Beyond the Vengeance escrita por Mello


Capítulo 20
O primeiro salto suicida a gente nunca esquece


Notas iniciais do capítulo

E aí galera, tudo certo?
Mais um capítulo pra vocês. Estou ansioso para terminar logo esse arco da Revenge Island. Temos muita coisa para ver ainda >.< Espero que gostem.

Boa leitura.



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Robin estava a minha frente segurando duas espadas, uma em cada mão. Elas eram mais curtas que a minha. Mas igualmente mortais, imaginei. A perplexidade deu lugar à raiva. Em um instante tudo tinha se tornado claro pra mim, como uma explosão de informações se interligando na minha cabeça. Robin era a traidora, não Anne.

— Você! — explodi — Você é a traidora! O que você fez com Sean? — gritei gesticulando na direção dele.

— A mesma coisa que tentei fazer com você — ela estava praticamente cuspindo as palavras — Tentei incapacitar sua mente, mas você tem um proteção forte demais pra mim!

Me lembrei de como tinha sentido a tontura antes. Mas o que ela queria dizer com proteção?

— Pare com isso! — disse dando uma olhada em Sean. Ele ainda estava estirado no chão, mas não gritava mais. Nem se mexia. Estava morto? — Deixe ele em paz!

Como resposta Robin atacou. Correu em minha direção pronta para desferir um golpe com a espada da mão direita. Bloqueei com o escudo, mas quase que imediatamente a outra espada estava vindo em direção ao meu rosto. Consegui mover a espada o suficiente para aparar o golpe, mas foi por pouco. Robin se moveu com agilidade para o lado tentando atacar por outro ângulo. Novamente tive dificuldade em me defender.

Mexa-se Terry.

Comecei a me mover também, indo de um lado para o outro acompanhando os movimentos dela e tentando antecipá-los. Tinha melhorado consideravelmente, mas ainda não era o bastante. Robin tinha uma vantagem que eu não tinha: um equilíbrio perfeito. Suas duas espadas idênticas e mais leves do que a minha davam a ela agilidade nos golpes, era como lutar contra duas pessoas ao mesmo tempo. Eu podia me igualar com a minha espada, mas o escudo era mais pesado. Retardava meus movimentos e ela estava aproveitando essa brecha. Em poucos minutos tinha recebido três cortes: um em cada braço e um na perna esquerda. Todos eram superficiais, mas indicavam uma coisa: eu estava perdendo.

Tentando me concentrar em mover o escudo de forma mais eficiente acabei deixando um golpe escapar da defesa da espada. A Lâmina veio como um raio passando em frente ao meu rosto, ameaçando arrancar meu nariz fora. Institivamente joguei a cabeça para trás evitando o golpe. Foi um erro.

Com o movimento da cabeça minha visão se desgrudou momentaneamente de Robin. Mesmo sendo apenas por um segundo foi suficiente para que ela preparasse um golpe fatal. Quando olhei para ela sua espada tinha transpassado a defesa do escudo, a ponta da lâmina vindo de encontro ao meu peito. Tentei dar um passo para trás, mas era tarde demais. Senti a ponta fria penetrar a pele indo em direção ao coração, pronta para matar. Sua espada penetrou um pouco e parou. Robin recuou depressa quando sentiu que a ponta de minha espada também a havia perfurado, num ponto perto do ombro direito, pouco acima dos seios. Nos encaramos por um segundo, com apenas ódio no olhar e atacamos.

Eu e Robin circundamos um ao outro, ambos ofegantes. O pequeno furo triangular perto de seu ombro devia ter sido mais sério do que eu pensei. Seu braço direito estava visivelmente mais lento e agora lutávamos em nível de igualdade. Eu ainda tinha meia dúzia de cortes a mais que ela, mas vê-la sangrando me dava uma nova energia para lutar. Já havia se passado pelo menos 15 minutos, mas para mim pareciam horas. A espada e o escudo agora pesavam como chumbo. Eu estava coberto de suor e sangue. Trocamos mais alguns golpes a esmo. Juntei toda a minha força e a golpeei com o escudo, tentando usar a borda cortante dele.

Tudo aconteceu rápido demais para que eu pudesse ver. Senti o escudo encontrando a barreira da espada de Robin, mas quando eu pensei que ele fosse parar ele continuou, quebrando a barreira como se fosse uma parede de isopor. Ouvi o grito dela atravessar a floresta silenciosa. Quando olhei ela tinha um corte feio na parte interna do braço, a espada tinha caído de sua mão. O sangue saia livremente pelo corte. Devo ter cortado uma veia, pensei.

