Círculo Fechado escrita por MarcosFLuder


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Capítulo final da fanfic. Espero que quem leu tenha apreciado a história.



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BASE MILITAR PRÓXIMA A GROVER

COLORADO

1942

Frank Lester andava de um lado para o outro sem saber o que dizer da história que tinha acabado de ouvir. Ele conhecia a mulher que lhe relatara aquela trama fantástica e sem sentido. Ele sabia que ela não tinha razões para inventar um coisa dessas, e muito menos estaria louca, mas a história era por demais absurda para ser levada a sério por alguém tão cético quanto ele.

— Você tem de acreditar no que contei Frank – os olhos delas eram suplicantes tornado-os ainda mais bonitos.

— É muito difícil acreditar nessa história minha querida.

— Pois então nos leve até o local de que falei – ela fica frente a frente com ele – você vai poder ver com seus próprios olhos.

— Se eu fizer o que você está me pedindo isso pode ser o fim da minha carreira.

— Eu sei que estaria fazendo você arriscar a sua carreira Frank – ela coloca a mão no seu peito – acredite em mim, eu só estou fazendo isso porque não tenho outra escolha – Frank ficou olhando para a mulher à sua frente. Aqueles olhos azuis suplicantes o perturbavam, mas ele não poderia decidir apenas com base em seus sentimentos. Havia muito em jogo para que ele cometesse tamanho erro.

Mulder observava o Dr. Speer sentado num canto da sala. Ele não falara nada em quase uma hora que estavam ali. O agente resolveu quebrar o silêncio.

— Como foi que o senhor se envolveu nesse projeto Dr. Speer? – ele perguntou.

— Eu já estava a quase dois anos no seu país quando fui convocado – ele olha para Mulder – você nunca duvidou que foram mesmo alienígenas que caíram em Roswel em 1947 não é mesmo?

— E não foram?

— Algumas pessoas acharam que não – ele suspira e tira os óculos – o que sabe sobre o processo de evolução humana agente Mulder?

— Por que a pergunta?

— O Australoptecos era diferente do Homo Hábilis. Esse, por sua vez, era diferente do Homo Erectus. O que dizer então do Homem de Neanderthal e do Homem de Cro-Magnon?

— Continuo sem entender.

— E nós Homo Sapiens? Não somos diferentes de todos os nossos predecessores? – Mulder começou a entender onde o Dr. Speer queria chegar, mas ainda se recusava a acreditar no estava pensando, pois isso provaria que a verdade perseguida por toda a sua vida não passava de uma miragem – eu vejo nos seus olhos que você entendeu aonde eu quero chegar.

— Quer dizer que as experiências com animais e as abduções...

— Nunca foram alienígenas agente Mulder!

— Eram quem então? – ele quase gritava.

— Eram humanos – ele esboçava um leve sorriso – pelo menos eram como os humanos vão ficar daqui a milhares de anos.

— Isso é impossível! - O Dr. Speer dá uma gargalhada.

— É muito engraçado ouvir isso do “estranho” Mulder.

— Está querendo me dizer que aquelas criaturas que abduziam pessoas na nossa época...

— Eu já disse agente Mulder, eles nunca foram alienígenas.

— Eram o que então?

— O mesmo que nós meu caro, viajantes vindos do futuro... do nosso futuro!

— Isso é uma loucura!

— Toda a nossa tecnologia da viagem no tempo veio deles e em troca eles puderam fazer as suas experiências sossegados contando com a cobertura do governo.

— E o sindicato? O óleo negro? A conspiração com os alienígenas para tomar a terra através de um vírus transmitido por abelhas?

— Tudo uma grande farsa agente Mulder – ele volta a sorrir ao ver a expressão do rosto de Mulder – a melhor maneira de esconder a verdade é atrás de uma grande mentira.

