Beyond the Vengeance escrita por Mello


Capítulo 13
Lágrimas ao vento! Uma difícil decisão


Notas iniciais do capítulo

E aí galera, tudo certo?
Mais um capítulo da fic pra vocês, mas especialmente para a Taichan e a RL. Muito obrigado mesmo, eu escrevi um texto enorme em agradecimento, mas não cabe aqui XD mas sério, amo vocês.

Boa leitura.



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— Por que está com tanta pressa? — Gina perguntou.

— Olhe, apenas faça isso, ok? Eu preciso me recuperar rápido.

— Eu não vou deixar você fazer nenhuma loucura.

— Eu prometo que só vou sair do acampamento quando você achar que é a hora certa.

A curandeira me encarou por um momento. Imaginei o que se passava pela sua cabeça. Então ela finalmente perguntou:

— Por que você quer fugir do acampamento?

— Eu… — ponderei sobre o quanto eu iria contar a ela — Eu só preciso encontrar uma pessoa. E rápido.

— E é por isso que Liza não pode ficar sabendo? — ela fez uma pausa e como não respondi ela continuou — Essa pessoa é importante pra você?

— Não! — respondi irritado, mas logo percebi que aquela irritação não tinha sentido — Eu não estou procurando essa pessoa porque gosto dela.

Gina me encarou novamente. Sua sobrancelha começou a subir. Ela ficou algum tempo calada como se estivesse refletindo sobre algo.

— Sabe — ela começou — teve um dia em que eu precisei sair do acampamento por motivos pessoais — não pude deixar de me perguntar quê motivos seriam aqueles, mas continuei calado — Tive alguns problemas e só pude voltar pela manhã do outro dia. Engraçado que nesse dia foi um dos que mais precisaram de mim aqui, como curandeira.

Ela fez uma pausa para que eu absorvesse a informação. Eu não tinha notado a conexão dos fatos ainda, mas algo já martela em minha cabeça, como se fosse um alerta.

— Nesse dia — ela continuou — uma menina foi esfaqueada na barriga. Não seria um dos meus piores casos, mas ela tinha outra coisa, ainda mais perigosa — mais uma vez ela fez uma pausa e eu comecei a ver aonde ela queria chegar, mas aquilo era impossível. Como ela poderia ter me ligado aquilo? — Aparentemente ela estava enfeitiçada.

Tentei manter meu rosto inexpressivo. Não sei se consegui, mas de qualquer jeito ela já tinha feito a conexão.

— É claro que quando fiquei sabendo disso quis saber mais. Até porque a garota tinha morrido e queria saber se minha presença aqui teria ou não feito a diferença. Não descobri muito sobre o estado exato dela, mas fiquei sabendo da história. Ela foi possuída ou enfeitiçada por alguma coisa, um garoto tentou ajudar, mas a garota o atacou e ele acabou esfaqueando ela por acidente, pelo que me disseram.

Eu tinha certeza que meu rosto inexpressivo tinha caído por terra. Era simplesmente impossível não esboçar nenhuma reação ao me lembrar daquilo.

— Pelo que fiquei sabendo dois curandeiros cuidaram do caso. Ted cuidou da menina junto com um filho de Hécate e outra curandeira cuidou do garoto que também tinha se ferido. E o nome dessa curandeira era Liza. Infelizmente eu não descobri o nome do garoto. Você sabe quem é ele Terry?

Eu não consegui pronunciar uma única palavra. Minha garganta parecia ter se fechado. Percebi que tinha cerrado os punhos. Meu olhar havia se fixado na mesa entre mim e Gina, não conseguia olhá-la nos olhos. Não conseguia falar. Não conseguia me mover. Tudo que eu podia fazer era continuar olhando pra mesa.

— E por ela que você quer encontrar essa pessoa, Terry? — ela perguntou com um tom de voz um pouco mais suave.

Tudo que conseguir foi balançar a cabeça em concordância.

— Liza sabe disso?

— Sim.

— Então por que você pediu que pra conversar comigo em particular?

Eu estava a ponto de explodir em lágrimas. Todas aquelas emoções ao mesmo tempo eram demais pra mim. Lembrar de tudo que tinha acontecido daquela forma. Pensar em Liza. Em como eu estava tentando esconder aquilo dela. Agora eu sabia mais do que nunca qual era o meu medo. Eu tinha medo de perdê-la. Não suportaria perder mais uma pessoa daquela forma. E se acontecesse alguma coisa com ela por causa da minha busca por vingança eu nunca me perdoaria.