Ela tentou dar mais um golpe com a espada remanescente, mas bloqueei com facilidade. Afastei sua espada com um movimento da minha e com um impulso final a atingi com a ponta de minha espada, perfurando sua barriga profundamente. O grito morreu em sua garganta. Sua boca se escancarou, os olhos se arregalaram, a cor tinha sumido de seu rosto. Ela parecia ter visto um fantasma e congelado naquela expressão medonha. Todo seu corpo estremeceu e ela caiu. Sua mão segurando a lâmina que a havia matado. Os olhos negros agora sem vida.

Do lado do corpo de Robin eu agora tremia descontrolavelmente, ajoelhado sobre a poça de sangue. Havia retirado a espada de sua barriga e fechado seus olhos. Ainda estava suando, mas agora o suor parecia ser gelo derretido correndo por minha pele. Um nervosismo crescente tinha se instalado dentro de mim. Aquilo era a morte, pensei. Não havia motivo para aquilo, mas eu não conseguia parar de tremer. Ao olhar para Robin eu só via uma coisa: o corpo da Marie. Morto exatamente da mesma forma e pela mesma pessoa. Eu.

Tentei me levantar. Precisava me afastar dela ou nunca mais iria parar de tremer. Quando me firmei no chão tive a impressão de que minhas pernas eram feitas de borracha. Sacudi a cabeça tentando me livrar dos pensamentos que a tinham invadido. Precisava clarear as ideias. Precisava agir. Ainda havia muito a ser feito.

Sean acordou pouco depois. No fim das contas estava bem, apenas com uma leve dor de cabeça. Foi difícil explicar o que tinha acontecido para ele. Além da total perplexidade ele e Robin formavam uma dupla que já tinha no mínimo alguns meses de história. Não sei quantas vezes tive que repetir a história, detalhe por detalhe. Ele insistia em tentar achar alguma coisa que eu tivesse deixado passar. Enquanto contava me sentia como se estivesse fora do meu próprio corpo. Era como se outra pessoa tivesse assumido o controle e estivesse contando a história para Sean.

Depois de muito tempo ou talvez por me ver tremendo tanto enquanto falava sobre a morte de Robin, Sean finalmente pareceu acreditar em mim.

— Temos que voltar e falar com Ryan — disse Sean — Ele vai querer saber sobre o que aconteceu aqui.

— E como vamos voltar?

Notei que Sean levou a mão no bolso, provavelmente procurando a venda. Ela tinha ficado comigo e eu a tinha jogado fora sem que ele visse, assim teria que me levar desvendado. Eu já estava cheio de segredos.

— Bom… acho que eu consigo te levar controlando o ar.

Sean se concentrou. O ar começou a se mover em nossa volta e começamos a levitar. Percebi que ele estava se esforçando bastante para manter nós dois no ar. Rapidamente descartei a ideia de que ele tivesse levado nós três para baixo. Como tínhamos decido então?

Enquanto subíamos o sol parecia ter ganhado uma força extra. Aquele com certeza tinha sido o dia mais quente desde que cheguei a ilha. Pela altura do sol calculei que ainda era entre uma a duas horas da tarde. Quando finalmente pisamos no topo do penhasco percebi o quanto estava exausto e faminto. Enquanto caminhávamos em direção ao templo me perguntei se havia alguma força além da gravidade atuando naquele lugar, me puxando contra o chão. Estava fazendo um esforço considerável para me manter de pé. Imaginei que se caísse provavelmente não teria força para me levantar.

Mal entramos no templo e vimos Ryan vindo em nossa direção. Sua primeira pergunta foi sobre Robin. Sean fez o imenso favor de contar a maior parte dos fatos. Ryan apenas me fez algumas perguntas. Ryan sempre tinha me parecido o tipo de cara que poderia ouvir a notícia do fim do mundo e nem piscar, mas naquele momento sua expressão me fez repensar aquele conceito.

Depois do que pareceu uma eternidade Ryan me fez o favor de conseguir um pouco de comida pra mim. Já estava fria, pois o almoço já tinha sido servido há muito tempo, mas minha fome não ligou para aquele fato. Depois de me empanturrar com comida fria tudo que eu precisava era um bom descanso. Pensei em passar pelo banheiro, tomar uma ducha e cair na cama, mas Ryan me barrou no meio do caminho. Levantei uma sobrancelha pra ele, cansado demais até para perguntar.

