POV – Katniss

— Mãe, eu não quero ir! – Gritei fazendo bico e batendo o pé no chão.

— Você não tem que querer nada aqui Katniss, você vai e pronto! – Minha mãe, Effie Trinket Everdeen falou em um tom de voz duro.

— Mãe, olha... – Falei calmamente. – Estamos no meio do ano letivo, sabe como é entrar em uma escola nova no meio do ano?

— Não, mas você irá descobrir... Aí me diz como é.

— Mãe!

— Não Katniss, nós vamos nos mudar e pronto!

— Droga! – Bufei irritada e saí pisando forte. Subi as escadas e assim que entrei no meu quarto eu bati a porta.

— Se você quebrar a porta descontarei da sua mesada! – Minha mãe gritou lá de baixo e eu me joguei na cama. Como ela podia fazer isso comigo? Separar-me de todos os meus amigos? Mudar-nos pra uma cidade onde não conhecemos ninguém? Ela deve me odiar muito...

***

Duas semanas depois...

— Pegou tudo? Não esqueceu nada? – minha perguntou enquanto saíamos de casa.

— Esqueci. – Falei soltando uma caixa no chão. – Minha vida! Meus amigos!

— Sem drama Katniss... Agora pegue essa caixa e coloque na pick-up.

— Mãe, por favor. Você não vê que está acabando com a minha vida?

— Katniss, você fará amigos novos e recomeçará sua vida. Isso não é ótimo?

— Não, isso é horrível! Estou num pesadelo! – Gritei histérica fazendo drama e minha mãe apenas revirou os olhos.

— Estou esperando na pick-up, quando resolver crescer me avise para podermos partir. – Ela falou e entrou na Hillux que era do meu pai. Depois de alguns minutos percebi que minha mãe não mudaria de idéia, e a única coisa que eu poderia fazer era aceitar a situação. Guardei a caixa na traseira e depois entrei, minha mãe me olhou sorridente, mas eu apenas bufei e coloquei os fones de ouvido, liguei nas minhas músicas “retrô” favoritas e me permiti dormir a viagem inteira.

***

— Caramba mãe, essa casa é enorme! – Falei assim que entramos na nossa casa nova.

— Eu sabia que ia gostar. – ela falou orgulhosa e depois sorriu. – Seu quarto é subindo as escadas, no fim do corredor do lado esquerdo.

Larguei as coisas no chão da sala e subi as escadas correndo, segui o caminho que mãe disse e assim que cheguei abri a porta. Uou! Esse quarto é meu? Ele era enorme, com paredes mescladas em verde claro e branco. Um closet do tamanho de um caminhão, uma grande janela de vidro com um pequeno sofá em baixo, cortinas verdes num tom mais escuro que as paredes, uma cama enorme de casal, escrivaninha enorme com várias gavetas, uma penteadeira perfeita com um espelho enorme e uma parede inteira de prateleiras para os meus livros. Era simplesmente perfeito.

— Mãe! Eu te amo! – Gritei lá de cima me jogando na cama. Ela nada respondeu, mas conhecendo Effie Everdeen como conheço, diria que ela está sorrindo com um ar de vitoriosa, afinal, ela ganhou... Na verdade me ganhou!

Passamos o fim de semana inteiro colocando as coisas no lugar, distribui meus pertences no closet, arrumei meus livros na estante, e depois ajudei minha mãe com o resto da casa. Demorou um pouco pra tudo ficar conforme queríamos, afinal a casa era enorme, até mesmo, que duas pessoas não precisam de tudo isso, mas minha mãe é do tipo de pessoa que gosta de aproveitar ao máximo a pensão “obesa” que meu pai nos deixou antes de falecer, e ainda tinha o salário da minha mãe, que convenhamos, não era pouco. Então onde iríamos gastar todo esse dinheiro? Nada mais justo do que aproveitá-lo da melhor forma possível, ostentando. Vocês devem estar achando que sou uma patricinha, daquelas esnobes e tudo mais, mas, não sou. Sou bem humilde até – palavras da minha mãe e dos meus amigos.

— Filha... Filha acorda. – Minha mãe chamou puxando o edredom de cima da minha cabeça.

— Mais cinco minutos mãe...

— Você que sabe... Quer chegar atrasada no seu primeiro dia de aula? – No mesmo instante eu pulei da cama e olhei a hora no meu celular.

— Caramba mãe! Porque não me chamou antes? – Gritei indo até o banheiro do meu quarto, ela apenas riu.

— O café da manhã já está na mesa. – Ela disse saindo do quarto.

— Valeu mãe! – Gritei e fui correndo tirar meu pijama pra entrar no banho, vinte e cinco minutos depois e eu já estava pronta – ou quase. – Só falta arrumar o cabelo mãe! – Gritei do quarto.

— Vai logo! – Ela gritou, provavelmente da sala de jantar. Terminei de arrumar meu cabelo, passei perfume, coloquei meus acessórios e desci pra tomar café. – Nossa filha... Você sabe que está indo pro colégio não é?