— Não quero envolvê-la mais nisso. Se alguma coisa acontecer com ela… eu…

Não consegui terminar a frase. As lágrimas já inundavam meus olhos. Não conseguia nem mesmo imaginar o que faria se algo acontecesse com Liza. Eu desisti de tentar falar. Cerrei os dentes e os punhos com força, tentando conter o choro. Então senti a mão de Gina sobre o meu ombro. Quando levantei o rosto para olhar pra ela senti uma lágrima escorrendo.

— Eu vou te ajudar.

Alguns minutos depois eu saí da enfermaria. Gina disse que quanto mais eu caminhasse melhor, desde que não exagerasse e ficasse cansado demais. No fundo eu não estava nem um pouco a fim de caminhar pelo bem que o exercício faria pra mim, eu só queria encontrar Liza. Não tinha ideia do que falaria pra ela. Liza não era do tipo que aceitava qualquer argumento. E mesmo que eu falasse que só queria protegê-la isso provavelmente a faria querer se envolver ainda mais com a minha vingança. E eu não poderia permitir isso.

Caminhei por alguns minutos e a encontrei perto do lago. Ela não estava debaixo da árvore como imaginei que estaria, mas ainda sim estava perto. Ela me viu, mas não demonstrou nenhuma intenção de falar comigo. Ela apenas olhava para o lago.

— Liza — chamei, mas ela continuou com o olhar fixo na água.

Me aproximei até ficar do lado dela e a chamei novamente. Dessa vez ela olhou pra mim, mas não estava nem um pouco contente.

— Terry o que está aconte… — ela se interrompeu, seu olhar mudou— Terry você estava chorando?

Rapidamente passei a mão sobre os olhos numa tentativa inútil de apagar as evidências que as lágrimas tinham causados.

— Não — menti — Eu estou bem.

— Droga, Terry! O que está acontecendo?

Sentamo-nos ao pé da árvore como era nosso costume e começamos a conversar. Eu não consegui pensar em nada para dizer a ela. Só restava a verdade. Contei o que tinha conversado com Gina, disse o que faria quando me recuperasse, passei vários minutos falando. Quando finalmente terminei eu já estava esperando uma pergunta. A única coisa que eu havia deixado de fora:

— Mas por que você teve que esconder isso de mim?

Eu sabia a resposta. Sabia exatamente o que iria dizer, mas ainda assim levei um minuto para abrir a boca.

— Não quero que você me ajude — havia formas menos duras de expor as coisas, mas todas elas levariam à mesma questão. Eu teria que falar aquilo uma hora ou outra.

Liza ficou muda. Totalmente imóvel. Por um momento eu pensei que tivesse parado de respirar. Aquilo era ainda pior. Eu preferia que ela ficasse brava comigo, gritasse, batesse, chorasse. Qualquer reação seria melhor que aquilo. De repente soltou o ar preso em seus pulmões. Seu olhar despencou para o chão. Ela abriu a boca algumas vezes antes de conseguir produzir algum som com ela. E mesmo assim sua voz ainda soava fraca, distante.

— Por quê? — ela disse calmamente.

— Não quero que você se machuque.

— Você acha que eu vou atrapalhar? — ela disse quase como se estivesse se acusando.

— Não é isso. Eu me meti nisso e tenho que cumprir minha promessa, mas não posso permitir que aconteça alguma coisa a você.

— Eu não me importo — sua voz saiu ainda mais fraca — Não me importo com o que vai acontecer. Eu só… Eu só quero ficar com você. Mal tivemos tempo desde que você voltou quase morto daquela maldita missão e agora você me diz que vai ir embora e eu não posso ir junto?

— Não é tão simples assim, Liza. A questão é que não vou ficar tranquilo se você estiver comigo. Não vai ser igual ao acampamento. Monstros irão nos perseguir por toda parte, não teremos um lugar certo para dormir, não ficaremos seguros nem um único minuto. Acha que isso vai contar como um tempo só pra gente?

— Eu sei disso — sua voz já não estava tão fraca, mas o tom revelava que ela estava prestes a chorar. Ela também estava evitando olhar para mim — Eu sei que não vão ser férias, mas pelo menos vamos estar juntos. Terry, por favor.

— Não, não posso.

— Me deixa ir junto. Eu posso te ajudar.

— Liza, não.

— Por favor, Terry — ela implorou.