— Você passou no último teste — ele começou — Hoje a noite será sua cerimônia de iniciação.

— Ótimo — eu disse em meio a um bocejo — mas eu tenho que ir ensanguentado e com sono?

— Claro que não. Você pode descansar, mas pode fazer isso num lugar mais tranquilo.

Novamente levantei a sobrancelha. Me lembrei de onde tinha tirado aquele gesto. Já tinha se tornado algo natural pra mim. Maldita Gina, pensei.

Ryan me acompanhou por uma série de corredores. Eu estava cansado demais para prestar atenção aonde íamos, mas com certeza não era para área dos quartos. Pensei que ele iria me levar até a sala do altar de Nêmesis, mas ele dobrou o corredor antes de chegar lá e abriu outra porta.

Por um momento fiquei confuso, depois impressionado. Era um quarto, mas não como os outros. Era menor, mas muito mais espaçoso. Havia apenas uma cama, muito maior que as outras, e um armário. O quarto era simples, mas de longe mais confortável que os outros. Também havia outra porta que levava a um banheiro privado.

— Pode ficar aqui enquanto espera até a noite.

— Obrigado — disse ainda admirando o quarto — mas tenho que pegar as minhas coisas…

— Já estão no armário — Ryan disse.

Eu abri o armário e vi que tudo estava lá. Do jeito que eu havia organizado no baú ao lado da outra cama. Todas as minhas roupas não enchiam nem um quarto do armário. Fiquei imaginando se poderia considerar o armário grande demais ou se tinha poucas roupas. Provavelmente a segunda opção.

— Obrigado — agradeci novamente.

Ryan fechou a porta e me deixou desfrutar do quarto novo. Corri direto para o banheiro e tirei a roupa, ansioso por um banho. Deixei a água escorrer pelo meu corpo, tirando toda a sujeira e, principalmente, o sangue. Observei a água avermelhada descer pelo ralo. Nenhum dos meus ferimentos era grave, apenas o pequeno furo triangular no peito requereu um pouco mais de cuidado. Tive que fazer um pequeno curativo usando um pequeno kit de primeiro socorros que achei na pia.

Depois de me secar e sair do banheiro tudo que eu queria era dormir. Parecia que eu tinha passado três noites em claro. Estava praticamente cambaleando até a cama. Desabei sobre ela e dormi quase que instantaneamente. Um sono tranquilo e sem sonhos.

Acordei com batidas na porta.

— Terry? Você está acordado? — ouvi a voz de Ryan do outro lado da porta — Sua cerimônia vai ser daqui a pouco.

Me espreguicei tentando me livrar do sono.

— Sim. Já vou.

Caminhei em direção à porta e só então percebi que ainda estava nu. Praguejei e corri até o guarda roupa tentando me vestir depressa. Quase caí quando tentei vestir a calça jeans rápido demais. Depois de me vestir em tempo recorde finalmente abri a porta para Ryan.

— Até que enfim. Pensei que teria que derrubar a porta — Por sorte não o fez.

— Estou pronto. Podemos ir.

Ryan me conduziu, passando em frente da sala do altar e continuando reto. Eu havia imaginado que a cerimônia seria naquela sala, mas aparentemente eu estava enganado.

— Aonde vai ser a cerimônia? — perguntei.

— Lá fora — Ryan respondeu.

Não sei por que, mas aquilo me deixou mais nervoso do que eu já estava. Alguma coisa me dizia para fugir dali, mas era uma vontade irracional. Não havia o que temer, havia?

Fora do templo o céu estava coberto de estrelas. Nunca havia visto tantas. Não havia iluminação na ilha, nem a vários quilômetros sobre o mar aberto. Ali era possível ver as estrelas mais nítidas do que qualquer outro lugar. A lua jogava sua luz prateada pelo topo do penhasco. A beira dele os outros vingadores estavam reunidos em duas filas silenciosas. Ryan me deixou perto da ponta das duas filas, exatamente no meio. Eles pareciam formar um corredor para o abismo a minha frente.

