Bleeding Out escrita por Becky Cahill Hirts


Capítulo 25
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

Oiie gente,
Muito obrigada toda a turma que comentou no último, amo vocês muitooo garotas.



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Ian havia passado a tirar fotos de Amy escondido depois daquele dia na montanha.

Fotos dela lendo atirada no sofá com uma manta e a lareira a aquecendo. Quando ela estava com os olhos fechados no jardim da frente, apreciando a neve que caia devagar enquanto tomava goles de seu café fumegante. Dela sorrindo pequeno – pois não voltara a sorrir como naquela noite mais na presença dele – para alguma coisa que Mia, uma doce mulher que morava na casa ao lado do chalé e havia levado biscoitos de chocolate e vários panfletos “O que fazer em Aspen?” para eles, havia dito. Ele inclusive tinha fotos dela dormindo – aquelas eram suas favoritas – o rosto dela ficava sereno, calmo, tranquilo como se ela fosse apenas uma jovem de 17 anos, onde seus únicos problemas eram um par para o baile da escola, uma paixão secreta e as horríveis aulas de matemática com uma professora velha e rabugenta.

As fotos deixavam Ian ainda mais confuso sobre seus sentimentos por Amy. Quando mais olhava para elas, todas as noites após a ruiva dormir, ele via o olhar de um apaixonado através da câmera. Ian adorava fotografar. Inclusive ele já havia fotografado Natalie várias vezes, para várias campanhas. Foi deste jeito que Natalie decidiu que queria ser modelo, posando para Ian quando pequenos. Ele não gostava que as pessoas soubessem que as fotos eram dele. Muitas vezes não deixava ninguém vê-las – exceto as que Natalie pedia. Era particular. Privado. Dele. Mas com o passar do tempo ele começou a acompanhar o trabalho de muitos fotógrafos. Inclusive o de amadores que apenas tiravam fotos por diversão, como ele. A diferença entre uma foto com sentimentos e uma sem era nítida. Ele sabia reconhecer. E ele via muito sentimento envolvido nas que ele tirava de Amy. Até certo ponto um carinho, cuidado.

Ele não sabia que o que estava acontecendo com ele. Mas isso já era normal.

Além disto, Amélia havia voltado a fingir que ele era apenas um inconsto irritante que ela era obrigada a conviver com. Só falava com ele quando necessário e preferia manter-se distante.

Não que Ian houvesse desistido. Todos os dias, diariamente, ele enchia-a de perguntas. Normalmente ignoradas. Fazia apenas uma semana que eles estavam ali e se pareciam anos.

Anos em que ele estivera lutando constantemente para ganhar a confiança de Amy novamente – ou melhor, ele nem mais sabia se um dia a tivera.

Não que ele soubesse por que o fazia. Isabel havia deixado claro. A função dele ali era fazer Amy ficar nas mãos dele, para que fosse bem utilizada por Isabel. Ele desconhecia os desejos da mãe, mas sabia que bons não poderiam ser. Isabel só tinha carinho pelos seus. E pela maneira que ela falara de Amy e Dan, Ian sabia que a mãe os menosprezava.

Então, dividido daquela forma, entre o que deveria fazer e o que queria fazer, Ian se encontrava diariamente perdido dentro do oceano jade que era o olhar da garota, sempre tento que tomar cuidado para não mergulhar fundo demais.

Bleeding Out

Amy não queria mais ficar ali.

Não em Aspen ou na casa, mas sim com ele.

O coração dela parecia andar constantemente em uma cama elástica. Saltando e saltando, pulando e pulando, palpitando conforme o tempo ditado pelo rapaz de olhos ouro. Ela não tinha mais controle do que acontecia ali. Ela estava perdida dentro do universo particular de Ian, onde ele era o Sol e ela todos os planetas, satélites e estrelas que gravitavam entorno dele.

Mas ao mesmo tempo, ela não queria voltar para Boston. Aspen era tão aconchegante. Ela não se sentia da forma como se sentia ali desde que seus pais e avó lhe foram tirados. Era um sentimento de casa. Como se ela finalmente houvesse encontrado um lugar que pertencesse a ela.

Amy não conseguia se decidir. Ficar ali e tolerar Ian ou ir embora e perder sua paz? Eram escolhas difíceis demais para uma garota que geralmente escolhia por ficar de pijama o dia inteiro.

O sol estava quase sumindo atrás das grandes montanhas de Aspen quando ela caminhou até o jardim de inverno. A luz dos postes de rua já estavam ligadas e ela viu que a do poste particular da casa também. Talvez fosse ativado pelo mesmo mecanismo dos outros. A neve havia caído aquela manhã, então o banco tinha uma grossa camada de neve, como um travesseiro branco. Amy jogou um pouco daquele neve no chão, tomando cuidado para não se sujar. Ninguém queria neve derretida na manga de seu casaco.