 

Mulder sentou-se em sua cadeira sem saber se acreditava em toda aquela história. Se aquilo era mesmo verdade então ele era um tolo que passou a vida inteira perseguindo miragens. A irmã que morrera aos 14 anos, e agora os seus Homenzinhos verdes, que na verdade seriam seres vindos do futuro da própria terra. Mas eles seriam mesmo os nossos descendentes? O grande plano que ele sempre quis expor acabou dando certo e não haveria futuro para a humanidade? Ele não sabia o que dizer e ficou ali sentado até ter sua atenção chamada por duas pessoas que entraram na sala. Ela estava com o vestido vermelho que ele trouxera do futuro e sua simples presença o fazia esquecer todas a suas angustias, mas havia outro alguém com ela.

— Você está bem Fox? – a preocupação dela parecia sincera e ele nunca achara o seu nome tão bonito como naquele instante – eu falei com o Frank e ele vai nos levar até o portal onde... – ela suspira – você e o Dr. Speer vão voltar para sua época – ele não quer voltar, ele quer ficar e amar aquela mulher à sua frente, voltar porque? voltar para quem? -“Scully”- o pensamento veio à sua cabeça e ele voltou a sentir-se estranhamente indigno e infiel – aqui não é o seu lugar Fox – ela passa a mão pelo rosto dele – há alguém que precisa muito de você.

O caminhão parou no local  onde havia aquela grande depressão, o portal ainda estava lá, e sua visão impressionou ao coronel Frank Lester.

— Só agora que estou vendo é que consigo realmente acreditar – ele disse

— Na primeira vez que eu vi também fiquei impressionada – disse Maggie.

— Podem ir vocês dois – Mulder e o Dr. Speer começaram a descer a escada até o local onde estava o portal.

— Você tinha razão agente Mulder!

— Sobre o que?

— Tanto as suas viagens quanto a minha tinham um propósito que nada tinham haver com mudar os rumos da história.

— Por que só agora o senhor se conscientizou disso.

— Por que eu vou conhecer o Coronel Frank Lester daqui a alguns anos ou melhor a minha contraparte nessa época.

— O que quer dizer com isso?

— Deixe pra lá agente Mulder – o Dr. Speer caminhou até o portal sem dizer mais nada e desapareceu dentro dele. Mulder deu uma última olhada para aquela mulher que uma parte dele não queria deixar. Ele a viu descer a escada e vir na sua direção. Não havia muito tempo a perder e eles se beijaram uma última vez com paixão e ternura. Ele limpou as lágrimas que caiam daquele rosto suave e a viu se afastar. Nada mais podia ser feito e Mulder desapareceu no portal, que brilhou intensamente, até sumir por completo.

BASE SECRETA EM ALGUM LUGAR DOS ESTADOS UNIDOS

ÉPOCA ATUAL

(voz do Senhor White) "Até o começo desse século as pessoas acreditavam que o tempo era uma estrada infinda, uma via reta, sem curvas, desvios, atalhos ou retornos. A nós, pobres mortais, só restava percorrer essa estrada sem qualquer esperança de chegar ao fim. Não importava o quão longa fosse a viagem, a estrada seria sempre mais longa. Albert Einstein acabou com essa consoladora certeza ao dizer que o tempo era relativo, que havia sim, curvas, desvios, atalhos e retornos nessa estrada. Ao mesmo tempo em que acabou com as certezas, Einstein criou dúvidas e provocou perguntas em outras pessoas. Poderíamos retornar aos caminhos já percorridos? E mais importante, poderíamos mudar o trajeto da estrada a nossa frente? Duas dúvidas que foram respondidas quando aqueles homens apareceram, saídos do portal abaixo de mim. Um portal que desapareceu assim que o agente Mulder passou por ele. Eu tive a certeza de que o tempo não era um via reta, nós poderíamos retornar aos caminhos já percorridos, mas nunca conseguiríamos mudar o trajeto dessa estrada. O tempo sempre será o senhor de nosso destino. Foi o que disse meu antecessor, o General Frank Lester, antes de me passar o comando desse projeto que ele dirigiu por tantos anos. Agora eu vejo que ele está certo. O tempo é o senhor do nosso destino, um círculo fechado. Aquele que acreditar ser possível mudar o trajeto dessa estrada, em verdade é um tolo, que pelo tempo está sendo manipulado".