— Não Liza, você não vai! — disse mais alto do que pretendi

Arrependi-me automaticamente. O pior aconteceu. Liza finalmente deixou as lágrimas escorrerem pelo seu rosto, mas não ficou para que eu pudesse me desculpar por ter gritado. Ela saiu correndo, deixando lágrimas pelo caminho. Eu quis ir atrás dela, mas meu corpo parecia ser feito de chumbo, não saiu do lugar. Eu não conseguiria correr naquele estado e, mesmo que conseguisse, Liza não iria falar comigo. Amaldiçoei-me por ter gritado, amaldiçoei Chris pelo seu chamado de ajuda e por ter me deixado daquele jeito, amaldiçoei o assassino da filha de Afrodite pelo crime que cometera. No fundo eu sabia que aquela raiva não me levaria a nada, mas eu não me importava. Tudo que eu queria é que o assassino estivesse ali na minha frente para que eu pudesse descontar tudo nele. Ele era o culpado de tudo. Com a morte dele tudo aquilo estaria acabado. Não haveria mais promessa para cumprir ou brigas sem sentido com Liza. Eu ainda fugiria do acampamento, mas iria levar Liza comigo. Iria para qualquer lugar onde pudéssemos nos divertir. Onde tivéssemos um tempo só pra gente. Mas eu sabia que aquilo estava longe de acontecer. Primeiro de tudo eu deveria me recuperar e sair em busca do assassino. Sim, uma coisa de cada vez.

Já com os pensamentos em ordem voltei à enfermaria. Gina estava com olhos grudados em sua prancheta e escrevia furiosamente. Não notou a minha chegada. Por um momento eu apenas observei. Quando se tratava de trabalho sério ela nem sequer piscava. Por fim pigarreei uma vez para avisar que tinha chegado, mas não houve nem uma mudança em sua expressão, ela tão pouco parou de escrever. Pigarreei novamente, desta vez mais alto. Novamente ela não deu sinal de ter ouvido. Abri a boca para falar, mas ela saiu na frente.

— Está com algum problema na garganta?

— Não — respondi cauteloso. Ela deixou a ponta de um sorriso aparecer nos lábios. Só então percebi que se tratava de uma piada.

— Bom — ela disse — Uma coisa a menos para eu me preocupar.

— Só por curiosidade, o que é isso que está fazendo? — disse apontando para a prancheta.

Ela fez alguns rabiscos antes de virar a prancheta e me mostrar o trabalho. Uma folha inteira estava preenchida com um cronograma detalhado de toda minha “semana de recuperação”. Cada dia possuía uma série de exercícios diferentes e percebi poucos intervalos entre eles. A maioria dos exercícios eram coisas simples como caminhadas, levantamento de pesos leves, teste de coordenação, etc. Porém com o passar dos dias percebi que os exercícios ficavam mais complexos: flexões, abdominais, treino de esgrima, corrida. O plano de Gina não era apenas me deixar recuperado, mas também me fazer voltar a ficar em forma como antes ou até melhor.

— Muito engenhoso — comentei. Ela levantou uma sobrancelha.

— Sério mesmo? Sem reclamações dessa vez?

— Não, acho que tudo isso é necessário. Não vou reclamar.

— Ótimo. Porque nós vamos começar agora.

— O quê?

Ela segurou a prancheta com a outra mão revelando uma parte que estava escondida pelos seus dedos. Só havias duas coisas programadas para aquele dia: caminhada e teste físico.

— Bom eu já caminhei. O que exatamente é esse teste físico?

— Vou fazer alguns testes para ter certeza de que não preciso mudar seu cronograma. Você sabe, verificar a musculatura dos braços, que até agora não foram devidamente testadas, checar os ferimentos, ver como está depois da caminhada, etc — ela fez uma pausa — é claro, tudo isso só depois da caminhada.

Senti minha sobrancelha se erguer e não pude deixar de notar que estava começando a pegar alguns costumes de Gina.

— Eu já fiz a caminhada.

— Segundo seu cronograma — Gina disse apontando para a prancheta — sua caminhada só acaba daqui a meia hora.

Tentei discutir, mas ela foi irredutível. Então, praguejando, eu me pus a caminhar e a me torturar pensando em Liza.


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Notas finais do capítulo

E então galera, o que acharam?
Mais uma vez obrigado à vocês duas pelas ótimas recomendações.
Para os outros fantasmas que leem a fic e não dão sinal de vida, comentem aí embaixo o que estão achando :p (o titio Mello tá vendo vocês lerem e não comentarem :v que feio hein kkkk)
Desculpa gente, tenho que parar de virar a noite escrevendo, tô ficando mais maluco que o normal XD

Brincadeiras à parte, obrigado por lerem e até a próxima!

P.S: Titio o cacete! XD



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