O Lobisomem escrita por Clarisse Arantes


Capítulo 1
Olhos vermelhos


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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Ana jurava ter visto um lobo.

Não, um lobo não. Mas sim, um lobisomem. Apoiada sobre a janela de seu quarto, ela encarava a floresta sombria que adotava a ela como jardim. Era noite e a floresta estava preta, completamente. O que fez chamar-lhe atenção para o barulho de folhas partindo-se. Isso a levou olhar para os lados e detectar um par de olhos vermelhos eletrizantes.

O lobisomem não era fofo, muito menos lindo como os lobisomens da Stephenie Meyer, autora de Crepúsculo. O lobisomem que ela vira, era corpulento e sua coluna saltava-se sob suas costas. Era algo ridículo.

O lobisomem tinha pelos marrons com um destaque para o cinza, da sujeira que transparecia-se. Ou, pelo menos, fora isso que Ana notara.

Em primeira mente, Ana achou estar louca e imaginando coisas, mas o lado racional de sua mente alertou-a de que ela não vira e muito menos ouvira coisas de sua própria cabeça. O que ela tinha visto era real. E ela sabia disso, mas não queria assumir ser verdade.

Para provar-se que como nos filmes ela vira um cachorro ou qualquer outro animal que parecesse com um lobo, vestiu seu casaco e pulou a janela. Levou com sigo uma lanterna pequena, a única que tinha, e ainda com medo da pilha acabar, prometeu ir inspecionar rapidamente.

Ligou a lanterna e deu os primeiros passos na direção em que vira as costas do lobisomem adentrar a floresta. Se isso tudo, no final, fosse realmente verdade, Ana estava preparada psicologicamente para morrer, pois, a noite, era de lua cheia.

Quando começou a perceber mais barulhos de folhas estilhaçando-se, ela começou a correr em sua direção. Os seus pés fizeram ainda mais barulho e confundiram-na, mas não o suficiente para que ela perdesse a trilha das folhas.

Um gritou foi ouvido e sua pulsação acelerou-se ainda mais do que a corrida que dera. Parou de correr, mas ainda acompanhou o traço de barulho. Sentiu a primeira gota de suor descer sobre seu rosto, sua respiração ofegante fez a respirar alto.

Ouviu algo contorcer-se e gemer baixinho. Virou-se para o lado direito da trilha do barulho e viu uma senhora no chão. Ela estrebuchava, seus olhos estavam irritados e dilatados. Em seu rosto havia sangue e um enorme buraco pairava sobre sua barriga, qual ela mantinha suas mãos por cima.

Ana, que achara ter visto errado, aproximou-se da mulher.

Não era uma mulher qualquer, era sua mãe. Como poderia? A mulher que recém-vira tinha cabelos loiros e sua mãe, ali, no chão estrebuchando mantinha seus cabelos castanhos mel. Se não conhecesse tão bem a mulher a sua frente, diria que sua visão pregou-lhe uma peça.

Mãe — ela sussurrou e abaixou-se. Pegou a mão de sua mãe e apertou-a fortemente. — Como isso aconteceu? Por que a senhora não está em casa?

Tantas perguntas — respondeu a mãe, seus olhos agora brilhavam. Ela tossiu e sangue escorreu-lhe de sua boca.

Ana pensou em levantar-se e gritar por socorro, mas ela sabia, que não chegariam a tempo.

Vai ficar tudo bem — disse ela. Sua mãe sorriu.

Talvez fique, não é? — Soltou um riso fraco, que acarretou em mais sangue escorrer de seus lábios. — Vou descobrir as respostas da vida. Vou para um lugar melhor.

Então se cuide. — Sua mãe soltou uma lágrima por seu olho esquerdo. Ana limpou-a com seu dedo.

Acho que é hora de ir — sussurrou sua mãe. Ela sorriu, o que era para ser uma visão linda e bela de sua morte, tornou-se horrenda. Seus dentes estavam ensanguentados, não era bonito de se ver. Mas, mesmo assim, Ana sorriu.

Acho que sim — respondeu-a.

Adeus, querida.

Adeus, mãe.

E a alma se foi do corpo de sua mãe. Para o lugar que fora, Ana não sabia. A única coisa que soube fazer no momento de desespero, quando a ficha realmente caiu-lhe, foi fechar os olhos da mãe.

