– TODOS PARA O CARRO! AGORA! – berrei. Uma adolescente ruiva e descabelada desceu as escadas correndo, sua bolça voando atrás de si.

Segundos depois, um menino de onze anos apareceu nas escadas, andando calmamente e segurando a gaiola de sua coruja albina, Athena. Eu sempre sorria ao lembrar daquele nome. Por último, Scorpius apareceu trajando calças jeans negras e uma camisa social branca. Ele estava concentrado na tarefa de levitar os dois malões dos nossos filhos escada abaixo. Dei um sorrisinho.

Seis meses após o casamento, eu tinha começado a ter enjoos constantes e minha menstruação atrasou. O Malfoy quase teve um treco ao descobrir que eu estava grávida. No melhor dos sentidos, devo acrescentar.

Como Draco e Astoria haviam se mudado para sua casa de campo no mundo bruxo, eu e Scorpius assumimos a Mansão Malfoy. Já tinham se passado dezesseis anos desde o nascimento da nossa primeira filha, Eris.

Ela tinha puxado os meus cabelos, porém seus olhos eram acinzentados e tempestuosos como os do Malfoy. Nosso menino, Tristan, agora com onze, por outro lado, tinha os cabelos platinados dos Malfoy e olhos verdes iguais aos meus.

Parei de divagar quando Scorpius parou ao meu lado e passou o braço pela minha cintura.

– Vai ser a primeira vez em onze anos que ficamos sozinhos em casa. – ele sussurrou no pé do meu ouvido. Arrepios percorreram todo o meu corpo. Não importa quanto tempo passasse, os efeitos daquele homem em mim nunca mudavam.

– É mesmo. Bem que eu queria fazer uma faxina pesada na casa inteira. – comentei tentando ao máximo esconder um sorriso. Ele suspirou e deu um beijo na base do meu pescoço.

– Tem certeza que você quer fazer faxina? Creio que existam coisas mais interessantes para se fazer... A sós. – deixei o sorriso transparecer e ia responder, porém a voz de uma certa ruivinha irritada se fez ouvir.

– Parem de se agarrar e venham! Nós ainda estamos em casa! – Eris berrava. Scorpius sorriu e afastou-se de mim, indo deixar as malas das crianças no carro. Tranquei a porta de casa com um feitiço e entrei no banco do passageiro.

– Não esqueceram nada?

– Não. – duas vozes entediadas responderam. Seguimos para a King’s Cross.

***

Violet e Albus já estavam lá se despedindo de seus quatro filhos. Sim, QUATRO.

Os Potter’s são mesmo uns coelhos.

Os filhos mais velhos deles eram gêmeos idênticos. Jack e Carter tinham os cabelos negros de Albus e seu jeito matreiro, porém os olhos da loira. Como Erika, tinham dezesseis anos e começariam o sexto ano em Hogwarts naquele dia.

Logo em seguida, vinha Alyssa, uma loirinha de olhos verdes e porte miúdo, com quatorze anos. Ela era a melhor amiga da Eris e, provavelmente, minha sobrinha mais inteligente. A garota era um pequeno gênio.

Sophie foi a próxima a nascer. Puxou o pai em todas as características possíveis em uma menina. Sério. Era uma versão feminina do Albus, e isso provavelmente deixava todos os professores de Hogwarts de cabelo em pé. Estava com doze anos.

Abracei cada um deles, incluindo Violet e Albus. Scorpius fez o mesmo. Olhei para as seis crianças em nossa volta. Nossa família.

– Aprontem muito em Hogwarts, viu? Eris, aproveite o seu cargo de monitora pra fazer pegadinhas. E lembre-se, seja discreta. – virei-me para Tristan. – Aproveite bem, querido. Hogwarts provavelmente será a melhor coisa que acontecerá na sua vida. – ele pensou no que eu disse.

– Foi a sua? – perguntou. Pensei por um segundo. Várias lembranças vieram à minha mente. A primeira vez que entrei no trem, Scorpius aparecendo e falando timidamente, nossas infindáveis brigas, pegadinhas, festas e banquetes, as aulas, aquela biblioteca estupenda... Sem Hogwarts, eu nunca teria conhecido o homem da minha vida, nem minha melhor amiga. Claro, houveram momentos ruins, como o Resto de Aborto, eu não seria a Rose que sou hoje, casada com Scorpius Malfoy e deixando meus filhos na King’s Cross junto dos meus melhores amigos.

– Sim. Hogwarts foi a melhor coisa da minha vida, Tristan. Aproveite. – ele me abraçou e depois seguiu os primos para o trem.

Eris despediu-se de todos e seguiu o resto da cambada até o Expresso.

– Eles cresceram tão rápido... – Violet comentou. Scorpius abraçou minha cintura por trás e, assim, assistimos enquanto o Expresso de Hogwarts partia para a Escola.

– Agora vamos para casa? – Scorpius sussurrou.

~*~

Como Tristan ainda não tinha ido para Hogwarts, não possuía uma Casa, por isso decidimos ficar num vagão neutro.

Opa, esqueci de me apresentar. Sou a Erika Malfoy, mas você provavelmente morrerá se me chamar assim. Eris está bom. Sou uma Slytherin filha de Rose e Scorpius Malfoy. Tenho dezesseis. Estou indo para o sexto ano de Hogwarts e sou uma monitora. Acho que não tenho mais nada a acrescentar.

Jack e Carter, meus melhores amigos, sentaram-se um em cada lado meu como sempre. Ambos eram da Slytherin, como eu, então, basicamente, nunca nos separávamos. Aly também era uma Cobra e Sophie, uma águia.

Tristan, como citado antes, não tinha uma Casa ainda.

O trem deu partida e começamos a conversar, porém paramos de repente quando um garoto abriu a porta da cabine. Ele tinha cabelos da cor de chocolate amargo (bem escuros) pele pálida e olhos verdes. Lembrava-me vagamente de outra pessoa.

– Eu queria ver se vocês tem espaço pra mais um... Não fui escolhido para nenhuma casa ainda e as outras cabines estão vazias... – ele viu que os bancos estavam cheios, mas Sophie, caridosa como sempre, espremeu Tristan e Alyssa e abriu espaço para mais um no banco.

– Sente-se. – ela disse em tom doce. Ele colocou sua mala no suporte.

– Qual o seu nome? – questionei.

– Logan Zabini. – meu sangue gelou. Zabini. Ele deveria ser o famoso irmão mais novo de Christopher Zabini, o ser mais idiota, insuportável e imbecil do univers. E filho de Nicholas Zabini. Mamãe havia me contado sobre ele e... Meu Merlin. Deixei minha coluna ereta e projetei minha voz mais fria:

– Dê o fora da minha cabine. Agora. E aproveite para mandar o seu irmão se foder.