Anna Prior - Em Busca de um Passado Esquecido escrita por Isa Medeiros


Capítulo 13
Capítulo 12 - A verdade sem camadas de desvios que a escondessem


Notas iniciais do capítulo

Oieeeee
Então, estou aqui um pouquinho mais tarde do que o normal, mas espero que gostem do capítulo!!!
Queria agradecer muito (de novo) a quem está lendo, comentando ou acompanhando a fic, e até mesmo aos fantasminhas, que estão só lendo: adoro todos os que tiram cinco minutos do seu dia pra ler o que eu escrevo!!!
E Boa Leitura!



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– Maravilhoso – respondi sorridente, soltando um suspiro demorado. FZ retribuiu o meu sorriso com um maior ainda depois da minha resposta para a sua pergunta “O que você achou?”.

Eu podia sentir o balanço do trem sob os meus pés assim como os seus braços quentes me abraçando pelas costas. Podia lembrar-me de cada detalhe daquele beijo simplesmente...Nosso.

O que eu posso dizer? Pra começar foi muito melhor do que da última vez, apesar disso acho que agente podia melhorar um pouquinho mais. Mas, naquele momento eu estava feliz e realizada pelo simples fato de que o nosso beijo não fora um completo desastre.

O lado bom foi que eu não beijei o nariz de FZ juto com a boca. Na verdade eu gosto de pensar que foi ele que me beijou. Não que eu agarrei a sua nuca e fiz seus lábios grudarem nos meus quando FZ parecia ter a intenção de me beijar (que, na verdade, foi o que realmente aconteceu).

Talvez a escuridão tenha me deixado mais desinibida. Porque, apesar do fato de que o meu coração estava acelerado, minhas pernas bambas e a respiração ofegante eu não desejei, por um instante se quer, estar em outro lugar se não naquele.

A escuridão também ajudou a esconder as minhas bochechas coradas depois do beijo. FZ estava estupidamente feliz, e não largou a minha mão um segundo sequer desde aquele momento. E eu também não queria que largasse.

Pois é, então eu acho que foi legal. Um pouco melhor do que bom. E é, meio maravilhoso. Porque pra mim, importava mais a pessoa do que como foi. E FZ era maravilhoso.

Uma vez eu escutei, acho que foi em uma aula de ciências, que o beijo é uma reação química, na qual o cérebro “testa” se a outra pessoa é compatível com você. Acho que o meu teste deu 100%. 10 de 10. Ou 9,99 de 10. Positivo. Perfeito. Inseparável. Amor.

Senti o meu sorriso se alargar conforme eu pensava em tudo e tentava fazer as coisas parecerem normais. Acontece que a segunda opção era impossível, então, deixei que tudo continuasse daquele jeito maluco.

Eu pude sentir a respiração de FZ perto da minha testa e logo descobri que ele distribuía beijos pela minha cabeça. Um “talvez bônus” de ser baixinha. Sorri, observando a paisagem pela abertura do trem, logo nós teríamos que pular e FZ não podia ficar me abraçando assim na frente dos outros.

– Ei, FZ – chamei me desvencilhando um pouco do seu abraço para poder olha-lo de frente. FZ interrompeu a sessão de beijos e possíveis cócegas para murmurar um “hã?”. Mordi o lábio inferior pensando na melhor forme de não magoa-lo. Em uma fração de segundo eu percebi que era melhor levar na brincadeira – Escuta, agente tem que fazer um trato pra essa viagem, ok?

– Hum...ok? – FZ respondeu, ainda meio confuso. Ele soltou um breve suspiro, como se lamentasse o fato de eu ter me desvencilhado do abraço. FZ esgueirou sua mão ao encontro da minha e eu deixei, com um sorriso no rosto, que os nossos dedos se entrelaçassem.

– Você tem que prometer – eu comecei, já deixando que uma risada curta saísse dos meus lábios enquanto via aquele sorriso apaixonante nos seus. – Prometer que não vai me agarrar assim durante a nossa viagem, ok?

FZ soltou uma risada longa, verdadeira e simpática, que fez os seus dentes cintilarem a luz da lua. Sorri também, sentindo que a proximidade entre nós já estava aumentando, e aquele placa, escrita “Constrangimento” em letras vermelhas, que antes estivera entre nós, já estava perdendo o seu brilho.

– Apesar de ser difícil... – FZ começou franzindo o nariz em uma careta falsa – Ta, eu prometo – ele completou, fazendo beicinho.

Suspirei de alívio, felicidade e ansiedade ao mesmo tempo. Afinal, pelo menos comigo, tudo estava acontecendo ao mesmo tempo. Fechei os olhos e pude sentir o balanço do trem, a mão de FZ entrelaçada na minha e o meu coração batendo forte. Logo teríamos que pular.

