Simplesmente Diferente escrita por Winter


Capítulo 7
Sorrisos Idiotas


Notas iniciais do capítulo

Bem pessoal, esse capítulo já está feito faz um tempo, e fiz com muito carinho, e espero que vocês gostem! Shout out para minha linda beta ValentinaV que sempre manda os capítulos bem rapidinho, e claro, para as lindas que comentaram capítulo passado. Mel e garota sem noção, vocês moram no meu core! Até lá em baixo.



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Coloquei uma calça de ginástica preta, e uma blusa preta, folgada, com mangas, coloquei meu tênis de corrida e desci.

Celina ainda estava dormindo, o que era óbvio, porque ninguém ia acordar às quatro e meia da manhã para uma corrida. Menos eu.

Eu sou especial.

Como eu ainda não estava com fome, peguei uma pera, uma banana e o suco de goiaba na geladeira.

E nessa hora você pensa, "Nossa! Que menina saudável. Comendo três diferentes tipos de frutas. Está de parabéns", e eu digo, "Sou mesmo!". Simples assim, sou uma garota refinada.

Me dirigi até a o quintal dos fundos e sentei no sofá.

Dona Celina havia andado ocupada. Ela pegou uma parte vazia do quintal e transformou em um lindo jardim. Ela tinha plantado margaridas, rosas, girassóis, gardênias, azaleias. Tudo que você pudesse imaginar, estaria lá. E estava maravilhoso.

Em toda a minha vida nessa casa, me recordo de todas as mudanças que haviam feito, no quintal principalmente, de dois a três meses cortando a grama, substituindo-a por uma mais bonita e menos estragada, plantando arbustos, retirando-os, mudando plantas mortas, observando frutas crescendo nas árvores. Minha vida toda havia girado em torno da natureza, e eu não podia ter sido mais feliz.

Apesar de tudo.

Lembro que eu implorava a minha mãe para plantar flores no nosso quintal há mais de cinco anos, e agora meu sonho estava realizado e o quintal mais lindo que antes.

Agora que eu não saio mais daqui.

Terminei de comer e entrei, relutantemente. Peguei meu fone de ouvido e meu celular, que marcavam cinco horas e quatro minutos, e me espreguicei, relaxando meus braços e ombros, pronta para a ação.

Coloquei a Little Piece of Heaven para tocar e fui correr.

Era nesses momentos que eu esquecia de todas minhas preocupações, toda negatividade do dia e simplesmente me entregava para o momento. Correr me libertava, e deixar de correr me torturava. Era como uma droga, que não havia nem percebido que estava me viciando, e quando percebi, não havia retorno.

Mas não é tudo flores e arco-íris. Eu sou uma adolescente, e como todos adolescentes, sou muito preguiçosa. Levantar da cama já é ruim, sair para correr, pior ainda. E se eu não correr, depois de uns dois dias eu vou sentir como se tivesse engordado uns vinte quilos. O resto, a vida decide.

Continuei correndo, às vezes escutando a música e cantando, outras só me lembrando de repirar do jeito certo, outras andando, dando voltas pelas ruas, sempre ficando perto de casa, e nessa brincadeira já havia se passado umas dez músicas, então virei e voltei pelo caminho mais rápido para casa e voltei a correr.

Alguns carros já andavam pela rua, casas ainda silenciosas, mas com velhinhos saindo para regar as plantas, sentar na varanda, tomar café da manhã. Eu conhecia praticamente todos os velhinhos da minha rua, então sempre que passava dava um aceno com a cabeça ou sorria.

Tinha que garantir minhas guloseimas.

Perto de casa, comecei a andar e observei a casa do outro lado da rua.

Não tinha nada demais nela, a não ser a cortina marrom, que existia desde que o mundo foi formado, cobrindo a janela da frente. Havia também algumas pequenas mudanças que somente uma pessoa que passou muito tempo observando-a notaria, uma pessoa como eu.

As rachaduras na parede da garagem haviam sumido, a grama estava mais bem cuidada, as rosas não estavam mais morrendo, mudaram as pedras que levavam até a porta da casa, e o telhado...

Foi nesse momento que a cortina balançou, como se alguém estivesse observando por uma fresta.

Alguém estava me observando. E tinha uma pequenina ideia de quem era.

*

Saí pelo portãozinho no canto da minha casa, que conectava o quintal dos fundos ao da frente, com minha bicicleta e mochila, pronta para ir para a escola.

Aquela bicicleta era meu xodó, com cestinha e rodas vintage. Na verdade, ela era toda vintage, com aquele estilo que provavelmente os seus bisavós que moravam em Londres tinham. E eu passei por poucas e boas tentando encontrá-la e se alguém mexesse nela, era morte na certa.

Estava pronta para sair voando em direção ao inferno, quando ouvi um grito.

– Julia! - gritou Charlie.

Respirei fundo e me virei em direção da voz. Ela e o irmão estavam vindo em minha direção, ela com um sorriso no rosto e ele com a maior cara de sono que já vi em toda a minha vida.

– E aí - falei.

– Indo a algum lugar? - perguntou ela, sorridente.

– Uhum. Vou dar um abraço no diabo, estou indo para o inferno.

Não sei como, mas ela conseguiu sorrir ainda mais que antes.

– Por algum motivo aleatório, você me daria a honra de sua companhia a caminho do inferno?