Ela se sentou, colocando os pés em cima do banco também, apoiando a face nos joelhos. Estava frio ali fora, não que seu casaco cinza de lã e as outras trinta camadas de roupa não fossem protegê-la por um tempo. Amy achou graça do pensamento, ela nunca havia imaginado que seria preciso duas sobrepeles, uma blusa, três blusões e um casaco grande para mantê-la levemente aquecida ali. Ajeitando a toca cinza chumbo que ela sempre usava, a garota suspirou ao pensar que Boston deveria estar ficando fria também, aquela altura do campeonato. A neve não iria tardar a aparecer lá também, talvez fosse apenas a troca de seis por meia dúzia, no quesito cenário.

Havia algo de muito errado com o jeito em que ela estava lidando com isso. Ela deveria estar em casa, pesquisando sobre sua família e tentando falar com o avó de Sinead, precisava fazer algo. Não podia perder a empresa.

O aniversário dela era no dia 12 de janeiro. Faltavam cerca de dois meses e um punhado de dias, considerando que a estavam no final de outubro, Amy sabia que teria que encarar tudo cedo ou tarde.

Ela não podia continuar protelando como sempre fazia quando o assunto era o seu aniversário. Era seu dever honrar os pais e a avó tomando conta do que eles criaram.

— Posso me sentar junto a você ou isso seria violar o seu espaço privado? — Questionou a voz grave e familiar que Amy já conseguiria distinguir de todas as demais mesmo se houvesse sido um sussurro dentro de uma sala com muitas pessoas gritando.

Se a mente dela conhecia a voz, também o seu coração. Que bateu fora do compasso antes de acelerar.

Ela considerou negar, mas era incapaz no devido momento. Ian não havia tentado conversar com ela por nenhum momento naquele dia, e ela havia sentido falta de sua tagarelice infinita – mesmo que se culpasse por isso. Então, com apenas um balançar de cabeça, Amy foi para o lado, abrindo mais espaço para o moreno sentar.

Ian limpou o lado do banco que Amy não havia limpado, e a garota, por trás de seus joelhos, não conseguiu deixar de admirar a beleza dele. Ian vestia, além do casaco preto, botas de inverno e calças bem cortadas e terrivelmente estilosas até para ele, um gorro de lã e um cachecol. Esses dois detalhes deixavam ele tão incompreendivelmente belo que Amy perguntou-se por que, de todas as pessoas na Terra, justo aquela que ela estava destinada a odiar tinha que ser o mais belo de todos.

Mas, diferente do esperado, Ian não começou a falar logo depois de sentar-se, ele ficou em silêncio. Tal qual o dela. Apenas observando enquanto o sol de fato sumia e a lua e as estrelas se levantavam, iluminando o céu de Aspen com a sua pouca luz.

Não era comum deles verem estrelas ali, o céu era quase sempre fechado, mas naquela noite, as nuvens haviam dado uma folga e brilhantes estrelas apareceram ali.

O tempo que eles passaram em silêncio pareceu anos para Amy, enquanto Ian agradecia cada segundo. Era como voltar no tempo, ir até o jardim dos Kabra e sentar-se para ler com Natalie desenhando. A irmã costumava acariciar-lhe os cabelos, quando ele deitava em seu colo, e o rapaz perguntou-se se Amy faria o mesmo.

— A Lua está crescente hoje — comentou a dona dos oceanos jade. — É uma pena, adoraria vê-la cheia aqui.

Ian admirou a pálida beleza nos céus enquanto pensava em uma maneira própria de respondê-la.

— Os antigos acreditavam que a Lua, certa vez, teve seu brilho próprio, mas que o Sol, invejoso da beleza da mesma, tirou-lhe este dom, deixando-a confinada a ser iluminada pelo mesmo.

Amy refletiu sobre um instante, voltando anos atrás em todas as conversas que teve com Grace sobre o majestoso satelite terrestre.

— Eu não acredito nisso — Amy disse, um tom de questionamento em sua voz, como se ela estivesse pensando em como iria falar. A garota mexeu os cabelos para o lado e Ian viu uma cascata de mechas vermelhas reluzirem a fraca luz do local. — Algumas histórias dizem que a Lua perdeu o brilho por tristeza, e o Sol, eterno apaixonado, decidiu que iria iluminá-la a partir dali.

Ian ficou em silêncio, enquanto pensava nas palavras da garota. Amy se encolheu, ela não gostava de falar daquela maneira. Tão presente e vivida. Ainda mais sobre mitologia ou história. Eram suas paixões secretas. Ela amaria falar sobre aquilo o dia inteiro, mas as pessoas normalmente olhavam-a como se ela estivesse louca.

Mal sabia ela que o moreno esta longe daquele tipo de pensamento.

— Acredita que o Sol pode amar a Lua? — Foram as palavras do britânico, surpreendendo a garota, que pensou que ele iria encerrar o assunto ali.

