POV Katrina

E eles chegaram. Estava na hora de agir como uma perfeita dama. Das duas limusines saíram quatro rapazes e quatro garotas. Seus olhos brilhavam de encanto. Havia um tapete vermelho para que eles o seguissem e fossem em direção a seus quartos. Óbvio que reparei em todos. Duas meninas loiras, uma morena de cabelos pretos e uma de cabelos avermelhados. Não ruivo como o de minha mãe, mas com uma tintura grotesca. Elas foram à frente dos rapazes e seguiram seu caminho. Todas de cabeça baixa, apenas a morena levantou o olhar a meu irmão, que estava em toda sua glória de nariz empinado, mas logo depois o baixou novamente. Já os rapazes me chamaram mais a atenção, claro. Três deles eu não lembrei o nome, apenas a fotografia. Mas o outro seria impossível de se esquecer. Brutus Normandiz. Ele fazia jus ao nome. Era loiro, alto e muito forte. Talvez até mais que meu irmão. Ele sorria abertamente para os fotógrafos, até que ele olhou para mim. Nossos olhares se encontraram por um instante e ele piscou para mim. Fiquei em choque com sua coragem, mas tentei não aparentar. Ele passou junto com os outros e desapareceu pelo corredor. Respirei fundo e continuei a olhar para frente. Senti uma mão afagar a minha e notei que era a de minha mãe. Ela se aproximou de minha orelha.

– Relaxe um pouco. Você está muito tensa, e é notável.

– Não consigo, mamãe. – rebati.

– Se você está assim imagine eles. Talvez isso a ajude. – disse e voltou a sua posição.

Mas foi impossível. Em todas às vezes, duas limusines chegavam juntas. Notei que apenas as primeiras meninas eram tímidas, pois as outras sorriam e falavam com os fotógrafos, inclusive algumas até cumprimentavam meu irmão, ao qual ele as respondia com um simples bom dia e um sorriso. Os garotos continuavam a sorrir abertamente para os fotógrafos e para mim. Assim como meu irmão, também fui cumprimentada algumas vezes. Inclusive, notei que algumas das garotas que falavam com meu irmão o faziam se iluminar um pouco mais. Uma garota com os cabelos coloridos disse um bom dia divertido ao meu irmão. Ele sorriu mais que o normal e respondeu da mesma maneira. Eu reconheci quase todos, não seus nomes, apenas da foto da ficha de inscrição. E então veio ele. Niall Honson. Ele era alguém notável, seria impossível eu não vê-lo. Ele era um pouco baixo comparado aos outros selecionados, seu cabelo era um loiro tom mel um pouco cacheado assim como o de meu irmão, seu tom era de um braço meio avermelhado e ele parecia bem despojado. Porém, ficou o tempo todo olhando para baixo, timidamente, e completamente corado. Eu até ousava dizer que ele estava com vergonha. Quando ele começou a passar, vários fotógrafos se direcionaram a ele. Ele escondeu um pouco o rosto virando-o de lado e apressou o passo. A pessoa mais conhecida por mim acabara de “fugir” de sua entrada triunfal. Maravilha.

Após tantas limusines, finalmente vieram às últimas. Porém, desta vez desceram apenas duas pessoas. E como não saber sobre elas. Meus primos. Eles chegaram em toda sua glória. Mackenzie, que estava mais bonita do que antes, estava com um vestido dourado que realçava seu cabelo alaranjado. Ela foi primeiro e me irritei um pouco a notar sua postura, como se ela já tivesse ganhado. Madison foi logo atrás. Ele estava mais alto do que aparentava na foto, e mais bonito também. Seus cabelos negros caíam-lhe bem, ele estava extremamente corado, o que me surpreendeu. Ele trajava uma calça jeans colada escura, uma blusa branca e uma jaqueta de couro por cima da blusa. Ele andou timidamente pelo tapete, com as mãos nos bolsos do casaco e sempre olhando para baixo. Assim que tudo havia acabado, deixamos os fotógrafos tirarem mais algumas fotos de nós, nos despedimos e retiramo-nos. Andei ao lado de meu irmão, quem realmente me entendia agora. No meio do caminho, nossos pais pararam abruptamente e se viraram para nós.

– Recomendo vocês passarem o dia em seu quarto. Podem dar de encontro com qualquer selecionado se saírem. – avisou meu pai.

– Podemos pelo menos ficarmos juntos? – perguntei. Ele assentiu com a cabeça e olhei sorrindo para Ethan.

– Tudo bem, pai. Passaremos o dia no quarto de Katrina. – assegurou Ethan.

Nossos pais concordaram sorrindo e continuaram sua caminhada. Na frente de meu quarto, eu abri a porta, mas Ethan disse que logo iria, pois ele precisava pegar uma muda de roupa. Assenti e entrei em meu quarto. Aguardei alguns minutos e ele logo entrou. Bufamos ao mesmo tempo e rimos logo depois.

