Ouvi meu celular tocar e atendi, era minha mãe avisando que veio me buscar, ela não queria ficar em casa esperando.

– Ah Jack, já está tarde - Falei olhando pro relógio. - E eu ainda preciso jantar...

– Pode ir então, tchau Anny!

Eu me levantei e fui até a porta.

– Tchau. - Sorri.

Passei por todos aqueles corredores sombrios novamente, que desta vez estavam mais escuros. Fui até o elevador e apertei o botão, ele rangia um pouco, engraçado, aquele hospital parecia um tanto ''velho'' para ser tão bom, mas realmente os pacientes parecem ser bem atendidos aqui.

As portas do elevador se abriram e eu entrei, fiquei analisando aquele lugar, às vezes é bem interessante ficar observando as coisas.

Novamente, vi a secretária e entreguei á ela meu cartão de visitante.

– Obrigada. - A mulher murmurou para mim.

– Ahn? De nada.

Continuei andando e fui para a rua, vi um táxi, e vários carros, menos o de minha mãe. Decidi ligar pra ela, vai que um louco vem correndo e me sequestra, sei lá, nunca fiquei parada no meio do escuro e sozinha.

– Mãe! Cade você? - Eu falei pelo celular.

– Tô aqui na esquina faz vinte minutos!

– Waaaaah! Desculpa!! - Eu me assustei, mas eu fiz ela esperar e nem fui procurar ela! Eu sou muito avoada...

Fui correndo á esquina e não achei o carro dela, então eu fui pra outra esquina, encontrei o carro dela e entrei na hora.

– Meu Deus! Eu fui na outra esquina, e fiquei parada vinte minutos no escuro!

Minha mãe começou a rir.

– Sua distraída!

Eu ri também, e ela começou outro assunto.

– Ei, o Jack estava bem?

– Você já me perguntou isso mãe. Sim, ele está bem, o Jack vai voltar depois de amanhã para casa dele.

– Aaaah que bom! Já me respondeu duas perguntas.

Depois disso o carro entrou em silêncio, eu e minha mãe nos damos bem, mas nunca temos assuntos para falar, com certeza, se ela se importasse mais, poderia me perguntar se tem algum problema... Mas será que estou fazendo errado? Talvez eu que tenha que pedir ''ajuda''.

– Mãe.

– Oi filha?

– Eu estou com problemas na escola...

– O que?! - Ela se assustou. - Que tipo de problema?

– Estão espalhando boatos falsos sobre mim, que eu bati em minha amiga, Mindy.

– Mas... A Mindy sabe disso certo? Ela é sua amiga não é? Se ela é sua amiga ela poderia dizer que isso não aconteceu.

– Isso que está me incomodando. Ela tem incerteza sobre tirar esses boatos sobre mim.

– Talvez as pessoas estão preocupadas com ela e tratando ela bem.

Concordei com a cabeça para ela e virei meus olhares para a rua em movimento, fiquei pensativa, realmente, a Mindy está muito estranha, se ela não quer me ajudar, eu mesma vou descobrir quem fez isto comigo! Minha amigas e Jack também vão me ajudar, eu não preciso me preocupar com nada.

(...)

De manhã do outro dia, hum... É hoje que Jack saí do hospital não? Eu não quero ir ao colégio hoje. Mas eu preciso... Espera! Eu acho que eu iria resolver os boatos neste dia, mas talvez, amanhã seja melhor, Jack estará comigo. Vou ver que horas são... Oito horas?! Minha mãe e meu despertador nem vieram me acordar, putz... Bem, eu não quero ir pra escola mesmo...

Eu voltei a dormir, daqui um tempo minha mãe veio e começou a me chacoalhar.

– Filha!!! Eu não te acordei! Meu pai do céu!! Acorda!

– Mãe, já são... - Olhei no celular e voltei a falar. - Dez horas! Eu não vou ir pra escola mais.

– Ué. - Ela começou a falar pausadamente. - Mas, hoje não tinha prova?

