– Pode. – disse com a voz trêmula.

– Quem é Patrick? – ele me olhou profundamente como se quisesse ouvir meus pensamentos.

– Éee.. – pausei.

– Tudo bem se não quiser responder. – ele falou se afastando de mim.

– Não, eu respondo. – disse baixinho. – Patrick foi um ex namorado meu. – disse segurando as lágrimas.

– E vocês terminaram há pouco tempo?

– Quase um ano.

– Hum..

– E você já namorou alguma vez? Porque eu duvido. – disse debochando dele.

– Já namorei, há alguns anos atrás.

– Quanto tempo? Já sei três semanas? – ele me olhou e sorriu debochado.

– Engraçadinha você. Durou um ano, mas não deu muito certo.

– E você gosta ainda dela? – ele me olhou e depois olhou para a janela da cozinha.

– Não mais. – sorri.

– E você ainda gosta do Patrick? – ele se aproximou de mim ficando encostado no balcão.

– As vezes eu acho que sim, mas vejo que não. – ele me olhou com uma cara confusa.

– Como assim?

– Josh , eu não me sinto a vontade de falar nisso agora.

– Tudo bem. – ele sorriu forçado.

A tarde se aproximou fazendo ficar sozinha. Peguei um pote de sorvete e me sentei no sofá para ver chaves. Ah fala serio, quem não gosta de chaves? Em meio a risadas recebo uma mensagem do Asher.

Estou te esperando na praça, você vem?

Respondi

Claro, daqui a pouco estou ai.

Não estava nem um pouco a fim de sair de casa, mas criei coragem, troquei de roupa e fui até a praça, como não ficava longe da minha casa fui a pé mesmo. Encontrei Asher sentando em um banco olhando para as pessoas.

– Oi. – disse tímida. – Asher me olhou e sorriu.

– Oi linda, que bom que você veio. – corei.

– Vamos andar?

– Claro. – sorri.

Durante o caminho conversamos muito sobre tudo, Asher era um cara muito atensioso e educado, não tentou se aproximar de mim de maneira alguma, apenas conversamos como amigos, mas eu tinha que saber se ele causava em mim aquilo que o Josh me causava. Asher me levou até o meu prédio e nos despedimos.

– Então, eu gostei muito do nosso passeio. Obrigado por ter me escutado a tarde toda.

– Que isso, sempre que precisar vou estar aqui para te escutar. – sorri.

– Obrigado Asher, você é diferente do que os outros falam.

– O povo mente muito. – rimos.

– Até amanhã, Isa. – ele se aproximou e me deu um beijo na bochecha. Ficamos nos olhando por uns segundos até que nos aproximamos e o beijo aconteceu. No começo eu estava um pouco insegura, ele era carinhoso e me envolvia com suas mãos fortes. Minha respiração estava acelerada, e a dele também. O beijo foi ficando mais lento e por fim terminou. Asher me olhou e abaixou a cabeça, sorrimos.

– Minha noite não poderia ser melhor. – sorriu.

– Até amanhã. – sorri.

Entrei dentro do elevador e me senti diferente, algo em mim pedia para me arriscar, mas meu coração não estava totalmente sarado, eu tinha medo de me entregar e acabar mais uma vez sendo magoada. Entrei em casa e tirei meu salto, me sentei no sofá e fiquei parada pensando no que acabou acontecendo quando Josh passa por mim.

Ele voltou para trás e me olhou por alguns segundos. Eu não conseguia desviar o meu olhar daqueles olhos lindos.

– Oi loira. – ele disse me olhando.

– Oi. – respondi tímida.

– O John disse que hoje a noite ele vai passar no hospital e pediu para te lembrar para não esquecer da tal da mina dele.

– Pode deixar vou falar com a Meg. – disse desviando a minha atenção dele para o meu celular.

– Ok, vou estudar um pouco. – ele saiu e eu respirei fundo.

Pensei em trilhões de coisas ao mesmo tempo, mas nada se comparava ao o que eu sentia apenas por olhar-lo. Josh despertava em mim algo que eu nem mesmo sabia, eu tentava o ignorar, mas quem disse que eu conseguia?

Passei pelo quarto dele e tive uma imensa vontade de espia-lo, a porta estava aberta e olhei rapidamente, ele estava rodeado em uma pilha de livros e estava muito concentrado na leitura. Será que ele não cansa de ser tão perfeito? Entrei dentro do meu quarto e fui tomar um banho, coloquei um short jeans, uma blusa soltinha e amarrei meu cabelo em um coque frocho. Peguei meu livro e fui ler na varanda, como estava um pouco friozinho levei um casaco. Puxei a cadeira e fiquei admirando a paisagem, algo naquela cidade me fascinava, não sabia o que era mais eu me sentia tão bem por estar ali. Folhei algumas páginas do meu livro predileto “orgulho e preconceito” quando estou quase no fim sinto uma mão no meu ombro, olho para cima e vejo Josh sorrindo. Ele se senta ao meu lado e fica em silencio. Ele me olha de canto do olho e abaixa a cabeça sorrindo.

