Trois Vierges escrita por Primadonna


Capítulo 1
I: The Lonely Queen


Notas iniciais do capítulo

HEY MEU POVO O/
Tudo bem com vocês? Espero que sim.
Bem, nesse primeiro capítulo, conto a história de uma rainha gélida, que mora entre as montanhas nevadas. Acho que já sabemos quem é, sim?
Não fiz uma revisão clara antes de postar. Perdoem-me os erros!
Espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/558699/chapter/1

— Nós não vamos conseguir fazer isso — ela dizia calma, quando, na verdade gostaria de gritar.

— Eu sei que não… Mas precisamos — ele respondeu, também querendo deixar o assunto e lado.

— É por Freljord, certo? Nós temos que fazer tudo por Freljord, por nosso povo — a rainha gélida tentou convencer a si mesma, mas ela mesma sabia que parecia uma tola balbuciando tais palavras.

— Então... Você quer começar pelo beijo?

(...)

— Eu declaro a reunião encerrada — Tryndamere levantou-se de seu trono, mal humorado, e foi até a mesa no canto servir-se com uma bebida especial que seu amigo Braum havia trazido de Pitlover. Não conseguia mais pensar em maneiras de defender ataques noturnos que vinham acontecendo durante as últimas semanas. Queria descobrir primeiro quem estava fazendo aquilo, mas os outros discordavam.

Os conselheiros começaram a murmurar palavras de reprovação e também levantaram-se de suas cadeiras. No entanto, Ashe continuou ali, coçando o queixo fino enquanto pensava em toda a conversa. Antes de saírem do salão, os doze conselheiros do reino de Freljord conversaram. A Rainha do Gelo observava os homenzinhos curiosa, mas não tinha intenção alguma de querer saber do assunto.

Por fim, um conselheiro mais íntimo, Hazael, permaneceu enquanto o resto deixou o salão. Ele andou nervoso até a rainha freljordiana, com o livro tremendo debaixo do braço. Sentia-se menos intimidado quando se dirigia a mulher de cabelos brancos e olhos da cor do gelo.

— A-alteza — começou, com um pouco de medo. Tryndamere, que já estava encerrando seu segundo copo, reabasteceu o mesmo e foi para mais perto. — As pessoas estão começando a se perguntar… N-não só aqui em nosso reino, é claro, m-mas… Eles querem saber quando Freljord terá um herdeiro — o homem disse a última frase com pressa. Mal piscou quando sentiu o olhar do rei ao seu lado pesar em si, porém, continuou encarando a rainha.

Por mais gélida que fosse, Ashe abriu um sorriso caloroso. A pequena mulher com vestes prateadas e azuis levantou-se de sua cadeira e desceu os pequenos degraus, indo até Hazael.

— Meu querido, não precisa temer uma pergunta — ela disse, com o hálito gelado deixando o ar branco. — É claro que estão se perguntando. Eu estou casada com o rei bárbaro desde que eu tinha dezesseis. Agora tenho vinte e quatro anos. É muito tempo, não acha? — Ashe disse, sem fazer questão de mencionar o nome de Tryndamere.

O casamento deles era mais frio que a própria neve. Os dois mal se davam bom dia e só tinham diálogos quando o assunto era a guerra ou o reino. Não tinham o prazer de contar como foi o dia um para o outro ou dizer algo engraçado. Sequer dividiam a cama, já que, todas as noites, o rei ia dormir no quarto de visitas.

“Quando você ficar velha não irá precisar se preocupar com o cabelo grisalho” dissera Tryndamere em seu casamento. Aquela foi a única vez que o rei conseguiu fazer a rainha sorrir.

Era um casamento forçado, por razões políticas. Eles não haviam criado laços ou sentimentos. Não havia nada além de intenções com Freljord.

— Isso não é da conta de ninguém, é? — Tryndamere cuspiu.

— É claro que é — Ashe fechou o sorriso, encarando o marido. — Freljord está em nossas mãos e nós estamos responsáveis por cada morador das montanhas do gelo. Combatemos o mesmo inimigo e eles fazem de tudo por nós, e se por ventura acabarmos morrendo algum dia, quem irá comandar? Acho que Sejuani não seria uma boa rainha.