***

Encarei a garota parada a minha frente por alguns segundos a mais do que a educação manda. Ela era bem mais alta do que eu, morena e com um cabelo preto preso em uma trança. Kelly usava um macacão jeans, estava com as mãos metidas nos bolsos de trás e exibia um sorriso travesso em uma clara pose confiante, até me arrisco a dizer arrogante.

– E aí – ela começou, estourando uma bola de chiclete enquanto falava, segundos depois de nos cumprimentar. Kelly sacou uma chave no mesmo bolso em que estava a sua mão direita e a mostrou para nós, dando uma piscadela rápida para FZ – Vamos?

Não pude deixar de sentir uma pontinha de ciúmes depois daquela piscadela. Quer dizer, era uma coisa boba e possesiva, mas Kelly era muito mais bonita do que eu. Balancei a cabeça tentando me livrar daqueles pensamentos e ascendi em resposta para a pergunta dela.

– Ok, vamos – respondi meio hesitante e logo lancei um olhar rápido a FZ. Kelly me olhou de cima a baixo, como se avaliasse cada centímetro meu e fosse me dar uma nota. Eu me encolhi instintivamente e ela abriu um largo sorriso, mostrando que não era um monstro de sete cabeças.

– Espera – chamei, me lembrando de uma coisa. Kelly arqueou as sobrancelhas e eu continuei – O mapa – disse, estendendo-o assim que o tirei da mochila.

Kelly pegou da minha mão, deu uma olhada e sorriu. Ela se virou e sinalizou para que a seguíssemos. Dando de ombros eu fui atrás dela e cutuquei FZ para fazer o mesmo, ele parecia estar em outro mundo.

Sorrindo, FZ me seguiu. Ele até tentou pegar na minha mão logo no início, mas depois de um olhar fuzilante da minha parte, FZ se afastou rindo. Kelly nos conduziu por um caminho em meio as plantações por pelo menos uns trinta metros. Eu podia sentir o ar gelado entrando em meus pulmões e me fazendo tossir, deviam ser quase duas e meia da manhã.

Juro que se eu não estivesse a um metro atrás de Kelly, teria me perdido. Além do meu censo de orientação “maravilhoso” a noite estava tão escura que o brilho da lua nem roçava naquelas plantações, diga-se de passagem, todas exatamente iguais.

Depois de menos de dez minutos de caminhada em absoluto silêncio, finalmente nós chegamos ao nosso destino. Cerca de seis camionetes, com cores variadas e sempre bem coloridas, estavam estacionadas uma do lado da outra.

– O negócio é o seguinte – Kelly começou, se virando para nós. Ela colocou uma das mãos na cintura e começou a girar a chave no indicador da outra – Eu sei dirigir a menorzinha – ela apontou para uma camionete ligeiramente menos do que as outras – Vai sacolejar um pouco, se acabar saindo um pouco de sangue por acidente, não reclamem.

FZ riu e eu entendi que provavelmente deveria rir também. Tentei forçar uma risada, mas ela saiu estranha e sem jeito. No final, quem acabou rindo de mim foi Kelly.

– Ok, vamos se espremer nos bancos da frente – ela completou, assim que conseguiu abafar a própria risada. Anda sorrindo, Kelly nos conduziu ate a camionete vermelha da qual estava falando.

– Tipo, tem dois bancos né? – FZ perguntou, espiando pelo vidro. Kelly assentiu e foi abrindo a camionete – Então você vai no banco do motorista e eu e a Anna nos esprememos no banco do passageiro? Como funciona isso? Tipo, eu vou no colo dela ou vice e versa? – ele mal conseguiu esconder a risada e, em alguns segundos eu desatei a rir também, mesmo com as bochechas queimando.

– Ou você vai ali atrás né, do ladinho dos sacos de arroz – Kelly, que também ria, indicou a traseira da camionete com o dedão. Ela foi abrindo a porta do motorista e eu deixei que FZ fizesse o mesmo com a do passageiro. Afinal, nem a pau eu o deixaria sentar no meu colo. Se tivesse que ser, seria ao contrário.

Eu entrei na camionete depois de FZ, e bati a porta logo que me acomodei. Para o meu alívio, o banco do passageiro era um pouco mais largo do que o normal, ou seja, eu e FZ podíamos sentar um ao lado do outro sem recorrer a contatos mais íntimos.

Kelly deu a partida, sorrindo ao ouvir o ronco do motor. Ela abriu o seu vidro e eu, dando de ombros, fiz o mesmo. Em menos de dois minutos já estávamos na estrada, uma estrada longa e desconhecida.