– Que droga. – ele disse, ainda rindo.

– Eu sei! Parece que todos já sabem quem escolheremos.

– Exatamente! Você viu? Algumas meninas passaram como se elas fossem a rainha! – disse ele rindo mais ainda.

– O que tem a rainha? – disse Malcolm, adentrando em meu quarto sem permissão.

– A maneira com que algumas meninas passaram. – disse.

– Olha, só sei que vocês terão muito trabalho pela frente. – disse ele, fazendo-nos rir novamente.

– Posso me juntar à festa? – disse Amberly, que colocara sua cabeça para dentro do meu quarto.

– Claro fofa! Vem aqui. – disse chamando-a com meus braços. Ela sorriu, entrou no quarto e pulou ao me abraçar.

– Sei não, maninha. Mas vamos falar de coisa de gente grande, de adultos. Não sei se é bom você ficar aqui. – disse Malcolm presunçosamente.

– Olha quem fala! O adolescente cheio de espinhas da família. – disse Ethan.

– Hey! Você ainda tem espinhas, não venha falar de mim. – defendeu-se Malcolm.

Todos rimos exageradamente. Amberly ficou vermelha de tanto que riu. E rimos mais ainda dela. Passamos a tarde conversando coisas sem sentindo algum e rindo na maior parte do tempo. Certa hora da noite, nosso jantar veio até nós por minhas criadas e comemos ali mesmo, em meu quarto. A certo ponto da noite, decidimos fazer uma grande noite do pijama e dormirmos todos ali. Malcolm foi para seu quarto tomar banho e Amberly fez o mesmo. Ethan tomou banho no meio banheiro mesmo. Durante seu banho, eu arrumei o meu quarto para a noite. Eu possuía vários colchões em meu quarto, então meus irmãos apenas precisariam trazer seus travesseiros. Retirei a roupa de Ethan do chão e assustei-me ao notar uma pasta junto com as peças. Toquei-a e notei que era a sua pasta de selecionadas. Deixei a pasta e as roupas em minha escrivaninha e fui terminar a arrumação. Logo Ethan saiu do banho e foi minha vez. Levei meu pijama para lá mesmo e entrei no chuveiro. Tomei um rápido banho frio. Ao sair do banheiro, Malcolm e Amberly já estavam lá. Ela pulava em cima dos colchões enquanto os meninos riam dela. Eu corri em direção a eles e pulei em cima dos dois.

– Não riam de minha irmãzinha! – eu disse.

– Rimos sim. E você também vai rir. – disse Ethan. Nesse momento, ele começou a fazer cócegas em mim. Juro que se houvesse alguém do lado de fora de meu quarto já estariam imaginando que eu estava sendo torturada.

Depois de mais algumas brincadeiras acabamos todos cansados e dormimos. Eu abraçada a Amberly e os meninos um de pé ao outro. Dormi tranquilamente até certa hora da manhã. Levantei-me com cuidado para não acordar Amberly e fui até o relógio. Três horas da manhã. Eu não queria voltar a dormir, já tinha acordado e já estava enérgica, então decidi ir até o jardim. Saí de meu quarto cautelosamente. Andei pelo corredor rapidamente e antes que eu pudesse notar já estava pisando na grama verdinha do jardim. Respirei um pouco daquele ar puro. Nem notei quando alguém se aproximou de mim e tocou em meu ombro. Levei o maior susto e até pulei um pouco para frente. Ao me virar, dei de cara com um dos selecionados. Não, não, isso não podia estar acontecendo, é contra as regras! Mas eu não poderia sair correndo dali, então deixei que se seguisse. Por conta da luminosidade do local, eu não havia visto o rosto da pessoa, mas agora eu compreendi quem era.

– Boa noite, Vossa Alteza, ou devo dizer bom dia? – perguntou-me o moreno em minha frente.

– Boa noite. – lhe respondi.

– Se não for incômodo, poderia me dizer a razão de Vossa Alteza estar no jardim às três horas da manhã, apenas de pijama? – disse ele dando uma rápida olhada em meu vestuário. Corei instantaneamente.

– Bem, eu apenas tive vontade de respirar um pouco de ar fresco. E o senhor? – perguntei-lhe, fazendo rir. – O quê? Contei-lhe alguma piada?

– Não. Só lhe peço para não me chamar de senhor, como sei que fará com os outros. Não tenho escalão e muito menos idade para ser chamado de senhor.

– E como deseja que eu o chame?

– Apenas de Madison. – ele respondeu.

– Tudo bem, Madison. – disse enfatizando seu nome. – Agora com licença, mas eu devo voltar a meu quarto. Boa noite. – eu disse e virei as costas.

Comecei a andar vagarosamente até ouvir sua voz novamente.

– Boa noite, minha bela Alteza. – disse ele.

Desatei a correr até meu quarto, com um sorriso bobo nos lábios.