– Que?! - Eu gritei e pulei da cama. - Como assim!?

– Eu só estava perguntando, não era uma afirmação. - Ela falou em tom de risada.

– Aaaahn, não, eu acho.

– Bem, se você perder alguma prova, é culpa sua!

– M-Mas... Mãe! Não é culpa minha que o despertador não tocou!

– Humph! - Ela ficou sem argumentos, e então ficou brava. - Tanto faz!

Eu comecei a rir.

– Não ria de mim! Ah... De qualquer jeito, alguém ligou aqui pra casa e não consegui atender.

– Hum? Alguém... Só pode ser o Jack.

Peguei o celular e liguei pra Jack.

– Alô?

– Oi, Jack. Você ligou aqui pra casa?

– Aaaahn, não.

– Ué, que estranho. Bem, tchau. - Eu ia desligar e pensei um pouco. - Jack, você saiu do hospital hoje, né?

– Sim, eu sai, você pode me visitar se quiser... Tchau. - Ele desligou.

Quem podia ser? Não era Jack, isso eu já sei. Talvez... Ayumi? Não! Ela é um tanto certinha pra ligar para alguém assim de manhã, acho que está um pouco óbvio, uma pessoa doida ligaria a esta hora, Emily!

Procurei ela pelos meus contatos, e não achei ninguém. Ah é! Eu ainda não tenho o número dela... Desci correndo as escadas e cheguei ao telefone fixo da casa, procurei no histórico o número de quem devia ter ligado... Pera, porque eu não fiz isso antes de ligar para Jack? Aaaah, sou uma idiota. Achei o número no histórico de ligações perdidas.

– Oiee! Quem tá falando? Aqui é a Emily!

– Oi Emily - Hehe... Como pensei. - Você ligou para mim né?

– Aaaah! Esta voz! ''Ois'' Anny!! Liguei sim!

– Por que você ligou? E por que você ligou de manhã? Não foi pra aula?

– Faltei a aula porque tinha excursão! Excursão no museu, a excursão no parquinho foi mais legal que essa.

– Teve excursão?! Ah, e você não me respondeu, por que você ligou?

– Hum... Eu tava sem fazer nada, daí eu pensei: ''Por que não ligar pra minha nova amiga?!'' Só que tu não atendeu né! Então eu fui brincar com minha irmãzinha! Sabia que ela tem uma coleção de doces? É uma pena que seja de brinquedo...

Eu comecei a rir, a Emily ficava empolgada por qualquer coisa.

– Ah que legal! ...A excursão era de que matéria?

– De Ciências! Mas eu acho que não era importante, sabe, a professora de ciências é chata, ela não ensina direito. Ela disse que lá não poderiamos comer, então eu nem quis ir!

– Realmente, eu já sou boa em ciências, então está tudo bem, tchau Emily!

– Aaaah não! Eu vou ficar no tédio denovo! - Emily reclamou.

– Eu vou dormir! To com preguiça de acordar direito.

– Ah é mesmo! Obrigada por me dar uma idéia! Eu amo dormir! Boa noite, quer dizer, boa manhã!

Desliguei o telefone e fui até minha mãe, que estava na cozinha comendo café da manhã.

– Descobri quem era. - Eu sorri para ela e peguei um pão que ela tinha feito.

– Era quem? Uma amiga sua?

– Sim, acertou, era a Emily.

– Teve prova?

– Não, era só uma excursão de ciências... Eu bem que poderia ter ido, mas agora já era.

Ficamos em silêncio por um tempo e minha mãe começou a falar denovo.

– Aaaah! Por que você não convida uma das suas amigas para cá, qualquer dia desses? - Ela sorriu.

– Verdade, poderia ser muito legal! Uma festa do pijama, talvez.

– Sim! Eu vou sair sexta, se você quiser chamá-los.

– Tudo bem! - Eu sorri para ela. - Acho que vou voltar a dormir mãe.

– Ah, pode ir.

Eu subi as escadas e voltei a dormir até que chegasse meio-dia.