Me surpreendi ao receber uma ligação no dia seguinte do meu primeiro candidato a marido.

Acabei marcando pro mesmo dia numa lanchonete já que era sábado marquei o encontro para umas duas da tarde. Duas horas depois outro cara me ligou. Bom, possivelmente estava tudo indo bem.

Fui até a tal cafeteria, em busca de Max, ele disse que tinha cabelos brilhantes e olhos claros e disse que estaria de terno preto. Claro que me animei até ver a pessoa. Na verdade o cabelo “brilhante” de Max era oleoso mesmo e havia crostas de caspa por todo o cabelo dele, o mais engraçado (ou nojento) era que o terno dele estava coberto de caspas também. Os olhos claros não era mentira.

–Olá Mimi- disse estendendo a mão para mim, apertei e me sentei do lado dele no balcão.

–Olá Max, então vamos direto ao assunto você tem quantos anos? Mora sozinho?

–Então, tenho apenax 25 aninhox- ele cuspia enquanto falava, eu queria correr- Moro mais ou menos sozinho. Moro na garagem da minha casa. É um espaço legal, você vai curtir.

–Você mora em uma garagem? – arqueei as sobrancelhas.

–Sim, olha Mimi tenho cartão alimentação ilimitado gata podemox comer um monte de coisax, fome você não passa comigo.- Disse ele piscando e me tratei de levantar logo pois meu rosto já estava com cuspe suficiente .Não pedi os antecedentes afinal Max não deveria nem ter passado na sala de diretoria a vida toda.

–Bom Max, foi um prazer conhecer você. Qualquer coisa entrarei em contato.

–Tudo bem Mimi, até logo.

Apertamos as mãos e sai dali rapidamente.

Umas três horas depois me encontrei com o segundo candidato, Anthony era meio espanhol e se achava o último feijãozinho de todos os sabores do pacote.

–Bom dia! –falei animada afinal Anthony era um homem capa de revista.

–Claro que é um bom dia, você está comigo – revirei os olhos.

–Afinal Anthony, trouxe os antecedentes?

–Trouxe sim gata.

Dei uma olhada: briga em bar, preso por dirigir alcoolizado, preso por bater em uma namorada.

–Sem chance, como quer casar comigo se você bate em mulheres?- louco de pedra.

–Isso é light minha linda, ela que me provocou nesse dia- revirei os olhos.

–Com licença vou embora- peguei minha bolsa do balcão e fui me levantando sem antes é claro ele pegar minha mão, beijá-la e dizer que eu era “muy hermosa”.

Liguei para Gina e pedi para ela aparecer no meu apartamento pra dormir lá em casa. Ficamos conversando um tempo e decidi contar para ela o que eu havia feito.

–Não acredito que você fez isso !- ela gritou.

–O que achou? – perguntei ainda assustada com a reação dela.

–Que você enlouqueceu de vez, oras! Deixa eu ler pelo ou menos.

Ela leu, com cara de chocada.

–Nada mal. Você pode ser muito inteligente Hermione porém já pensou que pode ser algum assassino a te responder?

–Tenho uma varinha Gina, e sei usá-la.

–Alguém já te ligou?

Contei pra ela os detalhes nojentos de Max e da audácia de Anthony e depois fui pro banho até ser interrompida por ela que entrou dizendo que estava no telefone.

–Amiga, um candidato o que eu falo?- ela disse afastando o celular da boca.

–Diz que já achei meu príncipe- disse revirando os olhos e fechando a cortina.

– Hã... Escute... Você se importa de responder algumas perguntas antes de marcarmos a entrevista pessoalmente? Só para garantir que nenhum de nós vai perder tempo - ela propôs, se passando por mim.

–Gina , o que está fazendo?

–Te arranjando um marido.

–Sua louca.

–Estou sentindo algo de bom nesse cara.