– Sabe que quando me mudei para cá eu ficava todo dia admirando esta vista tão linda. – ele disse olhando para frente.

– Eu não tinha notado que a vista era tão perfeita. – ele me olhou e sorri.

– Desde pequeno eu queria ser astronauta, gosto do mistério que do espaço. – ele levantou a cabeça e ficou admirando o céu que estava estrelado.

– E porque não foi astronauta, poderia trabalhar na NASA. - ironizei.

– Porque meu pai me convenceu que ser médico era algo bom. Que ajudaria as pessoas e é uma profissão muito bem remunerada.

– Você acha isso? – ele me olhou e sorriu.

– Agora acho, só de ver o sorriso daqueles pequenos quando apareço, não tem preço. – ele sorriu.

– Sabe eu sempre quis ter meus pais comigo. Nem que fosse só por um dia, eu queria me sentir protegida por eles.

– E eles morreram?

– Em certa parte sim, minha mãe morreu quando eu era pequena e meu pai nunca apareceu então para mim ele esta morto.

– Você nunca tentou o achar?

– Não, pra que? Ele nunca me procurou, nunca quis saber de nós, então não quero saber dele também.

– Você foi criada pela sua avó, não é?

– Digamos que fui criada pela glória, minha empregada. Para mim ele é uma mãezona. Mas e você, nunca me falou de seus pais.

– Não vale a pena falar sobre eles.

– Porque não?

– Digamos que eles não são tão presentes assim na minha vida. – ele se virou para mim e ficou me encarando. Desviei meu olhar.

– Pelo menos você tem alguém que te ame, uma família, eu não posso dizer o mesmo. – ele me olhou e se aproximou de mim.

– Não fala assim Isa, você tem o seu irmão e tem a mim. – ele corou.

– Obrigado Josh. – disse timidamente.

– Apesar de não nos entendermos tão bem, como gostaria, somos meio que uma família.

– Uma família de três.

– Se quiser posso arrumar um cachorro para você, ai vão ser quatro. – sorri. – ele por um momento me olhou e seu olhar era tão doce e sincero que meu coração começou a saltar de dentro do meu peito.

Estávamos muito, mas muito perto. Seu rosto estava próximo ao meu, e aquelas sensações estranhas estavam mais vivas do que eu esperava. Não podia deixar que um beijo acontecesse, por mais que eu ansiasse por isso.

– Preciso ir no banheiro. – disse rapidamente me levantando e saindo da varanda.

Não podia deixar aquilo acontecer, não agora, não nesse momento. Corri para meu quarto e me deitei, acabei adormecendo e sonhando com o Josh.

No dia seguinte, só tínhamos aula meio período, e ainda tinha educação física, quer algo melhor? Acordei sorrindo, algo me dizia que aquele dia seria muito perfeito. Coloquei algo mais básico, uma caça jeans justa, uma blusinha branca, e um blazer rosa. Peguei minha bolsa preta e coloquei alguns acessórios e nos pés coloquei um coturno. Fiz uma make mais delineada e passei um batom mais claro.

Corri para meu closet e passei perfume, arrumei meu cabelo pela ultima vez e fui para sala esperar os meninos se arrumarem. Na cozinha fiz um misto quente e tomei um suco de pêssego. John apareceu na porta do apartamento, ele me cumprimentou e disse que estava podre de cansado. Tomei meu café pensando em como agir na frente do Asher, finjo que nada aconteceu? Ou converso com ele sobre a nossa ficada? Em meio aos meus pensamentos acabo despertando quando Josh aparece na cozinha. Olhei para ele e rapidamente abaixei minha cabeça mexendo meu café, ele passou por mim sem me dar ao menos um bom dia. Senti um arrepio percorrer o meu corpo e meu coração começou a saltar. Me levantei da bancada e coloquei minhas coisas na pia.

– Bom dia pra você também. – disse irônica.

– Só se for para você.

– Credo, mau humor logo cedo baby. – ironizei novamente.

– Só de olhar para sua cara.

– Ok, não vou mais dirigir a palavra a você seu grosso. – disse saindo irritada.

Peguei meus materiais e sai para esperar o ônibus mas no meio do caminho encontro Alex, ele estava tão perfeitamente encantador. Seus cabelos loiros estavam de lado e seu sorriso continuava impecável.