Mulder e o Dr. Speer sobem pelo elevador até a parte superior da instalação, onde o Senhor White os esperava. Ao vê-lo, o Dr. Speer não pode evitar um amargo sorriso.

— Você sabia não é? Você sempre soube.

— Ele apenas me contou uma parte da história, o suficiente para eu saber o que fazer.

— Do que vocês estão falando?

— Nada que possa interessa-lo agente Mulder – com apenas um sinal o Senhor White ordena que levem o Dr. Speer e se dirige a Mulder – agora vamos ter que cuidar do seu caso.

PENITENCIÁRIA DE SEGURANÇA MÁXIMA

WASHINGTON D.C.

Alex Krycek estava sentado com seu habitual sorriso cínico, e não se deu ao trabalho de levantar-se quando o agente Doggett entrou naquela sala.

— Veio me fazer uma visita agente Doggett? Ainda bem que não demorou, pois não vou ficar aqui muito tempo.

— Em que você se baseia para dizer isso meu caro?

— É como eu disse para sua coleguinha grávida – o sorriso dele se desfaz e sobra apenas a sua face cruel – eu sei onde muitos cadáveres estão enterrados.

— E você pretende vender essas informações ao governo em troca de imunidade.

— Estamos na América! Vendemos aquilo que temos a oferecer – Doggett colocou um gravador na mesa e o ligou, e a face cruel perdeu um pouco do brilho quando todas as ameaças que fez a Scully ressurgiram ali em alto e bom som, bem como sua tentativa de se apossar de informações vitais do governo.

— Essa gravação significa que você não terá direito a imunidade nenhuma Krycek a não ser que se disponha a pagar um preço mais alto do que simplesmente dizer onde alguns cadáveres estão enterrados.

— Você é um ingênuo se acha que a vida de Scully vale mais do que as informações que eu tenho a dar – o sorriso cínico volta a face cruel – eles vão aceitar o acordo.

— Não vão não Krycek! Eles até gostariam, mas não vão! O FBI não vai aceitar que uma de suas agentes seja ameaçada dessa maneira. Não depois dela ter arriscado a própria vida e a vida da criança que está esperando para impedir que informações vitais do governo caíssem nas mãos de um mercenário como você – o sorriso cínico volta a desaparecer da face cruel no mesmo instante que o agente Doggett entrega a ele um documento e uma caneta – se você não assinar esse documento eu mesmo vou cuidar para que você seja mandado para a pior penitenciária de segurança máxima desse país e vou cuidar pessoalmente para que você arranje por lá um beeeeeeelo namorado.

— Que documento é esse?

— Nele fica claro que se acontecer alguma coisa com a agente Scully , com o filho que ela está esperando ou com alguns de seus parentes e se houver a mínima...veja bem eu disse a MÍNIMA suspeita de que você esteja envolvido nisso a sua imunidade será cancelada. Sua foto será espalhada pelas polícias de todo o mundo. As sombras em que sempre se moveu tão bem serão completamente iluminadas Krycek e você não terá um minuto de sossego enquanto estiver vivo – olha bem nos olhos dele – o que não será por muito tempo... eu garanto.

— Pelo visto o sumiço do Mulder não privou a agente Scully de um protetor – se o sorriso cínico afetou ao agente Doggett este não demonstrou.

Ele e Krycek ficaram se encarando por mais alguns segundos até que o “rato” percebeu que ele não ia se deixar levar por suas provocações. Deixar Scully livre depois de tê-lo feito de bobo o irritava, mas ele sabia que não tinha escolha. Na sua atual situação, o acordo como governo era tudo o que lhe restava para garantir um pouco segurança, num momento em que as coisas estavam muito mal paradas e indefinidas. O russo assinou o documento, sempre com o sorriso cínico nos lábios, e o devolveu a Doggett, que tratou de ir embora.