–Certo - continuou ela. - Você mora sozinho? Ótimo. É fã de algum filme ou

série ? Ah, trabalha demais e não tem muito tempo para isso... - ela enfiou a

cabeça dentro do boxe por um pequeno vão e piscou sorridente. - Você tem algum

tipo de problema de pele, como caspa ou... Sim, eu seu que boa aparência não é um requisito mas higiene é essencial. Pode me encontrar amanhã de noite?

–Não vou a lugar algum- cantarolei.

–Ok, ás sete da noite então.

–Porque fez isso, e o papo de que poderia ser um assassino?

–Esse não é esquisito, vai lá dar uma olhadinha pelo ou menos.Vai por mim, estou tendo aquele pressentimento.

–Nossa! Aquele pressentimento... para tudo!- debochei.

–Tive o pressentimento com Harry, e veja só, estamos ótimos. Não enrola. Você vai encontrar ele e está acabado.

–Não vou não !- gritei.

Mas eu fui.

Não que eu tivesse interessada em encontrar ele, mas fui praticamente obrigada a ir, quando Gina sumiu com minha chave da moto e disse que se eu não fosse ela ia jogar na privada. Diante disso claro que fiz a vontade dela. Iria encontrar o Sr. M , pelo ou menos foi assim que ele se identificou para Gina.

–Ele disse que estaria de terno e com um jornal nas mãos- Ficamos espiando pelo vidro escuro do Café, tentando identificar o Sr. M- É o Malfoy !- ela exclamou- Nossa ele está um tesão.

–Ah não ! – reclamei- Ele não.

Draco observava o movimento no café, totalmente entediado.

–Não posso falar com ele, do jeito que ele é vai espalhar pelo mundo bruxo que estou tentando passar por cima do testamento.

–Não vai! Se não porque ele estaria aqui? Ele não sabe que você é a Mimi. Ham... Amiga não se mexe, tem uma borboleta no seu ombro.

Gritei- Tira! Tira!

Ela abanou as mãos e a borboleta saiu voando.

–Está vendo um sinal de boa sorte! Borboletas são um bom sinal até no mundo da magia. Agora vai lá- ela me deu um empurrão nas costas.

Revirei os olhos.

–Passando o tempo livre?- perguntei meio nervosa.

–Eu...estou só estou esperando uma pessoa.

–Hum...e ela te deu um bolo? – não resistia em irritá-lo.

–Porque não sai daqui? Não quero que ela me veja com você. Vai procurar alguma coisa mais interessante pra fazer- disse com uma fúria no olhar.

Tive que admitir Draco ficava lindo de qualquer jeito, sorrindo, nervoso, irritado, cansado, entediado, tanto faz.

–Já vou, mas antes quero saber se trouxe seus antecedentes criminais.

Tive o prazer de ver o rosto dele numa completa confusão.

–Você é a Mimi ! Então é verdade, você vai burlar o testamento de Dumbledore...

–Brilhante dedução, aliás como está sabendo do testamento?

–Apareceu no Profeta Diário, não anda lendo o jornal que você trabalha?- me sentei em frente a ele arqueando a sobrancelha.

–Bom, e porque você está aqui Malfoy?

–Pela mesma razão que você.

–Você também precisa se casar pra receber uma herança?

–Não me irrita, por favor - ele respirou fundo- Preciso de uma esposa.

O observei por um tempo, Draco era um homem que fazia e faz Gina e Nicole e outras mulheres suspirarem, mas não a mim é óbvio, não caio nos encantos baratos daqueles olhos cinzas lindos e agressivos. O corpo que era magricela agora estava forte, porém o problema era que Draco é um tremendo arrogante e preconceituoso.

Porém ele estava ali na minha frente procurando uma esposa de aluguel.

–Bom parece que você não quer se casar, mas precisa. Assim como eu... E posso saber o por quê?

–Motivos profissionais, meus funcionários não me respeitam muito devido ao fato de eu ser solteiro. Não me levam muito a sério porque cada dia me encontram com uma pessoa diferente. Algumas empresas que fazem joias como a minha estão concorrendo por um contrato com uma empresa nos Estados Unidos. Mas todos sabem que os homens casados e de família tem mais vantagem. Quero igualar minhas chances.

–Compreendo.