– Oi Isa, onde esta indo com tanta pressa?

– Estou atrasada para a escola, Josh não vai eu acho.

– Se quiser te dou carona, só vou pegar mais um capacete para você.

– Se não for incômodo para você.

– Claro que não linda, só me espera. – ele me entregou o seu capacete e mais alguns livros que ele carregava.

Saimos do prédio e montei na moto, confesso que não gostava muito de moto, mas como estava atrasada não tinha muita escolha. Preciso de um carro! Chegando à escola as meninas me olhavam muito e vi algumas com a mesma blusa que usei semana passada. Haahaa estou começando a ser popular! Me despedi do Alex que sempre era tão carinhoso comigo, vou ter que agradecer pelo o que ele fez por mim aquele dia. Passei pelos corredores e vi as meninas, Derick estava com elas e Shopie ainda continuava muito quieta perto dele.

– Bom diaa. – disse animada.

– Bom diaa Isa. – disseram todos num coro. Derick me deu um abraço e me beijou no rosto. Shopie me olhou seria.

– Meg, vamos sair hoje. Quero ir a em restaurante árabe muito bacana que vi no Shopping.

– Claro Isa, posso chamar a Kat? – cheque mate! Pensei.

– Obvio que sim. Quer ir junto Derick?

– Por mim eu topo.

– Que ótimo, então ás 21:00 horas pode ser? – eles responderam e o sinal soou. Encontrei Asher no corredor e sorri para ele que também retribuiu o sorriso.

Me sentei na mesa de costume e as meninas se sentaram na minha frente, Asher entrou na sala sem os meninos do time e se sentou ao meu lado.

– Bom dia Isa. – disse sorridente.

– Bom dia! – sorri.

A professora chegou e deu um jeito na bagunça que estava a sala de aula. Passou um trabalho em dupla e quando menos vi, Asher colou sua carteira com a minha e apenas sorriu. Não sei no que isso vai dar, mas até que estou gostando.

– Nem me perguntou se eu queria que você fosse a minha dupla.

– Eu sabia que você queria. – ele piscou para mim e eu sorri. - a professora começou a explicar o trabalho

– O trabalho é para vocês fazerem uma redação sobre algo que vocês não conheçam na sua dupla, é para semana que vem. Pode ser em forma de música, versos, teatro, ou até mesmo uma redação, o mais criativo ganhara um jantar em um restaurante chinês.

Depois do primeiro período veio a Educação física, o professor nos deixou livre, então nos sentamos na arquibancada e ficamos olhando os meninos jogarem futebol.

– Shopie vou buscar seu babador. – disse Meg.

– Para Meghan, eu só estou admirando a beleza dele.

– Você já pensou em chamar ele para sair? – disse animada.

– O certo não seria o homem a chamar para sair? - disse Meg confusa.

– Éee, mas no seu caso você vai chamar ele. – pulei da arquibancada e chamei Derick. Ele veio correndo até mim e disse que no final da aula queria falar com ele. Shopie era muito tímida, não chamaria ele, então eu daria um pequeno empurrãozinho. Voltei para a arquibancada.

– Isabella o que você disse a ele? – Shopie perguntou desesperada.

– Só disse que queria falar com ele. – fiz cara de inocente, sqn!

– Você esta aprontando gatinhaa. – disse Meg.

– Sempre. – pisquei para ela.

O sinal soou e fui na sala pegar meus materiais, encontrei Asher cantando algo, quando ele me viu parou e ficou me olhando.

– Oi. – disse tímido.

– O que você estava cantando?

– Um música ai. – disse guardando os cadernos. – Isa posso te perguntar uma coisa?

– Claro. – ele se aproximou de mim e ficou olhando nos meus olhos.

– Na verdade não é exatamente uma pergunta, mas eu quero que você saiba de uma coisa. Eu curti muito ontem ficar com você, e ao sair do seu prédio eu pensei, porque não a gente sei la, se curtir um pouco.

– Sem compromisso? – disse ainda desconfiada.

– É sem namoro, só ficar mesmo.

– Asher não sou esse tipo de menina que você sai pegando por ai.

– Eu sei que não é, você é uma mina muito especial. Não é fresca e nem vadia como umas por ai.

– Então porque você quer ficar comigo?

– Porque eu gosto de você, gosto do seu jeito, do seu cheiro, da sua risada, dos seus assuntos, e gostei muito do seu beijo. – ele sorriu e abaixou a cabeça.

– Não posso negar que gostei também de sair com você, mas não sei.

– Vamos tentar, se não der, não deu.

– Não quero ficar falada na escola.

– A gente pode ficar escondido, o que acha?

– Pode ser.

– Só por enquanto. – ele se aproximou e me pegou na cintura me dando um beijo.

