Estava escuro e ele sabia o que isso significava. O seu outro "eu" estava o dominando, sua parte má, destruidora e sanguinária. Mas, apesar de ter total consciência disso e sabendo que caso quisesse poderia voltar ao controle facilmente, não queria, por mais que odiasse aquela parte ele estava a deixando ser controlado por ela, alguma coisa que o deixava com muita raiva tinha acontecido, disso tinha certeza e não estava afim de se controlar. Não tinha motivo.

Não seria mais fácil assim afinal? Deixá-lo controlar por completo, não precisaria nunca mais brigar por controle, ou se esconder ou qualquer coisa do tipo, não iria simplesmente ficar ali, sozinho na escuridão alheio ao que seu outro eu fazia. Ninguém se importava realmente com ele.

A ideia era extremamente tentadora.

Não tinha gritos, o que significava que até agora não tinha ferido ninguém realmente talvez destruído algo ao seu redor ou coisa do tipo, mas nenhuma morte.

Podia não ter gritos nem sangue, mas tinha lágrimas.

Lágrimas que não era dele, disso tinha certeza, era lágrimas de outro alguém, alguém que estava ali junto com ele

Mas... Isso é impossível! Quando "ele" dominava tudo ao seu redor morria! Não tinha como simplesmente alguém estar ali com ele! Teria morrido a muito tempo só de se aproximar muito, então sobreviver o seguindo seria impossível!

Não, não totalmente, desde pequeno só uma pessoa conseguia estar ali ao lado dele sem se ferir.

Lucy.

Porém, se era assim por que ela estava chorando?

A resposta veio como um sussurro: "Estou chorando por você"

A doce voz da loira se vez presente retirando os olhos de Zeref da escuridão abaixo de si para frente em seguida para os lados.

Não tinha como alguém está ali além dele certo? Não existia nada além da escuridão e ele! E também não tinha como ele ter ouvido ela falando, ele não via nem ouvia nada só os gritos e sangue durante a morte de alguém ou algo, fora isso nada mais!

Levantou do chão esperando qualquer outra palavra, outro pequeno som.

"Como você pode simplesmente aceitar?" A voz veio novamente, num tom choroso, como um eco vinha de todos os lugares, mas mesmo não conseguindo identificar a origem correu para frente.

Não importava o quando ele corria, um longo corredor de escuridão parecia simplesmente não ter fim.

Foi então quando não sentiu mais aonde pisar e começou a cair, mas ainda sim esticava a mão tentando agarrar inutilmente a voz ecoada que ainda ressoava afastando cada vez mais.

– NÃÃOOO!!!- Gritou para o nada quando sentia cair cada vez mais e mais.

***

O Fullbuster corria evitando o máximo possível as lutas, deve a ajuda de Charles que acordou - apesar de muito fraca para voar - para localizar o cheiro de inimigos e aliados, o mais próximo era o de Erza e Lissana, só que se afastava, ou seja, elas tinham conseguido se libertar e estavam correndo para algum outro lugar apesar de totalmente se orientação.

Tentava ao máximo se aproximar mais das duas, mas tal ação não era possível já que também tinha que evitar os guardas as vezes ficando parados em um só lugar por cinco segundo, tal pequeno tempo causava uma grande distancia de espaço entre eles e as duas.

– Gray! Eu vi... O Zeref... Uma pessoa que parece ser o mestre batalhando e... A Lucy estava lá... Mas ela não estava normal e lutava com uma garotinha... - Diz Charles arregalando os olhos com a visão que teve.

Nesse mesmo estante Gray sente uma forte pressão mágica que o forçou a parar de andar e se equilibrar para não cair. Não era igual a de antes na qual ele estava certo ser de Zeref, e sim de outra, igualmente potente.

Era a magia de Lucy.

Sentiu o medo percorrer por todo seu corpo, quem diria que aquela Lucy Heartfilia, tão fraca e que vivia sendo sequestrada ou precisando de ajuda iria um dia ter uma aura mágica tão forte e assustadora quando a de Zeref. Sentiu medo, muito medo, mas ao mesmo tempo estava alegre por sua "irmãzinha" ter conseguido tanto poder e ter ficado tão forte assim.

Levantou apesar da gravidade parecer está puxando para baixo e continuou correndo em direção a Erza o mais rápido que conseguia, não podia ficar para trás, não sabia o motivo da tensão mágica, mas tinha que continuar.

– Ah... Como isso é cansativo... Você não vai passar daqui... - Yuukihiro diz deitado no meio do corredor aparentemente desinteressado e ignorando a tensão mágica como se fosse uma simples brisa que estava passando.

