Estava sentada e olhando para o nada. Pensando em algo que poderia lembrar, afinal minha mente estava vazia. Algumas lembranças perdidas, e memórias estranhas. A qualquer momento que pensava no nome "Alex", meus pelos arrepiavam e me sentia tensa. Não era algo normal de acontecer com alguém, muito menos comigo.
Algo estava errado.
–Meew- Coronel Junes diz se aproximando- Está pronta? Josh já está aqui.
O garoto ruivo de olhos azuis sorriu. Um sorriso cativante e lindo. Porém algo naqueles lábios me transmitia uma inquietação.
–Vamos querida- Ele diz sorrindo- A gente pode treinar junto, já que sou o comandante desse esquadrão. E eu já te ensino mais sobre tudo isso aqui.
Me aproximo dele e encaro aqueles olhos azuis. Os cabelos lisos ruivos ainda estão atrás das orelhas e o sorriso ainda está estampado no rosto.
–Primeiro- Eu digo colocando o dedo indicador no ombro dele- Nao sou sua querida, nem seu amor. Não me lembro de você, e não mereço um garoto me irritando sobre isso. Então não me chame assim. Segundo, não preciso de ajuda sua. Se eu era a melhor agente daqui, não preciso de instruções. Eu faço tudo isso sozinha. Agora, me dê licença, preciso fazer meu treinamento.
Passo do lado dele e arrumo meu cabelo. Não precisava de nenhum garoto metido a besta ao meu lado. Se eu era a namorada dele, ele que me conquiste novamente, e não me irrite. Não preciso de ajuda pra conseguir o que quero.
–Sophia volte aqui agora- Josh diz em voz seria- Sophia. Agora.
Não o escuto e vou até o final da porta e saio. Respiro o ar de fora e olho a paisagem. Várias árvores com folhagens verdes, e algumas flores rodeavam o ambiente. Deveria ser primavera. Várias casas estavam perto das árvores, e alguns bancos rodeavam o lugar.
–O que pensa que está fazendo?- Alguém pega meu braço e me puxa- Como pode me tratar daquele jeito? Eu te acolhi, e eu te tratei bem. Como pode ser assim comigo?
–Josh eu não te conheço- Eu digo e tiro a mão dele do meu braço- Eu não lembro de você. Você não me acolheu, e sim os próprios Anjos da Morte. E me deixe treinar de forma livre. Afinal, eu que sou a melhor agente.
–Sophia- Ele diz- Você é a melhor agente, e sim, os Anjos te acolheram. Mas. Eu mando em você. Eu treino você. Você é minha propriedade, e eu te comando. Agente Cupido.
–Propriedade?- Eu digo me afastando- O que você acha que eu sou?...
Algo me pega pelas costas e me prende a uma árvore com algumas correntes. Tento me soltar, mas as tentativas foram em vão. Fios de sangue começam a cair de meus dedos.
–ME SOLTA!- Eu grito para Josh- O que pensa que está fazendo?
–Mostrando a você quem é que manda aqui- Ele diz- Eu te acolhi, e te salvei. Mas não pense que vai ser do jeito que você é. Querida.
–Não me chame de querida- Eu rosno para ele- Me solta seu cretino!
–Vamos começar do zero- Ele diz sorrindo- Precisa se acalmar. E nada de treinamento, quero que você já fique pronta. Thomas! Leve-na para a sala de experimentos. Quero que ela já fique pronta para nossos planos.
–Pronta para nossos planos?- Eu digo já com as mãos cobertas de sangue. Havia alguns espinhos nas algemas- O que você vai fazer comigo?...
–Te deixar perfeita- Ele diz sorrindo e se aproximando de mim- Linda, charmosa, e atlética. Uma perfeita agente. Agora, se acalme. A transformação já vai acontecer.
Olho incrédula para aqueles olhos azuis, e aquele sorriso. E peguei raiva deles. Tudo o que eu mais queria era ir pra casa. E a minha família. Eu queria alguém pra me confortar. Alguém com quem eu pudesse chorar, e abraçar.
Mas não choraria na frente desse monstro.
Ele veio até mim e pegou meu braço, e pegou uma seringa. Deixei meu braço mole e permito que ele coloque a seringa. Depois que ele a tira, começo a ver o mundo todo embaçado. Até que vejo apenas um ponto claro, e adormeço.
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Acordo em uma maca de metal e respiro o ar frio. Tento me levantar mas meus pulsos e pernas estão presos. Levanto a cabeça e vejo que estou em um laboratório. Um homem velho grisalho aparece na minha frente com algumas seringas de vidro com um líquido escuro. Ele as coloca em uma espécie de tubo de metal enorme, que caberia uma pessoa dentro. Até que percebo que a pessoa que iria ali dentro era eu. Começo a me mexer e a tentar sair. Uma mão aparece e me segura. E depois ele aparece.
Josh.
Me mexo cada vez mais e começo a gritar. Não queria aquele monstro perto de mim.
–Me solta seu monstro!- Eu grito- Tire suas mãos imundas de mim!
–Thomas- Ele diz sorrindo- Comece a transformação.
A maca de metal começa a se mexer e depois se inclina em vertical. Fico em pé e tento sair. Tento me soltar. Até que com um impulso a maca vai para trás e entro no tubo de metal. Ele se fecha e não consigo mais ver nada. Começo a chorar. Sozinha, dentro daquele tubo. O que eu poderia virar? O que seria de mim? Não sabia mais o que pensar. Até que um pequeno buraco se abre e é injetado uma seringa em meu braço. O líquido era fluorescente e doía muito. Gritei de dor e depois fechei os olhos.
O que seria de mim agora?