POV Mary

Por que diabos eu estava no terceiro andar? Ah, claro, porque Gabe colocou em minha cabeça que agi mal com Ethan naquele dia no hospital e me obrigou a me desculpar com ele. Como se eu fosse fazer isso. Decido voltar a meu quarto, afinal, de que adiantaria eu me desculpar? Já cheguei a conclusão que Ethan é muito orgulhoso e no mínimo ficará se gabando se eu me desculpar. Paro, giro meus pés e começo a caminhar de volta a meu quarto. Mas sou interrompida. Ethan abra a porta de um quarto e sai de lá bufando, caminhando em minha direção. Assim que finalmente me nota, para, e seus nervos parecem saltar de sua testa.

– Mary? O que está fazendo aqui?

– Ah, eu? Nada, já estou voltando para meu quarto.

– Aqui é uma área proibida para as selecionadas, como chegou aqui?

– Ah, você não vai querer saber não é mesmo? Como já disse, não se importa comigo e pode me mandar embora a qualquer momento - joguei suas próprias palavras contra ele. Ponto!

Ele bufa e se aproxima de mim.

– Não seja insolente, Mary. Estou muito carregado e não gostaria que eu despejasse isso em você.

– Eu? Insolente? - carreguei minha fala com ironia, o que pareceu deixá-lo mais estressado.

– Mary! - bate o pé no chão. Crianção...

– Ei, pare! Por que você está assim? Essa sua bipolaridade vai matar todas nós algum dia - debochei.

– Ah se você soubesse, não zombaria de mim.

– Primeiro, não estou zombando, e segundo, sou toda ouvidos - sorri.

Ele pareceu pensar por alguns segundos se valia ou não me conta suas angústias. Mas como eu já disse, quero ajudar o país e talvez começando pelo príncipe seja uma boa ideia. Então, finalmente decidido, pega em minha mão e me leva até seu quarto. Me sento em um sofá e ele se senta de frente a mim.

– Pode começar - insisto.

Então ele me conta tudo. Sobre o que ele considera traição do irmão, o silêncio estúpido da irmã e do que ele pretendia fazer. Mas também me conta sobre o que isso ocasionaria e me dá um contemplo de toda a guerra familiar que se seguiria. Me levanto e começo a andar pelo quarto. Ethan já está mais calmo e sei que agora me ouvirá. Fico em frente a sua estante de livros e noto que ele espera por meu veredito.

– Bem... Realmente isso é algo muito complicado. Mas vamos analisar um pouquinho - me viro a ele - Você não ama seu irmão? Seu pai? Sua mãe?

– Sim, amo do fundo da minha alma todos eles.

– E acha que a destruição que causará ao seu irmão fará bem aos seus pais?

– Bem eu...

– E não acha que o remorso que sentirá por seu irmão pela guerra de seus pais não acabará o matando?

Ele fica pensativo. Acho que finalmente consegui fazê-lo ver com mais clareza. Volto ao lugar que estava sentada e olho para ele.

– Você acha que tudo isso valerá a pena? Tanta ruína e tantos danos valerão a pena apenas para você ter a sua vingança sobre seu irmão?

Ele me olha e finalmente entende o que quero dizer.

– Você ama essa garota? Você ama a garota que seu irmão ama?

– Não - diz simplesmente.

– Então por que não os deixa em paz? Vocês são irmãos! Perdoe-o, deixe-o seguir com a vida dele! Ele não está fazendo nenhum mal a você, está?

Ethan me olha profundamente, concordando com minhas palavras. Relaxo ao sentir a sensação de dever comprido. Ethan se move e se senta ao meu lado, e antes que eu me dê conta, ele me beija.

POV Katrina

Saio de meu quarto louca atrás de Malcolm. Oh céus, o quanto temo por ele. Vou ao seu quarto e o encontro lá, com ela.

– Você é louco de trazê-la aqui?!?

– Quem irá descobrir? - diz ela.

– Malcolm, Ethan sabe sobre vocês - digo por fim.

Os dois se olham e se levantam, assustados com a realidade e amedrontados por si próprios.

– Por que contou a ele? - Malcolm grita comigo enquanto abraça a garota ao seu lado.

– Ele me pressionou! Eu não tive saída e mesmo quando tentei mentir ele me pressionou!

Malcolm beijou a menina sem cerimônias, pareciam estar se despedindo.

– Vá para seu quarto, depois falo com você.

Ela assentiu e saiu do quarto.

– Como você pode? - dirigiu-se a mim, completamente enraivecido.

– Malcolm eu já disse, não tive escolha!

– Você devia ter omitido, você me prometeu que não contaria a ele!

– Eu disse que não contaria se você se enxergasse e parasse com isso, e óbvio que isso não aconteceu!

– E o que eu devo fazer agora? Fugir? Me esconder?

– O melhor que você tem a fazer é ir falar com Ethan. Tente convencê-lo de que você não o causou danos, que vai parar.

– Mas eu não vou parar, não vou! - diz irritado, jogando um livro que estava sob a mesa com toda a força no chão.

– Não posso fazer mais nada por você irmão. Eu te alertei, eu tentei te esconder, eu te dei tempo para parar. Mas você não quis - me aproximei dele e beijei o topo de sua testa - Descanse e pense no que você vai dizer para Ethan, só não faça mais besteira.

Saí de seu quarto e voltei para o meu. Por que tudo tem que ser tão difícil? Por que não podemos parar de sentir rancor e perdoarmos uns aos outros? Troco minhas roupas por um pijama e deito na cama. Ainda está cedo, mas meu corpo diz que eu já deveria estar dormindo. E pensando em tudo que pode acontecer daqui pra frente, adormeço.

POV America

Estou tocando piano em meu quarto quando escuto a porta bater. Olho pra trás e me deparo com Maxon tirando seu casaco e se servindo de uma dose de whisky. Paro de tocar e vou até ele.

– Chegou cedo hoje - comento tocando em seus ombros.

– É, deixei tudo nas mãos de Carter. Estou cansado demais - diz, tomando mais um gole da bebida amarelada.

– Cansado você sempre está, agora deixar seu serviço nas mãos de outro é novidade - o puxo até o sofá e nos sentamos - Me conte, o que foi?

– Realmente nada de demais querida. Só estou pensando demais ultimamente, e isso tem me deixado acabado em minutos.

– Então me conte - me aproximo e toco em seu peitoral - o que passado nessa sua cabecinha?

Ele me envolve com o braço e me puxa mais para perto.

– Ah, a Seleção, nossos filhos, a guerra, você - me espanto, de leve, mas me espanto.

– Eu? Por que eu te preocupa?

– Você passa os dias sozinha, nossos filhos estão envoltos demais em suas vidas para ficarem conosco. às vezes me preocupo com sua sanidade mental.

– Opa - digo me afastando um pouco dele - está me chamando de louca?

– E quem não é louco hoje em dia? - respondi com um sorriso.

Reviro os olhos e assim que vou me aproximar de Maxon novamente, ouvimos a porta sendo aberta.

– Pai, preciso falar com você antes que alguém o faça - diz Malcolm, com uma voz um pouco preocupada e vejo que sua face está avermelhada.

– Pois bem filho, diga - diz Maxon, na total tranquilidade.

– Eu meio que estou com uma selecionada - diz Malcolm, envergonhado de suas palavras.

– Como assim estou? - pergunta Maxon.

– De uma maneira... Amorosa.

Sinto o peito de Maxon descer e subir mais rapidamente e antes que ele possa dizer alguma coisa, Ethan entra no quarto.