O silêncio estava começando a me incomodar quando pensei ter visto algo voando pelo céu. Pisquei e tentei encontrar o que tinha chamado a minha atenção, mas não parecia haver nada. De repente vi um vulto indistinto descrever um grande arco no ar e vir em minha direção. Nêmesis pousou a minha frente. Estava com o habitual visual de sempre: Peitoral de bronze, saia de couro e a espada. Suas asas negras se retraíram e sumiram atrás de suas costas.

— Terry, você passou por todos os testes e se mostrou digno de pertencer aos vingadores. Está na hora de você receber o que merece — Eu imaginava que seria algo de bom, mas era quase impossível ouvir Nêmesis dizer isso e imaginar ela entregando um presente ou qualquer coisa do tipo.

A deusa veio em minha direção. Pensei em recuar, mas me mantive firme. Antes que eu percebesse dois vingadores saíram da fila e me seguraram como que para ter certeza de que eu não fugisse. Quase que automaticamente uma tensão passou pelo meu corpo, como se estivesse preste a enfrentar um monstro. Nêmesis fechou a mão em torno do meu pulso direito.

Foi como se a mão dela fosse um pedaço de ferro recém-tirado da fornalha. Meu pulso começou a queimar na mesma hora. A dor se espalhou por todo o meu braço. Eu gritei como nunca tinha gritado na vida. Tentei me desvencilhar das mãos que me seguravam com o braço esquerdo, mas mais vingadores vieram me segurar. Em questão de segundos eu nem podia me mover, totalmente dominado. A sensação era pior do que ter o braço jogado em uma fogueira, ele parecia estar queimando de dentro para fora enquanto eu gritava em agonia. O sorriso sádico no rosto da deusa parecia mais horripilante ainda sob a fumaça que se desprendia de minha pele. Pensei que a dor me faria desmaiar e então Nêmesis me soltou junto com os vingadores que se afastaram. Despenquei no chão arfando a procura de ar. A dor havia parado, substituída por uma leve ardência na pele.

Quando por fim consegui me levantar todos fixaram o olhar no meu braço, murmurando entre si. Meu olhar caiu em meu braço. Pelos Deuses! Havia uma tatuagem em meu braço! Nêmesis tinha queimado uma imagem perfeita de uma corrente dando voltas em meu braço enquanto subia. Puxei minha camiseta para o lado e vi que ela terminava pouco abaixo do ombro.

— Uma arma que ninguém irá poder tirar de você — disse a deusa.

— Uma arma?

— Sim, essa corrente irá aparecer sempre que você precisar.

Tentei “chamar” a corrente, mas ela continuou como uma tatuagem. Fiz um movimento com o braço e de repente ela ganhou vida: começou a correr pela minha pele como se alguém a estivesse puxando e quando percebi estava segurando uma ponta da corrente de ferro. Ela tinha cerca de 5 metros e era negra como a noite. Estava pensando em como uma corrente me serviria como uma arma, quando eu tinha uma espada que funcionaria bem melhor. Foi então que eu notei. Aproximando um dos elos na altura dos meus olhos pude ver pequenas lâminas saindo dos lados do elo. Reparei que somente aquele elo tinha lâminas.

— Todos os elos têm lâminas — disse Nêmesis como se lesse meus pensamentos — Mas elas só iram ativar quando você quiser.

Dei um puxão na corrente e soltei. Ela deslizou pela minha pele, voltando a ser uma tatuagem.

— Há mais uma coisa que você precisa saber — a deusa continuou — Todos os meus seguidores têm poderes concedidos por mim. E um deles fez com que você conseguisse chegar até aqui — olhei para ela sem entender — Vingadores…

Nêmesis abriu suas asas negras. Surpreso, vi todos os outros fazerem o mesmo, como se as asas estivessem ali o tempo todo. As peças se encaixaram. Foi assim que eu tinha sido trazido até aqui em cima, carregado por eles, voando. Nêmesis se voltou pra mim novamente.

— Hoje será seu primeiro voo.

— Mas… — comecei. Até onde eu sabia, eu não tinha asas.

Todos estavam olhando pra mim na expectativa… não, olhavam atrás de mim. Virei-me pensado que veria alguma coisa, mas nada. Não havia nada atrás de mim. Quando olhei para frente eles estavam rindo como se alguém tivesse contado a piada mais engraçada do mundo. Até Nêmesis estava sorrindo.

— O que foi? — disparei, irritado.

— Leve a mão até suas costas — Ryan disse.

