Após sair do carro e ativar o alarme, soltou um suspiro cansado estralando o pescoço. Andou rapidamente ate o elevador, ao entrar agradeceu a pessoa por ter segurado a porta, logo apertando o botão do sétimo andar. Apoiou as costas na parede de metal sentindo-se extremamente cansado. Nunca imaginou que um caso de homicídio simples poderia se tornar um homicídio qualificado.

Sentiu o elevador parar no quarto andar, onde a pessoa que estava ao seu lado desceu. Levou a mão ao pescoço dolorido, o massageando. Não demorou muito para chegar ao andar desejado. Ao sair do elevador começou a afrouxar a gravata que usava. Estava tão cansado que nem reparava nas coisas que fazia, apenas queria comer algo, tomar um banho e dormir.

Ao abrir a porta do apartamento, após destrancá-la, viu uma pequena figura loira com belos e grandes olhos violetas, fantasiada de múmia segurando uma abóbora cheia de doces.

- “Feiz” dias das bruxas papai... – falou dando um belo sorriso estendendo a abóbora para o maior.

-Obrigado, bebê. – falou sorrindo enquanto se abaixava, o pegando no colo após dar um beijo nas bochechas gordinhas. Tudo o que sentia desapareceu ao ver o menor sorrindo, parecendo feliz com sua chegada.

Eram poucas as vezes que conseguia ver esse tipo de sorriso. Como ele possuía bronquite asmática, não podia sair muito de casa nem brincar com as crianças de sua idade... Isso, de certa forma, incomodava-o. Queria que seu filho pudesse se divertir e brincar com crianças de sua idade! Contudo, não podia deixar a saúde dele em risco.

- Olá, querido... – ouviu a voz calma e doce de seu esposo lhe cumprimentar enquanto saía da cozinha, andando em sua direção. Quando ele estava próximo o suficiente, o puxou para um rápido beijo de boas vindas, porém havendo paixão e carinho no ato.

- Também “quelo” “bejo”. – ouviram o menor falar emburrado quando se separaram. Ambos os homens deram um sorriso antes de se inclinarem e beijarem as bochechas gordinhas de seu filho, o fazendo dar risada.

- Agora me conte... Como conseguiu esses doces? – perguntou curioso enquanto entrelaçava sua mão livre com a do marido. Começou a andar calmamente em direção à sala de jantar ouvindo seu filho contar às aventuras que teve com sua “mama” ao ir pedir doces pelos andares do prédio e ir brincar na casa da vizinha com seu amigo. Era nesses pequenos momentos em que percebia que tudo o que fazia valia a pena.