BASE SECRETA EM ALGUM LUGAR DOS ESTADOS UNIDOS

Mulder estava sendo conduzido por dois homens até um furgão. Ele estava algemado, e não conseguia que respondessem as suas perguntas.

— Não vão mesmo me dizer pra onde estou sendo levado?

— Entre nesse furgão agente Mulder – disse um dos homens que força Mulder a entrar e fecha a porta. Lá dentro ele tem uma grande surpresa.

— Você?

— Por acaso você não teria um cigarro para me oferecer agente Mulder? – o canceroso não perdia uma chance de provocá-lo – surpreso por me ver?

— Ouvi dizer que estava morrendo.

— Foi por pouco, mas você ajudou a me salvar – o furgão começa a se movimentar.

— Sabe para onde estamos sendo levados?

— Infelizmente não!

A viagem já durava quase uma hora e eles mal conversaram durante esse tempo. Embora Mulder estivesse muito curioso para trocar ideias com o canceroso a respeito das coisas que o Dr. Speer havia lhe dito. Em vez disso, tratou de evitar ao máximo falar sobre esse assunto. Quando o carro parou, eles ficaram sem saber o que estava acontecendo até que o veículo começou a tremer.

— O que está acontecendo? – perguntou Mulder.

— Eu acho que sei agente Mulder – do lado de fora do furgão os homens que o dirigiam estavam assustados e sem saber o que fazer até que um brilho os atingiu em cheio e depois tudo voltou ao normal. Eles foram verificar os dois prisioneiros e ficaram espantados ao ver que ambos tinham sumido sem deixar vestígio. Um dos homens olhou o relógio e notou que tinham se passado 9 minutos sem que eles percebessem.

SEDE DO FBI

WASHINGTON D.C.

15 DIAS DEPOIS

Scully abriu a porta do porão que durante anos serviu de escritório para ela e Mulder. Era reconfortante voltar depois de todos aqueles dias no hospital. O medo de perder o filho que esperava esteve presente nos primeiros dias de internação, mas agora estava tudo bem. No entanto, a recomendação do médico para que ela ficasse longe de tensões indicava claramente que a busca por Mulder teria que ficar em segundo plano por um bom tempo. Isso lhe causava muita tristeza, mas ela sabia que não tinha muita escolha. Scully passou a mão por sua barriga e pode sentir uma vida crescendo dentro dela. Essa vida, que ela acreditava jamais poder gerar, deu-lhe a esperança de que um dia reencontraria Mulder. Scully estava tão entretida em seus pensamentos que nem percebeu a chegada de Skinner.

— Senhor - ela finalmente percebe a presença do seu chefe no FBI.

— Desculpe eu... não queria assustá-la.

— Tudo bem senhor, eu é que estava distraída.

— Você poderia ter ficado mais alguns dias de folga.

— Está tudo bem senhor – ela sorri – tudo o que eu preciso fazer é tomar alguns cuidados.

— É sobre isso mesmo que eu quero falar com você.

— O senhor não pretende me tirar do Arquivo-X para me botar em algum serviço burocrático, eu espero.

— Eu posso até mantê-la no Arquivo-X agente Scully – ele disse – mas vamos ter que discutir as condições em que você vai trabalhar.

— Eu sei que nos próximos meses não vou poder agir do mesmo modo que antes senhor.

— Vamos até o nosso escritório discutir isso com mais calma.

— O senhor poderia ir na frente?

— É claro!

 

Ele sai e deixa Scully sozinha naquela sala apertada. Os próximos meses não serão fáceis, mas ela tinha muita esperança e não se deixará abater. Era o que devia a Mulder, e ao filho que estava esperando. Ela não sabia direito como iria conciliar o trabalho com a maternidade, mas para alguém que já tinha passado por tantas coisas, as dificuldades que estavam por vir seriam superadas. Foi pensando nisso que ela fechou a porta do escritório e dirigiu-se à sala de Skinner.

FIM


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