— Mãe, tenho que causar uma boa impressão. – Falei me sentando á mesa. – Já ouviu falar que a primeira impressão é a que conta? – Falei enquanto mastigava uma torrada e minha mãe fez cara de nojo.

— Comendo desse jeito, não vai causar boa impressão não. – Ela disse em tom de repúdio e eu ri.

— Eu também te amo mãe. – Falei e mandei um beijinho no ar.

***

— Ai meu Deus, mãe! Eu não vou, estou passando mal. – Falei olhando aquele enorme colégio com vários adolescentes na frente. – Vai, dá meia volta e me leva pra casa.

— Nem pensar... Uma Everdeen nunca se deixa abalar. Agora vá e faça amigos!

— Mãe...

— Nem mãe, nem mãezinha... Desça agora ou eu mesma te tiro deste carro. – Fiz um biquinho e cruzei os braços. – Agora Katniss Everdeen! – Ela gritou e eu bufei, peguei minha bolsa e desci do carro.

— Eu te odeio. – Sussurrei antes de fechar a porta.

— Não odeia não... Você me ama. – Ela sorriu e depois arrancou com o carro.

Suspirei fundo, arrumei o cabelo, ajeitei a roupa e comecei a andar em direção á porta principal do colégio, que olhando bem, estava muito longe daqui. Eu teria que passar por esse mar de alunos antes de chegar lá. Tomara que eu chegue viva! Fui desviando de um, esbarrando em outro, pedindo licença e desculpa até que consegui chegar á porta de entrada, a minha missão agora era passar por esse corredor amarrotado de alunos e chegar á secretaria.

— Por favor, pode me dizer onde fica a secretaria? – perguntei á uma garota ruiva de olhos verdes que estava perto de mim.

— Claro! Vamos, eu te levo lá. – ela falou com um sorriso nos lábios e me puxou pela mão. Depois de esbarrar em mais algumas pessoas, pedir licença e desculpa, chegamos á bendita secretaria. – É aqui. – Ela sorriu. – Prazer, meu nome é Annie. Annie Cresta.

— Obrigada Annie, meu nome é Katniss Everdeen. – Sorri.

— Agente se vê Katniss. – ela disse e saiu.

***

Isso é ótimo, chegar atrasada logo na primeira aula! Mas também aquela lerda daquela secretária demorou dois anos pra encontrar o papel com os meus horários, e agora quem paga o mico sou eu, droga!

— Dá licença! – Falei da porta da sala, o professor estava explicando alguma coisa.

— Pois não? – Ele parou o que fazia e me olhou, lógico que a sala inteira olhou também, minhas bochechas com certeza estavam mais vermelhas que o cabelo da garota de hoje mais cedo.

— Hãn... Sou aluna nova e estava na secretaria e... Posso entrar?

— Claro... Tem um lugar aqui na frente. – Ele disse apontando pra uma carteira vazia. Entrei na sala, entreguei um papel pro professor e em seguida me sentei e ele continuou a aula.

Quarenta e cinco minutos depois o sinal para término da aula soou e agora eu teria aula de Química, minha matéria preferida – Só que não né? Fala sério! Odeio química! Fui andando e procurando a sala de química até que encontrei, e assim que entrei uma cabeleira ruiva me chamou atenção.

— Oi de novo! – ela disse sorrindo e vindo pra perto de mim.

— Oi. – Falei sem graça.

— Vem cá, senta comigo. – Ela falou me puxando pelo braço até as duas carteiras vazias do canto, perto da janela. Ficamos conversando até a professora chegar e posso dizer que viramos grandes amigas, Annie era uma garota doce, de estatura mediana, com longos cabelos vermelhos e grandes olhos verdes, pele clara e algumas sardas perto do nariz. Ela tinha um estilo parecido com o meu, nada extravagante e nem simples demais, como diz minha mãe: Na medida certa! Logo que o primeiro período das aulas acabou nós fomos até o pátio, era hora do intervalo, Annie me apresentou á algumas garotas, que dizia serem suas amigas. Johanna Mason tinha um estilo mais descolado, jeans rasgados, camiseta de banda e tênis. Tinha cabelos lisos e castanhos, pele branca, olhos castanhos e era alta. Clove Furman era baixinha, pele clara, cabelos pretos e posso dizer que tinha estilo, a garota tinha o meu estilo. Já Madge Underse parecia uma boneca, era tímida, meiga e fofa, cabelos lisos e loiros que desciam até a cintura e tinha leves cachos nas pontas, tinha pele clara e olhos azuis, não era muito alta e seu estilo era fofo, com saias de cores claras e blusinhas combinando, fala tão baixo que quase não se podia ouvir. E também tinha Delly Chay, a garota tinha cabelos loiros escorridos que iam até o meio das costas, tinha olhos castanhos e pele clara, seu estilo também era meio fofo, mas não tão fofo quanto o da Madge, e ela também era uma tagarela, como essa garota falava, mas era simpática. Pelo tempo que conversamos descobri que Annie, Madge e Clove tinham namorado, Delly e Johanna diziam que não queriam se apegar a ninguém por agora, então eu estava no mesmo time que elas, o das solteiras.