— Você sabe que eu so…

— A sua imortalidade não dura para sempre, bárbaro — Ashe impediu as palavras do rei. As discussões estavam ficando cada vez mais constantes. Por alguma razão, a rainha estava começando a se impor mais. Não se importava em ser rude com alguém que não possuía sequer intimidade.

Do outro lado da história, Hazael queria fugir dali. Estava presenciando a briga de duas pessoas extremamente poderosas, e que ele conhecia bem. Sabia que em qualquer surto, eles poderiam acabar se matando. Porém, ele não poderia sair dali sem uma reposta. Sabia que os seus colegas estariam esperando do lado de fora do castelo por uma explicação.

— Nós não temos pressa — Ashe voltou-se para o conselheiro, com os olhos mais duros do que antes. — Nós ainda temos muito tempo para planejar isso, sem contar que estamos ocupados cuidando dos ataques, certo?

Hazael assentiu com a cabeça. Fez uma reverência aos dois reis e saiu.

(...)

O décimo terceiro ataque havia ocorrido. Como se a falta de atitude dos reis diante de tal situação já não fosse um enorme motivo para a população ficar com a fúria correndo nas órbitas oculares, a cidade estava começando a ruir. Uma última reunião do conselho foi feita e o dito era simples: ou fariam algo ou seriam cassados.

O rei bárbaro cortou a política educada de sua esposa que desconsiderava a violência rude e convocou seu general. As Tropas do Gelo estavam entrando em preparo e eles iriam sair pela floresta fria no dia seguinte. Acordos estavam sendo assinados e declarações escritas. Tudo deveria ser registrado e assinado pelo representante do reino.

Ashe já estava acostumada com as saídas de Tryndamere, algumas durando semanas. Ele não avisava para onde ia, mas, por algum motivo, deixava claro por meio de sinais de que estava vivo. Particularmente, Ashe sentia-se segura com aquilo. Mas, daquela vez, foi diferente.

— Não há previsão de volta. Não é apenas uma pescaria com Braum — Tryndamere falou, saindo da sombra da biblioteca que Ashe encontrava-se concentrada na janela. Assustou-se com a voz e virou-se para Tryndamere. Ela fez uma cara feia, voltando o olhar para a neve que caía do lado de fora. — Eu sei que isso não é o que você aprova, mas é o que deveríamos ter feito há séculos. Eu tenho quase certeza que o que está acontecendo vai muito além de Sejuani. E você pensa o mesmo.

— Eu não penso nada — ela retrucou.

— Você não tem dezesseis anos mais, Ashe — ele pronunciou seu nome com certo desconforto. — Já amadureceu o suficiente para pensar além do que a sua realidade proporciona. Acabaram com o seu clã e com o meu. E nós fomos escolhidos para vingar todos que morreram diante de nosso lar. — Tryndamere disse, se aproximando mais.

Ashe olhou-o novamente. Os cabelos negros estavam caídos pelas costas do rei de uma forma rebelde, enquanto os olhos verdes e a expressão permaneciam gélidos. Ela era uma pequena figura branca ao lado do corpo musculoso levemente bronzeado. Opostos perfeitos.

— Não é a melhor opção.

— Mas é a menos pior, na merda situação em que nos encontramos.

— Eu só... Não queria ter que resolver assim — ela disse, olhando para fora mais uma vez.

— Você vai ficar sozinha por muito tempo. Não posso assegurar que é uma viagem de ida e volta. Muitas pessoas se machucarão. Você precisa governar Freljord bem, pensar além das palavras.

— Eu irei.

— Você tem que me prometer.

— Eu prometo — ela disse, voltando os olhos mais azuis que o normal para ele.

— Caso algo aconteça...

— Você é imortal.

— A minha imortalidade não dura para sempre — ele proferiu as palavras dela, que pareceram cortar a face. Ele apenas deu as costas, saindo da sala com apenas uma certeza: aquela era a conversa mais amigável que já tivera com a mulher que dividia o banheiro.

(...)