E molhada pelas lágrimas da tristeza, levantou-se e continuou a caminhar. Dessa vez, a floresta toda estava silenciosa, e seus passos e seus soluços poderiam ser ouvido a qualquer canto.

A floresta estava de luto com ela, e o lobisomem a respeitava neste momento.

Guiada pela luz da lanterna ela avistou uma pequena elevação sobre a floresta. E viu, o lobisomem sobre o canto mais alto. Mesmo com o barulho de seus passos ele não moveu-se.

Ao aproximar-se, Ana pôde ter a certeza, do que vira na janela de seu quarto, era mesmo, um lobisomem.

Gemeu de angustia e se aproximou. Subiu a elevação, e desligou a lanterna. Não era mais necessário, os dois, agora, estavam sendo iluminados pelo forte brilho da lua.

Ela ficou de frente para o lobisomem. Ele fitava o chão e sequer parecia ter notado Ana.

— Estive te esperando — sussurrou ele. Sua voz ríspida e fria causou-lhe arrepios. Ela recuou, perdendo toda a coragem que lhe tomara. Mas lembrou-se de sua mãe e encarou o lobisomem demonstrando confiança, o que não sentia.

— Vai me matar? — perguntou Ana, temendo a resposta. Afastou-se por um momento.

— Seria o certo a fazer-se? Não? — Ele encarou-a. E Ana pode notar seus olhos vermelhos que chamaram-lhe a atenção sob a noite fria e tenebrosa.

— Me diga você.

— Seria o certo a fazer-se. — Confirmou-se. — Eu sou um lobisomem, não sou?

— Mas você tem autocontrole. Não precisa fazer isso.

Quem disse que vou lhe matar? Eu nunca faço o certo — O lobisomem encarou-lhe. Um semblante de um sorriso preso em sua boca.

— E o que pretende fazer comigo?

— Vou protegê-la — respondeu-lhe o lobisomem. Ana sentiu-se confusa e andou para atrás.

— Do que pretende proteger-me? De quem? — indagou Ana, sua voz demonstrou medo. O que poderia ser mais perigoso do que aquele lobisomem na floresta?

— Vou protegê-la das pessoas mais próximas a você, e que lhe desejam o seu mal. — O lobisomem respondeu e Ana pensou em sua mãe. Não era ela, com certeza o lobisomem estava pregando-lhe uma peça. — Vou protegê-la de sua vida real.

— Estou em minha vida real — resmungou Ana. — Não posso fugir dela, tenho que enfrentá-la.

— Você não está em sua vida real. Você está sonhando Ana. Lobisomens não existem.

— Não estou sonhando, sei distinguir sonho de realidade — retrucou ela. — E tudo, aqui, parece-me bem real.

Tenho um recado Ana. — Ela encarou-lhe. — Não importa quem eu tenha que machucar, mesmo que seja a mim mesmo, eu lhe protegerei.

O cenário ao seu redor, foi desmontando-se e Ana viu tudo tornar-se preto. Para aonde teria ido o lobisomem e o que estava acontecendo-lhe, ela não sabia.

— Querida. — Uma voz na escurida chamou-a, a voz ecoou, como se Ana estivesse presa em uma caverna. — Querida. — Ela avistou uma luz e caminhou até ela. Seus olhos abriram e cores surgiram ao seu redor. — Finalmente acordou. Estive preocupada.

Ela encarou a mulher a sua frente. Sua mãe. Ela sentou-se rapidamente, a consciência ainda perdida. O primeiro em que pensou em fazer foi dar um abraço forte em sua mãe, e assim ela fez. Sorriu aliviada. Por trás de sua mãe, a janela de seu quarto estava aberta e a floresta, chamava-lhe. Era noite de lua cheia.

— O que aconteceu? Por que me chamou esta hora? — Ela separou-se de sua mãe e encarou-lhe em seus olhos.

Um vermelho reluziu deles. E Ana ficou surpresa. Dentro dos olhos de sua mãe, o lobisomem uivava felizmente.

— Sinto informar, querida, seu pai foi assassinado.


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Notas finais do capítulo

É ai que entra o mistério, quem manja deles deve ter entendido a história, quem não, sorry, mas se quiser, posso dizer por mensagem! É isso ai, espero que tenham gostado!



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