Amy ficou sem jeito, pois afinal, realmente acreditava naquilo. Com todas as forças do seu ser sempre acreditou. Afinal, Grace costumava contar-lhe histórias sobre aquilo. As mais variadas histórias, dos mais variados povos, sempre sobre como a Lua e o Sol eram eternamente destinados a se amarem, porém eternos opostos, jamais podendo ficar juntos.

— Sim, acredito. — Falou ela, finalmente, superando a vergonha e aceitando o fato de que Ian já achava que ela era completamente maluca antes, aquilo só seria mais uma prova. Ela não se importava com o que o primo pudesse pensar.

— Mas eles são opostos perfeitos, inimigos por natureza... — O garoto disse, novamente surpreendendo a ruiva, por insistir no tema. — Ele representa a vida e o calor, ela a beleza e o frio. Ele rege as terras, ela os mares. Ela é a majestosa Lua, a rainha das noites, cujo resplendor ofusca o de todas as estrelas que no céu vivem. Ele o rei Sol, senhor do dia, que ilumina e dá vida para todos os seres vivos...

— Sem ele não há vida. — Amy completou, triste por seus próprios pensamentos, mas ela não podia evitar de tê-los, ainda mais quando quem estava ao seu lado era o rapaz que possuía dois sóis no olhar. — Sem ela, nada muda.

— Apenas tolos pensariam de tal forma — Ian corrigiu-a, observando a garota com atenção. A mesma havia abaixado os joelhos e sua face inteira era banhada pela luz da lua, enquanto a mesma encarava a beleza pálida das noites. — A Lua é muito mais importante do que o senso comum pensa. É capaz de ficarmos todos embaixo d’água quando ela não estiver mais ali para reger os mares.

— Mas...

— E o que seriam dos apaixonados, Amy? — Ian a cortou, sem esperar que ela continuasse em seu argumento, menosprezando a existência de tal beleza. — Por quem mais jurariam seu amor eterno?

Amy virou-se para ele naquela fala, os olhos encontrando lugar dentro das orbes douradas. Ian ficava cada vez mais perdido em como ela conseguia ser tão majestosa com tão pouca importância para o fato. Durante a vida dele ele conheceu garotas que se esforçavam para chamar atenção ou que usavam tudo o que tinham  para parecer mais belas aos olhos dos outros, mas Ian não conseguia deixar de pensar, que por mais belas que fossem, nenhuma se comparava a beleza de Amy.

Era como se todas as estrelas tivessem que dar lugar para aquela lua. Pois o céu era todo dela.

— Não fazem juras — Amy falou, simples. — Como já diria Shakespeare, a Lua é inconstante. E amores jurados por ela assim também serão.

— Não podes acreditar por um instante que esta séria a verdade. — Ian rebateu, semicerrando os olhos para a garota. — A Lua é a regente do amor. E o amor deve ser sim mutável para poder durar para sempre. Ninguém se contenta na mesmice do amor.

Amy novamente vez uma face de pensativa, mas afinal não entendia, qual era a necessidade ardente que ela sentia para continuar falando com ele daquela forma? Ela simplesmente sentia como se não fosse conseguir parar.

— Já esteve apaixonado, Ian? — A garota soltou um suspiro ao final de sua frase, e como não obteve resposta do moreno continuou. — Foi o que eu imaginei... Então como falar da disto sem nunca ter sentido? É como reclamar da picada da abelha sem nunca ter sido picado! Não há maneira alguma.

— Devo presumir, por obséquio, que você já fostes picada pela abelha. Ou, numa linguagem mais romântica, espetada pela rosa?

Amy virou a face, escondendo-a do rapaz com uma cortina de cabelos vermelhos. Fogo separando-os.

— Existe mais tipos de amor do que aquele que é romântico.

E Ian entendeu, meio minuto mais tarde, que ela estava falando de sua família. E, quando uma nuvem solitária parou diante da lua, ambos olharam para o céu, saudosos, como quem tenta entender um grande enigma, um enigma que é o amor.

— Nós temos que voltar. — Amy falou enfim, após muitos minutos de silêncio entre os dois. Ambos presos dentro de seus pensamentos. — Para Boston, eu digo.

Ian sabia que aquele momento ia chegar. Se ele, que estava acostumado a passar alguns dias longe de Natalie, já sentia sua falta imaginou que ela deveria sentir falta de Dan. E de todas as outras pessoas que Ian não entendia como poderiam ser tão próximas de uma garota que ele vira tão quebrada. Será que nenhum deles entendia ela?

Mas mesmo assim, ele lamentou em silêncio por ter que se despedir daquele lugar.

— Eu sei.


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Notas finais do capítulo

Hmmm, esses dois lindos. Amo demais eles.

Pessoinhas do meu coração, não percam a chance de me fazer conhecer vocês melhor (e ter o seu lindo nome no final da fic, nos agradecimento *ri*) e me deixe um review cheio de opiniões sobre o que vocês acham da fic, isso me deixa muitooo feliz.
Até o próximo sábado.