas a figura daquele garoto martelava na minha mente. Alto, esguio, cabelos encaracolados. Eu já sentia falta dele. Daquele momento, daquele garoto. Queria vê-lo de novo, logo, mas não sabia exatamente o porquê.

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Eu e Mary estávamos lá dentro da barraca. Ela tinha botado uma música romântica para dar um clima, mas do jeito que eu me sentia, a música de um filme de terror cairia bem melhor.

Ambos estávamos nervosos, nunca tínhamos feito aquilo, eu particularmente estava mais, pois a ideia de fazer aquilo com ela agora, soava totalmente estúpida.

Ela segurou o meu rosto com as duas mãos e me deu um selinho, então sorriu, me obriguei a fazer o mesmo. Ela pegou minha mão e me levou até o colchão improvisado e eu a acompanhei. Eu deveria parar? A imagem de Sherlock surgiu a minha cabeça. Droga! Meus pensamentos estavam conturbados e ser gay estava fora de cogitação para a minha família. Eu tinha que ir até o fim com aquilo e tirar a ideia de ficar com Sherlock da minha cabeça.

Mary passou as mãos pelos meu cabelos, e eu lembrei quando Sherlock tinha feito o mesmo, quando eu caí e bati a cabeça, e fiquei tonto, ele então, passou a mão para ver se tinha se formado alguma ferida. E eu, óbvio, me aproveitei da situação. E consegui com que Sherlock me fizesse cafuné alegando que melhorava a dor.

Mary me jogou no colchão e ficando em cima de mim me tascou um beijo profundo, estava prestes a empurrá-la quando ouvi um Jim exasperado entrar na barraca:

― Rápido, se recomponham, eles perceberam a falta de vocês. John, de volta para nossa barraca já.

Saí correndo com o Jim. Olhei de relance para a Mary e pude ver seu olhar de irritação, enquanto eu estava quase abraçando Jim e gritando obrigado. Chegamos depressa a nossa barraca.

― E aí, como foram as preliminares? ― Perguntou Jim curioso.

― Nada.

― Como assim nada? ― Ele deu um sorriso safado. ― Ela estava bem em cima de você quando interrompi os queridinhos.

― Eu não senti nada.

― Como assim? ― Perguntou confuso.

― Jim... ― Demorei mais do que o necessário para falar.

― O que que foi, homem? Fala.

― Eu sou gay. ― Ele me olhou perplexo e de boca aberta.


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Notas finais do capítulo

Ai, ai, ai, primeira vez escrevendo uma fic de Sherlock, estou curiosa, o que acharam? E pretendo fazer bastante Flashback ainda.