Freljord estava segura. Uma fortaleza estava sendo construída com toda a ajuda possível da rainha enquanto a população se sentia mais tranquilizada com o número zero de ataques. No entanto, preocupados com o sumiço do rei e de todas as tropas. Antes, Anivia sempre voava por cima da cidade, deixando alguma mensagem no castelo. Agora, nem mesmo ela parecia ter esperanças. Nunu e seu Yeti também estavam na expedição. Não havia muita informação para se obter.

Ashe havia enviado uma mensagem para as cidades que caíam pela montanha para ficarem alertas e manterem segurança. Andava como louca pelo castelo e pelas colinas com Hazael ao seu lado, mas havia algo que intrigava-a acima de tudo: o silêncio do marido. Odiava admitir que, no fundo, se importava com o homem mais rude que já conhecera. Odiava admitir acima de tudo que sentia falta de rebaixá-lo e discutir. Sentia falta até mesmo de senti-lo saindo da cama durante a noite.

A cada dia que se passava, ela sentia como se nunca mais fosse realmente vê-lo. Não apenas ele, como também Nunu e Braum. Eram boas pessoas, sem contar com os soldados. Ah, era difícil ver homens com tanto respeito por uma mulher no comando. Ela já havia recrutado alguns jovens que haviam se voluntariado para a armada de Freljord. Conseguira manter tudo em equilíbrio.

Foi depois de meses que uma parte da tropa voltou para Freljord. Ashe não hesitou em ir ao encontro de cada um dos soldados ensanguentados. Abrigou-os e deu tudo o que precisariam para se recuperar. Muitos homens haviam se perdido no caminho, para sempre. Felizmente, a maioria conseguiu se salvar. Ninguém sabia dizer aonde estava a outra tropa, mas o soldado encarregado pela tropa presente assegurava que eles voltariam. E que Tryndamere estaria junto.

A onda de alívio não durara, uma vez que ele demorou mais do que o esperado. E, quando voltou, voltou quase morto. Cortes profundos estavam espalhados por todo o seu corpo, todas as suas armas danificadas e ainda assim, um sorriso vitorioso nos dentes sujos — não era fácil escová-los no meio do mato congelo.

Para contrariar, Ashe estava em de passagem em uma aldeia próxima, verificando as questões de segurança. Ficara satisfeita por realizar um bom trabalho, já que estava tudo em perfeitas condições. Voltou dois dias depois que ouviu a notícia de que Tryndamere havia voltado.

Assim que pisou no castelo, tropeçando em sua túnica vermelha, Ashe andou firmemente até seu quarto, ignorando mil papéis que Hazael lia desnorteadamente atrás de si. Bateu a porta de seu quarto na cara do pobre conselheiro, que percebeu o incômodo. Virou lentamente, fitando o corpo que presenciava a sua cama.

Com faixas nos braços e pernas e mercúrio em seus ferimentos mais leves. Os olhos roxeados estavam fechados e a respiração pesada. Ela viu o capacete destruído em cima da mesa de canto e a espada partida ao meio. Aquelas figuras estavam em constraste violento com a aparência branca do quarto. Deu a volta e sentou-se de lado e direção oposta de Tryndamere.

— Aí está você — a voz de Tryndamere sussurrou.

— E você também.

— Era ela — ele tossiu, abrindo os olhos com certa dificuldade. — A Figura Negra. Eu descobri quem é.

— Acho qu...

— Não. Eu consegui feri-lo. Minha espada... Ela se quebrou após ser cravada no corpo dele. Ele não vai voltar tão cedo — tossiu novamente. — Nós temos que resolver os...

— Tryndamere, apenas cale a boca e descanse. Sua voz mal se pronuncia, e você quer falar de problemas? Não se preocupe. Eu cumpri a minha promessa.

— É, foi o que disseram — ele disse, sorrindo. Um silêncio desconfortável ao extremo permaneceu e Tryndamere pigarreou. — Eu conheci um garoto na floresta. Ele disse que era da sua antiga aldeia. Os pais dele levaram-no para a casa de uns velhos parentes que vivem perto de um lago. Mandou dizer obrigado pelo que você fez.

Ashe baixou o olhar. Sabia que algumas pessoas haviam saído vivas da destruíção de seu clã, só nunca havia conhecido alguém.

— Eu quero conhecê-lo — ela disse.