Essa foi inesperada. Sinceramente, não fazia ideia do que eu poderia dizer. Sim, não. Qualquer uma das opções seria ruim.

Se eu dissesse "não", nossa trégua iria ser uma farsa, e se eu dissesse "sim", eu estaria honrando nossa trégua, mas teria que aguentar Charlie e Aaron. Eu não podia (queria) ser mais grossa com ela. Não havia mais nada que eu pudesse usar como desculpa para ser, além do fato que eu estava começando a sentir algo por ela, o que não era bom já que...

Balancei minha cabeça. Por que eu estava pensando tanto, e por que estava tão confusa? Ah, sim. Quero dormir.

Bem, não seria tão ruim se eu e Charlie fossemos amigas.

– Se for para ir andando, eu dispenso.

– Oh! No, our father is taking... Quer dizer...

– Eu entendi - disse enquanto me direcionava para casa.

– Então, você vai com a gente ou não?

Nem me incomodei em virar em sua direção.

– Yep. Não sou tão idiota a ponto de recusar uma carona, sabe.

Entrei pelo mesmo portãozinho que saí e encostei a bicicleta na porta, num lugar protegido embaixo do telhado do quintal.

Abri a porta, que dava na cozinha, e avistei minha mãe de costas para mim.

– Vou pegar carona com os vizinhos, mulher. Se eu sumir ou morrer já sabe de quem foi a culpa.

– Vá com Deus, filha - nem se preocupou em virar.

– Mãe, já disse que vou com os vizinhos!

– É para rir? - me olhou entediada.

– Era, mas agora não tem mais graça! - fiz bico e bati o pé.

– Vai logo, menina! Não os deixe esperando.

– Tá! Adeus - gritei.

Voltei pelo portãozinho, mas não achei a Charlie. Ao invés dela, encontrei seu irmão, encostado na parede com olhos fechados, e parecia dormir.

Fiquei onde estava. Não queria me aproximar ou fazer algum barulho que o pudesse acordar, não por educação, é claro. Mas, a última coisa que eu queria era uma conversa desconfortável com o quase gêmeo homem.

Ele usava uma calça escura respirável, um tênis preto acabado (menos que o meu), a blusa do colégio e a pior cara do mundo de brinde. O cabelo dele estava grande o suficiente para cobrir seus olhos e estava fazendo cachinhos na parte do pescoço. Sinceramente, não fazia ideia se o cabelo dele era liso ou ondulado. Tirando a parte do pescoço, o cabelo dele estava ondulado deixando seu cabelo loiro ainda mais brilhante que ontem. E isso era horrível. Mesmo com a maior cara idiota do mundo, ele conseguiria deixar algumas garotas de quatro. Que injustiça! Eu quando ficava com sono, ficava mais pálida do que o normal e consequentemente as olheiras mais proeminentes e inchadas... Traduzindo: um zumbi vivo.

Mas o que realmente mais me impressionava era o fato que ele estava conseguindo dormir em pé! Esse garoto era inumano, só pode. Eu mal conseguia dormir fora da cama! Mas, por que será que ele está com tanto sono? Será que ele dormiu tarde? Ou acordou cedo? Será...

De repente percebi que ele também estava me observando, me estudando enquanto o encarava. Fechei minha cara e esperei ele falar algo.

– Charlie foi chamar nosso pai - ele disse, a voz rouca de sono.

Balancei minha cabeça, confirmando.

– E porque ela está demorando tanto?

Ele deu de ombros olhando para a rua.

– Papai costuma demorar para levantar da cama.

Concordei de novo, decepcionada pelo fato que minhas tentativas de evitar uma conversa desconfortável foram falhas.

Olhei para Aaron, que estava olhando para o horizonte. O sol batendo em seu rosto e...

Peguei meu fone e meu celular, para me distrair dessa situação, e coloquei Stay the Night para tocar.

Ouvi Aaron respirar fundo, se desencostando da parede e vindo em minha direção.

– Eu acho que nos não tivemos um começo muito bom, e eu não queria que a gente agisse como desconhecidos. Queria que nós pudéssemos ter uma boa convivência. Então que tal nós recomeçarmos? - ele estendeu a mão - Meu nome é Aaron Jackson, minha mãe é brasileira, meu pai canadense e morávamos no Texas.

Encarei ele. Eu poderia aguentar Charlie, mas ele? Eu não podia, não queria e não iria.

– Você não pode se apresentar com um aperto de mãos. Aqui é ou um abraço ou um aceno de mãos, algo tão formal não funciona muito bem no Brasil.

Ele abaixou a mão um pouco desconfortável.

– Então... eu deveria te dar um abraço?

Eu ri. Posso não gostar de fazer isso, mas eu havia feito uma promessa, e ele iria atrapalhar ela.

– Não. Você deveria se virar e parar de falar comigo. Seu brilho está tentando competir com o meu.

Ele simplesmente, sorriu.


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Notas finais do capítulo

Então o que vocês acharam? Espero que tenham gostado tanto quanto eu! E como eu disse capítulo passado: comentem! Para aumentar minha auto estima, me ajuda a escrever e a postar mais rápido, e recapitulando, quanto mais comentários vocês terão uma surpresinha. Não vou dizer como vai ser ainda, apenas depois que minha auto estima esteja maior que três metros, viu?!
Beijos pessoal, e até a próxima.



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