–Bom Hermione, já se divertiu muito agora vou embora.

–Como você é estressado Sr. M- Debochei.

Ele estava se levantando.

–Achei que fosse encontrar uma mulher hoje e não você. Achei que conversaríamos como adultos.

Eu sou uma adulta- afirmei.

–Podemos discutir isso então?

–Claro- revirei os olhos, mania chata a minha.

–Primeiro acho que é uma boa oportunidade pra nós. Ganho o contrato e você seu dinheiro. Todos ganham Granger.

–Voltei pro Granger ? Esquece. Bom, e você não deve dizer uma palavra a ninguém.

–Óbvio que não. Você precisa de um marido por um ano e eu não mais que isso. Depois disso nos divorciamos e fica tudo certo.

–Só eu tenho que parecer casada. Convencer a todos. Ou seja, morar no mesmo teto, andar de mãos dadas e garanto que morar com você não será tipo um acampamento de verão. Aliás, sou uma “sangue-ruim” esqueceu?

–Sei que não será fácil, porém promete fazer o que estiver no meu alcance para que seja confortável esse ano. E não importo mais com isso de sangue-ruim e sangue-puro. Não toque nesse assunto, por favor.

–Tudo bem, saiba que estou surpresa com as mudanças.

Estranhamente entre os doidos que entrevistei Draco era o que me assustava mais.

–Você mora sozinho, imagino.

–Claro. O apartamento é meu. É de tamanho médio, um ótimo bairro.

–E onde eu ficaria se me casasse com você?

–Obviamente morando comigo. No seu quarto... tudo bem não vou mentir- Ai meu Merlin acho que ele vai dizer que quer que eu durma com ele, ele queria meu corpo nu, constatei - Não está muito bonito o quarto mas farei uma reforma.

Sacudi a cabeça pra afastar os pensamentos. Por que pensei que Draco tivesse segundas intenções comigo?

–Não percebe como seria ótimo? Temos a desculpa perfeita, ex- inimigos, ex- comensal namorando uma nascida trouxa, nos apaixonamos após a guerra e resolvemos casar semanas depois. Vamos virar os queridinhos do mundo bruxo.

Ele falando assim, parecia tudo mais fácil.

–E você já não gosta não é? – ele revirou os olhos.

–Só pra deixar claro, o casamento seria apenas no papel. Sem se meter na vida do outro. Seríamos como colegas de casa em Hogwarts.

–Não se preocupa, entendi o recado do anúncio, não quero prazer sexual nessa relação. Além de que você não é o meu tipo- ele sorriu.

–Que ótimo- minha autoestima já estava no chão- você também não faz meu tipo sabia? Esses seus comentários são muito inconvenientes.

–Desculpe, vou tentar me controlar - disse suspirando e passando a mão no cabelo. Aquele gesto simples me fez experimentar uma sensação estranha. Como se eu estivesse dentro de um comercial de perfume caro e Draco fosse o protagonista.E eu assistia tudo de camarote.

Ele em seguida tiraria a blusa e borrifaria o perfume em seu peito liso, uma névoa envolveria sua pele e...

–Vou fazer o possível pra nossa convivência ser agradável. E você?

–Eu o que?- tirei os olhos do corpo dele me concentrando em seu rosto.

–Não está me ouvindo?

–Estou sim- falei ficando um pouco corada.

–E então, o que faremos?

–Draco, ainda estou pensando. Você é o último homem que imaginei encontrar aqui. Não sei o que é pior isso ou a miséria- percebi que fui um pouco rude demais.

–Fico lisonjeado- ele riu- Mas minha principal prioridade é o futuro da empresa posso viver com você por um ano pra conseguir o que quero.

–Quanto ao pagamento...

–Não quero nenhum pagamento. Faremos uma troca de favores. Tenho meu próprio dinheiro e pode guardar o seu- respondeu seco.

–Bom, então é isso... Vamos nos casar.

–Sim, nós vamos.

Ele sorriu estendendo a mão para mim. Apertei a mão dele. Afinal nosso acordo estava fechado.