Durante algum tempo eu fiquei tentando reprimir a vontade de olhar pela janela toda a hora para ver, ou tentar ver, por onde estávamos passando. Depois eu sucumbi a ela e grudei o queixo na porta sem nem me importar.

Pra falar a verdade Kelly dirigia muito bem. Quer dizer, para uma garota de dezesseis anos, ela dirigia bem. Podia melhorar, mas não sacolejava como ela havia mencionado.

– Da uma meia hora ou uma, no máximo – Kelly informou sem nem tirar os olhos da direção. Eu desviei o olhar da paisagem e a fitei durante alguns segundos.

– Hein? – perguntei, com, segundo FZ, uma cara de sono imperdível. Ele riu da minha pergunta, mas apressou-se em responder.

– De viagem, Anna, mais ou menos uma meia hora – FZ repetiu, e daquela vez eu entendi. Senti-me uma idiota por não ter compreendido da primeira vez e balancei a cabeça para espantar o... Sono? Pois é, eu estava com sono. Que merda, eu estava com sono. Apesar da emoção das últimas duas horas, uma parte do meu cérebro parecia querer mais um travesseiro do que respostas.

Balancei novamente a cabeça, como em uma tentativa de expulsar cada pensamento indecente na minha mente. Sobre a loucura que nós estávamos prestes a fazer, sobre como Tobias ficaria desesperado, sobre a possibilidade de eu não encontrar o que queria ou de não gostar do que encontrasse.

Certo, eu já tinha perguntas de mais. Eu queria respostas, apenas respostas. A verdade sem camadas de desvios que a escondessem. Mas, falando a verdade, eu só queria uma resposta, para um pergunta: Quem foi Tris Prior?

O meu único problema é que talvez eu não gostasse da verdade. Mas eu pelo menos teria coragem para descobri-la, fosse o que fosse, eu precisava descobrir o que aconteceu com a minha mãe.

Em menos de cinco minutos eu já entrara e saira do meu mundo de devaneios outra vez. Só “acordei” com FZ me cutucando com o cotovelo repetidas vezes. Olhei na sua direção com as sobrancelhas arqueadas, como quem pergunta “o que foi?”.

– Ta escutando? – ele perguntou indicando a caçamba da camionete com o dedo. Eu franzi as sobrancelhas e procurei ouvir o barulho sobre o qual ele estava falando, notei que Kelly fazia o mesmo.

FZ tinha razão, prestando atenção podia-se ouvir um murmúrio vindo da traseira da camionete. Era um som baixo, porém difícil de ser ignorado, parecia alguém tendo um ataque de tosse ou algo parecido.

Kelly pelo jeito também ouviu. Ela foi seguindo pela estrada mais atenta até encontrar um lugar para parar. A camionete logo foi estacionada em um acostamento e Kelly não perdeu tempo, já foi abrindo a porta e pulando para fora.

Segundos depois eu já estava pulando também, e FZ veio logo depois de mim. O barulho já havia se silenciado, mas estávamos confiantes que a caçamba da camionete não estava vazia.

Kelly ascendeu uma lanterna que ela havia pegado antes de sairmos, o que nos ajudou a ter uma noção melhor de por onde estávamos pisando. Lembrei-me imediatamente que eu também tinha uma lanterna na mochila, que ficara no carro. Na verdade a última informação me tranquilizou, afinal, eu quase havia esquecido que as mochilas se quer existiam.

Chegamos até a traseira da camionete em meia dúzia de passos no máximo. Kelly iluminou os sacos de arroz por alguns segundos e foi movendo a lanterna lentamente. Senti o meu pulso descontrolado por causa da expectativa.

Alguns instantes depois a luz focou em dois pés pequenos, calçados com botas, escondidos entre os sacos de arroz. Kelly foi focando a lanterna até iluminar um pequeno corpo esquio vestido de cima a baixo com uma roupa preta, exatamente igual a nossa. Seus cabelos castanhos estavam presos em um rabo de cavalo e os seus olhos verdes assustados nos encaravam fixamente.

Vi FZ enrijecer atrás de mim e senti a sua respiração pesada um pouco antes dele dizer entre dentes:

– Julia...O que você pensa que está fazendo aqui?


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram?
No próximo capítulo...
"Meu coração já estava na boca de tanta preocupação, ansiedade e alegria ao mesmo tempo. FZ logo percebeu que estávamos chegando e Julia fez um escândalo quando se deu conta. O irmão logo a reprendeu severamente, mas riu junto com a menina.
— Chegamos – Kelly avisou alguns metros antes de parar na guarita, como se isso fosse realmente necessário. Nós assentimos sem falar nada, não sei se era a expectativa ou o medo, mas todo o mundo ficou quieto de uma vez."
Nos vemos nos comentários!!!



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