***

Era um quarto estranhamente verde, não tinha um local que não fosse verde, era verde claro, verde escuro, verde água verde brilhante, tanto verde que sua cabeça ficava tonta, as paredes eram de um verde coral, o carpete felpudo que cobria todo o chão era um verde escuro, quase preto, os móveis era de um verde bebê e se resumiam em uma escrivaninha, uma longa estante cheio de cobras e sapos de pelúcia, verdes, e uma grande cama de casal com cortinas verde água fechada.

As únicas coisas que não eram verdes eram estatuas, estranhas estatuas todas com expressões de surpresa ou raiva, estas de uma pedra cinza escura, numa cor quase preta, estas extremamente detalhadas.

Natsu tentou se aproximar, mas não conseguia é como se seu corpo estivesse paralisado e ele só podia olhar para frente onde tinha umas duas ou três outras estatuas e a larga estante cheia de bichinhos de pelúcia de alguma forma, assustadores.

Ouviu vozes, uma das vozes conseguiu identificar como a da Hebi, mas a outra era uma voz infantil e gentil, mas por algum motivo tal voz lhe tava calafrios.

Hebi implorava por algo, mas tal ação só trazia risadas para a voz infantil.

– Desejo negado - A voz infantil disse e ele pode ouvir algo parecido com o som de algo metálico sendo arremessado e depois puxado de volta acompanhado por um grito agudo, um grito de morte, um som de algo espirrando e de algo caindo e depois uma explosão, a luz escapou por debaixo da porta iluminando todo o quarto, se pudesse Natsu teria fechado o olho, mas como não pode se sentiu cego e um som agudo invadiu suas orelhas o impedindo de escudar qualquer coisa por um longo tempo.

Mas, de uma coisa sabia, independente do que fosse, ele tinha certeza de alguma coisa, a dona da voz infantil era perigosa, muito perigosa. E ele desejou, pela primeira vez não ter o azar de se encontrar com ela.

***

Apesar da forte pressão mágica, Erza seguia o mesmo caminho, por mais que Lissana estivesse apreensiva de fazer o mesmo, ela sabia que teria mais segurança a seguindo então permanecia perto da Scarlet, mas se sentia fraca, a pressão poderia não ser problema para a ruiva, mas o mesmo não podia se dizer da grisalha, esta sentia dificuldade de respirar e não conseguia mover tão bem quando gostaria.

A Strauss pensava ser um farto para o grupo naquele momento, era fraca e incompetente, só atrasava a maga Kansou. Mal conseguia ficar em pé direito! Não tinha direito de andar com os mais fortes, não no nível que estava.

Tais pensamentos a atormentava, entretanto teria que os ignorar por hora e focar no seu objetivo. De acordo com Erza, Zeref provavelmente estaria indo em direção ao mais forte dali, ou seja, o mestre, e seria melhor que elas estivessem prontas para lutar também, mesmo que não possam se aproximar muito dele, tinham que estar prontas para arriscar tudo e ao menos não deixar ninguém atrapalhar a luta deles.

Foi então que uma outra aura mágica tomou conta do local, não era a de Zeref, mas era tão esmagante quando, tal troca obrigou Lissana cair de imediato. Reconhecia aquela magia. Estava diferente e muito mais poderosa, mas ainda era a mesma.

Aquela aura magica era de Lucy.

A Strauss desejou fortemente que fosse de algum inimigo poderoso, mas por mais que tentasse dizer que não, estava claro, aquela era a magia de Lucy.

Ela lembrava de quando as duas se conheceram, elas estavam mais ou menos no mesmo patamar de magia o que alegrou de certa forma a albina, ela não era mais a única que era tão fraca a ponto de ser protegida afinal.

Odiava ter que pensar daquela forma, todavia era a dura realidade, odiava ter que aceitar, mas não tinha nada que podia fazer em questão daquilo. Era fraca e por mais que odiasse ter que admitir todos podiam ver claramente isso.

E agora? Lucy tinha ficado tão forte e ela continuava da mesma forma, fraca e indefessa!

Inveja? Sim.

Ela estava com inveja, muita inveja. Afinal, não era só em questão de magia e poder. Quando estava namorando com Natsu estava tudo perfeito, só que Natsu não parava de falar da Lucy o que acabou levando aos dois se desentenderem e se separarem.

Certo que tinha esquecido a muito tempo e, por mais que não gostasse admitir, se apaixonado por outra pessoa, mesmo assim ainda sentia inveja.

Não era um sentimento bom. Não era um sentimento que ela gostava de sentir. Não era algo que queria que tomasse seu coração.

Mesmo assim estava ali, por mais que dissesse para si mesma que não, estava.

– Lissana! Vamos, temos que... Urgh... Continuar! - Erza grita a retirando de seus pensamentos.