Ficamos mais um tempo juntos até que Derick chegou e me chamou para a gente ir conversar. Nos sentamos em um banco perto de uma árvore.

– É o seguinte, eu conheço uma garota como eu já te disse que ta super a fim de você, só que ela é tímida e não vai chegar em você. Não vou falar o nome dela, só quero que você preste mais atenção nas meninas dessa escola e da uma chance para minha amiga.

– É eu já sei de quem você esta falando. – gelei nessa hora.

– Quem seria?

– A Shopie não é? – ele sorriu.

– Não posso falar juro, se não a garota me mata.

– Eu já via reparando nela a uns dias atrás, ela é uma garota incrível, gosto do jeito dela, mas ela nunca fala com ninguém a ser com vocês, como quer que eu a chame para sair?

– Te passo o número dela e vocês vão conversando por mensagens, o que acha?

– Por mim pode ser.

– Mas Derick, se você partir o coração dela, eu juro que te mato e ainda faço sushi do seu corpo!

– Não se preocupa Isa, não sou como o carinha que você esta ficando. – arregalei os olhos e ele riu.

– Eu vi vocês dois na sala.

– Por favor não conta nada para ninguém, só vou contar para as meninas e olhe lá.

– Pode deixar, não sou fofoqueiro, só se cuida minha linda, o Asher não é flor que se cheire. Ele mexe com coisas ruins.

– Não venha me dizer que ele é bruxo? – ironizei.

– Para de graça menina, to falando serio. Ele fica drogados nas festas, ele foi preso uma vez por drogas, mas logo os pais dele o soltaram.

– E quem garante que é verdade?

– Eu, eu era amigo dele. Depois que o cara traiu a nossa amizade, ficando com a minha ex namorada eu não confio mais nele. – minha boca abriu, será que é verdade?

– As pessoas mudam. – foi tudo que consegui dizer.

– Eu espero que o cara tenha mudado, ele é um bom amigo, só pisou feio na bola por causa das drogas, no dia que ele agarrou a minha ex namorada ele estava muito drogado.

– Mas ele pode ter mudado Derick. – disse um pouco triste.

– Espero que sim. – sorriu.

– Tenho que ir, mas fica combinado viu?

– Claro. – ele piscou para mim e eu sai caminhando.

Caminhei até minha casa e quando entrei no apartamento vi um sutian jogado no sofá, e ele não era meu. Fui caminhando e vi uma mulher na cozinha só de camisa, tomei um susto.

– Aiii, quem é você? – disse assuatada. A garota me olhou e fez cara de nojenta.

– Eu que pergunto, quem é você? – ela disse toda cheia de si. Josh aparece na cozinha só de toalha. Eu estava tão irritada que nem liguei para nada. Ele a abraçou por trás e a deu um beijo no pescoço.

– Josh Harris, manda essa garota embora agora! – gritei. – ele me olhou e deu um sorriso sínico.

– Saí você loira. – ele disse beijando a garota no pescoço, aquilo me deu tanta raiva, mas tanta raiva que peguei a garota pelos cabelos e abri a porta e toquei ela da minha casa, o que ele pensa que essa casa é? Um bordel? Josh me olhava com raiva, mas muita raiva, suas mãos estavam contraídas e seu rosto estava vermelho.

– Você é louca garota? Olha o que você fez com a Vanessa? – disse alterado.

– Ainda não estou, daqui a pouco é você quem sai desta casa. – ele se aproximou e ficou me encarando.

– Isso tudo é o que? Ciúmes ou inveja?

– Nenhum dos dois, prefiro que um carro passe por cima de mim a tocar você. Tenho nojo da sua cara! – gritei. – corri para o meu quarto.

Que raiva que eu estou sentindo desse garoto, como ele é duas cara, em um dia ele quase me beija e no outro ele se agarra com uma garota no meu apartamento!

Um sentimento estranho havia se formado dentro de mim e eu o já conhecia, o famoso desprezo. Peguei meu celular e disquei o número do John mas ele não atendeu, estava tão irritada que senti aquela vontade de me cortar. Uma vontade de chorar imensa invadiu meu coração e as lágrimas caíam sem parar. Como não tinha nada para me cortar, pois John avia tirando tudo que eu tinha como estiletes, giletes, fui até a cozinha e peguei uma faca que estava na pia, eu sabia que não era certo, e estava tentando lutar contra isso, mas não conseguia sozinha, era algo mais forte que eu mesma, aquele sentimento me dominava. Quando vi peguei a faca e fiquei a olhando, minhas lágrimas caíram sobre ela e a porta da sala se abre, vejo John, ele me olha e vem em minha direção, me abraçando.