— Ah, você vai adorá-lo. Ele é uma criança chata pra caralho, assim como você — o rei bárbaro riu fracamente e Ashe tentou comprimir os lábios para não sorrir, mas a tentativa foi em vão. — Deve ser coisa da tribo de vocês.

— É, pode ser — ela disse.

— Isso me fez lembrar de uma coisa... Há algum tempo, quando Hazael falou conosco...

— Tryndamere...

— Ashe — ele cortou-a, tossindo mais um pouco. — Eu não tenho mínima intimidade com você. Não se sinta ofendida, mas se eu tivesse opção, não me casaria nunca. Mas eu pensei muito em você, longe daqui. Eu me perguntava se estava tudo bem — ele falou, sentindo que a coragem que tinha em seus momentos de batalha finalmente estavam tomando partido em outra situação.

— Eu... meio que senti a sua falta também — murmurou.

— Mas eu sempre quis ter alguém do meu lado. Um irmão, alguém que tivesse um pouco do meu sangue. Mas eu nunca vou ter essa oportunidade — ele se concentrava para não cair no sono. — Mas, ensinar alguém a lutar, a governar, a ser honesto e bravo... Me parece melhor que isso. Sangue do meu sangue. Um filho. E Freljord também precisa.

Ashe não disse nada. Apenas encarou-o, sentindo a respiração acelerar de forma frenética. Era como se a rainha gélida estivesse derretendo lenta e dolorosamente. Tryndamere gostaria de buscar por Zilean e fazer com que ele voltasse no tempo para calar a boca. É por isso que eu prefiro espadas a mulheres, pensou.

— Eu... Eu não me vejo assim. Não me vejo nas condições de segurar alguém no ventre e criar. Não consigo imaginar um mundo limpo para mais uma criança. Você sabe o que aconteceria se algo acontecesse à ela? — Ashe disse, por fim.

— Não importa. Você não precisa fazer nada. Seria minha criança também. E eles estão cobrando isso de nós.

— Nós não vamos conseguir fazer isso — ela dizia calma, quando, na verdade gostaria de gritar.

— Eu sei que não… Mas precisamos de qualquer forma — ele respondeu, também querendo deixar o assunto e lado.

— É por Freljord, certo? Nós temos que fazer tudo por Freljord, por nosso povo — a rainha gélida tentou convencer a si mesma, mas ela mesma sabia que parecia uma tola balbuciando tais palavras. — Eu... Eu acho que somos capazes de criar laços, não somos? Afinal... Estamos casados meio que pra sempre.

— Então... Você quer começar pelo beijo? — Ele riu, sentindo os olhos ficarem pesados.

— Só quando seus lábios se curarem — ela sorriu, e deitou-se ao lado do marido. Ele fechou os olhos, sorrindo e se derramando em mais um sono.

Indecisa com a escolha, insegura com o que poderia acontecer. Com medo. No fundo, era apenas uma menina medrosa. Sempre fora sozinha. Era uma rainha solitária, sem família e poucos amigos. Dividia a cama com um estranho, e apesar de querer estapear a face dele e discordando de suas ordens, até que gostava da presença dele.

No entanto, teria muitos desafios por vir. Não sabia mais lidar com pessoas, não sabia sentir direito. E ainda, escondia um segredo que pensava que nunca iria abrir mão. A sua virgindade. Aquilo definitivamente era uma das razões que mais fazia com que ela recuasse quando a questão era relacionamentos. Lembrava-se da voz de sua mãe falando sobre homens e coisas do tipo. Não demorou para que ela também fechasse os olhos diante de seus devaneios. Tudo fazia parte do progresso.

Aquela fora a primeira noite que dormiram juntos. E fora uma das melhores noites de sono para ambos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

OLÁ, INTERNET! Como eu havia dito: sem revisão. Desculpem se houve algum erro ortográfico, me avisem se tiver algum.
Bem, espero que tenham gostado. Foi uma história MUITO difícil que escrevi. Realmente apanhei pra escrever essa coisinha.
Se tiver reviews, continuarei. Lembrem-se que os reviews movem os escritores u_u
Até o próximo, que eu prometo que será melhor rs o/
P.S.: Se alguém quiser dar uma jogada, adicionem lá: Leviosa