A Strauss determinada a mostrar que ao menos conseguiria aquentar nem que seja cambaleando a pressão mágica se pôs em pé, mesmo com certa dificuldade.

As duas continuaram avançando, não poderia dar o luxo de parar. Certamente não podiam.

***

O silencio na Guild era grande, não que fosse pela falta do grupo mais forte da Fairy Tail, não a Fairy Tail não precisava deles para ser a costumeira barulhenta e animada Fairy Tail. Claro que ficava um pouco mais calmo, mas não o suficiente para o silencio tão grande e tenso ficar presente como estava no momento.

O motivo do silencio era outro, era algo, ou melhor, alguém que estava ali observando todos em cima de um pilar de madeira que sustentava o teto com um olhar sorrateiro sobre os presentes e um sorriso convencido. Logo seu olhar parou na figura do pequeno mestre e o sorriu abriu mostrando seus dentes afiados.

– Gostaria de entrar na guild - Diz simplesmente ele em um piscar de olhos não estava mais sobre um pilar e sim atrás do pequeno mestre, seu olhar agora calmo e o rosto sem emoção apesar de seu tom de voz parecesse afiado como a lâmina de uma espada.

– E o que faz pensar que deixaria você entrar Dante? - Indaga o pequeno mestre com um olhar desconfiado para o demônio.

– Ouvi dizer que a Fairy Tail aceita todos de braços abertos, inclusive meu criador - Agora ele estava sentado numa mesa, sua cabeça caia sobre a mão e um olhar desafiador acompanhado por um pequeno sorriso sacana dançando em seus lábios.

– Eu não tenho culpa se vocês interpretaram errado a minha mensagem - Diz o demônio, de suas costas duas grandes assas semelhante a de morcego em um avermelhado escuro surgiu e em um bater de assas já estava na altura do terceiro andar e olhava diretamente para o mestre.

– O que você quer dizer com... - O Dreyer parou vendo que o outro não responderia sua pergunta, simplesmente suspirou fundo aparentemente desistindo.

– Okay, deixo você entrar, porém quero conversar algumas coisas com você antes na minha sala - Diz para a surpresa de muito e simplesmente se virou em direção as escadas, provavelmente para ir para seu escritório tirando um sorriso vitorioso do demônio que esperou o mais velho chegar ao terceiro andar para se aproximar do andar e "guardar" suas assas novamente pousando tranquilamente no chão acompanhando o menor.

***

Estava escuro, muito escuro, Lucy sentia a sensação de que a luz nunca tinha existido antes naquele local, mas isso não a importava já que toda sua atenção estava voltada a suas lágrimas.

Chorava, chorava muito. Não sabia ao certo do motivo, mas pelo visto tinha algo a ver do pequeno garoto que ela via, ela estava acima dele, muito acima, mas via como se estivesse na frente dele.

Por algum motivo aquele garoto parecia estar fraco e exposto, sofria por alguma coisa e sofria muito, mas ainda assim não demonstrava.

Só que Lucy percebia, ela sentia o sofrimento, a dor, e chorava abertamente, chorava pelo pequeno garoto. Como alguém conseguia aquentar toda aquela dor dentro de si e simplesmente não desabar?

Sentiu como se o pequeno garoto se perguntasse o motivo dela estar chorando.

E ela disse, ela disse que chorava por ele, queria falar muito mais, queria perguntar em como ele conseguia aquentar, o motivo dele não fazer nada, do porque estar tão escuro, mas tudo que saiu foi uma pequena frase "Estou chorando por você"

Lucy percebeu que o garoto reagiu a voz surpreso, era como se nunca tivesse ouvido a voz de alguém antes. Mas ainda assim permaneceu parado.

Estaria esperando outra coisa?

"Como você pode simplesmente aceitar?" Conseguiu dizer, tal frase pareceu servir como um impulso para o garoto que começou a correr reto.

Lucy apesar de não se mover o acompanhava, até que algo a impediu e um pouco depois pode ver que o garoto caía, ajoelhou e estendeu a mão para baixo dentando o pegar, mas por mais que tentasse não conseguia o alcançar.

– Não adianta, você não vai conseguir protegê-lo - Uma voz maldosa diz atraindo a atenção da Heartfilia para em cima de si.

Apesar da escuridão Lucy conseguiu identificar ser o mesmo garoto só que mais velho, perto de sua idade.

Zeref.

Só que ao mesmo tempo que era ele, não era. Podia ter a mesma aparência, mas não era ele era outra pessoa totalmente diferente.

Lucy secou suas lágrimas e lançou um olhar raivoso para o outro fazendo sua aura mágica ficar totalmente exposta.

– Vejo que quer lutar... Pois bem, mas saiba logo, você não consegue me ganhar!!

O outro sorriu maldoso se aproximando para dar o primeiro golpe.