Estranhei o pedido, mas o fiz mesmo assim. Senti algo atrás. Me virei, mas a coisa não estava mais lá. Os vingadores riram mais alto. Levei a mão às costas novamente e senti de novo a mesma coisa, mas dessa vez não me virei, apenas tateei tentando descobrir o que era. Estava nas minhas costas? Tinha uma textura estranha, parecia… penas?! Tentei virar o pescoço para trás o máximo que consegui e pela primeira vez eu vi. Asas! Eram asas negras como a dos outros. Elas estavam retraídas, por isso era difícil enxergá-las. Tentei movimentá-las.

— Oh! — soltei uma exclamação.

Era como ter um par extra de braços só que nas costas. Era totalmente estranho, mas de algum jeito eu conseguia movê-las. Consegui fazê-las ficar esticadas na horizontal. Elas eram enormes. Ultrapassavam fácil o comprimento do meu braço estendido na mesma posição.

— Espero que você se lembre do nosso primeiro encontro — a deusa falou.

A lembrança veio como um raio. Tinha sido num sonho. Eu ainda lembrava o que Nêmesis tinha dito e sabia do que ela estava falando. Você vai simplesmente se deixar cair? Ela deu um passo para o lado, dando espaço para que eu me jogasse do precipício. Hesitei. Eu tinha conseguido mover as asas, mas será que conseguiria voar? No sonho Nêmesis tinha me empurrado para o precipício. Será que ela faria o mesmo? Olhei para o olhar de assassina da deusa. Sim, ela faria. Engoli em seco. Juntando toda a minha determinação (e provavelmente jogando fora o que me restava de sanidade) eu me atirei para a escuridão que era a floresta trezentos metros abaixo.

Vou morrer.

Caindo como uma bala eu não fazia a mínima ideia de como conseguiria voar. O vento passava por mim, cortante e frio. Tentei desesperadamente bater as asas, mas não estava funcionando. O medo tinha dado um nó na minha cabeça, não conseguia raciocinar. Não tinha nenhuma ideia. Com aquela queda não restaria a mínima chance de sobreviver, ela digna para se usar um paraquedas. Mas eu não tinha um. Iria morrer…

De repente tive uma ideia. Abri as asas na esperança de que elas retardassem a queda, mas o vento passava por elas, indiferente. Tentei girara-las para se ajustar ao vento. Era como pilotar um avião, e eu não sabia pilotar um. Mas sabia um pouco sobre aerodinâmica. Forcei as minhas asas a girarem para trás, formando uma resistência para o ar. O resultado ficou evidente na hora. Senti o ar forçando as asas para voltarem à posição que estava antes, mas eu as forçava a continuar daquele jeito. Com um pouco de esforço e depois de cair vários metros eu consegui planar. Era incrível! O vento passava por mim numa velocidade alucinante, mas ao mesmo tempo excitante. Eu estava cruzando a ilha rapidamente. Percebi que já estava quase na praia e arrisquei me inclinar para o lado fazendo uma suave curva para a esquerda a fim de pousar nela. Quando já estava a poucos metros do chão, tentei bater as asas e me vi ganhando altitude. Aos poucos fui subindo e descrevendo um longo arco no ar, voltando para o penhasco. Subi o suficiente para poder ir planando até onde os vingadores estavam.

Quando cheguei perto os ouvi aplaudindo e dando vivas. Percebi que estava sorrindo. Um dos primeiros sorrisos em dias. Mas logo meu sorriso morreu em minha face. Como é que eu pouso? Não tive tempo para descobrir. Me aproximei rápido demais do chão. Tentei firmar meus pés, mas a força de inércia me fez ir para frente. Tentei correr para acompanhar a inércia, mas acabei caindo. Newton devia estar rindo da minha cara.

Se ele não estava o os vingadores estavam. Eles vieram correndo aonde eu tinha caído, dando risadas e aplaudindo. Nêmesis ainda estava à beira do penhasco, observando.

— Deem as nossas boas-vindas a nosso mais novo vingador, Terry Rivers! — Ryan anunciou como se fosse um locutor anunciando um novo lutador para entrar no ringue.

Satisfeita, a deusa da vingança se deixou cair penhasco abaixo e desapareceu. Enquanto isso a festa entre os vingadores estava apenas começando.


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Notas finais do capítulo

Comentários são sempre bem vindos =P
Tenho a impressão que estou esquecendo alguma coisa, mas certas pessoas estão me apressando para postar (quem será né) XD

Obrigado por lerem e até a próxima!



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